Muitas vezes escutei que "quem não tem competência não se estabelece". Acreditei. Na universidade, escrevi um pequeno artigo para o jornalzinho de nossa turma (que teve três edições!!!), no qual adotei essa premissa. Uma amiga, talvez menos ingênua do que eu, disse o quanto eu estava enganado e até citou nomes. Fiquei hesitante, porque dei razão a ela.
Quase duas décadas mais tarde, observo que fazer provas de grande vulto neste país está virando um caos. É curioso que a educação até avança, mas a qualidade de certos serviços não. Volta e meia estoura uma confusão em algum concurso público. O Exame de Ordem vinha dando problemas graves em todas as suas edições, o que motivou a substituição do CESPE/UnB pela Fundação Getúlio Vargas. Já no primeiro certame, bagunça de novo. E agora, o ENEM teve ao menos 14 questões divulgadas antecipadamente e o Ministério Público Federal já ingressou com uma ação civil pública, cujo pedido principal é a anulação de todo o procedimento.
Imagine a situação dos alunos, convocados a fazer a prova do ENEM, contra a própria vontade, passando esse sufoco por dois dias seguidos em um final de semana, e tendo que repetir a dose por culpa da incapacidade dos organizadores em assegurar o sigilo das questões que foram pré-testadas. É exaustivo.
Como se já não bastasse a maioria dessas provas ser imbecilizante (refiro-me sobretudo às provas objetivas de primeira fase de concursos), matando o candidato pelo cansaço mas sem aptidão para aferir seus reais conhecimentos e competências, agora você ainda precisa contar com o fator sorte ou, quiçá, com a misericórdia divina, no que tange à validade da prova!
Que falta faz a tal competência que estabelece as pessoas...
3 comentários:
Yúdice, não precisa publicar este comentário, é só para lhe pedir pra fazer uma visita no blog aquarelaenanquim.blogspot.com, que eu criei. Tentei lhe mandar o link por email, mas acho que o seu antispam bloqueia.
Abraço
Artur Dias
Yúdice, sou paraense, mas moro em São Paulo. Sou pré-vestibulanda e não me submeti ao ENEM por tal motivo: a instituição em que pretendo ingressar não utiliza o ENEM como critério de ingresso (o que qualifica, a meu ver, a credibilidade do seu processo seletivo).
Frequento um cursinho de grande nome de São Paulo. Após a prova do ENEM, conversei com meus colegas de sala e um fato me chamou a atenção: Dois garotos, os dois muito aplicados e assíduos quanto aos estudos, obtiveram pontuações discrepantes. Não é bem o meu objetivo comparar os dois, mas explicitar a grande deficiência do método de avaliação desse exame. Um teste exaustivo e insensato, que procura embaraçar e cansar o raciocínio dos estudantes, a meu ver.
Pois então que nossas instituições voltem a aplicar seus vestibulares tradicionais, no lugar de utilizar um método suspeito, irresoluto, como esse.
Você foi divulgado e está sendo seguido, Artur.
Anônimo, o grande ponto a ser considerado é justamente esse sentimento de desânimo que se abate sobre quem está investindo nessas provas. Eu me sentiria um palhaço nessa situação. E realmente tentaria algo para não me submeter novamente ao ENEM, caso estivesse nesse pacote.
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