terça-feira, 27 de outubro de 2015

"Há mortes..." (até em hospitais)

Não compro esse discurso barato de insegurança pública, de onda de crimes e outros que tais com que a imprensa nos bombardeia, em sua faina diária de potencializar dificuldades para que seus clientes vendam as facilidades, sejam esses clientes empresas de alarmes, monitoramento eletrônico, cercas eletrificadas ou blindagem de veículos, sejam eles políticos populistas à cata de um mandato eletivo, para comporem as tais bancadas da bala, em geral compostas por quem não poderia admitir publicamente tudo o que já fizeram em suas trajetórias.

Entretanto, tomei conhecimento também com medo, e não apenas com tristeza, de que ontem um rapaz foi assassinado por fuzilamento dentro de um hospital, em pleno centro da cidade. Bastaria isso para apavorar qualquer um, mas piora quando sabemos que o rapaz estava preso e vigiado por dois policiais militares; que cinco homens encapuzados e armados adentraram uma casa de saúde frequentada todos os dias por um sem número de usuários, de todas as idades, e perpetraram essa barbaridade. Isso nos transmite uma sensação terrível, porque nos mostra como as nossas vidas não valem nada para esses sociopatas. Afinal, basta que você veja algo que não devia para se tornar novo alvo, além do risco de danos colaterais.

Sei que a conversa inevitavelmente cairá na questão de que o alvo era um "bandido", suspeito de participação no homicídio de um policial. Sei que o caso será tratado como justiçamento de vagabundo e, apenas por isso, já ganhará a simpatia e o apoio de uma expressiva parcela da população  que eu, em meus delírios, de bom grado amarraria dentro de um foguete e despacharia na direção de um buraco negro (para testar se eles levam mesmo a outra dimensão: benefício científico) ou do Sol, para um bom derretimento.

Já soube de casos assim acontecendo em cidades como o Rio de Janeiro. Pessoalmente, desconheço algo do gênero aqui em Belém, em tempos recentes, embora não me surpreenda que o episódio de ontem esteja longe do pioneirismo. A preocupação é que o evento isolado vire tendência, o que seria muito fácil em uma sociedade permissiva e violenta, nos seus modos de agir e em sua capacidade de justificar o horror.

Por tudo, gostaria de deixar uma questão absolutamente esclarecida: eu não gosto de violência. Não a tolero, não a minimizo, não a justifico. E a violência a que me refiro é... qualquer uma! Porque o que se segue a esse tipo de tragédia urbana são novas truculências, como os discursos de legitimação da barbárie e a inacreditável polarização maniqueísta dos "bons" e dos "maus". Se critico a morte de um bandido (será que era? e mesmo que fosse), é porque sou de esquerda, babaca, fora da realidade, mereço ser assassinado e ter as mulheres de minha família estupradas e torturadas, etc. Depois vem o discurso sobre ninguém lamentar as mortes de policiais em serviço. Pois aqui vai o reparo: sim, eu lamento muito as mortes de policiais em serviço, fora dele ou por causa dele, pelo simples fato de que são gente, também.

Estou cansado de ver vidas humanas sendo desperdiçadas todos os dias, aos montes, sem que quase ninguém se importe com isso de verdade. Gente que teve nome, família, amigos, história e, talvez, até sonhos por realizar. E tudo isso se perdeu. Não importa de onde essas pessoas saíram; todas mereciam uma chance de autorrealização e de felicidade. Mas se fomenta uma cultura de ódio e de beligerância, que a alguém beneficia sem dúvida, e que vai apagando a humanidade e nos transformando em uma grande sociedade distópica de filmes de ficção científica. Um lugar onde ninguém quer viver.

Então qual é a sua? Vai continuar aceitando justificativas ou vai finalmente entender que o objetivo não pode ser vencer uma guerra? Não precisamos de uma guerra. Não vivíamos assim antes. Podemos restaurar ou, o que é mais provável, construir vínculos comunitários. Mas é preciso querer. E, para tanto, é preciso enxergar os outros como iguais.

Quem está disposto?

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Sobre o renovado título da postagem: http://yudicerandol.blogspot.com.br/2015/05/ha-mortes.html

No blog, em 2012: http://yudicerandol.blogspot.com.br/2012/07/violencia-policial.html

sábado, 17 de outubro de 2015

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Estranheza

E vamos chegando a duas semanas sem ela. Irrealidade, saudade difusa, tristeza reprimida, sensação de estar perdido em um labirinto...

Resta-me aplicar a mesma técnica de quando me batia: reprimir o grito e esperar a dor passar. O tal do tempo talvez seja, como dizem, senhor da razão.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

sábado, 10 de outubro de 2015

Sobre as almas humanas

No sábado passado, precisamente, a esta hora da manhã, fazia menos de três horas que minha mãe havia partido. Eu estava plenamente consciente de tudo, calmo, apto a tomar as providências do velório enquanto meu irmão ajudava na preparação hospitalar do corpo. Após cinco dias de internação e um quadro de sofrimento agudo, não responsivo e não comunicativo, não havia lágrimas a derramar; apenas a certeza de que precisávamos tomar os últimos cuidados com o corpo de nossa mãezinha. Ela mesma não estava mais ali.

Salvo inevitáveis comoções em alguns momentos, normalmente ao entrar em contato com pessoas queridas, algumas das quais eu não via há bastante tempo, fiquei sob controle, conseguia conversar, raciocinava com clareza. Mas houve um momento em que a surpresa me provocou uma reação mais intensa e não pude reprimir as lágrimas. Eu falava com uma família amiga, que se esforçava por me animar, quando reparei, de soslaio, a chegada de uma coroa de flores. A faixa nela dizia: "Abraços e consolações. De seus eternos alunos da DI6TA."

Para quem não sabe, a disciplina que eu leciono (direito penal) se desenvolve ao longo de quatro semestres letivos, o que me permite uma longa convivência com as turmas. É possível criar laços profundos, se você estiver aberto a isso. Esses alunos, portanto, entraram em minha vida em agosto de 2013, quando eu era feliz e não sabia. Foi em janeiro de 2014 que recebemos a notícia sobre a doença de nossa mãe. E depois do susto e de alguns meses de suposição de cura, a partir de outubro as más notícias começaram a chegar. E não pararam mais. Mergulhamos na mais avassaladora rota descendente que se pode imaginar.

Resulta daí que esses alunos acompanharam todas as fases do nosso tormento. Eles me acolheram em dias preocupados, em dias ruins e em dias piores ainda. Houve ocasiões em que eu entrava em sala no automático, para conseguir ministrar minha aula, mas não conseguia conversar além disso. No último mês de junho, eles me proporcionaram uma linda despedida, que aliviou meu coração em um momento em que ainda lutávamos contra o câncer, mas já sabíamos que nossa mãe estaria conosco por pouco tempo e, inclusive, já nos perguntávamos se ela chegaria até o natal, p. ex. As outras duas turmas de penal IV tiveram idêntico carinho, preciso registrar.

E em 3 de outubro de 2015, mais de três meses após o término dos nossos trabalhos, esses alunos me enviam uma consolação, levada pelas mãos de Ana Carolina Albuquerque, que ali se encontrava para falar comigo. E eu precisei chorar, porque era como se alguém agarrasse meus ombros e me admoestasse, dizendo "Pare de reclamar! Ainda existe muito amor a sua volta e você só sabe se lamentar!"

O significado daquele gesto talvez nunca seja expresso aos meus eternos alunos. Ainda nem pude ir até a sala deles para agradecer, porque provavelmente não conseguiria falar. Então, neste dia que marca a primeira semana do nosso luto, cumpro o meu dever de registrar este agradecimento, que a Internet leva sem o comprometimento trazido pelos soluços que ficam por trás do teclado.

Aí veio a segunda-feira e um monte de gente me instava a não trabalhar, a começar por minha esposa. Afinal, a lei me confere o direito de gozar a licença-nojo, decorrente do luto por um parente próximo. Mas qual seria a alternativa? Ficar em casa remoendo pensamentos? Sei exatamente onde isso acabaria. Então me levantei e fui ministrar minha aula.

Agora o cenário é outro. Saíram as três turmas de penal IV e entraram três de penal I. São alunos novos, no curso e na vida. Conheceram-me na fase do desalento, quando eu já nem falava mais sobre a doença de nossa mãe, para não incomodar ninguém com minhas sombras. Quando estritamente necessário, eu mencionava "problemas de doença na família", mas de algum modo, claro, eles souberam que esses problemas eram um pouco mais sérios do que sugerido por minhas meias palavras.

Havia uma certa agitação na sala, naquela tarde, enquanto eu explicava a teoria da equivalência dos antecedentes causais. Isso me atrapalhava um pouco, mas não sou de ficar reclamando: sigo minha aula para quem quiser. E foi ótimo eu não ter reclamado, porque os alunos não me estavam atrapalhando. Muito ao contrário, estavam me ajudando. Eles correram folhas de papel, para que mensagens me fossem escritas. Ao final da aula, vieram me entregar. A voz na minha cabeça se manifestou de novo: "Eu não disse?Eu não disse?"

Agradeci com um movimento de cabeça, porque não poderia falar. Estava decidido a ler somente em casa, pois intuía que ficaria sem condições para a aula seguinte. Mas a curiosidade venceu e li as três folhas de papel. E elas me fortaleceram. Deixaram-me um pouco mais apto a seguir com a aula seguinte e a outra e o resto da semana. E o resto da vida. Agradeci a eles na aula seguinte. Guardarei as três folhas de papel como se fossem uma medalha por alguma coisa importante que fiz. Mas a única coisa que fiz foi ter a sorte de ser acolhido por tanta gente boa e generosa.

Como tenho dito, jovens que renovam minha esperança quanto ao futuro do mundo. Alunos de ontem e de hoje, que reforçam uma das poucas certezas que nunca foram questionadas em minha vida: eu precisava ser professor. Com a docência, gerações de seres humanos se sucedem, permitindo-me estar sempre ao alcance dessa energia renovável magnífica: a alma verdadeiramente humana.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Mais um exame da OAB

Durante a tarde de hoje, começaram as comemorações. Mais uma vez, o nosso ambiente acadêmico, assim como o virtual, das redes sociais, encheu-se de alegria pela divulgação dos nomes dos aprovados no mais recente Exame de Ordem.

A lista abaixo reúne os nomes de ex-alunos nossos, assim como de ainda alunos nossos, que passaram por nós em sala de aula, em defesa de monografia ou outras atividades. Esse contato mais pessoal aumenta a nossa alegria, como educadores, por isso faço questão de me congratular com eles:

Agna Christy Marim de Almeida
Aline Cristina Bordalo de Souza Vieira
Ana Carolina Cavalcante da Silva
Ana Carolina Rodrigues da Silva
Ana Cristina Bentes Barbalho
Anna Caroline Ferreira Lisboa
Anna Laura Ferreira de Araújo
Antonio Alberto Maués Ramos
Arthur Calandrini da Silva Neto
Bruno Cunha Moutinho
Bruno Sodré Leão
Camila Rossas Moraes
Daniele Valle Sizo Fidalgo
Diego Siqueira Rebelo Vale
Éder Victor Oeiras Leite
Elyson Gabriel Carvalho da Conceição
Elza Maroja Kalkmann
Emy Hannah Ribeiro Mafra
Gabriela Teixeira Cunha
Gisany Pantoja Quaresma
Iago da Cunha Cardoso Silva
Irlane Ribeiro Dias
Izabela Lima Evangelista da Rocha
Jéssica Maria Alves Pereira dos Santos
Leonardo Souza Silva
Lika Narita
Matheus Braz da Silva Azevedo
Melissa Mika Kimura Paz
Paulo Borges Leal Mendes
Priscilla Borges da Silva
Renan Daniel Trindade dos Santos
Stélio da Costa Sarges
Suanan Costa Collere
Tales Efraim Peres Falqueto
Thamires Martins de Azevedo
Waldir Macieira da Costa Neto
Yasmin Nazaré Lobato Maués

Meus melhores votos de sucesso na nova carreira, que para alguns pode ser iniciada imediatamente e, para outros, ainda precisará esperar nada menos do que o restante de todo o semestre letivo e a colação de grau. Sem dúvida, contudo, que deve fazer um bem enorme saber que, quando o grau chegar, já se poderá exercer a profissão escolhida e cuidar do futuro que nos abraça.

Sejam sempre muito felizes.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Agradecimentos post mortem

Enfim, a hora chegou. Nossa mãezinha partiu por volta de 7h30 do último sábado, dia 3, após uma penosíssima trajetória de um ano e nove meses de luta contra um câncer, mas também contra uma série de comorbidades que tornaram o seu tratamento ineficaz. Foram nove internações, algumas dezenas de sessões de rádio e braquiterapia, dois protocolos diferentes de quimioterapia (um terceiro negado) e uma quantidade literalmente incalculável de consultas, exames e procedimentos.

Pode-se dizer que, de algum modo, ficamos bem familiarizados com o ambiente de tratamento de saúde e lidamos com diversos profissionais. Sabemos que existe um processo acelerado de desumanização no exercício da Medicina; que muita gente escolhe essa carreira por status e dinheiro; que o paciente está valendo cada vez menos. Por isso mesmo, neste momento, sinto-me no dever de honrar alguns dos profissionais que são Médicos maiúsculos, de competência testada e comprovada mas, acima de tudo, dotados daquilo que se espera de um verdadeiro médico: a espontânea preocupação em fazer o melhor pelo paciente.

Ainda na clínica Uronefro, onde nossa mãe fez hemodiálise de janeiro de 2014 a julho de 2015, fomos acompanhados pela nefrologista Myrtes Martins, à frente de uma equipe também competente e dedicada, que passa pelos demais nefrologistas, time de enfermagem, psicóloga, nutricionista, recepcionistas, porteiros, etc. Nós fomos tratados com carinho genuíno na clínica e somos muito gratos por cada gesto de atenção. Notadamente em relação a Myrtes Martins, agradecemos sua diligência e compromisso, conseguindo salvar a vida de nossa mãe não uma, mas três vezes, nos sucessivos episódios de edema agudo de pulmão.

Já no Hospital Saúde da Mulher, o neurocirurgião Fernando Santos foi a síntese do que um médico deve ser. Em novembro de 2014, atendeu minha mãe e percebeu a gravidade de sua situação. Quis interná-la imediatamente e se esforçou por realizar a cirurgia, dificultada por erros administrativos. Quando a cirurgia efetivamente aconteceu, foi um craque. Retirou o máximo que pode de um tumor metastásico que envolvia os ossos do sacro. Devido à ser uma região repleta de nervos, todo tipo de sequela poderia aparecer: perda de movimentos, incontinência urinária, etc. e etc. Mas a cirurgia foi perfeita. No entanto, o que me comoveu profundamente foi o dia em que ele entrou no apartamento do hospital e, ao ver minha mãe, exclamou: "Agora sim! O que eu queria era ver a senhora sorrir de novo!" Encontrei-me com ele na semana passada, casualmente, quando mamãe ainda vivia, e lhe reiterei nossa imensa gratidão por ser um médico que coloca o paciente em primeiro lugar.

Em dezembro de 2014, chegamos até a oncologista Danielle Feio, que se tornou nossa parceira e enfrentou conosco o tratamento quimioterápico que, infelizmente, não funcionou. Suas consultas eram longas, com explicações minuciosas, o que nos permitiu desenvolver grande confiança em seu trabalho. Até o último instante, cuidou do nosso "vaso que podia quebrar a qualquer momento", mas não quebrava. Respondia nossas perguntas, aceitava nossas mensagens via WhatsApp em pleno final de semana e, por fim, ao decidir utilizar um terceiro e derradeiro protocolo de quimioterapia, com uma droga off label para o tipo de câncer de nossa mãe, explicou-nos detalhadamente os motivos, que comprovou com estudos, mostrando-se competente e atualizada. Minha mãe confiava e gostava dela. Claro, foi tratada com dignidade e afeto legítimos. Já é possível fazer um bom tratamento oncológico em Belém. Infelizmente, o corpo de nossa mãezinha não tinha condições de resistir.

Por fim, já nesta reta final, a geriatra e paliativista Raquel Loiola, mesmo quando ainda supúnhamos ser possível garantir alguma sobrevida a nossa mãe, com alguma qualidade, deixou claro que podíamos trabalhar para deixá-la em casa, em condições dignas. Nada de medidas agressivas e inúteis. Nada de potencializar o sofrimento. Nesta última semana, quando se tornou evidente que a hora da morte estava à porta, ela nos explicou o significado e a utilidade (ou total falta dela) de cada tratamento, deu-nos opções e permitiu que decidíssemos o melhor (possível, no contexto) para nossa mãe. Com sua voz mansa porém firme, preparou-nos para o que vinha e garantiu que minha mãe fizesse sua passagem sem ser mais maltratada, ao lado da família.

Eu gostaria que todos os médicos fossem como esses quatro que citei. Mas não são. Há aqueles que dizem ser impossível aplicar quimioterapia em um doente renal crônico e que se recusam a aceitar a sugestão dos filhos, por duas vezes, de requisitar um PET-Scan. São esses que permitem um quadro de metástase se instalar livremente, sem combate, levando a paciente ao desespero da dor e, mais à frente, à irreversibilidade do quadro.

Também há os ultra-arrogantes, que operam uma paciente sem jamais ter um contato com a família, sem explicar o que fariam, e acabam por colocar um cateter errado nela, colocando-a em risco real de morte porque foi impossível dialisar. São esses que obrigam a uma internação que, sem esse erro, simplesmente não aconteceria e, mesmo assim, jamais pedem desculpas e olham os filhos com desprezo no corredor, porque exigiram que o conserto fosse feito por outro angiologista. Que, por sinal, também teve suas falhas e, para corrigi-las, reposicionou o cateter a sangue frio, puxando, fazendo nossa mãe gritar de dor.

E há o pessoal da enfermagem, que amarra uma paciente lúcida no leito de UTI, onde estava emocionalmente desgastada e sozinha, absolutamente vulnerável, apenas porque não gostou de seu tom. Felizmente, apenas uma fruta podre em meio a uma equipe de enfermeiros e técnicos muito dedicados, carinhosos e simpáticos, cujos nomes não consigo reter dada a maior quantidade, ao rodízio e à perturbação em que sempre nos encontrávamos quando nossos caminhos se cruzavam.

E é isso. Não sou amigo destes médicos, pessoalmente ou pelas redes sociais. Tentarei levar a eles estas palavras mas, acima de tudo, guardem seus nomes. Espero que não precisem deles!!! Mas saibam que existem sim, em Belém, médicos humanos, verdadeiros e merecedores de todas as homenagens.