Há poucos anos, se eu desse algum aviso importante para os meus alunos através de e-mail ou de alguma outra forma de comunicação eletrônica, os alunos que dele não tomavam conhecimento (às vezes por pura desídia) queixavam-se, porque minha obrigação seria avisar em sala de aula. Por causa disso, quanto elaborei o contrato acadêmico para a minha disciplina, deixei claro que comunicações eletrônicas deveriam ser tomadas como meio oficial de comunicação, vedando a alegação de ignorância.
Ontem, reuni duas turmas para aplicar prova, como forma de dar mais tempo para todos. Preocupado com a ausência de alguns alunos, perguntei a respeito e me disseram que talvez alguns não soubessem que a prova começaria mais cedo. "Como não?", questionei. "Falei várias vezes em sala."
Como se não bastasse eu ter falado várias vezes em sala, eu sempre faço isso. Já é o segundo semestre que essas turmas estão comigo e ontem foi a segunda avaliação. Logo, não se podia suscitar surpresa. Mesmo assim, um aluno me perguntou: "O senhor colocou no Aluno Online?"
Virei para o monitor e desabafei: "Que mundo é este em que as comunicações feitas em sala de aula agora não valem mais?!"
Deixo claro que houve apenas uma conversa minha com um único aluno, de modo que o suposto desconhecimento sobre o horário da prova é apenas especulação. Uso o episódio para ilustrar um sintoma de como as coisas mudaram nos últimos anos. Com efeito, os jovens se tornaram tão dependentes do mundo virtual que, por vezes, perdem até o senso de realidade.
Para mim, a tecnologia é apenas o complemento do mundo real, humano, concreto. Ignorar isso é perigoso.
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