domingo, 18 de novembro de 2007

Parado na blitz

Pedro Álvares Cabral, entre Júlio César e Rodolfo Chermont, sentido Centro-Entroncamento, antes das dez da manhã. Avistei os cones na pista e os policiais militares. Logo um deles me fez sinal. Encostei. Dois agentes haviam gesticulado, por isso fiquei olhando de um para o outro, esperando que me esclarecessem com qual deveria falar. Nenhum me esclareceu nada. O mais próximo, ao meu lado, deu uns passos em minha direção, com uma cara de bunda (diria o meu irmão). Parou e ficou me encarando. Aguardei uns segundos, mas como ele não se dirigiu a mim, abri o vidro. Somente aí ele me pediu os documentos. Nenhum bom dia, nenhuma explicação.

Entreguei minha habilitação e o documento do carro. Ele os examinou e me devolveu, fitando-me com aquela mesma expressão que eu definiria como desprezo. Não agradeceu, não me deu bom dia nem me mandou prosseguir. Enfim, não me disse absolutamente nada.

Por considerar importante que tais blitzen ocorram, pois elas são necessárias para coibir e desarmar criminosos, inviabilizar crimes em andamento e, mesmo, flagrar os félas que andam sem placas, agradeci e desejei bom dia ao policial, o qual já me dera as costas.

Em um país civilizado, o agente abordaria o cidadão com uma saudação respeitosa e explicaria o motivo da diligência. Diria que o incômodo é necessário para a segurança de todos. Já fui abordado dessa forma e posso assegurar que você se sente muito melhor. Pode sentir até alguma simpatia pelo policial, já que você se sente atendido, de algum modo, pelo Estado, normalmente omisso.

Temos muito a avançar. Vivemos a repetir isso. Mas em um lugar onde até bem pouco tempo atrás mal se via polícia na rua, topar com policiais mal educados já é lucro. Deprimente dizer isso, mas é melhor do que nada. Pelo menos, por alguns metros, quero crer que fiquei livre do risco de ser assaltado.

Quem sabe na próxima eu ganho um bom dia?

5 comentários:

Francisco Rocha Junior disse...

"Num país civilizado"... E quem disse que o somos?

Yúdice Andrade disse...

Eu não disse, Francisco. Estamos muito longe da civilização.

Frederico Guerreiro disse...

Aconteceu comigo. Só foi um pouquinho diferente. Leia no blog.

Sergio Lopes disse...

yudice, como vamos cobrar educação e civilidade de um agente público que trabalho por um salário de miséria, sem qualquer apoio estatal, e submetido a realização de bicos na iniciativa privada, como forma de acrescer ao seus parcos vencimentos , uma remuneração que lhe permita a sobrevivência. E, além do mais, sujeitando-se a residir em locais inospitos e proximos aos deliquentes que busca prevenir a sociedade. A formula no mundo todo e a seguinte amigo.
policial + valorização = bons serviços ao cidadão.
policial + desvalorização = corrupção e truculência.
O resto é perfume barato.

Yúdice Andrade disse...

Lido e comentado, Fred.

Sérgio, acredito que a valorização dos agentes públicos seja o passo inicial de qualquer política para que os serviços, em si mesmos, comecem a funcionar adequadamente. Todavia, isso não pode minimizar a truculência, a irracionalidade e a falta de bom senso.