Muito dinheiro no bolso e pouca coisa na cabeça leva as pessoas a delírios de grandeza. Nos últimos anos, temos visto uma curiosa disputa pelo edifício mais alto do mundo. Nem bem anunciam um, em outro país aparece outro maior ainda.
Já nos acostumamos aos desvarios de Dubai e outros árabes, turbinados pelos petrodólares, que a todo momento anunciam alguma coisa grande, inédita ou mais sofisticada do que qualquer congênere no mundo. Mas o que se pode dizer de pessoas que mandam construir artesanalmente automóveis cobertos de ouro, ao mesmo tempo que mandam para a cadeia marido e mulher estrangeiros, que trocaram um selinho em um restaurante?
Já que se trata de uma disputa por poder, a China tinha que estar no páreo. Aquele país tem anunciado uma série de construções portentosas, algumas compreensíveis (como pontes gigantescas), outras altamente questionáveis, como o maior edifício do mundo em desenho horizontal (a velha e claustrofóbica proposta de viver, trabalhar e fazer tudo no mesmo lugar). Na jogada, os Tigres Asiáticos também dão lances audaciosos. Confesso, porém, a minha surpresa em saber que o Azerbeijão decidiu entrar no páreo, lançando o que deve se tornar o maior prédio do mundo, muito mais alto do que o atual detentor do título, o chinês Sky City One. Um arranha-céu com mais de um quilômetro de altura.
A Azerbaijan Tower deve ser o ápice de um complexo imobiliário com dezenas de edifícios e áreas de lazer, edificado sobre ilhas artificiais a um custo equivalente a 100 bilhões de reais. O início da obra está previsto para 2016 e em apenas três anos deve ser entregue o prédio famoso. O complexo todo deve ser concluído em 2022, ou seja, em apenas 6 anos. Enquanto isso, no Brasil, as obras da copa do mundo não andam. Em Belém, o estreitamento de um canteiro de avenida demora dois anos e um pórtico sobre uma rodovia, quase sete.
O que me impressionou foi desconhecer (tudo bem que seja pura ignorância minha) que a República do Azerbaijão, outrora uma das Repúblicas Socialistas Soviéticas, possuía bala na agulha para um empreendimento tão megalomaníaco. Mas o Google acabou de me informar que por lá existem generosas jazidas de petróleo, cobre e ferro. Aí comecei a entender. A verdade é que o pais, com seus quase 10 milhões de habitantes, possui IDH elevado e 99,5% dos cidadãos são alfabetizados. O PIB e a renda per capita também são confortáveis.
Então tá. Como bem sabemos, dinheiro existe. O problema é quem toma conta dele...
2 comentários:
Um detalhe: o nome das ilhas artificiais fazem referência aos cazares, povo de origem turca daquela região e que se converteu ao judaísmo no primeiro milênio. Houve até quem dissesse que os judeus da Europa Oriental descendessem deles...
Grato pelo detalhe, Caio.
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