Muito se fala na falência do modelo tradicional de família, composta por um homem (o cabeça do casal), uma mulher e a prole deles gerada. Muito se lutou pelo reconhecimento de direitos fora do casamento civil e do religioso. Depois veio a luta pelo reconhecimento dos direitos entre homossexuais.
O fato é que, quando o direito muda, não é apenas para a finalidade que demandou a tal mudança. Os conceitos, os princípios, as regras e teorias novas se expandem e ganham outras conotações, cada vez mais difíceis de colocar de volta dentro da caixinha. Não é de hoje que se fala em poliamorismo. E ele começa a aparecer na vida real dos tribunais, como neste caso aqui.
A turma do papai-mamãe há de ficar de cabelo em pé.
4 comentários:
Yudice, pelo que li não houve poliamorismo, mas sim que as mulheres não sabiam da existência da outra. Como mulher, não gostaria de viver numa relação de bigamia, pois não é só o patrimônio que é afetado, mas a qualidade da relação que é prejudicada. Desculpa, mas ainda não conheci um relação de poliamor igualitária, pois geralmente um dos parceiros cede para aceitar a co-existência do terceiro na relação. è muito bonito na ficção, mas na vida real é um caos. Quando eu conhecer uma relação de poliamor bem sucedida e sem brigas, eu mudo de ideía.
Querida anônima das 12h09, não disse que o caso constante da matéria foi de poliamorismo; apenas mencionei, em caráter genérico, mudanças debatidas na estrutura familiar nos últimos anos, uma das quais tem a ver com o poliamorismo.
Aliás, se passei a ideia de ser a favor do poliamorismo, devo fazer a ressalva de que não julgo e não condeno, porque cada um sabe de si, mas definitivamente não é algo que eu ache que possa dar certo, a menos que seja entre pessoas muito desprendidas ou, como você destacou com bastante perspicácia, se a relação for desequilibrada.
Vale ressaltar, por oportuno, que os casos de poliamorismo dos quais ouvi falar sempre têm um homem e mais de uma mulher, o que apenas ratifica o velho patriarcado a que a sociedade continua agarrada. Certamente existem casos em sentido inverso, mas a exceção confirma a regra.
Gostei da sua intervenção. Volte sempre.
Sou a favor do casamento/ reconhecimento civil das uniões poliafetivas. Não conheço nenhuma relação poliafetiva para saber se elas dão certo, mas acho que as pessoas devem ter o direito de escolha. Se for por isso, não se pode dizer que o casamento tradicional esteja dando certo. Basta dar uma olhada nas estatísticas.
Dia desses assisti a um documentário interessante, no Youtube (http://www.youtube.com/watch?v=H3SbBZNotuc&feature=youtube_gdata_player). Todos os relatos envolvem mulheres que têm mais um relacionamento (o que não quer dizer que não seja exceção).
Racionalmente, não vejo nada de estranho. Os relacionamentos longos são difíceis porque as pessoas têm que abrir mão de muitos desejos, que o outro não consegue suprir. Por algum motivo, a sociedade superestima o sofrimento, como se algo só tivesse valor se envolvesse sacrifício. Não vejo porque tem que ser assim. Se temos várias demandas, talvez elas pudessem ser supridas por pessoas diferentes, sem que uma excluísse a outra.
O que me assusta é a hipocrisia de muita gente, que tem um relacionamento monogâmico de aparência, mas se choca com a possibilidade de ter vários parceiros, às claras. O mundo parece não se importar com a traição, mas acha o poliamor um absurdo!
Adorei o que disseste sobre uma mudança de conceitos se estender a situações que não se imaginava, a princípio. Quando li alguns votos dos ministros do STF, sobre as uniões homoafetivas, tive a sensação de que se poderia replicá-los, na íntegra, às poliafetivas. Para mim, é muito claro que se trata da mesma coisa: proteção da família, constituída sob qualquer forma.
Sim, boa intervenção, mas como pode ela afirmar que "é bonito na ficção, mas na vida real é um caos"? Estaria aí a razão do anonimato?
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