O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil divulgou hoje o resultado da primeira fase do IX Exame de Ordem Unificado. Este é o resultado após o julgamento dos recursos e a anulação de três questões.
Pessoalmente, considero um absurdo que sempre haja tantas anulações. É raro, mas já elaborei provas objetivas umas tantas vezes e não tive problema algum na grande maioria dos casos. Os alunos podem até questionar resultados, mas erros crassos que forcem uma anulação, quase nunca aconteceu. Ressalte-se que faço todo esse trabalho sozinho.
No caso da OAB, há tantas pessoas envolvidas que o mínimo que se pode exigir é que as questões mandadas por cada professor não contenham erro algum. Os elaboradores deveriam revisar o seu trabalho para garantir que não houvesse problemas. Posteriormente, na hora de montar a prova, uma comissão criteriosa faria a necessária revisão, para que o documento final estivesse impecável. Tenho convicção de que isso é possível e nem tão difícil assim. Além do mais, é uma exigência, considerando o tamanho da responsabilidade.
Mesmo assim, em todas as edições, sem exceção, há sempre um sem número de questionamentos e umas tantas anulações. Muito, muito feio, porque sugere amadorismo e incapacidade de aprender com os próprios erros.
E com tudo isso, no final das contas quem mais merece um puxão de orelha são os candidatos: o índice de aprovação foi de irrisórios 16,67%! Como são dados do Conselho Federal, referem-se a todo o país. Menos de 17% de aprovados em todo o Brasil! É realmente constrangedor e força uma grande e séria reflexão. Espero que uma reflexão de todos: candidatos e instituições de ensino, mas acima de tudo da própria OAB, que ainda não conseguiu convencer a sociedade da importância desse filtro, do qual eu, lembro mais uma vez, que sou totalmente a favor. E nem, mais especificamente, de que realiza essa tarefa da melhor forma que poderia.
Fonte: http://www.oab.org.br/noticia/25033/ix-exame-oab-registra-16-67-de-aprovacao-na-prova-objetiva
3 comentários:
Acho essroblema de reprovação bastante complexo, devendo suas causas serem buscas desde o ensino primário ate a dita universidade.
Sua observação é pertinente, das 14h46, mas poderia ser aplicada a qualquer processo avaliativo. No caso específico do exame de Ordem, sou inclinado a acreditar que existem problemas sérios de concepção. Reza a lenda que, como retaliação pelo fato de o MEC ter determinado que os pareceres da OAB sobre novos cursos de direito seriam meramente indicativos, nunca vinculativos, o exame de ordem seria uma forma de segurar, após a formatura, aquela massa de candidatos à carreira cujo ingresso na universidade a OAB não pode filtrar.
Acredito que isso tenha ocorrido, mas o tempo passou e o modo de avaliar também. Contudo, surgem outros problemas. Por exemplo: o MEC exige que, para justificar o surgimento de novos cursos, os projetos indiquem a relevância dos mesmos para a sociedade local, já que cada região tem suas peculiaridades. Anos depois, na hora de avaliar o egresso, a OAB troca a relevância social pela homogeneização, pelo saber pasteurizado, que não leva em conta as diferentes visões de mundo.
Citemos um caso emblemático: a criação de novos Estados. Você se recorda como gente de todo o país se manifestava na Internet, com ódio absoluto? Brasileiros do Centro-Sul não queriam a redivisão para não aumentar a quantidade de representantes nortistas no Congresso Nacional e, assim, equilibrar um pouco mais as forças ali operantes. Aí surgiram um monte de acadêmicos paulistas dissertando sobre direito constitucional na perspectiva do Estado que comanda o país e age como um patrão bem capitalista.
Mas na hora da prova, a OAB só quer um ponto de vista e, certamente, a do Centro-Sul, até porque a prova é elaborada lá.
Em suma, continuo defendendo o exame de Ordem em si, mas sendo contrário ao modo de sua realização.
Primo.
Confesso que ainda não tenho opinião suficientemente formada com relação ao Exame.
Ainda assim me atrevo a fazer as minhas ponderações.
É consenso que as faculdades de Direito, em sua maioria, tem se tornado, como lógica do próprio mercado, um financiamento de diploma que faculta ao comprador adquirir seu diploma em 60 vezes ou mais.
A pausterização do ensino, principalmente em Universidade que transcendem uma determinada localidade torna isso mais visível. O Ensino é padrão, a prova é modelo e assim se soterra a possibilidade de regionalização do saber.
Como aluno, tive, infelizmente, poucos, mas inesquecíveis mestres que me ensinaram a pensar ao longo, a criticar e olhar tudo sob a paerpesctiva além do mero compêndio normativo.
E posso dizer, sem a menor dúvida, que foram estes que moldaram boa parte da minha característica profissional.
Então é por esta razão que vejo o Exame da OAB como algo, em muitos casos, até cruel, pois mesmo que muitos alunos tenham se dedicado ao longo da sua faculdade, irá penar para passar, pois terá que corrigir uma deficiência que a faculdade teve ao não exigir, quando deveria, um preparo maior.
Grande Abraço Primo.
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