Apesar de eu ter necessidade de contato com a natureza e de apreciar profundamente um ambiente campesino, com árvores, animais e rios, nunca fui particularmente ligado a animais de fazenda. Por isso, não sei explicar a simpatia que sempre tive por vacas de brinquedo. E há um interesse específico: só gosto das vacas holandesas, malhadas de preto (porque elas também podem ter a cor marrom).
O fato é que, ao longo dos anos, comprei algumas vacas de pelúcia, além de outros objetos enfeitados com o mesmo tema. Há quase oito anos, tenho uma pendurada no retrovisor interno do meu carro. É Maria da Penha, minha companheira de viagens. Não, o nome dela não tem nada a ver com a "Lei Maria da Penha". Foi escolhido porque comprei no Beto Carrero World, que fica no Município catarinense de Penha.
Fui montando a minha "fazenda", na esperança de que um dia tivesse uma filha que pudesse usufruir delas. Os anos foram passando e, pouco mais de um mês antes de minha esposa dar à luz, mudamos para a nossa casa, o que resultou no empacotamento de um mundaréu de coisas. O que era necessário saiu das caixas; o que era supérfluo ficou. Veio a tão esperada filha, mas o assunto caiu no esquecimento.
Há poucos dias, Júlia, influenciada por um desenho que é sua atual paixão televisiva (por sinal, o episódio está passando no exato momento em que escrevo estas linhas), decidiu que queria um vaca de brinquedo. Comentou com a tia Jose que me pediria para comprar uma. Então foi surpreendida com a notícia de que não apenas uma, mas algumas vacas já estavam na casa, em algum lugar. Imagine o impacto da notícia!
Como chego em casa tarde, ela já está dormindo. Na manhã seguinte, a pressa em sair para a escola afastou o assunto. Mas quando cheguei para o almoço, a pequena estava tão agitada que queria descer sem roupa para falar comigo. Conseguiram que se vestisse, mas ela me parou no meio da escada, com a mão erguida de um jeito tão ansioso que até me assustou. Disse que tinha algo muito sério a falar comigo...
E como vontades de criança mobilizam forças, eis que a tia Jose se danou a revirar caixas e encontrou aquela onde repousavam quatro reses do meu rebanho. Dali foram direto para o banho, porque estavam quase fatais para uma criança alérgica. Júlia mal conseguia conter a expectativa e tentou nos convencer a deixá-la brincar antes que as pelúcias fossem lavadas, sem sucesso. A espera pelo dia seguinte foi grande, mas agora ela é a fazendeira do papai.
Tivemos uma negociação difícil sobre a propriedade do rebanho: ela queria ser a dona das vacas, mas expliquei que os bichos continuam sendo meus; ela apenas toma conta deles. Até hoje ela ainda tenta ponderar que, se a nomeei fazendeira, as vacas são dela.
No final das contas, o meu pequeno sonho se realizou: ganhei a minha fazendeira e ela é uma apaixonada cuidadora das minhas holandesas. Qualquer hora dessas, aumentaremos a manada.
5 comentários:
Filha de veterinário cresci no meio dos animais, mas eu sempre gostei mesmo das vacas nelores( as holandesas sempre foram muito barulhentas com seu mugido) professor! hahaha
abraços na Júlia, att.
Como as minhas nunca mugiram, acabei não me dando conta dessa peculiaridade, Luiza!
Grande abraço nosso.
Pink Floyd - Atom Heart Mother
Yúdice, não é por nada, não...
Mas se a Júlia já está essa mocinha linda que eu vi aí na foto, você já está ficando velhinho, hein??? Eh...eh...eh...
É, Ana, a minha magricelinha é comprida... 4 anos evaporaram num tapa assombroso!
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