O título desta postagem é evidentemente uma ironia, como convém ao estilo do blog. Deparei-me há pouco com uma entrevista concedida, em julho de 1996, pelo então deputado federal Hildebrando Paschoal, eleito pelo PFL, hoje Democratas. Àquela altura, o sujeito que entrou para a história como "deputado da motosserra", pela mania de esquartejar seus desafetos, ainda não caíra em desgraça e insistia na sua inocência, na pureza do próprio coração e em sua natureza religiosa.
Mas os fatos vieram à tona, o partido o expulsou, o mandato foi cassado e hoje Paschoal, condenado a 88 anos de reclusão, sofre com artrose. A prisão não é fácil nem para os homens de coração puro.
Citei esse monstruoso personagem brasileiro em sala de aula, algumas vezes, para ilustrar o que Zaffaroni chama de criminalização por falta de cobertura. Trata-se da hipótese em que uma pessoa pertencente aos segmentos sociais usualmente imunes à criminalização — como o deputado, que era rico e influente, comandava a Polícia Militar do Acre e possuía um mandato político federal — perde o apoio de seus pares e acaba na prisão. É um exemplo emblemático, que vale a pena ser lembrado, para que pessoas assim não reapareçam na cena política do Brasil.
Leia a entrevista: http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/2009/09/21/hildebrando-a-vida-e-uma-dadiva-divina/
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