quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Retrospectiva 2020

Janeiro. Ano começou comigo de luto, passando uns dias em Santarém, ansioso em relação ao futuro.

Fevereiro. Vendo as pessoas comemorarem o carnaval enquanto o mundo falava cada vez mais do novo coronavírus.

Março. A pandemia se tornou uma realidade por aqui. Começou o isolamento nesta família e todos fomos afetados pelos serviços públicos e privados sendo descontinuados ou tornados virtuais.

Abril. Nasceu Margot, nossa segunda filha e uma alegria exuberante em meio ao caos.

Maio. Já cansado de ouvir falar em lives, mesmo tendo assistido a poucas delas. Vivi a estranha experiência do lockdown, tendo que explicar a policiais militares o que eu estava fazendo na rua (havia ido ao supermercado). Eu me senti dentro da distopia.

Junho. Lamentando a perda das festividades juninas. Aquelas comidinhas que amo, sabe?

Julho. Completei 45 anos me perguntando o que diabos estou fazendo aqui.

Agosto. Mês do desgosto? Como assim, "mês", durante um ano que já era odiado pelo mundo afora? Atividades retornando, mas não retornando exatamente.

Setembro. Administrando uma adolescente se declarando surtada pelo isolamento em casa, embora, claro, sem se dar conta dos privilégios que a vida lhe permitiu.

Outubro. Todo o respeito às pessoas que lamentaram não ver o Círio de Nossa Senhora de Nazaré nas ruas de Belém. A cidade se beneficia da energia das pessoas que vivem esse momento de união.

Novembro. Em uma eleição adiada, corremos risco real de ver nossa cidade ser entregue a mais um projeto oportunista e canalha, mas pelo menos disso escapamos. Passei o mês muito empenhado em um antigo e importante projeto pessoal.

Dezembro. Com um grande amigo internado com covid-19, em estado muito grave, vejo os brasileiros apertarem com convicção o botão do foda-se, porque não podem deixar de celebrar suas vidas miseráveis. Aguardando resignado as consequências.

Muita gente aguarda ansiosa pelo fim de 2020. O fato é que, de acordo com as convenções, o ano acabará inelutavelmente, daqui a menos de 14 horas. Mas o que esperar de 2021, se as condições são as mesmas? Vacina. Por ora, esta parece ser a única variável capaz de fazer alguma diferença.

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