domingo, 14 de fevereiro de 2021

Uma tarde e tanto

Agora que encontrei um tempo para comentar sobre a experiência inédita que vivi nesta sexta-feira, dia 12. Pela primeira vez tentando ingressar em um programa de doutorado, cheguei à fase final, a entrevista, realizada de modo remoto com quatro outros candidatos. Na imagem abaixo, uma captura de tela, mostrando um momento da atividade, que durou três horas e meia.


Sim, eu sou aquele pontinho no canto superior direito...

Fiquei feliz de ver que todos os projetos apresentados possuíam real vinculação com o projeto de promoção dos direitos humanos, que é uma exigência formal do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Pará (PPGD-UFPA). Afinal, precisamos nos precaver de pesquisas fundadas em preconceitos pessoais e no possível objetivo de usar a academia para legitimar subjetividades excludentes e violentas. Falando em abstrato, naturalmente. Assim, foi sem surpresa que vi propostas realmente comprometidas com o aprimoramento das relações humanas, cada uma em uma seara importante: adolescentes submetidos a medidas socioeducativas, violência contra a mulher, ensino do Direito, racismo institucional no júri e, claro, sistema penitenciário (este, por sinal, o meu projeto). Dos cinco projetos, quatro estavam centrados no tema do racismo.

A banca avaliadora foi composta pelos professores Luanna Tomaz de Souza (orientadora pretendida), Ana Cláudia Bastos de Pinho e Raimundo Wilson Gama Raiol (que se lembrou de eu ter sido orador na minha formatura, lá se vão quase 24 anos!). Ao final da sessão, fiz questão de parabenizar os colegas e de agradecer à banca pela arguição extremamente justa, porque baseada no objetivo de nos proporcionar a oportunidade de defender os projetos de pesquisa, exatamente como deve ser. Todas as perguntas, a todos os concorrentes, eram esclarecimentos sobre as propostas apresentadas (além do óbvio questionamento sobre disponibilidade). Não houve nada que nos surpreendesse ou afligisse, o que também não surpreende, dada a lisura e a competência dos nossos avaliadores. 

O resultado disso é que... eu simplesmente me senti feliz com o debate travado! Claro que não sei qual será o desfecho do processo seletivo. Em tese, tenho 20% de chances de aprovação, como os demais, embora a régua varie um pouco, devido às notas atribuídas nas fases precedentes. O fato é que eu posso ser aprovado ou não. Mas, sem clichê algum, valeu demais a experiência de ter tentado. Trabalhei por um antigo anelo que, por variadas razões, nunca levei adiante e agora o fiz. 

Estou feliz porque trabalhei muito e ofereci um projeto de pesquisa que me agradou de verdade, a ponto de romper a tradição de jamais me sentir satisfeito com nada do que faço. Posso não ter chegado ao suficiente, mas sinto que fiz o melhor que podia neste momento, chegando a convencer a mim mesmo de que estou pronto para assumir essa responsabilidade. Enfim, a missão está cumprida. Ao menos, sinto assim.

No próximo dia 22, vamos ver o resultado.

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