Em meus diferentes meios de convivência, deparei-me com pessoas que se superestimam ao extremo (embora não possamos perder de vista que o Efeito Dunning-Kruger também é uma explicação para aqueles que se menosprezam). Meus ambientes profissionais são campos particularmente propícios para essa falta de autopercepção. O que não falta nos mundos jurídico e acadêmico, repletos de excelências e doutores, é gente que se acha a última bolacha do pacote, a última revolução científica, o último grito de carnaval da filosofia ou da arte.
Nos últimos tempos, infelizmente, a arrogância insana pulou para a rotina das relações humanas; virou quase a tônica do cotidiano. Qual a diferença entre um cara que acha que seu rosto será invisibilizado por suco de limão e um terraplanista? Nenhuma. Como tolerar que conhecimento científico seja tratado como nada diante do que o sujeito sente ou acha? Trata-se de um comportamento extremamente perigoso.
Doenças estão retornando porque gente inominável acha que vacinas são maléficas. E todo dia a democracia morre um pouco, por causa dos iluminados que acham que populismo, exploração da fé e disseminação da ignorância são caminhos desejáveis. Sabemos aonde isso nos levará. Ou deveríamos saber.
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