domingo, 14 de dezembro de 2008

Representantes das mães da 1º de Março

Todo ano é a mesma coisa. Como parlamentares não exercem uma atividade profissional na política, e sim um mandato — para muitos, é exatamente uma profissão, talvez a única —, não gozam de direitos típicos dos trabalhadores do serviço público ou da iniciativa privada, dentre eles o 13º salário. Por isso, sempre dão um jeito de aprovar um "trabalho" extraordinário (depois de não terem trabalhado o ano inteiro), a fim de ganhar esse reforço de caixa.
O engraçado é que, p. ex., eu não ganho adicional de insalubridade. Normal, o meu trabalho não é insalubre. Na faculdade em que leciono, nem todos ganham adicional noturno. Claro, só os que trabalham após as 22 horas podem recebê-lo. Ninguém jamais pediu para receber adicional noturno sem trabalhar à noite. Trata-se de aplicar a lei como ela é. O que nos diferencia dos senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores — cujas funções não têm, por lei, direito a 13º salário; aliás, eles auferem subsídios e não salários — é que eles podem legislar em causa própria. Não me assustarei se, amanhã, alguém propuser equiparação à remuneração dos magistrados, sempre que o parlamentar estiver atuando em uma CPI, que bem a propósito é um arremedo de função investigatória e judicante.
Na contramão dos parlamentos que deliberaram pela ausência de pagamento das convocações extraordinárias, a Câmara Municipal de Belém engendrou o mau feito. A vereadora Marinor Brito esperneou. Botou a boca no trombone, chamando a atenção da sociedade. Podem me criticar, mas o fato é que somente uma vereadora de esquerda faria algo assim. A ira santa da vereadora, em prol da moralidade administrativa, ganhou a imprensa. O jornalista Guilherme Augusto, em sua coluna no Diário do Pará de hoje, noticia que foi só Marinor dar um pulinho no aeroporto, para receber o delegado Protógenes Queiroz (que veio a Belém para evento contra a corrupção, organizado pelo senador José Nery, também do PSol), algum f#3$0&*# (gracias, turma da Mônica) pediu inversão de pauta, colocou o assunto de interesse próprio na frente dos demais e ele foi rapidamente aprovado. Coisa de delinquente, mesmo.
E ninguém disse uma só palavra quanto a mais esse assalto que o contribuinte vai suportar. Se estamos execrando a bandidagem e querendo o seu extermínio, é melhor acabar com todos os bandidos por que, como bem sabemos, uma categoria ajuda a fomentar a outra.

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