“Me sinto enojado, mais que isso, enquanto homem que tem mãe, irmã e queridas amigas e que sonha com uma sociedade mais igualitária”.
Esta contundente manifestação foi uma das respostas que internautas postaram na página que a Prudence, marca de preservativos, mantém no Facebook. Tudo por causa da publicidade que você vê ao lado, que simula uma tabela de calorias e, a título de brincadeira, dá sugestões para queimar mais energia.
Honestamente, quando vi a publicidade, entendi a proposta engraçadinha. A ideia de tirar a roupa da mulher sem o consentimento dela foi imediatamente percebida pelo meu cérebro como expressão daquela insistenciazinha que você precisa utilizar quando a parceira não está exatamente receptiva e você precisa convencê-la. Mas foi o meu cérebro que entendeu assim e, convenhamos, o meu temperamento não é nada violento.
A maioria dos internautas, contudo, viu na publicidade um estímulo direto ao estupro e o resultado não foi bom para a empresa, que acabou retirando a peça do ar e pedindo desculpas formais a todos. Não se livrará, contudo, de uma investigação pelo Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (CONAR).
Acho engraçado como as pessoas não percebem que o mundo mudou. As pessoas, hoje, são muito, muito suscetíveis, chegando ao nível do insuportável. É de um tolice colossal pensar numa publicidade com um teor desses que, a bem da verdade, tem tudo para ser mal interpretado. A ideia era ser engraçado, mas no final das contas só conseguiram ser tolos e de péssimo gosto.
Sinal dos tempos.
3 comentários:
A publicidade muitas vezes não guarda o menor prurido moral para divulgar ao máximo uma marca. Nesse caso conseguiu propagandear o produto até aqui para os visitantes do Arbítrio. Falem bem ou falem mal, mas falem...
No balanço dos princípios publicitários, a moral e a ética vigentes guardam valores que podem representar um verdadeiro freio à amplitude do marketing - alguns podem chamar de linguagem subliminar.
Concordo com você, amigo. Mas o que ficará marcado para o consumidor desse tipo de produto será mais a marca Prudence, não as imprudências que promove através de sua propaganda.
Grande abraço
Fred
Yúdice, eu, em conversa com amigos, levaria isso na brincadeira.
Mas, para uma propaganda, eu acho que não dá para levar na brincadeira, não.
Estupro é um assunto muito sério, e se a maioria das pessoas teve esse entendimento ao ver a propaganda, precisava mesmo ser retirada e de pedidos de desculpas...
Nesse caso, não vejo como censura...
Verdade, Fred: no final, eles conseguiram mais um pouco de atenção, graças a mim. Mas a julgar pelas manifestações raivosas recebidas, não me parece que haverá incremento nas vendas.
Sem dúvida, Ana, não se trata de censura, mas de autocrítico. A própria empresa o percebeu.
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