Decidimos em família passar o feriado da Semana Santa em São Luís, visitando amigos queridos. Também era uma forma de sair um pouco de casa (da cidade), pela primeira vez desde que estamos de luto. A necessidade de espairecer quanto possível estava aí há tempos, sem ser atendida. Também decidimos fazer a viagem por via rodoviária.
Minha primeira deliberação foi não fazer a travessia de ferry boat, porque em 22 de setembro do ano passado houve um acidente envolvendo a embarcação Cidade de Alcântara, da empresa Internacional Marítima. Segundo informa um blog de São Luís, e também notícias da mídia tradicional, o casco do navio furou no meio da viagem. Sem escolha alguma, o comandante decidiu prosseguir até São Luís, sob imenso risco, e felizmente chegou a tempo de evitar uma tragédia. Mas as notícias que se seguiram deram conta de que o serviço de travessia entre a capital maranhense e a Ponta da Espera (Porto de Cujupe) está péssimo, com duas empresas operando embarcações velhas e com problemas de manutenção. Como minha relação com navegação é bastante hostil, nem hesitei: nada de ferry boat!
Optei, assim, por fazer o trajeto de quase 800 quilômetros integralmente pela estrada, apesar do desestímulo do Google Maps, apontando 12 horas de viagem. Confiei, porém, na informação de que havia apenas um trecho ruim, após o Município maranhense de Santa Inês. Mas a realidade que se apresentou foi bem diferente e muito pior. Mas vamos por partes.
Em que pese o vexame de a BR-316 não ser duplicada até hoje, a despeito de sua importância para o escoamento de mercadorias e para o turismo, a rodovia está em boas condições. Pode-se viajar sem susto, embora sentindo falta de acostamentos adequados e lamentando as enormes distâncias com mato de ambos os lados, ou seja, em caso de emergência, é difícil pedir ajuda. À medida que nos aproximamos da fronteira com o Maranhão, os sinais de celular e de internet caem e ficamos incomunicáveis. Mas isso não é nada perto do que vem depois.
Passando do Município de Santa Inês, saímos da BR-316 para a BR-135 e aí a desgraceira começa. São cerca de 250 Km que poderiam ser vencidos com facilidade, não fosse o fato de a rodovia parecer o resultado de um bombardeio. Há poucos trechos em que podemos ganhar alguma velocidade, mas não há segurança nisso, porque nunca sabemos quando um buraco vai aparecer. E são buracos do pior tipo: profundos e de tamanho suficiente para abocanhar o seu pneu, destruí-lo e causar danos estruturais ao veículo. Cair em um buraco desses, ainda que em velocidade moderada, é fim de viagem. E isso ainda pode ser considerado sorte.
Quanto mais nos aproximamos da capital, pior a situação fica. A empresa de abastecimento de água está fazendo uma dessas obras intermináveis e, devido a isso, acaba o asfalto, sobram depressões na pista e os motoristas, aturdidos, começam a se jogar uns sobre os outros, à procura de um lugar para passar. Formou-se um engarrafamento (felizmente para nós, no sentido de saída da cidade) de muitos quilômetros. Eu via aqueles veículos parados, muitos com crianças, e não conseguia imaginar quantas horas ficariam presos ali. E ninguém sabia o tamanho do problema. Para alguns, informei.
Honestamente, chegar em São Luís pela BR-135 foi uma experiência horrível. Acho que nunca mais vou reclamar da região metropolitana de Belém, com seus engarrafamentos absurdos. Comparado, é quase um paraíso. Então decidi que não retornaria àquela estrada. Decidi enfrentar meu medo e fazer a viagem de volta pelo ferry boat. Ainda que reticente, foi a decisão mais acertada. A travessia foi tranquila e rápida, fazendo-nos economizar um pouco mais de 200 quilômetros de chão. O lado ruim é que as embarcações são barulhentas e cheiram muito mal. Uma arma contra alérgicos. Mesmo assim, é a melhor alternativa, no contexto.
Os menos de 200 quilômetros entre a Ponta da Espera e o Município de Governador Nunes Freire estão em boas condições, embora alguns trechos estejam danificados e exijam atenção redobrada. No entanto, pode-se viajar em paz, lamentando, mais uma vez, a incomunicabilidade, as longas distâncias vazias e a falta de sinalização. Chegar de novo à BR-316 pode ser um alívio, mas o problema são os cerca de 370 quilômetros que ainda nos separam de casa.
Para nosso infortúnio, do Cujupe até Belém a viagem foi feita quase toda sob chuva. Ora pancadas, ora uma chuvinha tolerável. À noite, contudo, já no Pará, ela desabou sem trégua, tornando nossa viagem bem mais perigosa, pela baixa visibilidade e outros motivos.
Espero que este texto, longo para os padrões internéticos, sirva de orientação para alguém que esteja pensando em se deslocar entre as capitais paraense e maranhense por via rodoviária. Prefira a travessia de ferry boat, faça uma boa revisão em seu veículo, leve provisões e, de preferência, divida a direção com alguém, para diminuir o sacrifício. Mas se der mesmo, vá de avião. Doravante, é o que farei. Como não podemos esperar que os governos melhorem e se preocupem de verdade com os brasileiros, essa é uma viagem que não pretendo mais fazer por terra.
sábado, 16 de abril de 2016
quinta-feira, 7 de abril de 2016
Exemplo de idiotice à direita
Uma das mais evidentes manifestações de burrice e/ou má-fé, desgraçadamente prática corrente em nossos dias, é fazer afirmações totalmente descontextualizadas. E repeti-las à exaustão.
Um argumento extremamente tosco que já cansei de escutar é este: impeachment não é golpe porque está previsto na Constituição. Ponto. Só isso. Amigo, você entrou naquela fila desfavorecida mais de uma vez, não foi?
Para quem resolveu aderir a essa asneira, argumento da seguinte forma: a mesma Constituição também prevê o estado de defesa, que pode ser decretado pelo presidente da República, após a oitiva de conselhos cujas manifestações são obrigatórias, porém não vinculantes (art. 136). Pergunto: se Dilma Rousseff convocasse hoje os conselhos e, após qualquer manifestação deles, decretasse o estado de defesa para preservar a ordem pública ou a paz social, ameaçada pelo cenário de grave instabilidade institucional, podendo com isso restringir o direito de reunião e o sigilo de comunicações, apontando o Distrito Federal como área geográfica da medida extrema, seria golpe?
Pense bem: a decretação do estado de defesa é uma prerrogativa do presidente da República, expressamente assegurado pela Constituição de 1988. Os fundamentos e formalidades da medida estão mencionados aí. Então, aplicada a sua "lógica", Dilma pode fazê-lo, não pode?
De modo semelhante, existem prisões cautelares, mas isso não significa que eu possa prender pessoas levianamente por aí (embora seja o que acontece, na prática). Existem, no direito civil, as figuras da indignidade e da deserdação, mas estas não podem ser aplicadas apenas porque o pai se considerou terrivelmente injuriado quando o filho lhe deu uma resposta torta, escolheu profissão repudiada por aquele ou se revelou homossexual.
Portanto, cidadão, o problema não é de previsão legal, mas das razões pelas quais se faz aquilo que se faz. Esforce-se um pouco e procure um contexto para os fatos da vida. Se possível, tente achar um pouco de bom senso, também.
Um argumento extremamente tosco que já cansei de escutar é este: impeachment não é golpe porque está previsto na Constituição. Ponto. Só isso. Amigo, você entrou naquela fila desfavorecida mais de uma vez, não foi?
Para quem resolveu aderir a essa asneira, argumento da seguinte forma: a mesma Constituição também prevê o estado de defesa, que pode ser decretado pelo presidente da República, após a oitiva de conselhos cujas manifestações são obrigatórias, porém não vinculantes (art. 136). Pergunto: se Dilma Rousseff convocasse hoje os conselhos e, após qualquer manifestação deles, decretasse o estado de defesa para preservar a ordem pública ou a paz social, ameaçada pelo cenário de grave instabilidade institucional, podendo com isso restringir o direito de reunião e o sigilo de comunicações, apontando o Distrito Federal como área geográfica da medida extrema, seria golpe?
Pense bem: a decretação do estado de defesa é uma prerrogativa do presidente da República, expressamente assegurado pela Constituição de 1988. Os fundamentos e formalidades da medida estão mencionados aí. Então, aplicada a sua "lógica", Dilma pode fazê-lo, não pode?
De modo semelhante, existem prisões cautelares, mas isso não significa que eu possa prender pessoas levianamente por aí (embora seja o que acontece, na prática). Existem, no direito civil, as figuras da indignidade e da deserdação, mas estas não podem ser aplicadas apenas porque o pai se considerou terrivelmente injuriado quando o filho lhe deu uma resposta torta, escolheu profissão repudiada por aquele ou se revelou homossexual.
Portanto, cidadão, o problema não é de previsão legal, mas das razões pelas quais se faz aquilo que se faz. Esforce-se um pouco e procure um contexto para os fatos da vida. Se possível, tente achar um pouco de bom senso, também.
Exemplo de idiotice à esquerda
A professora uspiana Janaína Paschoal tornou-se uma das principais porta-vozes do movimento pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff. Passarei ao largo de suas credenciais e intenções. Concentro-me apenas no fato de que, dada essa sua condição proeminente, aqueles que apoiam o governo passaram a publicar, na internet, inclusive redes sociais, que Paschoal é advogada do procurador de justiça que torturava a própria esposa.
Como exemplo, temos esta matéria do Pragmatismo Político, sítio de inclinações à esquerda, destacando que a advogada também patrocinou a defesa daquela acadêmica de direito que, em 2010, publicou em sua conta no Facebook comentários raivosos contra nordestinos, a ponto de sugerir que fossem assassinados (leia aqui).
Janaína Paschoal é advogada. E criminalista. Como tal, sua missão profissional é defender pessoas acusadas de crimes. Simples assim. Exatamente do mesmo jeito que a função de um professor é lecionar e a de um cardiologista, cuidar do coração de seus pacientes. Isto não deveria despertar qualquer alarma, embora saibamos que, no Brasil, é usual demonizar-se o advogado do bandido, porque não se compreende (nem se tenta) a função que o defensor exerce, não apenas para o acusado, mas para o próprio sistema de justiça criminal.
Qual seria, então, a finalidade de relacionar Paschoal a dois de seus clientes, especificamente pessoas cujas acusações ganharam repercussão social? Pessoas que despertaram sentimentos ruins no grande público? Um deles, acusado de crime recentemente divulgado, então em pleno calor dos acontecimentos. Além disso, uma violência fora do comum contra sua própria esposa, em um momento em que se discute no país, como nunca antes, o empoderamento feminino. A outra, uma aprendiz de fascista que disparou seu ódio classista contra uma população sabidamente discriminada, que vem a ser, por sinal, a população que mais tem apoiado, com seus votos, o partido que ora ocupa a presidência da República.
A estratégia de marketing de guerrilha utilizada me incomodou bastante, porque afeta diretamente a nós, advogados, e particularmente os criminalistas, renovando um preconceito antigo. No afã de criticar uma liderança da atual guerra santa brasileira, ninguém se pejou de menosprezar o trabalho do advogado; tampouco a OAB, por qualquer de suas agências, se manifestou. Ruim para a advocacia, pior ainda para um dos setores mais delicados da nossa já combalida democracia, que no campo penal vive, afora hiatos ditatoriais, o seu mais duro período de convergência de forças em prol da flexibilização ou relativização (rectius: destruição) de garantias fundamentais.
Isso é punitivismo de esquerda. Péssima ideia.
Como exemplo, temos esta matéria do Pragmatismo Político, sítio de inclinações à esquerda, destacando que a advogada também patrocinou a defesa daquela acadêmica de direito que, em 2010, publicou em sua conta no Facebook comentários raivosos contra nordestinos, a ponto de sugerir que fossem assassinados (leia aqui).
Janaína Paschoal é advogada. E criminalista. Como tal, sua missão profissional é defender pessoas acusadas de crimes. Simples assim. Exatamente do mesmo jeito que a função de um professor é lecionar e a de um cardiologista, cuidar do coração de seus pacientes. Isto não deveria despertar qualquer alarma, embora saibamos que, no Brasil, é usual demonizar-se o advogado do bandido, porque não se compreende (nem se tenta) a função que o defensor exerce, não apenas para o acusado, mas para o próprio sistema de justiça criminal.
Qual seria, então, a finalidade de relacionar Paschoal a dois de seus clientes, especificamente pessoas cujas acusações ganharam repercussão social? Pessoas que despertaram sentimentos ruins no grande público? Um deles, acusado de crime recentemente divulgado, então em pleno calor dos acontecimentos. Além disso, uma violência fora do comum contra sua própria esposa, em um momento em que se discute no país, como nunca antes, o empoderamento feminino. A outra, uma aprendiz de fascista que disparou seu ódio classista contra uma população sabidamente discriminada, que vem a ser, por sinal, a população que mais tem apoiado, com seus votos, o partido que ora ocupa a presidência da República.
A estratégia de marketing de guerrilha utilizada me incomodou bastante, porque afeta diretamente a nós, advogados, e particularmente os criminalistas, renovando um preconceito antigo. No afã de criticar uma liderança da atual guerra santa brasileira, ninguém se pejou de menosprezar o trabalho do advogado; tampouco a OAB, por qualquer de suas agências, se manifestou. Ruim para a advocacia, pior ainda para um dos setores mais delicados da nossa já combalida democracia, que no campo penal vive, afora hiatos ditatoriais, o seu mais duro período de convergência de forças em prol da flexibilização ou relativização (rectius: destruição) de garantias fundamentais.
Isso é punitivismo de esquerda. Péssima ideia.
domingo, 3 de abril de 2016
6 meses
Hoje faz 6 meses que nossa mãe deixou este plano. Como no mês passado e no anterior, eu não me lembrei. Foi preciso que alguém tocasse no assunto, desta vez meu irmão, para eu recordar. Desde o primeiro momento não quis vincular-me a uma data, pois me conheço. Sei que acabaria demonizando os dias 3 para o resto da vida, sofrendo com sua aproximação, sentindo-me mal quando ele chegasse. Mais ou menos como meu irmão disse se sentir.
Não foi rápido, como vaticinaram. Durou exatamente 6 meses. Cada um dos 1.440 minutos de cada dia, se eu estava acordado, foi percebido e sentido. A metáfora poética da presença da ausência se tornou real e palpável. É uma sombra que me acompanha desde o instante em que abro minhas pálpebras ao amanhecer.
Esta semana, encontrei minha querida amiga Mariana Mendonça, cujo pai faleceu subitamente há 8 meses. Estamos compartilhando o luto, de algum modo. E concordamos que as pessoas nos falam que vai melhorar porque, enfim, o que mais poderiam dizer? São amigos e querem o nosso bem, então dizem algo que possa trazer algum reconforto. Agradecemos pela boa intenção. É bem provável que acreditem realmente nisso. É bem provável, até, que tenham alguma razão. Apenas eu e ela ainda não tivemos a oportunidade de sentir essa paz.
O luto produz outras consequências, imponderáveis, porque dizem respeito à experiência de cada qual. Problemas que surgem com o tempo, como aquela sequela de um acidente que leva meses ou até anos para se revelar. Nada a fazer senão lidar com isso. E muitos não sabem lidar com o luto e acabam por tomar atitudes irracionais, trazendo sofrimento a si mesmos e a terceiros. Ou, no mínimo, como é o meu caso, ficam sentados à beira do caminho, como diria a oportuna e perfeita canção de Roberto e Erasmo Carlos, esperando a dor passar.
Foi-se um semestre. Logo será um ano. E logo serão 10. Talvez, aí, eu diga que passou num piscar de olhos. Mas o tempo realmente não é o que importa. O que eu procuro, sem trégua, é um sentido para tudo que aconteceu, do modo como aconteceu. Se houver algum, espero que ele apareça em alguma curva onde carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo não se confunda mais em minha mente.
Não foi rápido, como vaticinaram. Durou exatamente 6 meses. Cada um dos 1.440 minutos de cada dia, se eu estava acordado, foi percebido e sentido. A metáfora poética da presença da ausência se tornou real e palpável. É uma sombra que me acompanha desde o instante em que abro minhas pálpebras ao amanhecer.
Esta semana, encontrei minha querida amiga Mariana Mendonça, cujo pai faleceu subitamente há 8 meses. Estamos compartilhando o luto, de algum modo. E concordamos que as pessoas nos falam que vai melhorar porque, enfim, o que mais poderiam dizer? São amigos e querem o nosso bem, então dizem algo que possa trazer algum reconforto. Agradecemos pela boa intenção. É bem provável que acreditem realmente nisso. É bem provável, até, que tenham alguma razão. Apenas eu e ela ainda não tivemos a oportunidade de sentir essa paz.
O luto produz outras consequências, imponderáveis, porque dizem respeito à experiência de cada qual. Problemas que surgem com o tempo, como aquela sequela de um acidente que leva meses ou até anos para se revelar. Nada a fazer senão lidar com isso. E muitos não sabem lidar com o luto e acabam por tomar atitudes irracionais, trazendo sofrimento a si mesmos e a terceiros. Ou, no mínimo, como é o meu caso, ficam sentados à beira do caminho, como diria a oportuna e perfeita canção de Roberto e Erasmo Carlos, esperando a dor passar.
Foi-se um semestre. Logo será um ano. E logo serão 10. Talvez, aí, eu diga que passou num piscar de olhos. Mas o tempo realmente não é o que importa. O que eu procuro, sem trégua, é um sentido para tudo que aconteceu, do modo como aconteceu. Se houver algum, espero que ele apareça em alguma curva onde carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo não se confunda mais em minha mente.
sábado, 2 de abril de 2016
Lilo Russell
Adoro cachorro e sempre tive predileção por animais com jeitão de vira-lata: cabeça em forma de pera invertida, pelo curto e manchado. Uma raça que atende a esses parâmetros é a Jack Russell Terrier, rara no Brasil.
Como sabemos, as raças de cães hoje existentes são todas resultantes de cruzamentos deliberados, feitos por criadores (o que explica as vulnerabilidades próprias de cada raça). No caso da JRT, a origem da raça remonta ao século XIX, quando o reverendo John Russell, então estudante na Universidade de Oxford, comprou uma cadelinha terrier, que batizou de Trump. Acostumado a criar cavalos e aficcionado por caça a raposas, Russell decidiu desenvolver uma raça muito eficiente para essa empreitada. Começou, então, a acasalar animais de raças diferentes até chegar ao resultado que foi oficialmente reconhecido em 22.1.1990 pelo The Kennel Club da Inglaterra e, em 1991, pela Fédération Cynologique Internationale.
Consta que os criadores após John Russell se preocuparam muito mais com a adequação do animal à caça, com seu temperamento para esse fim, do que com a beleza e conformação. O fato é que cães JRT são extremamente inteligentes e vivazes, resistentes e corajosos, quase incansáveis e bastante teimosos, exigindo que o dono saiba como discipliná-los. Há risco de se tornarem destrutivos, principalmente no caso de se sentirem abandonados, talvez mirando em seus objetos pessoais. Necessitam de espaço, por isso desconsidere essa raça caso more em um apartamento ou uma casa pequena. Permita que o animal corra, pule obstáculos e cave. E não o coloque perto de outros animais (inclusive maiores!), pois o espírito de caçador pode aflorar. Recomenda-se cuidado até com crianças menores. Apaixonado pela família, deve tornar-se protetor, o que é uma faca de dois gumes.
Os cães são pequenos (em média, entre 23 e 30 cm, de 4 a 7 quilos), predominantemente brancos (mínimo de 51%), podendo apresentar manchas na cor preta ou marrom, com alguma mescla. A pelagem varia de curta a média, de macia a dura. A expectativa de vida varia entre 13 e 15 anos.
De tão inteligentes, ativos e encantadores, os JRT se tornaram populares no cinema e na TV. A raça mereceu, por exemplo, ser protagonista do seriado infantil Wishbone (1995-2001), que eu obviamente desconheço. Mas passou no teste de popularidade, como pude constatar nos últimos dias, porque todo mundo conhece Milo, que protagonizou divertidas cenas no filme O Máskara (1994), chegando até a ajudar o dono a vencer no final, transformado em um cachorro-monstro por causa da máscara.
Em 2011, a película O artista fez bastante sucesso, tendo vencido 5 Oscars, inclusive o de melhor filme, no ano seguinte. Boa parte do carisma da produção se deveu a Uggie, que "interpretou" o cachorro Jack. O sucesso levou a animal a participar da cerimônia de premiação, com direito a gravata borboleta e tapete vermelho. Participou ao todo de cinco filmes, sendo que o mais famoso deles lhe rendeu os prêmios Palm Dog Award, do Festival de Cannes (sim, é sério) e a Coleira de Ouro, além de duas outras indicações. Em 25.6.2012, gravou suas patas na Calçada da Fama do Grauman's Chinese Theatre. Sua morte, em 12.8.2015, por eutanásia decorrente de um tumor na próstata, foi amplamente divulgada pela imprensa.
No ano passado, o filme A garota dinamarquesa causou polêmica pelo mundo. A delicada versão cinematográfica da história de Lili Elbe, primeira pessoa a realizar cirurgia de transgenitalização no mundo, foi permeada pelas aparições da cadelinha Pixie, que precisou ser treinada para não lamber a maquiagem no rosto dos atores. Ela apenas está lá, mas tão adorável que percebi minha necessidade de possuir uma criaturinha dessas.
No Brasil, poucos canis se dedicam a essa raça, mas felizmente encontramos o Canil Chantebled, em Marília (SP). Por e-mail e telefone, fui atendido com muita gentileza pela criadora Mônica Voss, que foi extremamente correta conosco e nos permitiu abrir nossos corações para uma nova experiência. Ontem, nossa família aumentou com a chegada da pequenina, adorável e danadíssima Lilo. Já estamos apaixonados.
Vai resistir a essa carinha?
Fontes: http://www.fci.be/en/nomenclature/JACK-RUSSELL-TERRIER-345.html; http://www.therealjackrussell.com/index.php; http://jackrussel.com.br/; http://www.dogtimes.com.br/jackrussel.htm; http://www.bolsademulher.com/pet/quer-um-jack-russel-terrier-veja-essas-6-informacoes-sobre-a-raca-antes-de-comprar-um-filhote
Como sabemos, as raças de cães hoje existentes são todas resultantes de cruzamentos deliberados, feitos por criadores (o que explica as vulnerabilidades próprias de cada raça). No caso da JRT, a origem da raça remonta ao século XIX, quando o reverendo John Russell, então estudante na Universidade de Oxford, comprou uma cadelinha terrier, que batizou de Trump. Acostumado a criar cavalos e aficcionado por caça a raposas, Russell decidiu desenvolver uma raça muito eficiente para essa empreitada. Começou, então, a acasalar animais de raças diferentes até chegar ao resultado que foi oficialmente reconhecido em 22.1.1990 pelo The Kennel Club da Inglaterra e, em 1991, pela Fédération Cynologique Internationale.
Consta que os criadores após John Russell se preocuparam muito mais com a adequação do animal à caça, com seu temperamento para esse fim, do que com a beleza e conformação. O fato é que cães JRT são extremamente inteligentes e vivazes, resistentes e corajosos, quase incansáveis e bastante teimosos, exigindo que o dono saiba como discipliná-los. Há risco de se tornarem destrutivos, principalmente no caso de se sentirem abandonados, talvez mirando em seus objetos pessoais. Necessitam de espaço, por isso desconsidere essa raça caso more em um apartamento ou uma casa pequena. Permita que o animal corra, pule obstáculos e cave. E não o coloque perto de outros animais (inclusive maiores!), pois o espírito de caçador pode aflorar. Recomenda-se cuidado até com crianças menores. Apaixonado pela família, deve tornar-se protetor, o que é uma faca de dois gumes.
Os cães são pequenos (em média, entre 23 e 30 cm, de 4 a 7 quilos), predominantemente brancos (mínimo de 51%), podendo apresentar manchas na cor preta ou marrom, com alguma mescla. A pelagem varia de curta a média, de macia a dura. A expectativa de vida varia entre 13 e 15 anos.
De tão inteligentes, ativos e encantadores, os JRT se tornaram populares no cinema e na TV. A raça mereceu, por exemplo, ser protagonista do seriado infantil Wishbone (1995-2001), que eu obviamente desconheço. Mas passou no teste de popularidade, como pude constatar nos últimos dias, porque todo mundo conhece Milo, que protagonizou divertidas cenas no filme O Máskara (1994), chegando até a ajudar o dono a vencer no final, transformado em um cachorro-monstro por causa da máscara.
Em 2011, a película O artista fez bastante sucesso, tendo vencido 5 Oscars, inclusive o de melhor filme, no ano seguinte. Boa parte do carisma da produção se deveu a Uggie, que "interpretou" o cachorro Jack. O sucesso levou a animal a participar da cerimônia de premiação, com direito a gravata borboleta e tapete vermelho. Participou ao todo de cinco filmes, sendo que o mais famoso deles lhe rendeu os prêmios Palm Dog Award, do Festival de Cannes (sim, é sério) e a Coleira de Ouro, além de duas outras indicações. Em 25.6.2012, gravou suas patas na Calçada da Fama do Grauman's Chinese Theatre. Sua morte, em 12.8.2015, por eutanásia decorrente de um tumor na próstata, foi amplamente divulgada pela imprensa.
No ano passado, o filme A garota dinamarquesa causou polêmica pelo mundo. A delicada versão cinematográfica da história de Lili Elbe, primeira pessoa a realizar cirurgia de transgenitalização no mundo, foi permeada pelas aparições da cadelinha Pixie, que precisou ser treinada para não lamber a maquiagem no rosto dos atores. Ela apenas está lá, mas tão adorável que percebi minha necessidade de possuir uma criaturinha dessas.
No Brasil, poucos canis se dedicam a essa raça, mas felizmente encontramos o Canil Chantebled, em Marília (SP). Por e-mail e telefone, fui atendido com muita gentileza pela criadora Mônica Voss, que foi extremamente correta conosco e nos permitiu abrir nossos corações para uma nova experiência. Ontem, nossa família aumentou com a chegada da pequenina, adorável e danadíssima Lilo. Já estamos apaixonados.
Vai resistir a essa carinha?
Fontes: http://www.fci.be/en/nomenclature/JACK-RUSSELL-TERRIER-345.html; http://www.therealjackrussell.com/index.php; http://jackrussel.com.br/; http://www.dogtimes.com.br/jackrussel.htm; http://www.bolsademulher.com/pet/quer-um-jack-russel-terrier-veja-essas-6-informacoes-sobre-a-raca-antes-de-comprar-um-filhote
Assinar:
Postagens (Atom)