quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Menos obra, mais ensino — Gilberto Dimenstein

Uma escola estadual da cidade de São Paulo (Carlos Maximiliano) estava com vários andares ociosos e estava ameaçada de ser fechada por falta de alunos. No ano passado, decidiu-se ocupar as salas vazias para dar aulas de cursos técnicos, que só não se expandiam por falta de prédios. Uma ideia simples, óbvia, acabou produzindo o que pode ser encarado com milagre na administração pública.
A escola que realizou aquela experiência (mais detalhes no
www.catracalivre.com.br) não sabia, mas estava apresentando uma solução que economizou dezenas de milhões de reais --e vai economizar mais dezenas de milhões de reais nos próximos anos. Um levantamento mostrou que havia, no Estado de São Paulo, centenas de colégios em situação semelhante e se decidiu, em vez de erguer prédios para mais escolas técnicas, utilizar as salas vazias.
Além da economia de dinheiro, ganham as escolas regulares, que passam a oferecer um importante atrativo para seus alunos, aproximando-os do mercado de trabalho. Tudo isso só ocorreu porque foi a comunidade que, ao tentar salvar aquela escola estadual, atraiu os cursos técnicos.
Está aí uma boa lição aos políticos e administradores públicos, a maioria deles viciados em inaugurações para chamar a atenção: muitas vezes, menos obra significa mais ensino. Desperdiça-se pela incapacidade de juntar espaços, tarefas e programas.
Porque não se pensa nisso, investiu-se e se investe tão pouco na formação dos professores, que não aparece - mas em obras que chamam a atenção do leitor*.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u493641.shtml

* Presumo que o autor quis dizer "eleitor".
Como de hábito, Dimenstein acerta na mosca. Ordenadores de despesas adoram inaugurar obras. Há cerimônias até para o descerramento de placas, muito depois da obra inaugurada. O importante é o povo ver que estamos inaugurando. Se funciona, isso já não importa.

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