Mário Pantoja em foto de arquivo (João Gomes) |
O processo, complicadíssimo, tinha mais de 150 denunciados, porém no julgamento, realizado em 2002, os subordinados foram absolvidos pela impossibilidade de identificar quem foram os autores das mortes e demais lesões (autoria incerta). Sobrou para as duas pessoas devidamente identificadas e com poder de mando: os oficiais que estavam à frente da operação. Pantoja foi condenado a 228 anos de reclusão, apresentou-se espontaneamente ontem e já se encontra recolhido ao Centro de Recuperação Especial "Anastácio das Neves", destinado a servidores públicos. Oliveira prometeu se apresentar na manhã de hoje. Sua pena é de 158 anos e 4 meses de reclusão.
É sempre muito difícil falar do "massacre de Eldorado dos Carajás", por conta das paixões desenfreadas que provoca, que chegam ao nível da irracionalidade. Como a sociedade brasileira, de um modo geral, ainda tem fetiche pelo autoritarismo e a classe média ("formadora de opinião") tem ódio mortal dos movimentos sociais, a balança pende terrivelmente desequilibrada. Não falta quem proponha o extermínio sumário dos trabalhadores sem-terra e a glorificação de uma polícia que mata, desde que mate apenas a ralé. Nem me interessa comentar sobre isso.
"Curva do S", 17 de abril de 1996. |
Deve ter sido muito difícil, para os dois condenados, passar todos esses anos com a tal espada de Dâmocles sobre a cabeça, aguardando um desfecho cada vez mais inevitável. Há algum tempo, após mais uma derrota processual, Pantoja rasgou o silêncio e contou a sua versão dos fatos, escancarando a responsabilidade do ex-governador Almir Gabriel. Mas foi apenas um desabafo. Enquanto Pantoja está em sua cela, o político prepara sua campanha à prefeitura de Belém, suposto candidato do pior prefeito de todos os tempos.
Os movimentos sociais, compreensivelmente, comemoram a efetivação da sentença condenatória. Não se pode mais falar em impunidade total. Mas, convenhamos, a impunidade subsiste. Enquanto os verdadeiros culpados pela violência no campo — latifundiários, grileiros, políticos — não começarem a ser punidos, tudo ficará como sempre. As mortes não pararam. Nem vão parar.
2 comentários:
E o chefe do bando será o pior candidato do pior dos prefeitos que essa triste cidade já teve. Será que algum oponente vai lembrar disso no próximo pleito?
Justiça incompleta não é justiça.
Abraço
Fred
A imprensa, hoje, insiste que essa candidatura foi para o saco, Fred. Não sei o que é pior. O nefasto não tem nenhum nome de apelo público, mas não sei qual hipótese seria mais propício para uma derrota fragorosa dessa camarilha.
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