sábado, 13 de março de 2021

Segundo lockdown

Há pouco mais de duas horas, saí de casa para comprar pão. Um trajeto pequeno, de cerca de 200 metros. Mesmo assim, precisei me aborrecer com a obstrução de uma calçada pelos frequentadores de um point descolado que inaugurou recentemente. Coisas de Belém: as calçadas são extensão do comércio de um fulano qualquer e todo mundo acha isso perfeitamente natural e desejável. Quem reclama é que está errado. 

Eu poderia passar, mas de modo algum me sujeitaria a chegar tão perto daquele aglomerado de pilantras sem máscara, que não podem abrir mão da cerveja com pagodinho por nada nesse mundo. Em consequência, caminhei pela pista, mesmo, exposto ao trânsito de veículos. Esta é a sina do belenense.

Pela incapacidade do brasileiro, e aqui falando do belenense, em mostrar algum senso de responsabilidade em meio a uma pandemia, estamos do jeito que estamos: acima de duas mil mortes diárias, colapso nos sistemas de saúde em diversos Estados, mais e mais sofrimento. Chegamos, assim, ao resultado óbvio de tanta incúria: o governador do Estado anunciou um novo lockdown em Belém e Região Metropolitana, a partir da meia-noite de amanhã. Postergaram tudo que puderam, mas finalmente aconteceu o inevitável, impelido pela ocupação de 100% dos leitos de UTI.

Ainda não consegui encontrar a informação de quanto tempo a medida perdurará. O lockdown de maio demorou duas semanas. Ainda me recordo bem do desconforto de trafegar por uma cidade militarizada, e ser parado, claro. Eu havia ido fazer compras no supermercado. Fui liberado pelo justo motivo da saída, mas a abordagem em si é extremamente desagradável para mim. Uma cidade sitiada me causa aflição.

Fazer o quê? Vivo em uma sociedade e pago pelas minhas ações tanto quanto pelas dos outros. E com o material humano que temos, é possível que essa restrição de liberdade não seja a última. Nem a penúltima. Nem...

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