quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Fim de carnaval (?)

Depois de, no ano passado, ser anunciado que o São João seria em casa, o que implica dizer que comidinhas maravilhosas só se você mesmo as cozinhasse, e que haveria clima festivo somente se você se dispusesse a isso, o recado estava dado: enquanto perdurasse a pandemia de SARS-CoV-2, nada de folguedos populares.

É certo que, em junho passado, já havíamos enfrentado uma vez o terror do colapso do sistema de saúde e alguns imaginavam, com otimismo habitual ou com leviana esperança, que as coisas entrariam nos eixos nos meses subsequentes. Ledo engano, claro. Exceto em lugares específicos, como Nova Zelândia, Cuba e até mesmo na China, que colocaram a pandemia mais ou menos sob controle, o mundo segue aterrorizado, com as pujantes economias europeias vivendo em lockdown, com previsão de continuidade até março.

Um enorme alívio surgiu com o advento das vacinas, mas as coisas não andam fáceis mesmo assim. E por aqui, na República Miliciana do Brasil, tudo vai às avessas. No mundo, leve tendência de queda na curva de contágio; no Brasil, tendência de alta ou, no mínimo, de estabilidade dos números, que têm mantido média superior a mil mortes diárias. No mundo, vacinação intensa; no Brasil, vacinação sendo interrompida, por falta de vacinas, e uma sucessão de notícias sobre irregularidades. No mundo, governos com discursos de união e medidas de proteção, ao menos, dos próprios cidadãos; no Brasil, o permanente discurso de ódio, desprezo e negação da ciência, além de reiteradas medidas para destruir o país.

Não surpreende que a grande festa do povo, o carnaval, tenha sido cancelada. Aliás, adiada para junho. Rendeu até uma piada inteligente: se o ano só começa depois do carnaval, então estaremos em 2020 até junho?! Chiste ainda na pegada de que 2020 foi o pior ano já vivido. Pode até ter sido, mas isso não fornece garantia alguma de que 2021 não será ainda pior.

Em suma, não houve os desfiles, praias e outros pontos turísticos foram fechados e a polícia andou embaçando festinhas domésticas clandestinas. De habitual, por estas bandas, só o clima chuvoso desta época. Ontem, por sinal, um dia inteiro de chuva fraca (que eu espero não haver causado muitos transtornos aos moradores de baixadas) e uma temperatura simplesmente deliciosa, que eu queria para a minha vida inteira. Mas hoje, quarta-feira de cinzas, carnaval acabando, o dia está algo nublado, mas o sol já deu as caras e o ar abafado, também. Se festa houve, parece que está mesmo no fim.

De novo e como sempre, realidade voltando.

3 comentários:

Polistyca disse...

Precisamos alta literatura: Kafka, Tcheckov. De educação de alta qualidade. Estilo Alemanha e Helsinki.

Há políticas que são puro populismo e mau gosto enorme em termos culturais e educacionais.

Há de se defender, sobretudo, nossa educação. Alta-cultura nas escolas. Villa-Lobos. Machado de Assis etc.

Educação! Sempre educação!
Mas as escolas estão paradas. EaD (à distância) não ensina nada a ninguém. É igual ao Partido dos Trabalhadores. o PT. Enganação.

Além disso do Corona, há a nossa enganação emotiva diária. Observe:
Com a “Copa das Copas®” do PT® em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis!
E não esquecer. Eis:
Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto impressionante, é ver milhões de homens a servir, miseravelmente curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito grande, hercúlea, mas aparentemente dominados e encantados! apenas pelo nome de um só homem [lula] cujo poder não deveria assustá-los, visto que é um só (lula –, o vigarista apedeuta).

O PT é puro mau gosto enorme. Nivela tudo por baixo. Sobretudo a educação das curuminhas e dos curumins.

“Muito engana-me, que eu compro”.
Em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis.

E o PT®?

Qual o poder constante de sua propaganda ininterrupta?

Eis:
Vive o PT© de clichês publicitários bem elaborados por marqueteiros. Estilo do brilhante e talentoso João o Milionário Santana. Nada espontâneo.

Yúdice Andrade disse...

Olha, eu não compro esse papo de "E o Lula? E o PT?" Nenhum diálogo avança quando o mote é esse. Direi, apenas, que a grande maioria das pessoas concordará com a afirmação de que precisamos de educação para tudo, em especial para a elevação do ser humano, no sentido de capacitá-lo a ser o que puder ser; a realizar suas diretivas de vida; a realizar-se. Digo "a grande maioria" porque, no Brasil de hoje, em que ser idiota virou motivo de orgulho - o tal terraplanismo intelectual, que não foi inventado pelo PT -, muita gente pode discordar de viva voz. Aliás, professor universitário que manteve a d. Madalena sob trabalho escravo por anos, somando com a mãe 38 anos, declarou à polícia que não lhe permitiu estudar porque ela "não se beneficiaria da educação". Pois é. Um professor disse isso. Mas um professor escravizador. Eu, que não sou ninguém, ainda acredito que a educação beneficia todos e qualquer um, em si mesma. Nem precisa procurar explicação.
Mas eu também acredito em uma educação atualizada, prática, popular e inclusiva. Amo literatura, poesia, ópera e quase todo tipo de arte elitizada. Mas jamais diria que um país precisa apenas disso. Foi o que me pareceu do seu discurso. Autores e modelos educacionais europeus (o velho problema do vira-latismo, sempre de joelho à tradição eurocêntrica). Pelo menos citou Machado de Assis, um mulato. Já é alguma coisa. Mas o Machado de Assis (de quem também gosto) tão decantado não alcançou fama por sua etnia, e sim por sua erudição. Eu gosto de erudição. Só não acredito que ela precise colonizar a educação. Quem estufa o peito para dizer que escuta Mozart se esquece de que o grande compositor, sempre lembrado por sua genialidade, era pobre de doer e, como tantos outros músicos de seu tempo, compunha música popular, popularesca (polcas, mazurcas, etc.) em troca de um punhado de moedas para ter o que comer. Essas músicas eram interpretadas em bares fedidos, com um bando de bêbados dançando com mulheres consideradas de má reputação - mais ou menos como qualquer baile sertanejo hoje em dia. Exceto pelo fato de que os frequentadores desses folguedos hoje são a classe média modinha.
Enfim, viva a educação - aquela de verdade, rica e viva, produzida todos os dias pela gente simples, que se soma à indispensável produção dos doutos. Temos espaço para todos. E necessidade, mais ainda.

Polistyca disse...

Ao pensar é preciso expressar aquilo que as faculdades não falam. O "lado obscuro da lua":

Eis aí a pura e profunda realidade sociológica e filosófica:

Com a “Copa das Copas®” do PT®, em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis!
A Copa das Copas®, do PT© e de lula©. Sempre se utiliza de propaganda, narrativas e publicidades sofisticadas e bem feitas para enganar e praticar lavagem-cerebral nos meios de comunicação. Não se desenvolve a imaginação.

E hoje precisamos muito mais de eventos sérios e artísticos. De um Brasil que se perdeu nessa década de 2010 pra cá. Um mau gosto enorme dos políticos que vieram durante esse período. Sempre com um mau gosto imenso. E o país sem escola para novas gerações. Tudo foi por água abaixo -- naturalmente.

Excelentes escolas precisamos! Educação de 1ª. Necessitamos sim de educação como a de Helsinque, Europa, e da Coreia (do sul, naturalmente).
Não precisamos de políticos tricksters. Precisamos de educação de qualidade no Brasil. Sobretudo das crianças pequenas.

O que é trickster? "Trickster" é, na mitologia, e no estudo do folclore e religião, um deus, deusa, espírito, homem, mulher, ou animal antropomórfico que prega peças sem se perceber.

É uma espécie de Malandro®. Um personagem que usa de astúcia, em vez de força ou autoridade, para realizar seus objetivos (escusos).

Aí fiquei pensando nos personagens das historinhas que nos são contadas onde há dentro dessas historinhas essas sabedorias. Lembrei da raposa, com sua malandragem suave e dócil (fingida). E me lembrei do Lobo, de Chapeuzinho Vermelho.

Portanto, deve ser um vigarista, truculento, e picareta. Lembrei imediatamente do Molusco® apedeuta, dos Ministros Petistas sindicalistas e do PT® em geral. Trapaceiros.

O PT© é barango. O Kitsch político contemporâneo.

Precisamos sim de alta cultura. Não de cultura de massas. Indústria cultural (que não é o mesmo que cultura popular). Mire-se em Theodor Adorno.

O pessoal de nossas escolas precisa de Machado de Assis. Villa-Lobos. Drummond. Kafka. Graça Aranha, Aluísio de Azevedo, do Maranhão. Rachel de Queiroz. E das Sinfonias de Mozart -- abstratas e universais instrumentais. Nossas escolas são péssimas.