Conforme adiantei aqui, dia desses, hoje foi o dia em que uma prima, que passou os últimos 13 anos morando na casa de minha mãe, partiu para Manaus, a fim de tentar a vida por lá. Nossa latinidade e sobretudo as nossas características familiares tornaram o momento mais complicado do que deveria ser. Apesar de usualmente não demonstrar maiores emoções, Tércia hoje estava sob a pressão do fato em si, das incertezas quanto ao futuro e dos sentimentos alheios sobre ela. Foi digna e humana na hora de partir.
Júlia já assimilou racionalmente o fato há algum tempo. No ano passado, uma de suas colegas favoritas de escola se mudou (por sinal para a mesma cidade) e o mundo veio abaixo. Foi a primeira perda que ela sofreu em sua curta vida e tivemos que lhe dar uma série de explicações. Desta vez o processo foi gradativo e mais suave. Contudo, fiquei vivamente impressionado de saber que ela tomou a iniciativa de dar para Tércia, ontem à noite, um de seus bichinhos de pelúcia favoritos, "para dormir com ela e ela se lembrar de mim". A tocante espontaneidade das crianças.
Mas é claro que minha grande preocupação é com minha mãe, uma septuagenária com problemas superlativos de apego e, mais do que isso, uma aversão a mudanças que a faz agir contra decisões tomadas com toda a boa fé, se isso implicar em deixá-la um pouquinho mais distante de alguém, não importa o quanto essa mudança possa ser boa para quem se move. Um caso grave, sem dúvida, mas o fato é que hoje ela perdeu a pessoa que mais lhe fazia companhia dentro de casa. A reunião de saudade, características pessoais exageradas e mudanças decorrentes do envelhecimento me preocupa demais. Sim, eu me refiro a depressão. Eu e meu irmão já estamos há algum tempo tentando convencê-la a mudar alguns hábitos, em favor de si mesma, tornando-se mais ativa e sociável, mas mudar uma mentalidade de vida inteira é muito, muito difícil.
Enfim, desejo à prima Tércia que encontre em Manaus o que foi procurar, porque ela merece encontrar o seu lugar no mundo, realizar uns sonhos e ser feliz. Que Deus a abençoe. É o que temos para hoje.
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