sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Lista de candidatos

Votar é importante. Quanto mais podre estiver nossa política partidária, tanto mais importante será votar. E não basta escolher bons candidatos majoritários: você precisa, também, eleger parlamentares que, além de sérios, possam dar sustentação ao governo que você preferiu. Na ampla constelação de nomes que se apresentam — ou seria melhor dizer "no grotesco circo de horrores"? —, é normal ficarmos perdidos. Por isso, se você ainda não escolheu o seu candidato ou se, mesmo tendo uma opção, não sabe o seu número, faça o seguinte:
  • Acesse o site do Tribunal Superior Eleitoral - www.tse.gov.br (para variar, o do Tribunal Regional Eleitoral não oferece a informação)
  • Na página inicial, clique quase ao centro no item "Divulgação de candidaturas"
  • Abrem-se quadros com o número de candidatos, a todos os cargos, em todos os Estados
  • Clique no cargo de seu interesse, p. ex. "Deputado estadual", e veja a relação completa de meli... digo, candidatos
Aí basta fazer a sua listinha ("cola") e votar no domingo, esperando, desejando com sinceridade que tenhamos dias melhores. E sem jamais esquecer uma terrível verdade: o problema dos que não gostam de política é que serão governados pelos que gostam.

Menor é melhor

Acabou há pouco o debate entre os candidatos à presidência da República. Dele, uma coisa restou muito clara: os candidatos menores são os melhores.
Mas este é o Brasil e, como já dizia o carnavalesco Joãosinho Trinta, quem gosta de pobreza é intelectual; povo gosta é de luxo. Só pode ser verdade. É por isso que somente os candidatos blockbuster vão ao segundo turno e são eleitos. Uma lástima. Para o mesmo povo que provocou isso.

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Sugestão para a capital brasileira do barulho

Belém foi eleita, há algum tempo, a capital brasileira do barulho. Não é para menos, num lugar em que os motoristas buzinam como se isso fosse obrigatório sempre que o veículo estivesse em movimento, em que o espaço urbano é dominado por ambulantes e suas convocações aos berros dos consumidores, em que os evangélicos e seus cultos tonitruantes são tratados como instâncias de poder, etc.

Mas não falemos desses. Falemos apenas daqueles retardados mentais que gostam de virar suas imensas caixas de som para a rua e atravessar a madrugada ouvindo brega, axé, pagode e ritmos edificantes congêneres. Falemos também dos jovens retardados que transformam seus automóveis em usinas de som, estacionadas em points pela noite afora, bombando dance, trance, techno e outras virtuoses do gênero.

Belém possui um disque-silêncio, mas saiba que, ao ligar para lá, o cidadão insone só encontra... silêncio, pois ninguém atende e, ainda que atenda, ninguém jamais resolve nada. Se, por milagre, uma viatura policial for ao local, todos sabemos o que acontece: reduzem o volume do som e, assim que os policiais viram as costas, tudo volta a ser como dantes.

Minha sugestão: o art. 54 da Lei n. 9.605, de 1998 — Lei de Crimes Ambientais tipifica como crime a conduta de "causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana", em que naturalmente se inclui a poluição sonora, prevendo penas de 1 a 4 anos de reclusão e multa. Até aqui nenhuma novidade, tanto que o Tribunal de Justiça do Estado fez instalar, recentemente, o primeiro Juizado Especial Criminal do país especializado em pequenos delitos ambientais, cuja pauta, como já era de se esperar, tem na poluição sonora sua cliente mais assídua.

Ocorre que o Código de Processo Penal permite expressamente que a autoridade policial proceda busca domiciliar para apreender "instrumentos utilizados na prática do crime" (art. 240, § 1º, "d"). Portanto, se o som está pelas alturas, temos um flagrante de crime ambiental. Ainda que o volume seja reduzido, a situação é de "logo após o crime", portanto subsiste o flagrante.

Para reaver seus pertences, o infrator precisaria requerer restituição de coisas apreendidas, ao delegado de polícia — sem maiores formalidades, porém com maior risco de indeferimento e de malvadezas no trato dos objetos —, ou diretamente ao juiz mas, nesse caso, precisaria de um advogado.

Em suma: se há poluição sonora, sugiro que a polícia apreenda o equipamento de som. A medida teria respaldo legal e resolveria o problema dos que não conseguem dormir. Isso vale inclusive para os automóveis, que deveriam ser apreendidos, e não apenas o equipamento de som, para evitar alegações de que danos foram causados na remoção.

Sei que a medida seria excitante para a corrupção crônica na polícia e que abusos poderiam ser cometidos, pelos nossos agentes pouco cordatos. Mas e daí? Os prejudicados seriam os safados, mesmo! Algo de concreto precisa ser feito e, na hora em que o marginal (não é assim que se chamam os criminosos renitentes?) tiverem aborrecimentos reais, perderem tempo e gastarem dinheiro para reaver seus bens, sem falar no medo de nunca mais os reaver, talvez comecem a refletir sobre o impacto que seus atos têm sobre as pessoas em volta.

Ou seja, ou te educas ou te ferras!

Acréscimo em 4.9.2011

Passados cinco anos, algumas medidas foram tomadas. Os templos evangélicos fazem menos barulho que antes e os retardados a que o texto se refere sofreram alguns reveses. Surgiu uma proibição de escutar música em alto volume e consumir bebidas alcoólicas nas lojas de conveniência dos postos de gasolina. Por causa dela, os babaquaras compram a bebida na loja e tomam do lado de fora, na porta, mas o volume do som diminuiu. Quase sempre.

Mudou alguma coisa, mas ainda estamos bem distantes da educação.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Lembram-se da Seresta do Carmo?

Quando postei sobre o cancelamento do Auto do Círio, alguns colegas blogueiros tiveram e gentileza de reproduzir a minha nota. Alguém postou um comentário, listando as coisas que Belém perdeu — aquela história da "terra do já teve". Um dos itens listados foi a Seresta do Carmo, evento que acontecia sempre na última sexta-feira do mês, em um local que evoca as origens de Belém.
Rapidamente, a seresta conquistou a cidade. Muita gente esperava por ela todo o mês e eu notava, nos entusiastas, a emoção com que diziam "Hoje é a última seresta do ano! Não posso perder!"
Digitei "Seresta do Carmo" no Google e encontrei vários sites falando do evento, que aparecia na programação cultural de Belém para conhecimento de pessoas pelo país afora. Qualquer pessoa que viesse a Belém podia, via internet, saber as datas da seresta o ano inteiro. Logo, o evento tinha grande visibilidade. E era uma delícia. Apesar do inevitável receio quanto à segurança, já que acontecia numa praça, o que nos deixava à mercê de malfeitores, a seresta era um acontecimento essencialmente tranquilo. Era bonito ver famílias inteiras, crianças e velhinhos seresteiros, aproveitando a música, as declamações de poemas, os varais de fotografias, dentre tantas outras atrações.
A par do lazer, a seresta se tornou um foco de atenção científica, também. Veja-se a nota abaixo, colhida do clipping da UFPA de 18.10.2002:

Estão abertas as inscrições para o curso Reconhecendo Belém, do Projeto Seresta do Carmo. Os temas são os aspectos culturais, arquitetônicos e ambientais de Belém. O curso será realizado de 21 a 24 de outubro no Colégio do Carmo. Incrições gratuitas. Informações: 242-5742, 242-0213 ou 242-5990.

Como se vê, além do caráter artístico e de lazer — o que já era muito —, em torno da seresta também surgiram outros eventos, de grande interesse histórico e social.
Tudo isso se perdeu, pelo histórico despeito dos maus políticos. Não importa que a ideia seja boa: se não é minha, acabo com ela. O bicho do mato matou, assim, boa parte da alegria da cidade laranja, cujas luzes não brilham mais.

Em tempo: o Diário do Pará publicou hoje, sob o título "O triste fim de um símbolo", mais uma perda de Belém, desta feita Central Hotel. Sem dúvida, uma lástima.

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Um rim pela liberdade

O conhecidíssimo advogado criminalista Américo Leal é candidato a deputado federal. Ontem me entregaram o seu material de campanha, do seguinte teor:

A fila de pacientes aguardando por um transplante é infinita. Infinito é o número de pessoas cumprindo pena nos estabelecimentos prisionais. Poderia o preso DOAR medula, um rim, etc., salvar uma vida e ter diminuída em parte a pena a ser cumprida?É só uma idéia. Pense nisso!



Há alguns anos os parlamentares inventaram que a sua função é "conseguir recursos" para os Executivos estaduais e municipais, tanto que é nisso que se baseiam para provar o sucesso de seus mandatos. O sobredito candidato lembrou que a missão parlamentar envolve propor matérias que possam ter algum interesse social.
No mérito, contudo, a proposta é preocupante. O texto está muito bem escrito: o verbo "doar", em maiúsculas, destaca a voluntariedade do ato e há uma alusão a salvar vidas, a estimular a solidariedade. E não há mal nenhum em um preso tomar decisões lícitas voltadas a resgatar mais cedo sua liberdade.
Não podemos perder de vista, porém, que o sistema penal é um dos maiores covis de corrupção e violência. Creio que não temos meios de garantir a lisura dos procedimentos. As "doações" acabariam por criar um balcão de negócios altamente escusos entre presos, agentes penitenciários, médicos e doentes. Ingênuo pensar que não. Não podemos ignorar, ainda, que as condições de saúde nos estabelecimentos penais são precárias, sendo elevada a incidência de doenças infectocontagiosas. A ideia poderia revelar-se nem tão eficaz, na prática.
Acho relevante discutir essa proposta, sem preconceitos. Mas por enquanto eu não seria favorável. E você?

Acréscimo em 4.9.2011
Passados cinco anos, nunca mais escutei qualquer proposta semelhante.

Dados alarmantes


A imprensa comum publicou, hoje, a seguinte notícia:

Segundo o último censo do IBGE, a cada vinte minutos, uma criança entre dez e 14 anos dá à luz no Brasil. Outras 54 mil meninas chegam aos hospitais por ano devido a complicações de abortos improvisados. Dessas jovens mães, 45% voltam a engravidar até os 19 anos.


A curiosidade me levou ao site do IBGE, no qual encontrei o quadro acima e mais o seguinte (resultados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde - 1996, do Ministério da Saúde):
  •  18% das adolescentes de 15 a 19 anos já haviam ficado grávidas alguma vez.
  •  1 em 3 mulheres de 19 anos já são mães ou estão grávidas do 1° filho.
  •  1 em 10 mulheres de 15 a 19 anos já tinha 2 filhos.
  •  49,1% destes filhos foram indesejados.
  •  20% das adolescentes residentes na zona rural tem pelo menos 1 filho.
  •  13% das adolescentes residentes na área urbana tem pelo menos 1 filho.
  •  54% sem escolaridade já haviam ficado grávidas.
  •  6,4% com mais de 9 anos de escolaridade ou já eram mães ou estavam grávidas do 1° filho.
  •  20% região norte tem pelo menos 1 filho.
  •  9% região centro-oeste tem pelo menos 1 filho.
  •  45,9% das jovens sexualmente ativas não utilizam nenhum método anticoncepcional.
  •  72% manifestaram vontade de usar algum método anticoncepcional

A realidade brasileira é, portanto, alarmante e reclama medidas concretas, rápidas e eficazes para conter o descalabro social representado por famílias não planejadas e desagregadas, marginalização infanto-juvenil, exclusão de acesso a oportunidades de educação, saúde, lazer e emprego, além de uma perigosa desconfiança contra jovens de origem humilde.

domingo, 24 de setembro de 2006

O controvertido Exame de Ordem

O site institucional da Ordem dos Advogados doBrasil - Seção Pará apresenta notícia dando conta de que a última edição do Exame de Ordem reprovou 80,49% dos candidatos. Consta que Belém teve, é óbvio, o maior número de candidatos presentes (481), dos quais 382 não alcançaram a pontuação mínima para a aprovação que, por sinal, é seis, portanto nem tão alta assim. Ao todo, no Pará havia 667 candidatos e, como tem sido rotina, a UFPA teve o maior índice de aprovados. Também rotina, o percentual de reprovados em Santarém foi excessivamente alto, neste caso acima de 90%.
Não me darei ao trabalho de analisar o Exame de Ordem, sua legalidade, etc., porque muito se tem dito a respeito. Tenho visto muitos alunos se movimentarem em risíveis tentativas de propor medidas judiciais para acabar com o exame. Querem arrebanhar asseclas via Orkut, por exemplo.
Deixo claro que sempre fui a favor de exames de proficiência para recém-formados. Ainda na faculdade, escrevi um artigo, num jornalzinho de minha turma, cujo título era, justamente, "Quem tem medo do teste de proficiência?" Ressalto que me submeti ao Exame de Ordem e, estudando, consegui passar de primeira, com boa nota, que é o mínimo que se poderia esperar.
De lá para cá, a coisa mudou. Para pior, claro. Eu diria, industrializou-se. Segundo se comenta, a OAB, revoltada com o fato de o Ministério da Educação haver considerado seus pareceres meramente indicativos (ou seja, mesmo que a Ordem rejeite, os cursos podem ser criados ou reconhecidos), prometeu segurar o suspeitíssimo boom de cursos de Direito no país fechando a porteira, dificultando ao máximo que os bachareis se tornem advogados.
Sou a favor que o Exame de Ordem seja rigorosíssimo, mas ele precisa ser tão sério quanto. E suas finalidades precisam ser reveladas às claras — e cumpridas. Fazer dele uma vindita institucional é imoral.
Pelo que tenho visto, a qualidade das provas no Pará melhorou. Antes, víamos erros grosseiros, algo como dizer que a Constituição brasileira é, quanto à possibilidade de reforma, imutável. Parece que, de uns tempos para cá, tais vícios foram mitigados. Porém, embora seja possível elaborar uma prova objetiva inteligente (que conduza ao raciocínio e não à simples memorização), é raro ver uma. Daí que o exame está cada vez mais parecido com os milhares de concursos que hoje são a prova de que educação enriquece, mas não no sentido filosófico que se dizia antes. Ou seja, na primeira fase é uma prova de conhecimentos de massa, pouco ou nada reflexiva, elaborada com base em "pegadinhas". Leva-nos à conclusão de que não pretende aferir conhecimentos, mas tão somente eliminar o maior número possível de candidatos.
Sendo defensor do exame, minha reclamação está na sua falta de didática. Está na hora de a OAB debater seriamente com as universidades e com representantes discentes sobre os fins, as características, a metodologia e critérios de avaliação do exame. Inclusive consultando a sociedade, por exemplo jovens advogados, juízes e membros do Ministério Público, sobre demandas que o avaliando precisa conhecer, para ser um bom profissional.
Somente assim chegaremos ao ponto correto da questão que não é, de modo algum, o fim da proficiência — que acarretaria o sucesso dos cursos que não têm compromisso com a educação. Avaliar é preciso. Quem não quiser passar por isso, vá jogar futebol.

Em tempo: A existência de cursinhos preparatórios para o exame já é prova cabal de que há algo de muito errado nessa história. Mas a própria OAB manter um, cobrar por isso e reprovar um monte de gente é ainda mais... inquietante.

sábado, 23 de setembro de 2006

Sepulcros caiados

Jesus Cristo já falava de seu horror aos hipócritas, aqueles que parecem bonitos por fora, mas que por dentro só carregam podridão. De minha parte, sou muito cristão nesse aspecto.
Veja-se o assunto mais importante da semana. Nada de eleições ou de dossiês criminosos: o que interessa mesmo ao Brasil é Daniela Cicarelli transando no mar de Cádiz, na Espanha. Por conta disso, sua campanha da Crevrolet saiu do ar e o namorado, um tal de Tato Malzoni (quem?), estaria ameaçado de dispensa da empresa em que é executivo. Segundo me disseram, ele é apenas um playboy que não faz nada de útil da vida, por isso estranhei essa de despedir o cara.
O fato é: qual o crime de Cicarelli? Dar o que é dela? Ou fazê-lo ao ar livre?
A Espanha tem suas leis contra atentado ao pudor público e, se os dois não foram presos, é porque não foram vistos, senão pelo famigerado paparazzo (ô raça!). A meu ver, não fizeram mal a ninguém. São maiores de idade, donos de suas vidas e essa coisa de sexo ao ar livre, no mar, me deu a maior inveja. Aliás, o problema é esse mesmo: vi algumas pessoas assistindo ao vídeo e chamando a modelo de "vagabunda". Vagabunda porque tem vida sexual? Se for só por isso, que dizer de nossas mães?
Acho que os homens estão mordidos por não poderem fazer o que o tal de Malzoni fez. E as mulheres, por sua vez, se roem da beleza e da conta bancária de Cicarelli. Inveja da pura e da braba, pura e simplesmente. Eu não recrimino nenhum dos dois. Até os felicito. Espero um dia encontrar uma praiazinha deserta onde possa imitá-los.

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Breve histórico de uma exaustão (parte 3)

Em 2002 Lula foi eleito presidente. Naquele momento, eu vivia uma emoção adolescente com o fato. Considerava - e ainda considero - crucial para um país abandonar o hábito de eleger apenas representantes das elites, que jamais tiveram qualquer identidade com o povo que ludibriam e abandonam após eleitos. Eleger alguém de origem humilde é um sinal inegável de avanço da consciência do brasileiro, por isso me emocionei quando Lula, em entrevista, olhos marejados, revelou seu orgulho por ter o seu primeiro diploma: o de presidente.
O problema é que o eleito não correspondeu aos anseios de ninguém, em especial daqueles que, como eu, tantas vezes bradaram que falta de competência tem conserto, mas falta de caráter não. O primeiro ano de governo foi morno. Tantas e tantas ideias arrojadas simplesmente não deslancharam. Nem os programas assistencialistas, tão questionáveis, fizeram o sucesso esperado. Aí começaram os escândalos, motivo da minha exaustão.
A essa altura, já tinha metido a viola no saco e desistido de acreditar até mesmo nos candidatos que antes me inspiravam confiança. Acreditei tanto, defendi tanto, colei adesivos no carro, me indispus com amigos para defender essa turma e recebi de volta a mesma política econômica que me obriga a pagar 27,5% de imposto de renda todos os anos, enquanto os bancos...
Pouca coisa mudou e o preço que pagamos foi a de ver uma sucessão quase semanal de escândalos. Claro que o PT não inventou a corrupção. Ela vem da colonização e só piorou com o tempo. Havia muita safadeza nos governos militares, mas a falta de liberdade impedia que se comentasse - o que faz muita gente, ingênua, supor que aqueles tempos vergonhosos eram melhores.
Grupinhos que se revesavam no poder extorquiram a nação. Quando finalmente um grupo novo chegou ao poder, extorquiu a nação. E o maior dano que provocam com isso é nos roubar a esperança. Permitir que PSDB e PFL, agremiações do que há de pior na sociedade, apareçam como defensores da moralidade - de um "Brasil decente" -, coisa que eles ignoram o que seja, é uma mostra cabal do fracasso do PT.
É por isso que estou exausto. Extenuado de podridão e mau-caratismo. Por mim, Bin Laden podia explodir Brasília, se é que algum dia teremos o Congresso Nacional lotado, para não sobrar ninguém, no Legislativo e no Executivo. Uma meia dúzia de honestos morreria, eu sei, mas tem aquela história de alguém precisar ser sacrificado por um objetivo maior.
Há uma solução mais fácil: votar melhor em outubro. Mas, infelizmente, com um povo deliberadamente mantido na ignorância, o mais fácil se torna, sabe-se lá por quantos anos, inalcançável.

Acréscimo em 4.9.2011
Eu obviamente escrevi uma bobagem ao afirmar que Lula não correspondeu ao anseios de ninguém. Mas, no geral, ele correspondeu aos anseios de uma elite econômica que já fizera a festa nos anos FHC. Em seu governo, a tributação foi ainda mais dura e os bancos enriqueceram muito mais, o que ele mesmo declarou publicamente (este segundo aspecto), cheio de orgulho, já ao final de seu segundo mandato. Por outro lado, para muitos brasileiros que melhoraram de vida, ele correspondeu plenamente. Quem até então só lutava pela sobrevivência não vai pensar em impostos, plano de saúde, desmantelamanto de universidades, etc.

A desgraça rebelde e o Crowne Praga

Ontem, por volta de 14h00, fui impedido de entrar na Av. Nazaré e tive que tomar a Assis de Vasconcelos para, mais adiante, dobrar em direção à Visconde de Souza Franco. Trânsito lento e exasperante, num momento em que eu tinha muita pressa. Somente horas depois soube o motivo daquele transtorno.
De todo inútil seria questionar os méritos (ou a falta deles) dessa famosa banda chamada... Como é mesmo o nome? Ah, sim, Rebelde.
Quanto a uma profusão de adolescentes desocupados e histéricos fazendo baderna no meio da rua, nenhuma novidade. Mas o poder público assegurar isso é que é inaceitável. Por que não espremeram esses r... na frente do próprio hotel, separando-os da rua por meio de um cordão de isolamento? Por que fechar uma das principais vias da cidade, em horário de intenso movimento, gerando congestionamento em todos os arredores? Apenas para um bando de babaquaras ficar gritando por seus "ídolos"? Se não perdoei o Dia da Raça pelo caos que provocou na cidade, por que perdoaria os... ah, sim, Rebeldes?
O acontecimento gera uma grande preocupação: o nosso novo hotel 5 estrelas, Crowne Plaza, desde logo rebatizado para Crowne Praga, vai enlouquecer Belém todas as vezes que houver alguma "celebridade" hospedada ali? E aquele papo furado de pontos de incomodidade de trânsito e medidas mitigadoras, para onde foi? E minha amiga Eliana, moradora do perímetro, que precisava de atendimento médico e ficou presa no engarrafamento?
Como presumo que ninguém tomará providências, só me resta sugerir aos moradores do Ed. Celestino Rocha, que fica bem ao lado, que prestem um serviço de relevante utilidade pública e comecem a colher, com uma semana de antecedência, urina em saquinhos, sempre que souberem da chegada de algum astro desse naipe. Espero que sejam bons de pontaria.

Acréscimo em 4.9.2011
Como já disse antes, eu era muito virulento naquela época. Passados cinco anos, sou forçado a reconhecer: o Crowne Plaza não voltou a ser cenário desse tipo de incidente. Meu julgamento foi precipitado em relação ao hotel, resultado da raiva que sentia no dia. De justo, mesmo, só a crítica ao poder público, que até hoje permite a instalação de qualquer tipo de estabelecimento, em qualquer lugar, sem se preocupar com os incômodos à vizinhança, ao trânsito, ao sossego público.

Fiat justitia!

Em agosto de 2004, Antônio Jairo de Oliveira Cordeiro foi vítima de um assalto, no qual levou um tiro. Em decorrência das lesões, ficou tetraplégico.
Antônio Jairo é juiz de Direito. Foi afastado das funções judicantes para tratar de sua saúde.
No último dia 16 de agosto, o Pleno do Tribunal de Justiça do Estado decidiu aposentá-lo por invalidez. Pesaram argumentos econômicos, tais como os investimentos que seriam necessários para dar-lhe condições de trabalho. O juiz e a Associação dos Magistrados do Estado do Pará pediram reconsideração e, anteontem (20/9), o pedido foi acatado. O TJ tomou uma decisão de primeiro mundo.
Resolveu que o magistrado retornará às atividades gradualmente, em comarca próxima e já adaptada para cadeirantes. Ele trabalhará usando equipamento eletrônico e software decodificador de voz, além de órteses de membro superior direito, que lhe permitem assinar. Será avaliado semestralmente por uma equipe médica interdisciplinar e pela Corregedoria de Justiça, sobre o cumprimento de seus deveres profissionais.
Antônio Jairo é uma vítima da violência urbana, que pessoas mal intencionadas pretendem reduzir a uma "sensação de insegurança". A despeito de suas limitações físicas, tem preservadas as suas capacidades cognitivas. Não poder trabalhar e se sentir útil à sociedade implicaria em ampliar seu sofrimento, transformando-o num espírito aprisionado ao corpo. Nestes tempos em que se defende a inclusão dos portadores de necessidades especiais, o TJ estaria na contramão da História se o condenasse ao ostracismo. Graças a Deus, prevaleceram o bom senso, a solidariedade e a dignidade humanas.
Acabamos de ter uma demonstração importante de que os portadores de necessidades especiais merecem respeito e podem ser produtivos e, acima de tudo, mais felizes.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Borda de catupiry

Já não disse que para o mal não falta criatividade? Então. Acabei de encontrar casualmente uma comunidade no Orkut chamada "Eu tenho borda de catupiry!". Vejam a descrição:

Você tem aquelas aquelas gordurinhas salientes ao redor da barriga? Você é praticamente uma Pizza Hut? Qd você senta sua bordinha cobre o botão da sua calça? qd as pessoas o cumprimentam elas sempre pegam primeiro na sua protuberância à frente ou ao lado do abdomen? Não tenha vergonha da sua pança! Seja bem vindo ao clube do catupiry! Não perca tempo, você vale 3 reais a mais! junte-se a nós!

Como estou com amplas bordas e nenhuma disposição para me livrar delas, é válido tomar a postura cínica de dizer que são excesso de gostosura. Só acho que podíamos substituir o enjoativo catupiry pelo cheddar. Que acham?

Acréscimo em 4.9.2011
Postagem inútil, esta! Mas o tempo passou e agora o Orkut ficou para trás. O mundo das redes sociais agora pertence ao Facebook e ao Twitter. Daqui a cinco anos, o que será?

Tucanalha

Recebi do amigo Pedro Nelito, advogado e professor de Sociologia do Direito, a propósito da postagem "Breve histórico de uma exaustão", uma valiosa advertência de que é necessário tempo para fazermos julgamentos que competem à história. Entendo que o amigo se referia às críticas que fiz aos políticos envolvidos nas eleições presidenciais a partir de 1985 ou, talvez, mais especificamente, a minha contundente afirmação de que o PSDB é uma das maiores desgraças da história recente do país.
Esclareci ao amigo, em comentário, e agora compartilho com todos, que não tenho a menor pretensão de analisar o cenário político nacional ou local, até porque não tenho a menor formação pessoal para algo assim. Tudo o que venho escrevendo neste blog não passam de "impressões despretensiosas sobre a vida, o universo e tudo mais", alusão ao Guia do mochileiro das galáxias, o que por si só já mostra minha aceitação a não ser levado tão a sério.
Peço a todos que lerem minhas elucubrações, portanto, que as tenham como mero exercício de argumentação, fundada menos na ciência que em concepções estritamente subjetivas minhas. Enfim, peço um desconto.
No mais, as críticas à tucanalha ficam mantidas e reforçadas. Se quiserem alguns argumentos, deem uma lida no blog do jornalista Augusto Barata (www.blogdobarata.jor.br), especialmente quando ele se refere ao uso eleitoral do programa "Fabricação de Ídolos" e demais medidas que os emplumados têm tomado para evitar um segundo turno nestas eleições. Leiam lá. No mínimo, todos deveriam saber.

Breve histórico de uma exaustão (parte 2)

Até uma semana antes das eleições de outubro de 1996, se me dissessem que um dia eu votaria no PT, receberia o meu descrédito. Àquela altura, porém, eu já tinha uma compreensão muito mais decente sobre o socialismo e já via com simpatia os ideais da esquerda. Por outro lado, já estava convencido de que a direita funciona na base do "primeiro eu, depois eu e, por fim, os meus; então, danem-se todos os outros", por isso não poderia votar num tal de Ramiro Bentes, candidato daquele mesmo Hélio Gueiros que, segundo dizem, mandou tirar as telhas francesas de um prédio municipal antigo (aquele da Almirante Barroso, ao lado da RBA) para instalar em sua residência, na mesma avenida.
Aquele ano foi interessante: Elcione (que já não usava o sobrenome Barbalho) começou favoritíssima, mas acabou não indo sequer ao segundo turno. Enquanto ela trocava desaforos com Bentes, Edmilson crescia, sem ninguém se espertar com ele. Quando viram a pesquisa em que ele aparecia em segundo e depois em primeiro lugar, já era tarde. Bentes, um sujeito muito menos carismático que o Picolé de Chuchu, foi derrotado e a cidade se coalhou de vermelho. Era emocionante escutar aquela toada de boi, que fazia sucesso naquele tempo: "Meu coração é vermelho/De vermelho vive o coração..."
Começavam os oito anos de gestão petista no Município. Foi quando me formei e, em maio de 1997, fui trabalhar como assessor na Câmara Municipal de Belém. Aí eu comecei a ver, in loco, como as coisas funcionavam. Edmilson nunca teve maioria na Câmara. A maioria era formada por capachos do governador e tinha a missão precípua de atrapalhar o prefeito, que foi perseguido implacavelmente pelo Legislativo, pela imprensa e, claro, pelo Estado. O jogo situação-oposição funciona assim: se o governo tem maioria no Legislativo, consegue tudo o que quer, por mais imoral que seja a sua pretensão; se não tem maioria, não consegue aprovar quase nada, por mais importante que seja para o povo, aquele que não vale um vintém nessa história. Para Edmilson aprovar alguma coisa, só se fosse um projeto de impacto perante a sociedade, que faria os próprios vereadores ficarem mal na foto se rejeitassem. Ou então tinha que negociar (tenho medo de saber o quê).
A gestão petista não soube explorar a propaganda e se calava quando devia se defender. Foi ineficiente em muitos aspectos, na gestão do espaço urbano, na negociação com camelôs, no relacionamento com o Legislativo, etc. Petistas fazem reuniões demais e tanto falam que não sobra tempo para agir. Deixaram que se criasse a imagem de um governo incompetente. Mas seu grande mérito, além de dar uma trégua nas oligarquias que se revesavam no Município, foi instituir um modelo de gestão participativa, sobre o qual falarei mais em outra oportunidade. E também mostrar que o PT era uma alternativa viável, tanto que, em 2000, contra toda a máquina que o Estado empenhou para derrotá-lo, Edmilson foi re-eleito. E o tracuateuense que caiu por estas bandas de paraquedas teve o que merecia.
Continua.

Acréscimos em 4.9.2011
Hélio Gueiros morreu este ano, em 15 de abril. Cumprindo a tradição de que dos mortos não se pode falar mal, a imprensa e a blogosfera cobriram-lhe de homenagens e virtudes. Nada foi dito em sentido contrário. Então o desinformado devo ser eu...


"Picolé de Chuchu": ironia datada. Quem se lembrará do Geraaaaaaaaaaaaldo por esse apelido?


Hoje, eu tenho uma ideia bem melhor do que se negocia nessas situações em que o Executivo, sem maioria no parlamento, precisa aprovar alguma coisa. Hoje, também sei que essa "análise" da gestão Edmilson foi tosca. Ele nunca foi fácil.


Língua tem osso: o tracuateuense do paraquedas acabou se elegendo e fazendo a pior gestão da história de Belém. Muitas postagens no futuro sobre isso.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Chinês desiste de pênis transplantado

Na imprensa, hoje:

Um chinês que foi o primeiro homem a receber um transplante de pênis pediu para que o órgão fosse retirado apenas duas semanas depois da cirurgia devido a "um grave problema psicológico", anunciou ontem a equipe cirúrgica em uma publicação médica especializada. O paciente, cuja identidade não foi divulgada, havia sido vítima de um grave acidente e, oito meses depois, recebeu o pênis de um homem de 22 anos que teve morte cerebral. A operação foi feita em um hospital de Cantão, segundo um artigo dos médicos responsáveis publicado nesta terça-feira no site da Revista Européia de Urologia, que não revela a data da intervenção. Apenas duas semanas depois, o homem e sua esposa pediram para que o órgão fosse retirado, apesar dos notórios progressos e da inexistência de sinais de rejeição, segundo a equipe cirúrgica do Departamento de Urologia do Hospital Geral de Cantão.

Fiquei numa agonia danada para saber o que teria motivado essa decisão. Vieram-me algumas ideias, parte delas indignas de dizer. Mas que eu realmente gostaria de saber a verdade, ah gostaria!

Breve histórico de uma exaustão

Em 1985, antes de completar dez anos de idade, assistia pela TV à eleição indireta de Tancredo Neves à Presidência da República e, logo em seguida, sua doença e morte. Presenciei um momento histórico mas, ainda criança, não reunia predicados intelectuais para aquilatar a importância daqueles fatos. Fiquei aborrecidíssimo com um dia inteiro de cobertura sobre as exéquias do presidente eleito e nunca empossado. Preferia ver Pernalonga.
Entre 1985 e 1989, lamentei a falta de dinheiro, mas não soube da incapacidade administrativa daquele tal de José Sarney, que ainda existe.
Em 1989, como um bom alienado, fiquei feliz com a eleição de Fernando Collor. Naquela época, eu odiava o comunismo, embora não tivesse a menor ideia do que se tratava. Lula, para mim, era uma ameaça de retrocesso para um país já atrasado. Ao tempo do impeachment, contudo, eu já estava na faculdade de Direito e a política finalmente começou a me interessar. Adorei o fim do presidente maluquinho e nunca fui ingênuo de achar que os caras pintadas foram responsáveis por isso. E também não achei que o Brasil tinha lavado a imoralidade reinante.
Entre 1992 e 1994, achei que Itamar Franco, como presidente, só serviu para mostrar o assanhamento de um senhor da terceira idade. Nesse meio tempo, votei pela primeira vez. Meu candidato: o parlamentarismo. Perdi.
Em 1994, Fernando Henrique Cardoso foi eleito, inclusive com o meu voto. Tenho ao menos a dignidade de confessar o meu crime. Mas me deem um desconto: eu tinha 19 anos e acreditava no Plano Real. Mas o Curso de Direito me enchia de informações. Comecei a odiar FHC por causa do excesso de emendas constitucionais. O ordenamento jurídico era alterado a todo momento, sempre para beneficiar o presidente. E o último reduto da minha esperança, o Poder Judiciário, desmoronava: suas decisões, mais políticas que jurídicas, sustentavam o projeto de poder do governante da época. Basta citar o escândalo da re-eleição e posterior decisão judicial permitindo ao chefe do Executivo não se desincompatibilizar do cargo, para concorrer à re-eleição.
Em 1998, já considerava o tucanato uma das maiores tragédias da história recente do país. Meu ódio pessoal por FHC só rivalizava com o que nutria pelo governador paraense. Passei a odiar todos os que apoiassem essa camarilha. O desprezo pelo Direito, o governo elitista, a carga tributária escorchante, a propaganda excessiva e mentirosa, a arrogância de pretender deter toda a verdade do mundo, a influência indecente do Executivo sobre o Legislativo, o Judiciário, o Ministério Público e outras instâncias sociais, dentre outros, foram determinantes para esse sentimento, que prossegue, com substanciais motivos. Então votei no PT. Perdi nas esferas federal e estadual, mas havia ganhado um prefeito dois anos antes.
Em 2002, cheio de razão e orgulho, ajudei a eleger Lula presidente, mas não pude impedir a desgraça tucana aqui na aldeia.
Os quatro anos de mandato estão acabando. Alguém quer saber o que penso agora? Numa próxima postagem eu conto, mas o título que escolhi já indica o que vem pela frente.

Acréscimos em 3.9.2011
Passados cinco anos, Sarney ainda existe, ainda é presidente do Congresso Nacional e ainda tem poder demais. O Maranhão, hoje, é chamado de Sarneyquistão. Parece que, para certas coisas, o tempo não passa.


Na época do plebiscito, eu me irritava quando diziam que o Brasil não se afinava ao parlamentarismo nem estaria pronto para recebê-lo, se quisesse. Hoje, tenho a impressão de que é isso, mesmo. Ambos os modelos têm seus méritos e falhas. O problema do Brasil não é ser presidencialista. O problema do Brasil é a sacanagem, mesmo. E essa parece um mal incurável.


Em 1994, eu achava que o Plano Real era obra, senão pessoal, ao menos da iniciativa de FHC. Tem gente desinformada que acredita nisso até hoje.


Meu Deus, eu era um blogueiro passional demais! Até eu estou me achando chato...

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Pois não

O site www.gulp.com.br pediu e os blogs por aí afora estão atendendo. Não sou o primeiro e, espero, não serei o último.
Faça o seguinte: acesse www.google.com.br
No campo de pesquisa, digite "político honesto".
Marque "Páginas do Brasil" e, por fim, "Estou com sorte". Veja o que acontece.

Acréscimo em 3.9.2011
Refiz os passos, num Google com configuração hoje diferente, e observei que a brincadeira do Gulp hoje é História. Na Internet, a História chega muito rápido.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Uma criminosa perda de tempo

Em resumo, os últimos dez anos no Brasil foram marcados pela disputa política entre o PT e o PSDB. Os petistas bradaram o "Fora FHC" e boicotaram como dementes o ex-presidente no Congresso. Os tucanos querem a paternidade do "sucesso" econômico atual e se arrependem até os ossos por não terem tentado acabar com Lula na fase explosiva do mensalão.Com os dois partidos no poder, os demais apenas dançaram conforme a música, cargos ou mensalões. Enquanto o país não andou por causa de oposições infantis ou CPIs intermináveis no Congresso, os brasileiros apenas tentaram cuidar de suas vidas. Trocar o carro, colocar os filhos em um colégio melhor, pagar as contas e viajar no fim do ano.
Mas tucanos e petistas entregaram um crescimento medíocre, míseros 2,3%, em média, nos últimos sete anos. Muito pouco para tirar o país da degradação e melhorar a vida de quem sustenta a máquina pública pagando impostos.Uma semana aprendendo mais detidamente sobre a Ásia, onde se deu por esses dias a reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional), desperta um desagradável sentimento: ódio.
Há nove anos, as principais economias asiáticas foram varridas por um tsunami financeiro que revelou tudo o que havia de errado nelas. Poucos meses depois, a mesma onda devastadora chegaria à América Latina, arrastando o Brasil e liquidando o sonho pueril do real que valia um dólar.Os anos correram. A Ásia é hoje a região mais dinâmica do mundo. Cresce a 8% ao ano e tem no horizonte de uma década a erradicação total da pobreza. A grande dúvida entre os países é se aplicam US$ 20 bilhões ou US$ 30 bilhões cada de suas gigantescas reservas em infra-estrutura. E se usam outra parte do dinheiro para formar um FMI do B, declarando a independência de Washington no caso de uma nova crise.Nos últimos quatro anos, a região, com limitados recursos naturais e que se especializou em tecnologia, dobrou para US$ 2,9 trilhões o volume de reservas internacionais. Hoje, tem 60% de tudo o que o mundo acumulou nos cofres dos bancos centrais.Dos 2,7 milhões de jovens que saem todos os anos de seus países para estudar em universidades melhores em outros cantos do planeta, cerca de 30% são asiáticos; 15,2% chineses.
Cingapura, que sediou a reunião do Fundo, é a cereja desse bolo. É limpa, exibe esculturas originais de Dalí e Botero nas calçadas e tem o maior PIB per capita da Ásia. Praticamente não se vê crianças e adolescentes nas ruas. Quando aparecem, estão quase sempre em uniformes e com livros debaixo do braço.
O país é governado há décadas pelo mesmo partido, o PAP, e conhecido pelo rigor de suas leis. Pena de morte para traficantes, chibatadas para vândalos e multas para quem cospe na rua. A China também é barra pesada. Mas há vários outros exemplos menos radicais na região, como Tailândia (aliás, com um climinha muito parecido com o Brasil) e Coréia. Apontar para o autoritarismo e a falta de democracia de alguns para justificar o sucesso da região não é exatamente correto.O que se percebe, na verdade, é que todos, sem exceção, colocaram na cabeça um projeto político-econômico claro de desenvolvimento. Eles estão absolutamente obcecados com isso, como se não houvesse nada mais importante nesse mundo. E há, quando se tem milhões de pessoas ainda vivendo na miséria? Já no Brasil, a grande discussão atual é se o crescimento será de 3% ou 3,5% este ano. Como se ele nascesse de uma árvore sagrada ou da boa vontade dos deuses do PIB.
O mais odioso é constatar que o diagnóstico dos problemas é o mesmo e está claro como nunca. Tanto o Lula convertido quanto os tucanos escolados sabem que a Previdência está quebrada, que a carga tributária de 40% do PIB não dá mais, que o Orçamento está engessado, que o investimento é baixo, que a educação é uma piada...Concordam com isso e não fazem nada, paralisando o país em nome de disputas políticas cretinas e vaidades, explicitadas agora em discursos inflamados ou em cartas ressentidas.
Não há outro nome para o que se tem feito no Brasil. É um crime, livre e democrático.

Fernando Canzian, 39, é repórter especial da Folha. Foi secretário de Redação, editor de Brasil e do Painel e correspondente em Washington e Nova York. Escreve semanalmente, às segundas-feiras, para a Folha Online.

PS meu - Canzian disse tudo.

Acréscimo em 3.9.2011
Hoje em dia eu tenho maiores reservas em elogiar qualquer articulista. Lemos os textos de boa fé, mas não sabemos ao certo para quem o sujeito trabalha, quais são suas relações, que episódios obscuros tem uma sua carreira, etc. Mais de um elogio que fiz no blog se revelou, com o tempo, não exatamente merecido. Então se você souber de algo que desabone este articulista, perdoe a minha ingenuidade. Eu era um blogueiro iniciante.

domingo, 17 de setembro de 2006

E por falar em magreza

Há alguns dias, divulgou-se que modelos magras demais seriam impedidas de participar de desfiles em Nova Iorque. Esta semana, contudo, na Semana da Moda, naquela cidade, tal ideia foi descartada porque seria "discriminatória", à semelhança do que seria se impedissem gordas de desfilar. Tolos, esses americanos, como sempre. Usam esse papo furado de liberdades civis para admitir todo tipo de loucura, mas sabem muito bem desprezar a liberdade, quando é alheia. Isso sem falar nos preconceitos. Censuraram o CD "Barulhinho bom", da Marisa Monte, porque na capa havia um desenho do Carlos Zéfiro, com uma mulher de seios desnudos. Uma indecência. Dia desses, uma revista de aconselhamento a gestantes foi execrada porque, na capa, mostrava uma mulher amamentando. A imagem da criança chupando o seio materno foi considerada repugnante. Esse mesmo povo produz aqueles filmes adolescentes que dispensam apresentações. É por isso que não lamento quando algum doido fuzila umas dezenas de americanos numa escola e se mata depois.(*)
Mas, voltando ao assunto, desta vez foi a Espanha que barrou as modelos com índice de massa corporal inferior a... 18!! Motivo: evitar a influência que elas provocam nas jovens, que desenvolvem anorexia para imitar as malucas. Como na Europa o buraco é mais embaixo, penso que, lá, a proibição chegou para ficar. Tomara.
Ah, sim, as informações contidas nesta postagem estão publicadas nos jornais online. Estou com preguiça de por os links.(**) Procurem, se quiserem. Boa noite.

Atualização em 5.10.2006:
A Folha publicou ontem uma nota informando que o estilista alemão Karl Lagerfeld fez pouco caso da polêmica sobre a magreza das modelos e declarou que o problema da obesidade é mais grave. Veja a pérola dita pela sumidade: "Não vemos garotas anoréxicas. As garotas são magrinhas. Elas têm ossos finos". Para o costureiro, o setor da moda não tem nenhuma culpa pelas desordens alimentares comuns em jovens, hoje em dia; trata-se de mera criação para vender jornais. Então tá.
Depois me exigem respeito por essa gente da moda.

(*) Meu Deus, eu era terrível nos primeiros tempos do blog! 
(**) E ainda era (mais) pedante! Como se naquela época eu tivesse leitores!
(Auto-avaliações em 3.9.2011)

Coisas do Brasil

Meus agradecimentos a minha amiga Ana Carolina, que me enviou esta.

Um sujeito vai visitar um amigo deputado federal e aproveita para lhe pedir um emprego para o seu filho que tinha acabado de completar o supletivo do 1º grau.
- Eu tenho uma vaga de assessor, só que o salário não é muito.
- Quanto doutor?
- Pouco mais de 10 mil reais!
- Dez mil!!!!???? Mas é muito dinheiro para o garoto! Ele não vai saber o que fazer com tudo isso não, doutor!!!! Não tem uma vaguinha mais modesta?
- Só se for para trabalhar na Assembleia. Meio período e eles estão pagando só 7 mil!
- Ainda é muito, doutor! Isso vai acabar estragando o menino!
- Bom, então tenho uma de consultor. Estão pagando 5 mil reais por mês. Serve?
- Isso tudo é muito ainda, doutor. O senhor não tem um emprego que pagasse uns mil e quinhentos ou até dois mil reais?
- Ter, até tenho, mas aí é só por concurso e é para quem tem curso superior, pós-graduação ou mestrado, bons conhecimentos em informática, domínio da Língua Portuguesa e conhecimentos gerais. Além do mais, ele terá que comparecer ao trabalho todos os dias!!!

A insanidade da magreza



Qual das duas mulheres mostradas nesta postagem é mais bonita? As mulheres dirão que é a supertop Gisele Bündchen, exceto as que ainda não tiverem sido contaminadas pela maior neurose feminina da atualidade: a compulsão por ser esquálida. Os homens, claro, dirão o óbvio: bela, mesmo, é a mulher tipo Juliana Paes: carnuda, sinuosa. As duas foram escolhidas por serem ícones dos dois lados da discussão.
Sem meios termos: quem gosta de osso é cachorro. Homem gosta de passar a mão pela sinuosidade do corpo feminino. Tanto que ter "curvas" era sinônimo de beleza e sensualidade. Homem gosta de seios generosos, de coxão, bundão e tudo mais no aumentativo.
Seja honesto: é possível realmente achar alguma beleza nesses corpos secos, ossudos, retos? Olho para eles e me lembro das vítimas do holocausto nazista. Pior é que essa histeria coletiva ou loucura global não dá sinais de que um dia vai passar, como um simples modismo. Parece ser uma readequação da espécie humana (feminina), o que representa problemas sérios de saúde pública, devido aos transtornos alimentares e ao consumo de substâncias proibidas, para manter a magreza. Sem falar no sofrimento incontrolável dessas coitadas, todo dia vendo quilos a mais onde já falta até dignidade. Há décadas que a ciência já confirmou que corpos mais rechonchudos (sem sobrepeso, claro) são mais saudáveis. Tais mulheres são mais férteis e suas gestações têm menos complicações.
Então me digam: por que lutar contra a natureza? Aceitem um pouquinho de celulite ou estrias, ou um pneuzinho. Nenhum amor acaba por isso. Eu quero minha mulher feliz, lógico. Mas viva.

A verdade sobre o fim d'O Auto do Círio

O auto do Círio é definido, pelos próprios, como a homenagem dos artistas a Nossa Senhora de Nazaré. Um auto é uma composição alegórica ou satírica, que fez sucesso nos séculos XV e XVI, de cunho místico, pedagógico ou moral. No nosso caso, é um espetáculo popular, com diversas formas de manifestações artísticas, participando do louvor a nossa padroeira. Sendo não mais do que um espectador, conhecia um pouco mais do trabalho, por ser ligado a pessoas diretamente envolvidas com o evento.
Apesar de tombado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura - UNESCO como patrimônio imaterial da humanidade, desde 2004, pela segunda vez desde o seu surgimento, em 1991, não será apresentado. Motivo real: há dois anos, a realizadora, Universidade Federal do Pará, através da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa - FADESP, vinha recebendo patrocínio da Vale do Rio Doce - aquela mesma que jura fazer muito pelo Pará. Não houve, porém, a devida prestação de contas. Acionada judicialmente, a UFPA/FADESP apresentou contas irregulares e o resultado, óbvio e em cima da hora: patrocínio cancelado.
Sem dinheiro para a montagem, que este ano estava orçada em 300 mil reais, seja pela recusa da Vale e desinteresse do empresariado local, e com a necessidade de iniciar os ensaios amanhã, o trabalho inviabilizou-se. Uma lástima. Era bonito ver os moradores da Cidade Velha em suas portas e janelas, participando da festa. E era emocionante ver a imagem da Santinha subindo aos céus, no final.
O responsável pelo espetáculo há mais de uma década, Prof. Ms. Miguel Santa Brígida, e seus fieis escudeiros, lutaram até o último minuto, mas não conseguiram vencer as mazelas alheias. O reitor da UFPA proibiu, até a tarde da sexta-feira passada, a divulgação de qualquer informação sobre o caso. Sabe bem onde o calo aperta. Meu medo é que, interrompendo um ano o espetáculo, fique cada vez mais difícil remontá-lo. Fica então o meu lamento e minhas palavras de estímulo aos artistas, se é que elas valem de alguma coisa. E meu repúdio contra quaisquer pessoas que - sabe-se lá com qual motivação - foram culpadas pelo triste acontecimento.
Repudio também o empresariado local. Enquanto em cidades mais desenvolvidas o empresário sente orgulho de ver sua marca associada à promoção da cultura e das artes, aqui, na taba, os finórios contam centavo por centavo de seu rico dinheirinho. Mediocridade. Pobreza de espírito. Excluo da lista apenas a Sol Informática, que além de uma política rotineira de fomento às artes (basta ver que saraus musicais são programação normal lá), todos os anos financia a reforma de um logradouro público, como forma de retornar, à cidade, mais do que os impostos, que nós nunca sabemos onde vão parar. Não surpreende que seja, pois, uma das cem melhores empresas de informática do país.

PS - Saiba também que a Prefeitura de Belém e a Secretaria de Estado de Cultura nem sequer receberam os promotores do auto. Se o espetáculo fosse sair, os artistas sequer poderiam ensaiar na Aldeia Cabana, porque não foram autorizados. Prova-se assim, indiscutivelmente, o que todos sempre soubemos: o governo estadual e seu apêndice (a atual administração municipal) jamais tiveram qualquer política cultural séria. O pouco que acontece é arte para a suposta elite da cidade. Mas a arte popular sempre foi e continua sendo tratada com indignidade. E não me venha falar na reforma do Teatro Waldemar Henrique: não adianta nada um belo espaço se ele não chega a quem dele precisa.

sábado, 16 de setembro de 2006

Questionamento oportuno

Acabei de saber que arqueólogos descobriram, no Estado de Veracruz, México, o primeiro texto escrito das Américas, gravado numa pedra ("pedra de San Lorenzo"). Com isso, sabemos que já havia escrita há três mil anos.
Se a escrita é tão antiga e a história, a experiência e a tecnologia puderam aprimorá-la tanto, por que os jovens de hoje escrevem tão mal e cada vez pior?

Ignorância é doença

O grande Gilberto Dimenstein é jornalista comunitário e já escreveu muitas coisas importantes e úteis para este país. Leiam o artigo abaixo:

Recentemente num seminário realizado por economistas, foi mostrada a estatística, polêmica, de que apenas 20% do desempenho escolar do aluno depende da escola; o restante vem de sua base familiar e de sua vivência social. Não sei dizer se a divisão é essa mesmo, mas a visão, no geral, está correta. Prova disso é um fato desconhecido dos governantes brasileiros -- e mostra a relação entre ignorância e doença.
Um levantamento oficial, feito no final do ano passado, mostrou que uma imensa parcela dos estudantes da rede municipal de São Paulo sofre de doenças básicas, com problemas de visão, audição, verminoses, anemias, infecções bucais e cáries. Se tivessem feito uma avaliação de distúrbios mentais -- ansiedade, depressão, distúrbio de atenção -- e do consumo de drogas e álcool, concluiríamos que, por mais que se melhore a escola, batalhões de alunos dificilmente vão melhorar.
Nas famílias mais ricas, não se admite, por exemplo, uma criança com deficiência visual, sem um par de óculos. Ou com qualquer sinal de anemia, já que o cansaço dela é tão visível, tão visível, que alguém já teria tomado providência.
Por isso, se quiserem levar a sério a educação (e também o combate à violência, prevenindo a produção de marginais) os governantes terão de fazer com que as áreas de saúde, educação e assistência social trabalhem juntas nas escolas. Isso só não acontece hoje porque nossos governantes também sofrem da doença da ignorância.

Quem quiser saber mais sobre as idéias de Dimenstein, visite sua página. Recomendo.

Para o mal não falta criatividade

Uma enciclopédia politicamente incorreta e que estimula os usuários a escrachar pessoas famosas? Veja do que se trata aqui.
Como sempre digo, para fazer o mal nunca falta quem. E com talento. Já o bem costuma ser tão tímido...
Ainda não naveguei pela Desciclopédia para conhecer suas potencialidades, mas acho interessante que ela tenha uma seção de definições, tipo:
  • Escoteiro: uma criança vestida de idiota, que segue um idiota vestido de criança.
  • Arquiteto: profissional que não teve capacidade de ser engenheiro nem foi bicha o suficiente para ser designer de interiores. Desculpaí, amigo Rogério.
  • Técnico de futebol: indivíduo que, por não ter dinheiro para ser cartola nem talento para ser jogador, acabou como um filho da p...

Se você tiver definições a nos fornecer, agradecemos a gentileza. Quem sabe não fazemos a nossa própria enciclopédia?

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

A maior epidemia do mundo

Sinal dos tempos. As doenças, a falta de higiene e as guerras mataram uma quantidade inacreditável de seres humanos ao longo da História. Por isso, muitos esforços foram envidados para desenvolver a ciência e para estabelecer normas de coexistência pacífica entre os povos, em ambos os casos salvando vidas.
E eis que somos vítimas do muito que se avançou. O maior risco à saúde das pessoas, atualmente, é a obesidade, em breve uma calamidade mundial. Tenho observado um elevado interesse da imprensa sobre o tema. Revistas de circulação nacional se dedicaram a ele em suas edições mais recentes e, quanto aos jornais on line, há dois dias surgem notícias a respeito.
As comodidades da vida moderna e a maior oferta de alimentos - pasmem! -, aquilo porque a humanidade sempre lutou, está custando a nossa saúde e, por consequência, a nossa vida. Os americanos, reis do bacon com ovos e dos hamburgers, já estão loucos com o problema, devido aos imensos custos que acarretam ao sistema de saúde.
No Brasil, onde há muita miséria, a pobreza clássica, raquítica, vai sendo substituída por uma pobreza gorda. A subnutrição é a mesma, mas o índice de massa corporal vai aumentando e, com ele, todos os agravos de saúde - hipertensão, diabetes e vários outros.
Realmente, peixe morre pela boca. Inclusive eu.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

A verdade sobre o Cred-Livro

O jornal oficial do tucanato paraense, fazendo sua bajulação diária, publicou hoje o seguinte:

Impedido pela nova lei eleitoral, que restringe a transferência de renda de programas sociais em ano eleitoral, o Cred-Livro deixará de ser concedido este ano aos professores da rede estadual que freqüentarão, a partir de amanhã, a Feira Pan-Amazônica do Livro. Em 2005, o programa beneficiou 10 mil educadores, com R$ 150 para cada um para a compra de livros na feira. O governador Simão Jatene estudou alternativas para a concessão, mas todas esbarraram no rigor da lei.

A verdade sobre o Cred-Livro me foi contada por um amigo, professor da rede estadual. Vamos aos fatos:
1. O Cred-Livro funciona a partir de uma verba conseguida junto ao Ministério da Educação - portanto, dinheiro federal. É caridade com o chapéu alheio, que o governador faz parecer iniciativa pessoal e ônus de seu próprio governo.
2. Não foram beneficiados dez mil educadores. Ainda que a benesse chegasse a tantos professores assim, os R$ 150,00 só podem ser empregados na aquisição de livros na própria feira, ou seja, em Belém do Pará, nos dias de sua realização. Pergunto: quantos professores do interior virão à capital para isso? Alguém realmente acha que um professor de Jacareacanga, Itaituba ou sei lá onde mais virá a Belém, numa viagem de dias e muito mais dispendiosa do que o valor recebido?
3. E agora o pulo do gato: o dinheiro não utilizado, porque os professores não adquiriram livros na feira, é recolhido aos cofres... do Estado. Então quem é que lucra com isso?
Fala a verdade, liberalzinho!!

Que venha a cegueira!

Notícia publicada pela Globo Online e reproduzida em nível local:

O cineasta brasileiro Fernando Meirelles, diretor de filmes como 'Cidade de Deus' e 'O jardineiro fiel', levará à tela grande 'Ensaio sobre a cegueira', romance do escritor português e Prêmio Nobel de Literatura José Saramago. Meirelles confirmou que foi escolhido para dirigir o filme, cujo nome em inglês será 'Blindness', pela produtora inglesa Potboiler Productions.
Meirelles já havia tentado adquirir em 1997 os direitos para levar o livro ao cinema, mas o próprio Saramago se negou, com o argumento de que seria difícil traduzir em imagens uma história sobre a cegueira. Os direitos, todavia, finalmente foram adquiridos pela produtora canadense Rhombus Media, que irá coproduzir o filme com empresas do Brasil, Reino Unido e Japão.
'Fui chamado em junho do ano passado para falar do roteiro de 'Blindness', mas não me disseram que era o livro de Saramago e eu não me dei conta pela diferença do nome do livro em português', afirmou Meirelles 'Quando comecei a ler o roteiro, imediatamente me interessei', disse.
Meirelles afirmou ainda que nenhum grande estúdio está vinculado ao projeto. 'O melhor é que será uma produção internacional independente. O Brasil entra com os talentos e dinheiro de uma lei de incentivo; o Canadá, com o projeto e o roteiro; o Japão, com muito dinheiro o os ingleses entram com dinheiro e a parte jurídica'.
O diretor brasileiro também antecipou que o filme será rodado a partir de meados do ano que vem e terá como cenários as cidades de São Paulo e Toronto, no Canadá.
A produção terá um orçamento de cerca de US$ 20 milhões e a intenção dos produtores é que a estréia seja em março de 2008. O livro de Saramago conta a história de uma doença inexplicável e incurável que provoca cegueira e que se espalha por todo um país.


Quem me conhece sabe o quão auspiciosa esta notícia é para mim. Saramago é meu escritor favorito, pelo estilo maravilhoso e único, pela fina ironia e... só lendo para entender.
Fernando Meirelles, bairrismos à parte, já provou ser um diretor de primeira grandeza. Quem viu O jardineiro fiel conheceu sua mão precisa para conduzir uma história com energia, verdade, tensão, poesia e muitas outras virtudes. A fusão dele com Saramago mexe com os meus nervos. Meus Deus, quanto falta para a estréia?!

Incongruências constrangedoras

A imprensa local noticia hoje a cassação da candidatura de Manoel Pioneiro, segundo consta vice-prefeito desta cidade, à Assembleia Legislativa. O motivo seria uma pendência com a própria Justiça Eleitoral, inadimplida porque o candidato dizia nem saber do débito. Curiosamente, o Tribunal Regional Eleitoral deu à lei uma interpretação que permitiu ao candidato prosseguir no páreo... Já o Tribunal Superior Eleitoral, por cinco votos contra um, cassou a candidatura.

Ficamos felizes com o cumprimento da legislação eleitoral, em especial quando o interesse em jogo pertence a um apadrinhado da maior panelinha destas paragens. Todavia, é constrangedor observar que um candidato é cassado por ausência de uma certidão de quitação eleitoral, enquanto os multiprocessados por crimes das mais variadas espécies não são molestados, porque protegidos pela presunção de inocência (que eu prefiro chamar de estado de inocência).

Como professor de direito penal, compreendo o princípio do estado de inocência como uma das maiores conquistas de um povo que se pretenda civilizado. Mas isso deveria ser aplicado apenas para não impor punições a um cidadão. Para candidaturas políticas, pela natureza da função — que exige a tal conduta ilibada , a mulher de César deveria não apenas ser, mas também parecer honesta.
Em suma, se responde à Justiça, não pode ser candidato. Simples assim. Aposto que o povo brasileiro endossaria esta tese.

Quanto aos picaretas, peguem a sua inocência presumida e enfiem... na urna.

Acréscimo em 31.8.2011
Esta postagem é anterior à "Lei da Ficha Limpa". Na época, esta expressão ainda não se tornara popular. Hoje é, mas não adiantou de muita coisa. Continuaremos esperando a próxima eleição...

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Um questionamento honesto

Que os dois maiores jornais da cidade atendem a interesses corporativos nítidos, todos sabemos. É o óbvio ululante. Mas neste ano de 2006 há uma movimentação maior em torno da lisura das eleições - as regras são mais rígidas, assim como a fiscalização. Daí vem a minha dúvida.
Observei as edições de hoje de ambos os jornais e constatei o seguinte: o Diário do Pará destaca os feitos do Deputado Federal Priante, por exemplo vinculando-o à atual maior novidade de Belém, o Complexo Viário do Entroncamento. Já O Liberal, em sua cruzada permanente pela dignificação do tucanato, sugere que a campanha de Almir Gabriel é tão poderosa, mas tão poderosa, que melhorou o desempenho no Estado de Geraldo Alckmin, sabidamente derrotado por antecipação.
Como todo santo dia tais periódicos publicam matérias e notas supostamente factuais e avalorativas, que na verdade não conseguem esconder a publicidade deste ou daquele candidato, em manifesto abuso de poder econômico, por que cargas d'água o Ministério Público Eleitoral não toma medidas enérgicas contra os dois, impedindo o acirramento do desequilíbrio de forças com os demais candidatos, que não dispõem de um jornal próprio para se autopromover?
O Procurador Eleitoral, José Augusto Torres Potiguar, foi meu professor e sei de seus méritos. Homem estudioso e íntegro, tem feito um grande trabalho nestas eleições. Mas assim como as pinturas em muros, em dimensões superiores às permitidas, têm sido flagradas, como pode ninguém ter visto, até agora, a indecência da publicidade mascarada?

terça-feira, 12 de setembro de 2006

A serviço de quem?

Foi só a revista IstoÉ publicar uma pesquisa da Brasmarket apresentando os resultados abaixo e o jornal oficial do governo do Estado colocou, na edição de hoje, as seguintes notas:

1 - Pesquisa
Almir Gabriel: 38,9
Ana Júlia: 24,6
Priante: 16,4
Edmilson: 11,1
Atnágoras: 2,0
Odilena: 1,0
Indecisos: 2,9
Nulos: 3,0

2 - Notas
"Os responsáveis pela pesquisa publicada na última edição da 'IstoÉ' já estão sendo chamados de Instituto Viagra, tal a capacidade de levantar o astral de candidatos que já haviam perdido a disposição. E também por outro motivo: o efeito tem hora certa para acabar e o remédio, entre custo e benefício, acaba saindo caro demais para quem está precisando."
"Outro detalhe curioso da pesquisa é que ela não está ancorada em reportagem feita pela revista, nem assinada por um de seus jornalistas. Editada na página 69, a pesquisa é na verdade um anúncio, embora não fique muito claro quem pagou por ele. Tanto é que é carimbada, como todo anúncio do gênero, com o aviso de 'Informe Publicitário'."


Ou seja, o jornal que você lê, você desconfia foi rápido para desqualificar a informação vinda de fora e que, supõe-se, está devidamente registrada na Justiça Eleitoral. Observe que as notas não se limitam a questionar a pesquisa: também criam uma piadinha que, sabidamente, terá apelo popular. Assim, espera-se que a notícia correrá de boca em boca, não por seu conteúdo, mas apenas pegando carona no chiste. É uma forma de garantir a sua maior divulgação.
Então me pergunto: se os isentos jornalistas locais querem saber a serviço de quem está a IstoÉ ao publicar esses dados, a serviço de quem estão eles, ao rechaçá-los de forma tão tendenciosa? Do bom jornalismo?
A mesma coluna do jornal publicou, há algumas semanas, que uma certa candidatura só existe para tentar forçar um segundo turno, diminuindo a "derrota fragorosa" que a oposição terá em outubro. Era uma profecia? Ou somente bom jornalismo?

Coisas da política

Que a política nunca teve uma lógica que pudesse ser declarada de viva voz e que nela boi voa e bolsos incham - embora nunca os nossos -, todos sabemos. Contudo, este ano a confusão e a indecência provocam efeitos curiosos. Aqui no Pará, Lula aparece elogiando os méritos e a capacidade de trabalho de Priante para, instantes depois, reaparecer no programa da Ana Júlia. Cheguei a pensar que com o mesmo terno. Para manter um mínimo de "coerência" (vamos consentir que isso seja possível), elogia o Priante mas não pede votos para ele, falando na Estrela como governadora do Pará.
Já no vizinho Maranhão, na propaganda da incansável Roseana Sarney, com a efígie forjada na mais pura madeira de lei, o programa ensina a votar. Manda digitar "25" para governador mas, quando chega em presidente, diz apenas "escolha o seu candidato". Tem lógica (vamos, de novo, consentir que isso seja possível). Afinal, Roseana é do PFL, que apoia o Geraldo Ai-de-mim. Mas é filha do senador amapaense que virou general de brigada do Presidente Lula. Logo, não apoia abertamente nenhum dos dois.
Aposto que, para ela, tanto faz. Frustrada em Brasília, vai mesmo continuar a casinha na terra natal. E, por sinal, o Palácio dos Leões está em reforma para receber, provavelmente, a candidata líder nas pesquisas.
Que falta faz a alfabetização política!

Belém sob outro ângulo

Para quem, como eu, acostumou-se a só ver Belém aparecer em cadeia nacional menosprezada, achincalhada, ridicularizada e afins, o programa de ontem do Jornal Nacional foi um alento. As belas imagens e o texto mostravam a preocupação da equipe em valorizar a nossa terrinha, em destacar seus aspectos positivos, seu crescimento econômico e até o nosso jeito de falar, em vez de apenas focar nas misérias, que também foram mostradas, claro, de modo responsável. Se houve algum senão, eu - que só vi um pedacinho da reportagem - passei batido. Fiquei feliz, enfim.
E por falar em "enfim", parece que hoje sai mesmo o Complexo Viário do Entroncamento. Digo "parece" porque só acredito no ovo quando ele já está bem fora da galinha, ao alcance da mão. Vamos torcer que o trânsito melhore, como desejado por todos.
Todavia, uma coisa é certa: para resolver o problema de trânsito desta cidade, só há uma solução. Proibir os paraenses de dirigir.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Frase edificante

Minha aluna Roberta Godinho me presenteou com um comentário a um post, no qual havia um brocardo tão edificante que me vi na obrigação de compartilhá-lo com todos os que passarem por aqui. Ei-lo:

O HORÁRIO ELEITORAL É O ÚNICO MOMENTO EM QUE OS POLÍTICOS ESTÃO EM CADEIA NACIONAL.

Infelizmente, só nesse. Obrigado, Roberta.

Aqui se faz...

Um único tiro no peito, logo abaixo do mamilo direito, que transfixou e saiu pelas costas, matou o coronel reformado da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, na noite de ontem (domingo, 10), em seu próprio apartamento, em São Paulo. Não havia sinais de luta e uma porta estava encostada. Indícios de execução.
Não será fácil saber quem tinha interesse nessa morte, já que o aludido senhor foi o comandante da operação que, em 1992, entrou para a história como o Massacre do Carandiru. Símbolo da crueldade do Estado no Brasil, não faltava quem considerasse Guimarães um benfeitor da sociedade, merecedor de medalha. Tanto que se elegeu deputado estadual (e ainda tinha o cinismo de usar, em suas campanhas, o número 111 - número de mortes na invasão da Casa de Detenção). Mas nem todos concordavam com isso, claro, e o camarada vivia recebendo ameaças de morte.
Sei não, mas esse homicídio tanto pode ter relação com o ano eleitoral com o fato de Guimarães haver sido recentemente absolvido de seus crimes - um escândalo judiciário. Será que saberemos a verdade?

Acréscimo em 31.8.2011
Se a verdade veio à tona, ninguém teve a delicadeza de me contar.

sábado, 9 de setembro de 2006

Utilidade pública

Tácito, da Roma Antiga, dizia que a idéia de uma coisa má poder ser útil era, por si só, imoral. Abstraindo a sábia lição daquele pensador, peço vênia para dizer que a campanha eleitoral deste ano teve pelo menos um aspecto positivo: transformar um bicheiro em um homem de bem.
Será que é para termos esperança no futuro?

Historinha para rebater

Uma tia muito amada e que já não está neste plano contava a história de uma mulher que ela conheceu, muitos e muitos anos atrás, no interior. A pobre apanhava do marido mais do que escravo na senzala, quase não tinha o que comer e vestia-se apenas de trapos. O marido dizia que, se ela se embelezasse, arrumaria um amante.
Certo dia, como de hábito, o cara apareceu em casa bêbado e nervoso. A coitada sabia o que estava por acontecer, mas nesse dia as coisas foram diferentes. Bastou ele anunciar a surra e a esposa se muniu de um pedaço de madeira que usava em seu fogão de lenha e baixou a pancada no sujeito. Embriagado, ele mal sabia o que estava ocorrendo. Conseqüências disso: no dia seguinte, o marido comprou tecidos para sua esposa costurar roupas novas para si e ela nunca mais apanhou.
Moral da história: para homem rebarbado, nada melhor do que uma surra de pau em brasa.
PS - Pelo amor de Deus, não estou defendendo a violência! Foi só um causo verídico. Façam dele o uso que acharem que devem.

Lei "Maria da Penha"

Maria da Penha não é apenas o nome de uma vaquinha de pelúcia que mora dentro do meu carro. Também corresponde à Lei n. 11.340, de 7.8.2006, cujo nome oficial é "Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher". Trata-se de uma alusão a Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu incontáveis agressões de seu marido, até que em 1983 ele tentou matá-la duas vezes. Na primeira, um tiro deixou a vítima paraplégica. Na segunda, o meio empregado foi eletrocução. Na época, ela tinha 38 anos e três filhas, entre 6 e 2 anos de idade. E lutou muito pela condenação de seu agressor. Nada mais natural, portanto, que virasse um símbolo do combate a essa forma de violência, que em boa hora chega.

Ontem mesmo, em uma de minhas aulas de direito penal, eu comentava a respeito. Mais uma vez, o legislador brasileiro toma uma iniciativa louvável, porém vestida em normas altamente questionáveis. Por isso mesmo, os penalistas têm debatido muito a respeito e, como é óbvio, por enquanto há mais dúvidas do que certezas.

Gostaria de destacar o art. 41 dessa lei, segundo o qual o réu, se condenado, não poderá receber uma pena restritiva de direitos, independentemente do quantum de sua pena. Talvez seja o coroamento de um antigo anseio da Rede Globo, que em sua telenovela Mulheres apaixonadas mostrava uma personagem vítima do marido sádico. Em uma cena sempre lembrada, ela apanha de raquete de tênis. Mesmo assim, o discurso da novela era de que raramente um agressor é punido e, quando acontece, recebe uma pena alternativa e continua em liberdade, voltando a agredir sua companheira.

O discurso midiático, como sempre, estava errado e induzia as pessoas a aderir aos chamados movimentos de lei e ordem, caracterizados pela tosca e reducionista crença de que o mecanismo adequado para o combate à criminalidade à o endurecimento das leis penais. Eis alguns erros do discurso:

1. O Código Penal já estabelecia que as penas ditas alternativas não são aplicáveis aos crimes violentos.

2. Algumas penas restritivas de direitos têm efeito altamente pedagógico. Imagine um homem condenado a prestar serviços à comunidade por anos, numa instituição de defesa das mulheres. Ou o cara aprende e se emenda ou fracassa e acabará sofrendo os rigores que a lei já prevê, em caso de descumprimento da condenação.

3. É errado estabelecer vedações absolutas, pois isso viola os princípios da razoabilidade e proporcionalidade das penas. Toda pena tem que ser individualizada caso a caso. Há homens que não aprenderão a respeitar as mulheres nem que sejam torturados. E há outros que meterão o rabo entre as pernas com uma simples exposição de seu mau caratismo.

Mais uma vez, falha o legislador. Mas vende um instrumento que atende à aflição da sociedade. Logo, o grosso da população fica satisfeito. Mas as consequências disso o tempo dirá.

Em síntese, constitui erro elementar achar que pena boa é a pena excessiva.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Versos íntimos


Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém inda causa pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Mencionei Augusto dos Anjos - um dos meus poetas favoritos - num post de ontem. Então me deu vontade de apresentar, hoje, este que é um de seus poemas mais conhecidos. Bem que esse discurso poderia ser usado pelos eleitores para os candidatos, mais especificamente as três primeiras estrofes. A última é a recomendação que dou aos eleitores, quando os candidatos passarem em suas portas carregando crianças e beijando velhinhas.

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Pátria minha



Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

(...) Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.



Relembro as palavras do Poetinha para dizer que, mais do que nunca, a nossa pátria tem sido feita de lágrimas amargas, não tem sido uma gentil mãe e está entregue à mais feroz rapinagem. O povo desconhece o poder que possui e, graças a isso, os criminosos mais vis continuam usufruindo do que é nosso, rindo de nossa miséria.
Eis minha maldição: que lhes seja negada a poesia de Vinícius. Que suas vidas sejam como a poesia de Augusto dos Anjos - mas eles como alvo. Sobre este outro poeta, falaremos outro dia.

PS - Macado Ensopado, governador de um Estado aí, chegou atrasado ao desfile do Dia do Pátria. Por causa disso o desfile atrasou. Imaginem as pessoas torrando ao sol enquanto o bonito fazia o social com as pessoas de sua... corte. Mas, pelo menos, teve o que merece: foi recebido com vaias e mais vaias. Informação segura de quem estava lá.

Guia do adultério feminino

Se você achou que isto aqui era um antro do corporativismo macho, enganou-se toscamente! O meu interesse é antropológico, por isso aqui vai a versão feminina do nosso manual.

A desculpa: "Minha amiga está se separando do marido. Ele até tentou bater nela, o safado! Fiquei todo esse tempo dando uma força para a pobrezinha..."
Por que tem credibilidade: Porque, a despeito da competitividade natural entre si, as mulheres sempre guardam espaço no coração para as melhores amigas. Por estas, são capazes de todo tipo de bandalha.
Outras utilidades:
1. Com uma desculpa dessas, você pode até dormir fora de casa, falar aos sussurros ao telefone porque "só agora a tadinha conseguiu pegar no sono" e interromper bruscamente a ligação "para socorrer" a amiga, sem maiores explicações.
2. O sofrimento da amiga é o pretexto para você ficar com raiva dos homens. Tudo que o seu perguntar, faça acusações contra o comportamento abjeto dos homens. Ele acabará desistindo.
3. Você pode se recusar terminantemente a dizer onde esteve. Responda que a amiga está escondida por segurança. Se ele insistir, fique furiosa e diga que ele quer contar o paradeiro da vítima para o marido dela. Não importa que ele não tenha a menor ideia de quem sejam essas pessoas: ele não estranhará se você disser coisas absolutamente despropositadas.
4. Esta desculpa pode ser repetida nos dias subsequentes, mas não abuse.
5. Seu cansaço, estresse e revolta com os homens justificarão você recusar sexo nesse dia. E a ameaça de continuar recusando fará o bobo não perguntar mais nada.
Dificuldades: Você não pode usar o nome de uma amiga conhecida pois, até por acidente, a verdade poderia vir à tona. O jeito é apelar para uma amiga de infância que não via há tempos, mas que nunca deixou de amar. O problema é convencê-lo da importância de alguém cujo nome jamais escutou. Mas, como dito acima, por mais estapafúrdia que seja a explicação, não surpreenderá. E se ele for do tipo desligado, será fácil dobrá-lo. Aí, bem feito para ele.

Colabore com o nosso manual do mal! Ajude as mulheres a dar rasteira em seus amados e ganhe, além da postagem, o risco de ser vítima das próprias armações!
As mulheres também devem opinar. Afinal, ninguém melhor do que elas...

Guia do adultério masculino

Se você é homem e pretende trair a sua cara-metade, sabe que tem pela frente o ônus de escamotear o mau passo. Forneço aqui, sem qualquer interesse pessoal, dicas para não ser pego com a boca na botija (quer dizer, isso aconteceria apenas se houvesse um flagra...). A ideia é oferecer uma desculpa com credibilidade suficiente para enganar a vítima. Vamos à primeira:

A desculpa: "Mandei lavar o carro. Lavar, aspirar e encerar. Você sabe como essas coisas demoram."
Por que tem credibilidade: Porque as mulheres sabem que os homens são loucos por carro e perdem um tempo enorme com ele. Lavar, aspirar e encerar consome fácil umas duas horas e, se o lava-jato estiver cheio, bem mais que isso. Sua longa demora está justificada.
Outras utilidades:
1. Você realmente dever mandar fazer os serviços. Vá de táxi para o motel e, com isso, não correrá o risco de ter seu carro reconhecido na entrada ou saída.
2. Se sua cara-metade estiver mesmo desconfiada, não terá como procurar vestígios no veículo.
3. Invente que mandou fazer outros serviços, como trocar o óleo. Além de brincar com o perigo fazendo um trocadilho, você justificará os gastos do dia, principalmente se pagar com cartão de crédito.
4. Como os lavadores sempre espargem aqueles perfuminhos horrorosos, você disfarça qualquer cheiro denunciador.
5. Esta desculpa justifica também vestígios de bebida, já que é razoável esperar tomando uma cervejinha.
6. Se estiver cansado para honrar os deveres conjugais, é porque esperou muito tempo em pé.
Dificuldades:
1. Esta desculpa só cabe nos horários de funcionamento dos lava-jatos, excluindo a noite.
2. Cuidado para não se empolgar com a outra, fazendo gastos excessivos ou enchendo a cara de champanhe. Ninguém toma champanhe num lava-jato.

Se você tem alguma ideia para ajudar na construção do nosso manual de safadezas, escreva. As melhores dicas serão postadas e você ganhará... um telefonema para a sua digníssima, para avisá-la que se cuide!

O Brasil importará a novidade?

Os norte-americanos, geniais como sempre, tiveram uma idéia inovadora, uma verdadeira revolução na teoria dos direitos humanos. Dêem uma olhada no quê. Sinceramente, se eles continuarem nesse ritmo, logo inventarão o fogo e a roda.
Fico ansioso por saber quando as polícias brasileiras adotarão as novas técnicas.

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Boaventura


Ao ar livre, tendo ao fundo a deliciosa visão do rio Guamá, Boaventura de Sousa Santos, um dos maiores cientistas sociais vivos do mundo, palestrou de graça hoje, para quem quis ouvi-lo, no Vadião, UFPA. Falou sobre política em tempos de globalização. Uma plateia de estudantes de graduação e pós, além de professores, se deleitava com as ideias corajosas e muito bem articuladas do venerando patrício.
Havia tietagem, também, coisa que em princípio não se espera ver em relação a um acadêmico que palestra sem sequer usar um data show. Mas ele tem uma legião de fãs, entusiasmados não apenas com a sua obra, mas com a sua simplicidade e simpatia. Os sábios são assim: quanto mais geniais, mais humildes. Ao contrário dos medíocres, que se colocam acima do bem e do mal só por causa de um sobrenome, uma conta bancária, um cargo, uma função pública, um livrinho publicado ou quinze minutos de fama. Toda celebridade arrogante é um farsante.
Boaventura não. É um sábio que desejamos para nosso avô. Foi tocante ouvi-lo dizer de como o capitalismo tem causado sofrimento às pessoas. De como a ciência, ao não resolver os nossos problemas, revela-se má ciência. De como estamos errados ao desprezar conhecimentos tradicionais só porque não são "científicos". De como as universidades são fechadas ao mundo ao seu redor e precisam fazer uma extensão às avessas, de fora para dentro.
Após a palestra, uma fila interminável de pedidos de autógrafos, atendida até a última pessoa com a mesma cordialidade. E parando para tirar fotos! Ninguém saiu insatisfeito. Mesmo doente, lá estava o nosso professor autografando, posando e sorrindo.
Saúde, Boaventura! Volta sempre!

Escola do crime

Se Suzane von Richthofen, sozinha, ou no máximo com a colaboração do namorado, conseguiu arquitetar o plano que custou a vida dos seus pais e quase permitiu o abocanhamento da herança, imagina do que ela não se tornará capaz fazendo uma pós-graduação com essa turma aí.
Enquanto isso, há muitos pais de adolescentes dormindo com as portas bem trancadas...

Movimentações eleitorais

O Tribunal Regional Eleitoral manteve a condenação da vice-governadora Narizinho, aquela que já tinha larga experiência profissional e pública antes de pegar carona no bonde tucano de 2002, a uma multa de R$ 53.000,00 por propaganda antecipada. Espero que a decisão transite em julgado e que a multa seja paga, com recursos da própria candidata.
A par disso, o Ministério Público Eleitoral deu parecer favorável à cassação da candidatura da chapa majoritária emplumada, por terem os candidatos usados o site institucional do Governo do Estado para promoção pessoal. Como se o abuso da máquina pública não fosse típico de qualquer campanha, de qualquer nível federativo e em qualquer lugar do país.
Quanto a isto, porém, não guardo esperanças. Da última vez, o jatinho do governo foi usado escancaradamente para a campanha do então candidato, cuja agenda sempre "coincidia" com a do governador (hoje candidato), em suas andanças para inaugurar obras de última hora. Todo mundo viu. O lado federal do TRE votou pela cassação, mas no final das contas prevaleceu a decisão que beneficiava o... como é mesmo que o Rato Fujão se autodenominava? Ah, o "dono do cofre". A matéria está em grau de recurso no TSE e, tal qual a nossa obra do Entroncamento, é sempre adiada, adiada, adiada. Se for julgada, talvez seja em 2027.
Duvido
que agora seja diferente.

As dez doenças mais bizarras do mundo

A revista Mundo Estranho deste mês (Editora Abril, edição 54, agosto/2006, pp. 20/21) publicou a relação das dez doenças mais estranhas do mundo, com base em pesquisa realizada pelo jornal australiano Sydney Morning Herald. Avisa que há profissionais sérios investigando as causas e buscando uma cura. São elas:

Cegueira emocional (perda da visão por décimos de segundo após ver imagem forte, especialmente de conteúdo pornográfico).

Síndrome da redução genital ou koro (distúrbio mental que faz a pessoa crer que seus genitais estão desaparecendo). Pode ser contagiosa. No Brasil, registrou-se um caso em que o paciente tentou suicídio.

Síndrome de Riley-Day (mutação genética que acarreta incapacidade para sentir dor). As vítimas não se protegem de acidentes e em geral morrem antes dos trinta anos, por causa de ferimentos.

Maldição de Ondina, ninfa das águas da mitologia pagã européia (perda da capacidade respiratória). A vítima pode se esquecer de respirar e morrer.

Pica (compulsão por comer coisas não comestíveis, como barro, pedras, tocos de cigarros, tinta, cabelo, etc). Mais comum em grávidas e crianças. Pensou besteira, né?

Síndrome de Alice no País das Maravilhas (distorção visual que faz a vítima crer que objetos próximos estão desproporcionalmente minúsculos).

Síndrome da mão estranha (decorrente de lesões ou cirurgias cerebrais, a mão da vítima age involuntariamente, mas conserva a capacidade de executar ações complexas, como abrir zíperes).

Síndrome de Capgras (após sofrer desilusão com pessoas próximas, a vítima passa a crer que estas foram sequestradas e substituídas por impostores). A vítima pode achar que ela mesma ou objetos inanimados foram substituídos por cópias exatas.

Síndrome do sotaque estrangeiro (após lesão nas áreas do cérebro responsáveis pala linguagem, a vítima passa a falar com sotaque estrangeiro). Na verdade, trata-se de mera impressão de que se escuta um idioma estrangeiro.
E a que, na minha opinião, é a pior de todas, a Síndrome de Cotard: "Depressão extrema,
em que o doente passa a acreditar que já morreu há alguns anos. Ele acha que é um cadáver ambulante e que todos à sua volta também estão mortos. Em casos extremos, o sujeito diz que pode sentir sua carne apodrecendo e vermes passeando pelo corpo. Na fase final, a vítima deixa até de dormir e sua ilusão pode efetivamente virar realidade."

Faltou nessa lista a fibrodisplasia ossificante progressiva (FOP), dano genético que faz com que os músculos esqueléticos do corpo e os tecidos conectivos passem por uma metamorfose e se transformem em osso, travando progressivamente as articulações e tornando os movimentos impossíveis. Em bom português, a vítima ganha um segundo esqueleto por cima dos músculos. Saiba mais clicando aqui.
Arre!

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Um amigo desses...

O que é a amizade para você?
Acho que para a estudante mencionada na matéria da Folha On Line, alguns conceitos serão revistos.
Pelo menos o Orkut serviu para alguma coisa útil.

Dia da Raça

Acabei de postar um comentário no "5ª Emenda", mas achei que devia externar a opinião aqui. Então dei um Ctrl+C e Ctrl+V. Aí vai:

Muito bom estimular o amor à Pátria nas nossas crianças, mas devia haver um jeito menos cruel de fazer isso. Para ir de São Brás à Cidade Velha, enfrentei engarrafamentos e confusões de trânsito dignas de São Paulo. Será que não dava para realizar o desfile num local menos traumático? Que tal, no próximo ano, fazer um desfile ecológico lá no Parque do Utinga? Teria tudo a ver com a Amazônia.
Acrescento que, para as crianças que desfilam, talvez fosse mais interessante também. Elas veriam um lugar que poucos conhecem e se livrariam da bandidagem que rola solta no centro da cidade.

"Ah, a maldição!"

Com este lamento doloroso, chega-se ao trágico desfecho da ópera Rigoletto, de Verdi, a que assisti ontem e sobre a qual postei algumas linhas anteriormente. Após ajudar um jovem duque desprovido de qualquer senso moral a desonrar muitas donzelas e senhoras casadas da corte, e fazê-lo com prazer sádico, o personagem-título prova do próprio veneno e vê a desonra e a morte de sua própria filha. Uma ópera italiana típica, centrada nos eternos temas da vilania, das influências místicas sobre a vida das pessoas (como as maldições) e do amor que busca a morte, pela felicidade do ser amado, mesmo quando ele não merece. Não faltaram nem mesmo os gorjeios de ave canora da soprano Lys Nardoto ("Gilda"), numa atuação cativante.
Também se destacaram Manuel Alvarez, no Titelrolle, e José Gallisa, como o assassino Scarafucile, que fica menos tempo em cena mas, quando nela, sabe ocupar muito bem o seu espaço. Já Leonid Zakhozhaev, que vivia o Duque de Mântua, não empolgou. Basta dizer que, ao primeiro acorde da celebérrima "La donna è mobile", o teatro inteiro se agitou, mas quando ele acabou, não houve reações - e o público, como sempre, aplaudiu milhares de vezes na hora errada, mas não nessa, que seria o óbvio.
Conclusão natural: o cantor não empolgou a mim e aos demais. Minhas fontes do meio musical esclareceram que se trata de um artista consagrado, mas já sentindo o peso da idade. Já não tem o mesmo viço, como prova a sua atitude de erguer o corpo ao fazer os maiores esforços vocais - ao contrário de Lys Nardoto, que mostrou sua força sentada e até deitada.
Um belo espetáculo, sem dúvida; uma música de encher a alma. Mas a produção, como sempre, deixou a desejar - sempre o problema do cenário. De longe se identificavam os materiais de qualidade inferior, pintados de preto. E aquele lurex ao fundo? O que era aquilo, meu Deus?
Mas que venham mais óperas, todos os anos! Não podemos passar sem elas!

PS - Conforme me foi pedido, informo que, graças a Deus, o teatro não estava contaminado por muitos miasmas pútridos. Por lá só passou o saltitante (como diz o Juvêncio de Arruda) secretário de cultura, como sempre mal vestido, inclusive com uma capanga pendurada no ombro. Tudo bem que, em nosso clima quente, não acho necessário ir de terno ao teatro, mas também não precisava ir com a mesma roupa com que vistoriou as obras do Hangar - aquelas do metro quadrado mais caro do país. Fora isso, o teatro estava cheio e agradável.
Agora, segundo se reclama no meio artístico, ele volta a ser o Theatro do Paz - assim chamado porque, no resto do ano, não acontece nada nele...

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Para fazer a lição de casa

Juro que não ganho nenhuma ponta do Diário para promover o seu jornalismo. Apenas foi o primeiro jornal que li e achei as notícias dignas de nota. Então lá vai, da mesma coluna:


Auxiliares do secretário Manoel Santino continuam desesperados em busca do automóvel oficial do gabinete, que foi levado por assaltantes da frente de um salão de beleza, na última sexta-feira à tarde. O carro é da marca Corola e tem um equipamento de rádio que monitora as comunicações da Polícia. Até a noite de ontem, o automóvel não havia sido localizado. E o pior da história é a sensação de insegurança.


Aspectos interessantes: o carro oficial foi levado da frente de um salão de beleza. Devo entender que o secretário estava usando a infraestrutura custeada com dinheiro público para cuidar do próprio make up?
Desgraça, mesmo, é que monitorando as comunicações da Polícia, os ladrões podem ir longe, sem cair nas garras da Dona Justa. Podem até vender as informações para os colegas de bandidagem, criando uma rede bastante útil para eles e ruim adivinhem para quem... Eu ficaria mais feliz se esse carro fosse encontrado logo. Aliás, o equipamento de comunicação.
Alguém devia dizer ao nobre secretário que as coisas não podem ficar piores do que já são. Refiro-me, naturalmente, à estética de sua excelência. Já no que diz respeito à insegurança pública, esta ainda tem muito a piorar. Vamos permitir isso?

Cabanagem virtual

Detesto jogos eletrônicos. Mas não pude deixar de louvar a ideia abaixo, noticiada na coluna "Repórter Diário", do Diário do Pará de hoje:


O curso de Engenharia da Computação da UFPA conseguiu aprovar na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) projeto que transformará a Cabanagem, maior revolta popular do Estado ocorrida no século XIX, num jogo eletrônico virtual de estratégia. Orçado em R$ 193 mil, o projeto envolverá pesquisadores do curso de Engenharia da Computação da universidade e professores de História e Geografia do Núcleo Pedagógico Integrado (NPI), onde será montada uma sala com 16 computadores em rede para que os alunos possam jogar.
Manoel Ribeiro, professor do curso de Engenharia da Computação e idealizador do projeto, diz que o jogo será construído como se fosse uma realidade virtual, onde os alunos irão jogar e, ao mesmo tempo, aprender de maneira lúdica sobre o Pará da época da revolução cabana e como ela foi construída. A idéia é estender o projeto para alunos da rede pública e privada de ensino.

O projeto contribui para o desenvolvimento do curso de Engenharia da Computação e devemos louvar as iniciativas que conduzam ao crescimento da nossa universidade e da ciência, como um todo, em nossa região. Demais disso, se o jogo for bem sucedido, ajudará o grande público a conhecer essa importante página de nossa história, ainda obscura, já que o Pará não é tratado como se Brasil fosse.
Então que venham os cabanos virtuais! Porrada nos exploradores do povo!!

Acréscimo de 23.8.2011
Outra postagem revista, aqui para dar uniformidade ao leiaute que tenho utilizado. Mas é absolutamente indispensável dizer que quase cinco anos se passaram e nunca mais ouvi falar deste projeto. A cabanagem, menosprezada na História do Brasil, também não foi lembrada desta vez. Creio ser justo dizer que tudo permanece como sempre.