Obter uma graduação de nível superior é fácil. Antigamente, difícil era passar no vestibular mas, uma vez na universidade, qualquer um seria capaz de graduar-se, a menos que tivesse déficit de inteligência passível de classificação médica. Hoje, a maior dificuldade é pagar a mensalidade.
Engana-se quem pensa que esta é a opinião de um professor. Como acadêmico de Direito, eu já pensava exatamente desta forma. Isto porque eu não me sentia verdadeiramente exigido por meus professores. Salvo raras e honrosas exceções, era tudo muito largado, conteudista, sem um planejamento claro. Rigoroso era o professor que passava muitos trabalhos (mesmo que não servissem para nada além de nos dar uma canseira) ou que corrigia as provas de modo inflexível, como expressão de autoridade catedrática. Mas se você mantivesse uma rotina razoável de estudos e cumprisse prazos, passava. Simples assim.
Hoje, como professor, continuo achando que fazer um curso universitário é simples, muito ao contrário do que dizem os acadêmicos. Eles se queixam, clamam os céus, esbravejam, mas isso só acontece com quem acumula tarefas, posterga responsabilidades ou desafia sumariamente as regras institucionais. Pintam um cenário demoníaco, que não é nada além de dramalhão. E hoje, claro, o mundo está diferente de minha época de estudante, cheio de novos apelos e com o corpo discente de perfil severamente modificado, nem sempre para melhor.
Tenho consciência, porém, que o embate entre os professores e seus alunos não terminará jamais. É quase um charme da civilização. Uma luta sem sentido e desnecessária, porém inevitável.
O custo disso é que o trabalho aumenta inutilmente. Sempre repito que, se as pessoas cumprissem minimamente as suas obrigações, tudo seria mais simples para todos. Sem ter que passar prova de 2ª chamada (para citar o exemplo mais corriqueiro), teríamos mais tempo para dar atenção às provas finais, com aulas de reforço, exercícios, etc. Sem as reprovações por falta, não perderíamos tempo com requerimentos inconvenientes, que roubam a nossa concentração de objetivos melhores. Mas nunca muda: quando você pensa que tem três coisas para fazer, existem outras seis pendentes, que lhe foram empurradas pelos descontentes ou penitentes. Ossos do ofício. O mundo não vai mudar nesse aspecto.
Então vamos adiante, de percalço em percalço. Até o próximo final de semana espero estar livre para cuidar exclusivamente das bancas de avaliação das monografias.
5 comentários:
Concordo, mas existem situações, como na UFPA, em que os profs. geralmente "esquecem" de passsar as 3 avaliações obrigatórias ao longo do semestre, concentrando tudo no último mês. Imagine o desespero do pessoal ao ter que realizar em média 2 avaliações (trabalhos e/ou provas)de cada disciplina num único mês... Mas também não é coisa do outro mundo. Se você estudou direitinho, não deixou acumular matéria etc., basta fazer uma revisão e pronto. O problema é realmente o cansaço.
Quando ocorrerão as defesas das monografias?
Isso é um problema sério, Victor. E, devo dizer, um problema também de falta de seriedade, já que constitui violação às regras institucionais. Se ao menos fosse algo negociado com os alunos por alguma razão plausível e esclarecida, vá lá. Mas se não for o caso...
Bom mesmo era no meu tempo, quando podíamos passar direto. A terceira prova era só mesmo para quem precisava. Ainda considero um sistema melhor.
As defesas de monografia começarão na próxima semana.
Fico assustada quando vejo as manifestações dos universitários no Facebook e Twitter. Parece que a faculdade é um bicho de sete cabeças e todos nós sabemos que não é. Só vejo as seguintes possibilidades:
1)As pessoas emburreceram (pouco provável);
2) A universidade ficou mais difícil (tenho certeza que não);
3) Os alunos querem fazer drama e aparecer (hipótese mais coerente).
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