Fui uma criança que não gostava de super-herois e tinha aversão aos quadrinhos da Marvel e DC. Quando em 1989 Tim Burton lançou o seu controverso Batman, fui ao cinema sem problemas, porque o Cavaleiro das Trevas era o único que contava com a minha simpatia. Afinal, ele está mais para psicopata bem focado do que para heroi. Quando apareceu o primeiro Homem-Aranha, entretanto, tive uma dificuldade maior para me decidir, mas fui e acabei gostando. Era uma boa franquia, até se perder na etapa final.
Nos últimos anos, intensificou-se a produção de filmes baseados nos quadrinhos, através de superproduções classificadas como blockbusters, o que não é exatamente um elogio. A maioria não mereceu a minha atenção e todos deixaram claro que eu não sabia absolutamente nada sobre o universo daqueles personagens. As pessoas ao meu redor comentavam mundos e fundos e eu ali, no ar. Fui ver Homem de Ferro e gostei, mas não perderia meu tempo com Hulk, Thor e Capitão América. Mas eis que uma sucessão de críticas altamente elogiosas fez coro à insistência de minha esposa nerd e lá fui eu, ontem, ver Os vingadores.
As críticas estavam corretas. Para um filme do gênero, com personagens nada cativantes para mim (o que posso achar de um sujeito vestido com a bandeira dos Estados Unidos?), repleto de cenas de porrada (nunca tive esses problemas de testosterona) e de piadinhas (que funcionam muito bem), o resultado é o melhor possível. O roteiro nada possui de novo ou surpreendente, podendo-se dizer até que bastante previsível: um vilão malvado, traumatizado por fantasmas da infância (e com óbvios problemas de afirmação de sua masculinidade) pretende conquistar/destruir o mundo/escravizar a humanidade (neste caso, podia ser outro mundo; a Terra apenas estava no lugar errado, na hora errada) e para tanto ele vem aqui e faz uma zoeira do c@$@*%#, mas acaba derrotado pelos super-herois, que são caras éticos e por isso não o matam, dando margem a um retorno. Seja como for, haverá uma continuação, com um outro vilão.
Filmes do gênero, porém, não são bons pela originalidade e sim pela condução do projeto. Os Vingadores acertou em cheio, em todos os aspectos.
O diretor Joss Whedon (47), que também assina o roteiro, até aqui não era um nome que logo viesse à mente do grande público. Trazendo na carreira lixos televisivos do quilate de Buffy, a caça-vampiros e Angel, fez coisa útil na vida, tendo sido laureado com um Oscar pelo roteiro de Toy Story (1996), que dispensa apresentações. Famoso nesse ramo, era o cara que os produtores chamavam para salvar um roteiro que naufragava. Já como diretor, fez carreira na TV e, pasme, Os Vingadores é o seu primeiro longametragem (segundo o IMDB)! Teve participação em Thor, mas quem levou o crédito pela direção neste foi Kenneth Brannagh. Seja como for, agora, fez um trabalho primoroso.
O elenco também merece homenagens. Todos foram competentes, inclusive Scarlett Johansnon, que todos sabemos não ser uma boa atriz (mas, em compensação, é uma atriz muito boa). Nada que se compare, porém, à cativante interpretação de Mark Ruffalo - para mim, de longe, o melhor em toda a projeção.
Os aspectos técnicos do filme são de primeira linha. Em suma, um blockbuster com méritos de grande entretenimento, para ser sempre lembrado. Quem diria...
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