O seriado do momento é 13 reasons why, mais uma corajosa produção original da Netflix. Enquanto as pessoas se batem acerca da romantização, ou não, do suicídio, vou assistindo aos episódios e gostando deles. Li algumas críticas antes de iniciar e já havia comprado a ideia de que alumas opções do roteiro eram estúpidas ("a divulgação de um poema não pode ser motivo suficiente para uma pessoa se matar").
Mas além de que somente com muito moralismo você, que está vivo, poderia julgar o que é ou não motivo suficiente para uma atitude tão extrema, à medida que a série avança, as diferentes situações enfrentadas pela adolescente Hannah Baker vão se tornando plausíveis para mim. Como cantou Chico Buarque, "deixa em paz meu coração/ ele é um pote até aqui de mágoa/ que qualquer desatenção/ faça não/ pode ser a gota d'água".
Assim, o poema divulgado não foi a causa imediata ou prioritária do suicídio. Foi apenas mais um evento ruim, e não pela divulgação em si, mas porque disparou mais uma leva de humilhações sobre alguém que já estava com a alma profundamente machucada. Reforçou um processo já existente, longo e grave. Podia ser qualquer coisa.
Vendo o episódio 8, no qual o poema de Hannah é parcialmente lido, fiquei curioso em relação ao seu conteúdo na íntegra. E aí está ele.
For the sole purpose of knowing I am wearing them.
And underneath that?
I am absolutely naked.
And I’ve got skin. Miles and miles of skin;
I’ve got skin to cover all my thoughts
like saran wrap that you can see through
to what leftovers are inside from the night before.
And despite what you might think, my skin is not rough; nor is it bullet proof.
My skin is soft, and smooth, and easily scarred.
But that doesn’t matter, right?
You don’t care about how soft my skin is.
You just want to hear about what my fingers do in the dark.
But what if all they do is crack open windows?
So I can see lightening through the clouds.
What if all they crave is a jungle gym to climb for a taste of fresher air?
What if all they reach for is a notebook or a hand to hold?
But that’s not the story you want.
You are licking your lips and baring your teeth.
Just once I would like to be the direction someone else is going.
I don’t need to be the water in the well.
I don’t need to be the well.
But I’d like to not be the ground anymore.
I’d like to not be the thing people dig their hands in anymore.
Some girls know all the lyrics to each other’s songs.
They find harmonies in their laughter.
Their linked elbows echo in tune.
What if I can’t hum on key?
What if my melodies are the ones nobody hears?
Some people can recognize a tree,
A front yard, and know they’ve made it home.
How many circles can I walk in before I give up looking?
How long before I’m lost for good.
It must be possible to swim in the ocean of the one you love without drowning.
It must be possible to swim without becoming water yourself.
But I keep swallowing what I thought was air.
I keep finding stones tied to my feet.
Obviamente, jamais existiu uma Hannah Baker e esse poema foi escrito por um profissional, alguém que certamente o produziu não com emoção, mas com técnica para fazer parecer a enunciação dos sentimentos de uma adolescente desajustada e pedindo ajuda. Mesmo assim, é bonito e tem momentos luminosos, tais como o verso final, sobre você sentir que tem, o tempo inteiro, pedras em seus pés. Uma sensação que muita gente real conhece.
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