Acabei de ler uma interessante matéria sobre Ignaz Semmelweis, médico húngaro que lutou pela implantação de um hábito simples ― lavar aos mãos ― como forma de evitar as elevadíssimas taxas de mortalidade nos hospitais europeus, na primeira metade do século XIX. Sua obstinação lhe custou até uma internação forçada em hospital psiquiátrico, diretamente relacionada a sua morte. Leia clicando aqui.
Eu já sabia que os profissionais de saúde se opuseram por muito tempo à teoria de que elementos invisíveis seriam os causadores de doenças e infecções, e que mortes se tornariam evitáveis com medidas tão singelas quanto manter a higiene. Hoje, causa-nos perplexidade pensar nisso, mas simplesmente pelo fato de que crescemos em um mundo em que a higiene era não apenas uma questão de saúde, mas também de inserção social. Nossos cérebros foram moldados em torno desse padrão. Para quem viveu aquela época, a ideia estava longe da obviedade.
Cerca de 180 anos mais tarde, o ato de lavar as mãos voltou ao olho do furacão ― e um furacão bem mais maldoso, porque agora falamos de uma pandemia, com efeitos globais. E lavar aos mãos por pelo menos 20 segundos, esfregando bem todas as partes delas, pode fazer uma gigantesca diferença na batalha contra outro inimigo invisível.
Ao tempo em que agradecemos a pioneiros como Semmelweis, lamentamos como o tempo passa e os loucos, imbecis ou canalhas continuam menosprezando a ciência, rejeitando todas as evidências e defendendo especulações ou sandices, tudo em nome de seus projetos pessoais ou classistas. Enquanto essas pessoas permanecerem em posições de destaque, a lucidez acabará sempre internada, maltratada e assassinada.
Felizmente, o tempo passa e a verdade se afirma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário