sábado, 10 de março de 2007

Eles dão um jeito

Tramita na Assembleia Legislativa do Estado um projeto de lei obrigando a instalação de sistema de monitoramento e gravação eletrônica de imagens através de circuito fechado de TV em bancos, agência lotéricas, sociedades de crédito, caixas eletrônicos. Acredita-se que seriam eficientes para coibir assaltos a esses estabelecimentos. Tramita, também, outro projeto que pretende assegurar pelo menos um vigilante em cada caixa eletrônico.
A primeira proposta é muito interessante. A segunda, no entanto, é uma bem intencionada besteira. Jamais os bancos aceitariam gastar fortunas para manter um nível de vigilância que não existe hoje nem nas agências (se considerada a quantidade de vigilantes, no total).
Ideias para combater a criminalidade existem muitas — algumas boas, outras nem tanto, outras ridículas. O que eu gostaria de lembrar é que os criminosos, como qualquer pessoa, têm a capacidade de se adaptar às injunções que surgem. Darei exemplos concretos:
  • Quando se popularizaram as travas de automóveis e os alarmes remotos, capazes de cortar a alimentação de combustível, os ladrões passaram a abordar os motoristas. Assim, caiu o número de furtos de carros, mas aumentou o de roubos, com muito maiores danos pessoais. O caso do menino João Hélio foi um crime desses.
  • Para impedir que criminosos furtassem/roubassem cartões bancários e secassem a conta do correntista, bancos criaram mecanismos de segurança, limitando o valor por saque. Resultado: os criminosos começaram a fazer os correntistas de reféns, para realizar vários saques, com a própria vítima digitando a senha.
  • Quando limitaram o saque a um, no chamado "período especial", das 22 horas às 6 da manhã, os reféns passaram a ficar em poder dos assaltantes até o dia seguinte, para sacar fora do horário especial todo o dinheiro possível.
  • A popularização da tecnologia permitiu o surgimento do crime da moda — esses falsos sequestros que permitem extorsões e que já custaram algumas vidas.
Exemplos há vários. Só quero deixar claro que podemos puxar de um lado e os criminosos se adaptarão, engendrando novas formas de nos atacar, cada vez mais violentas. Por isso, sempre que alguém quiser propor alguma medida preventiva ou repressiva, deve levar em conta esse fator e pensar, sobretudo, na segurança dos cidadãos.

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