sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Se não presta, copiam

A coluna Repórter 70 de hoje noticia que a bandidagem que grassa no Estado tem sido glorificada nas festas de aparelhagem, uma das marcas registradas da cidade (fazer o quê?...). Segundo a coluna, é crescente a relação entre tais eventos e a apologia de crime, citando uma gangue chamada "Galera do Aurá", que já teria "música" em sua homenagem.
Nada além de uma cópia dos batidões do funk carioca, que homenageia o crime organizado, notadamente o narcotráfico. Mais uma vez, o culto ao que não presta é copiado nestas paragens. Não me surpreende. Se aqui os mano anda de gorro de lã enfiado na cabeça para ficar parecido com os marginais cariocas, nada mais natural que as principais festas no nível popularesco também ganhassem essa nova e deplorável feição. A cópia, contudo, é pior do que o original. A uma, pelo simples fato de ser uma cópia desmotivada, o que ressalta a mediocridade. A duas e mais importante, porque os funkeiros cariocas estão homenageando as pessoas que concretamente lhes dão algum tipo de assistência ou proteção na favela (digo, na comunidade), ao passo que, aqui, a honraria é gratuita, baseada única e exclusivamente no desejo de escandalizar.
Valeu para a banda Planet Hemp, valeu para os batidões do funk (foram proibidos, inclusive mediante censura nas rádios), então vale em Belém do Pará também: apologia de crime ou criminoso é crime, segundo o art. 287 do Código Penal, com pena cominada em 3 a 6 meses de detenção, ou multa. A polícia pode e deve reprimir. Simples assim.
O mais chato disso é que se cria uma imagem de que as pessoas pobres, que buscam nesse tipo de festa uma diversão acessível ao seu bolso, aprovam e têm interesse no crime, criando uma injusta e terrível relação entre ser pobre e ser bandido. Alimenta-se, assim, o ódio entre as classes sociais. Pior é pensar que o setor prejudicado nessa avaliação, à míngua de outros meios de se destacar socialmente, ainda fomentará e adorará a imagem. Parece um redemoinho na água: um caos onde você só é puxado para baixo.
Os promotores das festas de aparelhagem e os donos das mesmas poderiam colaborar e iniciar espontaneamente uma campanha pelo fim desse tipo de apologia. Antes de mais nada, seria bom para eles.

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