quinta-feira, 12 de março de 2009

E a CTBel responde

E o improvável acontece: um órgão municipal, finalmente, sai do mutismo sacral que os caracteriza e responde a uma crítica. E vem a ser justamente a CTBel, que hoje se utiliza da seção de cartas do leitor do Diário do Pará a fim de, como afirma, fazer "algumas considerações apropriadas para dissipar essa falsa informação de que (...) é uma fábrica de multas e de que seus agentes ganham comissão sobre as multas lavradas".
A resposta da CTBel tem a marca da qualidade do governo no qual está inserida. Sabe por que a premissa acima é falsa? Eis a explicação, ipsi litteris: "Se o agente de trânsito ou o radar autua o motorista, é porque, logicamente, ele cometeu algum tipo de infração."
Pronto. Viram? Tão simples! Se você foi multado, foi porque cometeu infração. Acabou. Não existe nenhuma outra explicação.
Ora, ora, dona CTBel, me compre um bode!
Podemos admitir que as autuações por radar espelham verdadeiras infrações, porque a máquina não pensa, não sente preguiça, não abusa de seu poder, não se esconde para multar, não pode nem tem a obrigação de abordar o motorista para adverti-lo sem multá-lo, nem recebe agrados para deixar de autuar quem merece. Ela cumpre a função para a qual foi programada. Por conseguinte, a menos que esteja funcionando mal, só autuará quem de fato cometeu uma infração. Podemos dizer o mesmo dos agentes humanos?
Não bastasse isso, a legitimação da explicação idiota consiste numa outra e maior idiotice: "Quem diz isso não é a CTBel, é o Código Brasileiro de Trânsito". Parece criancinha falando. Além do mais, o CTB define as infrações, mas logicamente não diz quem cometeu certa infração em tal dia. A ser verdade o que afirma a patética nota, seria possível que nós abríssemos o CTB e lá encontrássemos algo assim: "Art. 24.171. No dia 12.3.2009, João Pereira da Silva incorreu na infração prevista no art. 208 desta lei" ("avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória").
A única parte decente da nota é a que fala sobre a importância da conscientização dos motoristas, sobretudo considerando o quilate dos psicopatas que dirigem nesta cidade. Mas o resto abusa da autolegitimação: você é infrator porque eu o disse e, depois que eu digo, não se discute!
Depois a CTBel reclama das críticas que recebe.

8 comentários:

Gabriel Parente disse...

É, professor, esse dito órgão é uma palhaçada. Há um mês, um maluco na pele de motorista de ônibus acertou meu carro em cheio, jogando-o para calçada; e eu estava apenas esperando reduzir o fluxo de carros no cruzamento (sem avançar), já que a preferencial não era minha. Chovia muito. Pois bem, não sei o que houve, mas no laudo da perícia aparece que o clima estava bom e a pista, seca. Resumo: houve compra da perícia e o prejuízo ficou para mim. Belém é lei do cão.

Grande Ctbel (ou Detran).

Anônimo disse...

Eu sou a favor da penalização de quem comete infração de trânsito.

E sou mais radical ainda, não deveria nem ter placas de trânsito, nenhuma. Ou melhor, só as de proibido estacionar, estacionar/parar, pois estas dependem da organização do local (e, nem todos, pois aqueles lugares específicos que tem regras específicas, nem isso).

Todos os habilitados motoristas deveriam saber as regras de cor-e-salteado!

Todas as regras de preferência, de velocidade mínima, máxima, ultrapassagem, etc etc, todas tem previsão sem utilização de placas.

Enfim. Tem que ter competência para dirigir e ser habilitado para tanto.

Sou a favor de araras, bem-te-vis, câmeras e radares por todos os lados. Tipo um Big Brother urbano.

Sou a favor de lombadas eletrônicas (e sem aviso!), de blitz e o escambau!

Assim, e em virtude disso, sou a favor de exclusão quase que total (o quase fica por conta da necessidade no caso de falta de energia, para ajudar um idosa a atravessar a rua, e para blitz etc etc) do agente de trânsito.

Estes sim é que, na maioria das vezes (termo técnico para evitar a generalização! rsrsrs) fazem cagada, são corruptos, covardes, preconceituosos etc etc.

Vou contar uma (sempre tem uma com esses caras).

Saí do escritório, e fui ao Banco do Brasil da doca, como era só para sacar, resolvi entrar naquel drive thru.

Com uma das mãos ao volante (a outra estava apoiando a cabeça, com o cutuvelo na borda da porta/janela do carro), fiz a curva, suave, e entrei no caminho que dá caixa. Era umas 13hs.

Escutei os apitos legais para parar. Parei. Olhei, e na esquina, ao lado de uma quarita de coperativa de taxi, estava lá, um agente de trânsito, me olhando, tirando o caderninho do porta, e começando a anotar.

Dei ré, parei em sua direção, abaixei o vidro e perguntei se ele estava me multando. Ele, ironicamente respondeu que era lógico que sim.

Perguntei qual o motivo, e ele me disse que eu sabia, e que era para não me fazer de DESENTENDIDO!!! Peguei ar!

Perguntei de novo o motivo, e ele me falou que estava falando no celular.

Yúdice, na hora pensei que ele estava me multando porque estava fazendo a curva com apenas uma das mãos, mas, incrivelmente não era isso!!!

Falei que não estava com celular. Que ele tinha ficado no escritório carregando. E que estava apenas apoiando a cabeça, pensativo (ops, mas um motivo para multa e o guarda nem tchum...).

Ele me disse que esta desculpa não colava. Peguei mais ar!

Disse, então, que ele estava autorizado a me revistar e o carro também. E que, se ele encontrasse qualquer celular, a multa era procedente.

Um taxista que estava entre ele e eu disse que era justo e falou pro agente ir lá, me revistar e ao carro.

O guarda disse que não iria perder seu tempo e eu é que recorresse da multa.

Assim, eu candidamente, mas em alto e bom tom, abaixei mais a janela, coloquei a cabeça pra fora e...

MANDEI ELE ENFIAR NO CU A MULTA, COM O TALONÁRIO E TUDO, A CTBEL E O DUCIOMAR JUNTOS (Não iria perder a oportunidade, já que era uns dias antes do 2º Turno! rsrsrs).

Ele ameaçou vir me pegar pra bater. Eu abri a porta e esperei, ele recuou, como qualquer covarde.

Fechei a porta e fui ao caixa eletrônico. Ao sai, parei na visão dele, chamei uma, duas, na terceira vez ele e os taxistas olharam, e...

-NO CU, NÃO SE ESQUEÇA, NO CU!!!

rsrsrsrs

Foi assim...

Anônimo disse...

Ah, a multa nunca chegou!

Acho que dei a idéia...

rsrsrsrs

Anônimo disse...

Ah esqueceram de falar da área de desembarque do aeroporto internacional. Você já conseguiu achar vaga para deixar um passageiro no desembarque? Claro que não! Os táxis 'comuns' tomam toda a extensão da área destinada a operação de embraque/desembarque! Sei também de uma caixinha (feita pelos taxistas) para os Agentes de Trânsito da CTBEL! Essa é fácil fazer o flagrante é só pedir as imagens da INFRAERO.

Yúdice Andrade disse...

Fiquei até preocupado com o teu relato, Gabriel. Não tinha pensado nessa possibilidade. Valeu pela informação. Ainda que não possamos proteger-nos exatamente de acontecimentos assim, saber desse risco pode nos antecipar algumas medidas. Lamento pelo teu prejuízo.

Lafayette, tua história é tão boa que preciso transformá-la numa postagem.

Anônimo, não duvido nada do que dizes. Só que a comprovação não seria tão fácil como sugeres, porque a INFRAERO jamais forneceria essas imagens, a menos que fosse muito bem obrigada a isso.

Anônimo disse...

Fique à vontade Yúdice.

Outro dia te conto como convenci um guarda da CTBEL a não me multar por não ter colocado o cinto-de-segurança logo depois de ter saído de um banco (já podes imaginar meu argumento?)

Frederico Guerreiro disse...

Ei, Yúdice! Até as máquinas falham. Eu não confio em 'araras' ou radares porque quem os programa são homens interessados sempre no dinheiro. Duvido que seja para educar.
Temos de admitir que estamos diante da pior administração de trânsito que esta cidade já teve. Pior em seu tempo porque não consegue acompanhar o aumento da complexidade do trânsito, e também porque deveria ser mais leal com a população e não divulgar asneiras como a que você leu no jornal.
Não respeita o cidadão. Não presta um serviço condigno porque seus agentes são despreparados.
É ruim demais. Salta aos olhos. Bem mais que verba, falta autoridade do administrador, aquele que você tanto admira.
A função de agente da autoridade do trânsito deveria ser vista como essencial para a qualidade de vida na cidade. Porém, hoje é mais vista como a função mais ridícula que um trabalhador pode exercer, uma espécie de sinônimo de ladrão institucionalizado, que nem os flanelinhas da Braz de Aguiar (não servem para mais nada se não para cobrar cobrar o que já foi cobrado e pago pelo contribuinte).
A CTBEL está devendo. E muito.
Precisamos criar um mecanismo de defesa contra os guardas mal-intencionados. Um mecanismo de punição exemplar, como medida pedagógica aos outros canalhas que fiscalizam o trânsito.

Yúdice Andrade disse...

Não tinha pensado no fator programação da máquina, Fred. Devo te dar razão, portanto. Mas ainda assim permanece o fato de que a máquina só faz o que foi programado, sem valorações nem jeitinhos.