Dito isto, destaco que não vejo novela alguma há anos, salvo Cordel encantado, que foi um capítulo à parte. Assim, nada sei sobre Fina estampa exceto o que vejo nas chamadas televisivas ou nas manchetes dos portais de notícias, sobretudo no G1. Pelo que tenho visto, fica-me a impressão de que não acontece nada ali, exceto uma sucessão de picuinhas infantis entre as duas protagonistas. Volta e meia, porém, a Tereza Cristina de Cristiane Torloni apimenta o clima com um crime. O da vez foi colocar uma cobra no interior de um automóvel, na expectativa de que o animal atacasse a matasse uma moça, filha de sua rival. Aí chegamos ao ponto sobre que gostaria de comentar.
Se tem uma coisa que me irrita profundamente num programa ou filme são falhas de roteiro. Não me recordo quem foi, mas alguém do ramo disse, certa vez, que até numa estória de fantasia você precisa ser coerente, senão a coisa vira esculhambação. E é aí que Aguinaldo Silva (ultimamente mais empenhado em agredir a todos a sua volta do que em escrever um bom entretenimento) derrapa fragorosamente, ao fazer Tereza Cristina pedir uma cobra grande e venenosa. O resultado? O capanga trouxe uma jiboia.
Imagem da novela, obtida aqui. Isto é uma jiboia, não é? |
Hoje em dia, qualquer criança sabe procurar informações na Wikipedia. Presumo que um teledramaturgo também conheça esse expediente. Pois bem, a Wikipedia afirma, sobre a jiboia: "Animal muito dócil, apesar de ter fama de animal perigoso, não é peçonhenta e não consegue comer animais de grande porte, sendo inofensiva".
Até compreendo que o uso da jiboia na gravação tenha a ver com maior facilidade de acesso ao espécime e com a segurança dos envolvidos. Mas o resultado é o escárnio por parte de quem conhece um pouco sobre a vida selvagem. Uma pessoa me disse, hoje, em tom de queixa, que esses autores subestimam a inteligência do público. Subestimam, mesmo. E não enganam.
Ficou feio para a novela do horário nobre. Autor e diretor jamais deveriam expor-se a um papelão desses, que compromete o bom nível de qualidade das produções televisivas brasileiras. Pena.
6 comentários:
Eu não sei não, mas tanto o autor da novela, quanto a atriz que faz a Teresa Cristina parecem conhecer apenas a cobra de um olho só, por isso, poderiam justificar o erro.
Yúdice, eu não gosto, mas não gosto meeeeeeeeeesmo de novelas.
Sou uma pessoas ansiosa demais para ficar 1 ano acompanhando uma história.
Enjoo logo, acho-nas simplesmente chatas por serem muito longas...
Mas, nada contra, meu marido é um noveleiro assumido e e assiste a todas.
Eu, há pelo menos uns 25 anos, não assisto a nenhuma. A última que vi foi "Roque Santeiro", que por sinal eu adorava, na década de 80, não lembro o ano e que agora que está sendo reprisada no "Viva", tentei assistir, mas não desceu...
Confesso que isso me passaria despercebido, mas foi a primeira coisa que o Eduardo falou. "Uma jibóia?!? Ah, não, desliga!".
Para mim, cobra é cobra (jamais saberia especificar uma jibóia) e eu morreria de um ataque cardíaco fulminante, caso encontrasse uma no meu carro, mas, realmente, fica feio, depois que se sabe.
A novela é ruim mesmo. Li em algum portal desses que o GRANDE segredo da Tereza Cristina é ser filha da faxineira. Espero francamente que seja blefe, porque não posso aceitar que alguém mate por conta desse "segredo terrível". Aceitar ser chantageada por dinheiro, até vá lá, é plausível, mas matar duas pessoas?
A "mocinha" também, com todo seu ideal de "justiça, lealdade e honestidade", que supostamente só quer viver em paz, comprar uma casa na frente de uma louca varrida (até onde eles sabem)? Não faz sentido.
Ultimamente, só acompanho "A Vida da Gente". Yúdice, que novela linda! Estou encantada de verdade!
É o tipo de história que eu gosto: sem vilões, sem fatos mirabolantes, conflitos éticos que poderiam acontecer com qualquer um.
O que tem de mais esdrúxulo é a Ana se recuperar tão bem de um estado de coma prolongado, mas todos na novela deixam bem claro que isso é uma espécie de milagre. E todos nós conhecemos algum caso de recuperação surpreendente.
Apesar da tua propaganda, Cordel não me cativou, a ponto de eu tentar assisti-la em outro horário. Mas fiz uma assinatura no globo.com para acompanhar essa história que bem podia mesmo ser a vida da gente!
onde fica o botão de curti do blog?
kkkkkk
Relaxa Yudice, vindo dali, Novela é a coisa mais real que eles podem produzir, agora tu imagina as noticias dos jornais como são, semana passada quase infartei quando vi o Sr. Willian Wack concluindo que pra acabar com a inflação o povo tem que parar de consumir e ganhar menos, porque como o salario minimo subiu todo mundo quer gastar e comprar.
Ué... ganha-se dinheiro pra q? Pra colocar debaixo do colchão? quem nunca teve nada não tem o direito a comprar geladeira, celular, tv nova, reformar acasa?
Na mesma hora desliguei, essas e outras que os médicos avisam, assistir Globo tarde da noite é péssimo pra inteligência e o coração.
Não deve ter sido esse o motivo, das 21h11, mas é uma teoria interessante.
Mas o motivo que apresentas faz sentido para mim, Ana: não gostas de novelas porque te incomoda esperar pelo desfecho. Não se trata dos argumentos pseudocientíficos que os intelectuais de orelha de livro suscitam habitualmente.
Já eu curto essa expectativa!
Eu também não sei identificar cobras, Luiza, mas pensei numa jiboia justamente porque, sendo dóceis, são sempre elas que aparecem nos programas de TV. Por isso procurei imagens no Google e confirmei minha suspeita. Sem dúvida, porém, que é um bicho que assusta.
Quanto a "A vida da gente", novela que me deprimiu por substituir "Cordel encantado", mas que tem encantado muita gente, pelo que tenho visto, não vejo. Mas reclamei quando a personagem saiu do coma sem sequelas, quando deveria apresentar prejuízos à função locomotora. Mas admito que sou muito preciosista...
Das 21h28, essa foi de lascar. Desde que o mundo é mundo, que eu saiba, o progresso econômico dos povos dependeu da circulação das riquezas e isso só ocorre se as pessoas consumirem. Claro que existe a lei da oferta e da procura e, quanto maior o consumo, maiores os preços. Mas a solução não pode ser não comprar. Basta lembrar o desespero dos americanos quando a crise eclodiu. O governo pedia pelo amor de Deus que as pessoas consumissem.
Triste que um jornalista experiente se preste a uma bobagem dessas.
Acho que a última novela que assisti foi Cavalo de Aço.
O problema dos folhetins atuais parece ser o artista mais à evidência que o tema que querem suscitar.
Atores da Globo parecem sofrer de "eutismo". Colocar Lilia Cabral ou Cristiane Troloni como sex symbol é ultrapassar a fronteira da Estrela da Morte de Guerra nas Estrelas. Os Perdidos no Espaço iriam achar que é herança do nosso maior delírio, Dercy Gonçalves, nossa sex symbol "maracujá-de-gaveta-com-boca-suja" (sempre foi). Godzila é meu herói.
Então já deu para perceber que eu também não gosto de novelas. Não me dizem nada. Uma jiboia com veneno talvez seja o que de mais interessante se tenha para comentar. Num me ralha, tá?
Postar um comentário