Neste momento está acontecendo a cerimônia de inauguração do quarto shopping center da cidade, e primeiro horizontal (com seu estacionamento ao ar livre, nada simpático ao nosso clima), o Parque Shopping. É o segundo empreendimento da Alliansce, que já mantém o Boulevard. Com isso, ela passa a titularizar os dois shoppings mais novos, mais bonitos e de mais alto nível de Belém.
Para assegurar a data de hoje, que foi amplamente explorada em sua publicidade, o empreendimento será inaugurado tal qual uma obra pública, ou seja, incompleto. O próprio site noticia que 70% das lojas já estarão abertas. Contudo, a conta não fecha. Se serão 200 lojas, e apenas 124 vão abrir hoje, isso dá 62%. A matemática também está mais para discurso de politico. As salas de cinema, que graças a Deus serão exploradas pelo Cinépolis e não pelo Moviecom, não têm data para abrir. Lembremos que, no Boulevard, o atraso foi absurdo.
Passei pela frente ontem, a caminho do supermercado, e os serviços pareciam atrasados. Ainda estavam instalando as grades externas, finalizando o letreiro e depositando as placas de grama. Isso nos leva a especular sobre como estarão as coisas por dentro. Se pedaços do forro não caírem, já ajuda.
Os empreendedores juram que fizeram uma prospecção de mercado e detectaram uma "demanda reprimida" na região, que hoje é a de maior expansão imobiliária em Belém. O tempo dirá. Pergunto-me o que acontecerá com o Castanheira, shopping mais discriminado da cidade. Afetado em seu entorno quase imediato, pode perder ainda mais público, o que me leva a pensar na oportunidade que ele perdeu de se consolidar no mercado, já que há anos e anos desenvolve um plano de expansão que não acaba nunca. Pior para eles.
Desejo sucesso ao Parque Shopping, porque gera milhares de empregos, além de tributos, o que pode ser muito bom para a cidade. Já quanto ao impacto sobre o trânsito, o pânico é grande. Ontem, e somente ontem, a prefeitura resolveu fazer umas obras de perfumaria no asfalto esburacado da Augusto Montenegro e o resultado foi caótico.
Enfim, eis o progresso.
4 comentários:
Meu caro Yúdice, estás redondamente enganado.
O Castanheira atende a um público específico, que os mercadólogos chamam de "segmento C-D". O shopping novo busca atrair outra camada social, o "segmento A-B". Há consumidores para ambos os empreendimentos, considerando ainda que a cidade está crescendo absurdamente (e desordenadamente, mas esse assunto é para outro comentário) para aquela região.
Ainda há que se considerar que o acesso à Augusto Montenegro dos moradores do Marco, Pedreira e proximidades melhorou com a Av. Independência, o que expande o público do Parque Shopping para gente fora dos condomínios verticais da própria rodovia onde ele está localizado.
Será, de início, um shopping a ser especulado (e, por isso, meramente visitado) por quem o frequenta. Mas, passado o tempo, como em qualquer empreendimento parecido, haverá um amadurecimento e consolidação de seu mercado consumidor.
Logo, não vejo risco de quebra ou prejuízo, a longo prazo, do tal shopping. Ao contrário: além daquele que já está em construção na Rodovia dos Trabalhadores, acredito haver espaço para mais centros de compras semelhantes na região metropolitana, quiçá mais próximos de Marituba/Benevides.
Não te ilude: o pessoal que empreende esse tipo de negócio não brinca em serviço. Ao menos os administradores do shopping center. Pode-se dizer isso, talvez, dos neo-lojistas (mas só os "neo", remarque-se). Mas dos donos do negócio, nunca.
Abraços.
Pensei nisso, caríssimo Francisco, porque há precedentes nesse sentido. O meu comentário se ateve à percepção de que, embora os dois shoppings enfoquem públicos claramente distintos, existe uma parcela do público consumidor que se move de acordo com a localização geográfica. Por exemplo: certamente há pessoas que fazem compras no supermercado Yamada do Pátio porque ele é o mais próximo de suas casas, não por ser o mais barato. Raciocínio semelhante pode ser feito em relação a outros tipos de comércio.
Penso, também, nos pequenos serviços e em aquisições de produtos mais baratos, que poderiam atrair moradores de áreas pobres da cidade, no entorno imediato do shopping.
Tudo bem, admito que essa parcela de consumidores pode ser pequena a ponto da inexpressividade, acabando por ratificar a tua afirmação. Mas por isso mesmo não afirmei que o Castanheira perderá clientela: o texto diz "pergunto-me o que acontecerá com [ele]" e talvez a resposta seja "nada", como sugeres. Todavia, como a economia e os hábitos de consumo não são muito racionais, a curiosidade me fica.
Yúdice, Boa noite!
Concordo com você, em tudo.
É uma pena - e um acinte - essas obras serem entregues sempre incompletas.
No tema: Parece que aqui, as construtoras que lá fora até conseguem ter um acabamento razoável, mudaram o padrão para pior. Resultado: condomínios entregues com infiltrações, acabamento de última. Parece que avaliam a gente assim, enfim.
Outra coisa: seria muito bom que esses mega-empreendimentos dessem à cidade uma contrapartida pelos transtornos, como já acontece em São Paulo, onde os shoppings constroem viadutos e fazem obras que ajudam a minimizar o impacto na região. Aqui, elas colocam uma grama vagabunda, umas palmeirinhas quando muito, fazem uma passagem que na verdade é de seu interesse . como o Boulevard- e olhe lá! E o nossos caríssimos (caros, mesmo!) edis ficam no plenário, tratando de hortifruti: é só abobrinha!
Concordo plenamente com Vera Cascaes, no Castanheira a prefeitura gastou uma grana para as pessoas terem acesso ao shopping. Agora neste nem uma passarela sequer, o caos esta na porta, é só esperar.
Barba
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