quarta-feira, 11 de abril de 2012

Vigília

Foto: Antonio Cruz / ABr

Até vigília e procissão foram feitas na porta do Supremo Tribunal Federal, marcando as manifestações dos religiosos acerca do julgamento da ADPF 54. Estavam lá, também, os cartazes com as frases de efeito, a dramaticidade excessiva e as imagens chocantes. A deturpação sempre foi uma estratégia comum do poder religioso e assim permanece. Não se colocam as questões em termos. Não se destaca, p. ex., que interrupção seletiva de gestação não é a mesma coisa que abortamento. Não se cogita, nem que seja apenas para fins de debate, sobre a inviabilidade da vida extrauterina. Menospreza-se o sofrimento da gestante e demais familiares, que traz à tona a questão da dignidade humana. Não se pondera sequer o risco à saúde da gestante.

Toma-se como premissa que todo cientista é um ateu odioso, um farsante e um mentiroso. Recorre-se à falácia de que, admitida a interrupção de gestações em casos de anencefalia, logo depois virá a liberação geral. Acima de tudo, sequer se cogita que religião é coisa de cada um, é íntima e pessoal. Portanto, a coisa pública não tem nada a ver com isso.

Ao menos o Brasil vai mudar um pouquinho hoje. Apenas um pouco. Mas é melhor do que nada.

3 comentários:

Anônimo disse...

Que empatia, Yúdice! E lucidez.
Abraço
Fred

Yúdice Andrade disse...

Imaginei que estivéssemos na mesma sintonia em relação a este assunto, Fred.

Anônimo disse...

Espero que os Ministros ajam com lucidez e não se deixem influenciar por esses fanáticos religiosos.Se dependesse deles até hoje a lei do divórcio não teria sido aprovada.