quarta-feira, 24 de junho de 2020

Como se fora um jornal vespertino

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4 horas e 35 minutos. Foi o tempo transcorrido entre a publicação de minha postagem sobre o Prof. Hugo Rocha e a manifestação de um leitor, por sinal um querido amigo, viabilizando o contato. Já tenho como acessar meu mestre. A internet faz maravilhas, quando as pessoas não estão empenhadas em usá-la para o mal.

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O calor excessivo provoca aumento na evaporação, saturação mais rápida da umidade do ar e, consequentemente, chuva. Esta última parte não estava funcionando. Esta tarde, finalmente, após dias e noites de calor inaceitável, choveu convincentemente sobre Belém. Misericórdia. Espero que o aguaceiro não tenha causado prejuízos, mas o fato é que estávamos precisando desse alento.

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Embora milhões de brasileiros tenham feito uma opção por renunciar a elas, os funcionários do Banco Mundial estão demonstrando virtudes altamente urgentes: coerência e decência. Enviaram uma carta a seus superiores, opondo-se à nomeação, como diretor, de um dos indivíduos mais repugnantes oriundos do governo brasileiro, pelo menos até que certas posturas sejam revistas. Deixam mensagem clara: se querem ser a maior instituição financeira de desenvolvimento do mundo, seus integrantes devem ter integridade pessoal e comprometimento com as populações a serem atendidas, notadamente indígenas. Eu não passo pano para bancos. Meu elogio vai para esses funcionários. Inspirador.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Salve, Prof. Hugo Rocha!

Eu ainda me recordo de que hoje é dia do aniversário do meu antigo professor de direito penal, orientador de monitoria e corresponsável pela carreira que eu teria ao longo de 20 anos. Também me recordo de que ele nasceu no Município cearense de Russas e que trabalhou muitos anos na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), além de exercer o magistério. E que publicou dois livros, um deles sobre a catedral de Belém.

O que eu não me recordo é o número de anos que não o vejo. E isso me entristece. Homem das antigas, não é possível encontrá-lo pelas redes sociais ― ainda mais hoje em dia, em que eu mesmo já não tenho paciência para o mundo leviano das redes sociais. Fiz uma busca por seu nome no Google e não encontrei referências.

Muitos anos atrás, encontramo-nos casualmente pela rua e ele sugeriu que um dia nos reuníssemos para conversar sobre o que havia mudado no direito penal naqueles anos. Para dois professores da área, tal encontro faria todo o sentido. Mas nunca ocorreu. Foi como aquele "passa lá em casa", que é mais um modo polido de interagir. Ele sempre foi bastante reservado e eu, ainda jovem, comecei um processo de isolamento que se agrava cada vez mais. Então estou achando que o evento não sairá da intenção, mesmo. O que é uma pena. Hoje, quando tudo está tão transformado, eu aproveitaria mais do que nunca a oportunidade de receber mais algumas lições do velho mestre Hugo de Oliveira Rocha, a quem respeito e admiro.

Se alguém por aí ler estas palavras e souber como chegar ao meu querido professor, por favor, faça a gentileza de me por em contato com ele. Caso ele queira, obviamente. Vai chegando uma hora na vida em que começamos a prezar de um jeito inédito as memórias que temos. Em algum momento, elas serão tudo o que teremos.

Feliz aniversário, Prof. Hugo Rocha. Celebro e honro o seu nome, com gratidão por tudo.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Eles existem

Ontem, o professor de Educação Física da escola de minha primogênita covidiou, como tenho dito. Faleceu devido à covid-19. Um rapaz de apenas 38 anos, casado, pai de dois filhos, o mais velho chegando à pré-adolescência. Júlia ficou chorosa, tendo a dimensão de que, sim, essas coisas acontecem perto de nós. E até conosco.

Hoje foi a vez da psicóloga de meu irmão, alguém que o ajudou muito e por quem ele tem enorme gratidão. Ele lhe escreveu uma mensagem, na qual lembrava que ela não foi apenas um número. Deveras, foi um ser humano e segue sendo o foco do amor de muitas pessoas.

Há pouco, amigos queridos passaram aqui na minha porta e pararam para me cumprimentar. Eles no carro, baixaram os vidros para trocarmos umas poucas palavras. Eu, na calçada, mantendo mais de um pirarucu de distância, como necessário. Todos de máscara. É o que temos para hoje. Eles são pais de duas crianças, de 8 e 5 anos. Eu tenho duas meninas, uma entrando na adolescência e outra, de meros 2 meses. Precisamos nos resguardar muito.

Estou desanimado. Enquanto o presidente genocida segue em suas políticas de morte e violência, governadores e prefeitos vão afrouxando as medidas de isolamento porque, passados mais de 3 meses, a economia volta a ser o fiel da balança. A curva de contágio está caindo na Região Metropolitana de Belém, eles dizem, Lamento, mas não acredito. E mesmo que esteja, com esse bando de loucos socializando nas ruas, as consequências logo aparecerão. Daqui a 19 dias será julho e, claro, ninguém abrirá mão do lazer nas praias. Então, talvez, em 2020 a velha máxima "agosto, mês do desgosto" se torne uma dura realidade.

Fazemos a nossa parte. Em que pese a profunda estranheza de, às vezes, não saber mais em que dia estamos, porque todos são iguais, fazemos o que é necessário, não o que preferimos. Porque esta é a contingência do momento.

Então lhes desejo saúde e espero que possam cuidar de si mesmos e dos seus. Tomara que haja algum alento para aqueles que, até aqui, não puderam fazê-lo.