segunda-feira, 2 de abril de 2007

Publicidade em Belém do Pará

A propaganda aqui em Belém sempre foi horrorosa, desde os tempos em que inexistia tecnologia para congelar as imagens e os atores tinham que ficar paradinhos, até o diretor cortar. Eu me divertia, quando criança, vendo os pobrezinhos com cara de bobos, sorrisos congelados, posições incômodas, o corpo sempre balançando de levinho.
O tempo passou, a tecnologia chegou e quem tinha que ganhar dinheiro, ganhou. E muito. Portanto, pode investir em publicidade de qualidade. Porém, até onde sei, o melhor cliente das agências de publicidade por estas bandas é o governo — circunstância que parece fazer os envolvidos diretos na questão viverem com os nervos à flor da pele.
Vejam o que ocorreu. Outro dia li a postagem "Plim Plim" do blog 5ª Emenda:

Já chegou nas televisões e rádios paroaras — com plano de mídia em Tucuruí, Marabá e Santarém — o primeiro comercial de tv do novo governo.
No ar a partir de amanhã, vai falar sobre o abastecimento na Semana Santa.
A Griffo assina a peça.

Escrevi o seguinte comentário:

Não querendo baixar o nível do debate, que está em outro plano, só gostaria de dizer uma coisa: vi o filme e ele é, simplesmente, horrível. Estúpido, sem graça e nenhum charme. Como quase tudo que se faz aqui.
Se essas agências querem tanto ganhar dinheiro, por que não aprendem a trabalhar?

Eis a resposta que me deram:

Estúpido e sem graça é o seu comentário, Yúdice. A crítica pode, e deve, ser feita. Mas com respeito e inteligência. Pior: generaliza, quando ofende e desqualifica todas as agências de publicidade daqui.
Lhe garanto que, diferente de você, há quem tenha gostado do comercial. Imagine, então, se eu resolvesse, no mesmo nível, comentar sobre a estupidez, a graça e o charme do professor nas salas de aula?
a) Carlos Alberto Nogueira

Trepliquei nestes termos:

Sr. Carlos Alberto, recomendo-lhe apenas que assista à aula antes; eu, pelo menos, assisti ao filme.
Tudo bem, gosto não se discute. Eu não sou do ramo e o senhor provavelmente é, tanto que defendeu os profissionais da área com nítido acento pessoal.
Sustento, todavia, o comentário. Não vejo nenhum arroubo de criatividade ou inteligência em botar um sujeito pescando e fazendo caretas de surpresa e aprovação à medida que o narrador explica as ações do governo. Trata-se de um recurso já usado milhares de vezes, que não é bonito nem passa qualquer mensagem, já que esta vem do narrador. Por isso, considerei estúpido. Como cidadão, sabe? Pensei ter o direito de dizê-lo. Se não, tudo bem. Não voltarei a comentar sobre essa pauta. Sabemos que publicidade no governo é um tema que deixa as pessoas nervosas. E eu, graças a Deus, não tenho nada a ver com isso.

PS — Fiz um comentário genérico, é verdade. Péssimo hábito (mas não exclusivo meu). Mas eu devo estar errado, como provam aquelas lindas peças publicitárias dos supermercados Yamada ou Líder, com canto, dança e caretas (vai ver que essa é a chave do sucesso), ou então a propaganda da loja não-sei-quê das peças, que mostra uma mulher de biquíni com a narração "lá só não tem essas duas peças". Realmente, um primor de inteligência! Algum desses é obra sua? Se sim, pobre de mim...
Fique convidado a assistir a uma aula minha. E saiba que eu escuto críticas bem mais serenamente do que a maioria das pessoas.

Não entrarei numa guerra santa com publicitários. Além de tempo perdido, não me interesso tanto assim por sua área de atuação. Gosto de ver as sacadas gloriosas que têm, quando as têm, e os elogio por isso. Que seus erros sejam avaliados pelo CONAR e seus negócios, pelos tribunais de contas (ih, também não confio nestes...).
Só deixo a cada um dos leitores desta postagem uma proposta: quando assistir TV, preste muita atenção aos comerciais produzidos aqui. Depois venha me deixar um comentário dizendo o que presta e o que não. Na boa. Só quero saber se eu sou o único chato da cidade.
 

11 comentários:

Anônimo disse...

E aquela última da Natal: são só dois real...Meus Deus!!!
E aquela, do supermercado: moço, onde tem cerveja?...Nossa Senhora!!
Pelo visto vou chamar todos os santos...
Dá-lhe Yúdice. Você está mais-do-que-certo!!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Yúdice, que bom que também sou chata. A cara de espanto do cara só não é pior que a administração atual da cidade. Se as agências não têm idéias criativas, ao menos deveriam contratar profissionais (atores) que prestem para não agredirem tanto nossos olhos e ouvidos.

Um abraço!

Lu.
PS: Carlos Alberto é "sem graça"; falta criatividade para ele.

Anônimo disse...

Yúdice, não vou nem entrar no mérito da questão. Mas, você, quero estar longe dos seus argumentos. Você não mata, esfola. Que prontidão para respostas, valha-me Deus!
Bjs,
Cris Moreno

Yúdice Andrade disse...

Anônimo, você me fez lembrar dois péssimos exemplos. Apesar da triste lembrança, agradeço, pois reforça meus argumentos.
Lu, folgo em saber que tenho outra chata em que me escorar. Você conhece o Carlos Alberto Nogueira? Não sei quem é.
Cris, será que você trabalha com publicidade? Você é da FAZ, não? Espero que tenha entendido a tônica do meu comentário e diga aos seus alunos que, pelo amor de Deus, procurem fazer melhor do que o que temos visto.
Quanto às minhas respostas... Bom, eu sou advogado, né?

Anônimo disse...

Não Yúdice, sou jornalista. É que todos os seus comentários são provocativos e suas respostas mais ainda. Afinal,o diário é seu, não é mesmo? A coisa pega quando falamos nas áreas da comunicação. Mas, faz bem para os olhos, ouvidos e mentes. Todos nós crescemos com isso. Assim como como os advogados, os comunicólogos são ferrenhos em defender a sua categoria, seu trabalho, sua produção,...
A minha observação vai para a forma como você se defende: classe!
Bjs,
Cris Moreno

Anônimo disse...

Yúdice, nunca ouvi falar do cara. Se ele realmente existe, o achei "sem graça" pelo comentário que escreveu. E, pela resposta que deu, parece ser responsável pela tal propaganda nada criativa - na verdade, como diz a gíria, a propaganda é o "ó do borogodó", se é que me entende... srsrsrrs
Um abraço,
Lu.

Anônimo disse...

Yudice, há coisas boas, também, mas vc está certíssimo. Depois, já não se pode mais manifestar opinião sobre nada?
Edyr

Yúdice Andrade disse...

Obrigado pelo apoio, Edyr. Mas que visitante ilustre!
Os demais não fiquem com ciúme, por favor. É que vocês já são amiguinhos.

Carlos Barretto  disse...

Solidariedade tardia, mas verdadeira, a exemplo de seu comentário no Quinta.
Abraços

Anônimo disse...

Vc está pra lá de certo, até pq os profissionais donos de Agência, ganham uma baba dos governos, para veicular essas peças de gosto duvidoso. E põe duvidoso nisso. A Cerpa tem um comercial em q o soutyen de uma das moças (a loura) tem impresso no local do bico dos seiso, a marca da cerveja. Menos, menos,menos, isso é pura apelação. Ficaria de bom tamanho, se todo o soutyen fosse estampado com a marca. Desceria redondo. (rs)

Yúdice Andrade disse...

Valeu, Barretto e anônimo. Solidariedade nunca é tardia.
Aproveitando o ensejo, outro dia vi a propaganda de uma bebida - "Duelo" -, não sei se cachaça ou vinho, mas com certeza algo bem ralé. A propaganda é tétrica, num campinho de futebol. Nem o final faz sentido. Valha-nos quem?