segunda-feira, 9 de setembro de 2019

E 20 anos se passaram

Muito em síntese, minha amiga Bárbara Dias ― que foi a primeira amizade que fiz na faculdade e depois se tornou minha madrinha de casamento e professora no mestrado (adoro esses reencontros!) ― passou no doutorado e precisava ir para o Rio de Janeiro. Então ela me indicou para substituí-la, nas três turmas que possuía, da disciplina Noções de Direito, Legislação e Ética, no curso de Tecnologia em Processamento de Dados do então Centro de Ensino Superior do Pará, depois Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA).

Ela me levou até a saudosa Profa. Conceição Fiúza de Mello, que aprovou minha indicação, e foi assim que, na tarde de 9 de setembro de 1999, ingressei no prédio sede para, novamente conduzido por Bárbara, ser apresentado aos alunos da turma vespertina e já iniciar os trabalhos. Assim mesmo: valendo. Depois vieram as turmas noturnas.

Naquele momento, tornei-me professor. Algo por que eu ansiava muito. 

Em janeiro de 2000, recebi um telefonema da Profa. Angelina Panzuti, primeira coordenadora do curso de Direito daquela instituição, e que fora minha professora na UFPA, convidando-me para assumir a cadeira de direito penal. Então, em 7 de fevereiro, realizei um sonho de longa data: eu era professor de direito penal! Conhecem a sensação de chegar a um porto intensamente desejado?

Na mesma época, fui aprovado em processo seletivo para professor substituto da UFPA. Comecei pelo Núcleo de Prática Jurídica, mas também lecionei a mesma disciplina. Como se tratava de um contrato temporário, cumpri minhas obrigações e, desde então, tenho exercido o meu magistério no CESUPA, acompanhando de perto suas inúmeras conquistas, das quais muito me orgulho, já que estive lá desde o segundo minuto (a primeira turma iniciou em abril de 1999 e ingressei nela dez meses depois).

Hoje, 20 anos se completam daquele dia em que suei frio ante o desconhecido, mas que abracei com uma convicção que poucas vezes tive na vida. Ser professor era a minha única certeza em nível profissional e continua sendo até hoje. Entre erros e acertos, com dias bons e maus, com todos os percalços de uma profissão socialmente desvalorizada, a docência continua sendo o único trabalho que pretendo desempenhar até o final. Para isso trabalhei, tomei minhas quedas, me qualifiquei, experimentei, mudei, renunciei e muitas coisas mais, que deixaram nesse percurso muito mais alegrias e realizações. Acho que fui abençoado.


Turma vespertina 2013-2015, que me ofereceu uma das maiores demonstrações de carinho que já recebi (eles sabem qual), de que me tornei paraninfo em janeiro de 2018.
Turma vespertina 2015-2017, que deu seguimento ao mesmo grande gesto de humanidade da anterior (eles sabem o quê).

Ajudei na formação de gerações de profissionais do direito, que estão aí pelo mundo agora, vivendo seus próprios desafios e aventuras. Talvez a minha tenha sido a mais modesta das contribuições, mas meu sonho juvenil era apenas este: sentir a felicidade de pensar que alguém aprendeu alguma coisa boa comigo.

Tomara que assim seja. E que venham os meus próximos anos, tão desejados quanto os primeiros.

Minha profunda gratidão a todos os envolvidos.