Dou razão ao jornalista Paulo Bemerguy, que em seu blog critica a atitude do prefeito-desastre de Belém: para se antecipar aos questionamentos judiciais ao projeto do sistema de ônibus rápido (BRT), que pretende implantar mediante uma nebulosa licitação ainda em fase inicial, trata de iniciar as obras. Sabe como é: a Justiça é lenta, mas a sandice desse homem não. Enquanto se discutem tecnicalidades jurídicas, o homem já botou máquinas no Entroncamento para a construção de dois elevados.
Em uma reportagem que troca a mordacidade dos últimos tempos por um tom de suave porém perceptível apoio ao prefeito (por que será?), o Diário do Pará destaca a alegada utilidade da obra, recorrendo até ao depoimento de populares. Destaca também a alegação do nefasto, de que a obra do BRT, inteira, está prevista para 18 meses, mas a prefeitura pretende terminar tudo antes. Palavra de quem levou dois anos para estreitar o canteiro da Duque de Caxias, asfaltar e sinalizar a via. E levou um tempo maior ainda para fazer a urbanização da Marquês de Herval. Sem falar no ícone maior dessa gestão estúpida, o Pórrrrrrrrrtico Metrópole e sua trajetória vergonhosa, tanto para a obra começar, quanto para ser concluída e, logo em seguida, para ocorrer a pane de elevador, sem data de solução.
Mas temos que nos perguntar: os dois elevados podem mesmo ser construídos, de acordo com o projeto da prefeitura, considerando que estarão no entorno do Memorial da Cabanagem, que é um bem tombado e portanto protegido pela legislação urbanística?
Outra: o tal projeto, que ninguém conhece, será útil à cidade mesmo na eventualidade de o projeto do BRT não sair do papel? Ou estamos diante de uma obra que, sem o BRT, se tornará mais um elefante branco a desperdiçar dinheiro público?
Ninguém mais do que o próprio prefeito-desastre sabe o mal que já causou a esta cidade. Sem um candidato promissor a sua sucessão (o que o fez buscar Almir Gabriel e seu ego imenso), ele tem necessidade de uma obra vultosa para tapear, mais uma vez, a população, alegando que o suposto sucesso de sua gestão deve continuar nas mãos do sucessor que ele apoiar. Sem esquecer que obras milionárias são a grande alegria dos gestores públicos.
Enfim, estou cansado de me sentir enojado com o abuso e a insanidade que se instalaram em Belém.
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