quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Criminosa insanidade

Não faz a menor diferença, para o que vou dizer, em que circunstâncias se deu a morte de um adolescente, em Viseu, provocada por um policial militar. O fato é: depredar prédios e veículos públicos, ligados ao sistema de segurança pública, é prova inequívoca da mais absoluta insanidade e burrice. Felizmente, consta que não foi a população como um todo a (ir)responsável pela sandice, mas a população assistiu inerte enquanto um grupo de malfeitores da pior estirpe — pois menos do que isso não se pode dizer — destruía e incendiava a delegacia e o fórum, soltavam presos, aniquilavam os processos e até saqueavam a casa do juiz. Que beleza!
Agora os indivíduos que estavam na carceragem da delegacia se encontram soltos. Era isso que Viseu queria? A bandidagem na rua? E quem tinha processos tramitando na comarca, como fica? E os prejuízos às eleições? Quanta civilidade!
Enquanto isso, a sorte do juiz César Augusto Rodrigues era não haver um pit bull do outro lado do muro que ele pulou, para fugir de casa e das hostilidades.
E o Pará volta aos noticiários nacionais. Vale lembrar que conflitos do gênero não são novidade neste Estado. E todos têm um ponto em comum: a associação de criminosos da maior periculosidade para tirar proveito de algum pretexto e jogar toda a comunidade numa situação de grande risco. No final, beneficiados pelas imprecisões dos crimes multitudinários, é provável que ninguém seja punido.
Repugnante.

3 comentários:

Sergio Lopes disse...

amigo , comungo do seu pensamento. No entanto, como pode uma cidade por menor que seja, ser policiada por 04 PMs e dois investigadores. Esse era o contingente de segurança no momento em que a turba se manifestou, destruindo prédios públicos e saqueando a casa do Magistrado. Qual a garantia que tem o juiz , o promotor, o defensor para o exercício independente de suas funções. Após tal evento, o Estado mandou para a Viseu 70 policias do batalhão de Choque, ou seja " depois da porta arrombada , botam a tranca" , realmente o Pará é terra de direitos, conforme indica o mote do Governo Estadual. Por dever de ofício, e solictação superior, hoje estou me dirigindo ao local do evento criminoso, averiguaa os males que a turba causou ao Judiciário Estadual e aos jurisidcionados da localidade. Espero me defrontar com o caos e a pilheria, como já ocorreu em Salinas e Baião. Infelizmente tal atitude esta virando moda. Na volta prometo vir a seu blog lhe relatar a situação atual da Comarca.

Gabriel Parente disse...

Já pensou, professor, se o batalhão de choque disparasse uns tirinhos (mesmo que fossem de borracha)? Aí sim a população se sentiria corrompida e teria seus direitos violados pela barbárie da polícia - que diga-se de passagem, não é flor que se cheire. O povo clama por segurança e solta bandido. É triste.

Yúdice Andrade disse...

Caríssimo Sérgio, espero contar com suas informações. De fato, dou-lhe toda a razão: o problema é infra-estrutural. Exige-se que os poderes constituídos funcionem, sem que se lhes oportunize o mínimo necessário para tanto. Aliás, o que mais me preocupa após esse episódio detestável, é que a bandidagem, depois de ter sido lembrada pela imprensa de que as comarcas do interior não têm infra-estrutura, decida programar ações semelhantes em outros lugares.
É um risco, não? Sabemos quem ganharia com isso. Deus não permita.

Situações assim, Gabriel, põem o sistema de segurança em xeque. Realmente, a polícia de choque poderia intervir (se houvesse, no local) mas, considerando que o alegado estopim foi uma ação policial, não me surpreenderia nada se os policiais assistissem a tudo calados, para não botar água na fervura. É o que podemos chamar de "efeito Eldorado do Carajás": o policial não age, receoso do que pode sobrar para ele depois. Afinal, queimar o militar que estava na ação é a maneira mais fácil de o governo dizer que agiu energicamente e, com isso, tentar apaziguar os ânimos.
Deste meu comentário, contudo, logicamente mão se extrai nenhuma negação ao que disseste: boa parte da polícia torna justo o montante das críticas que fazem à instituição.