Essa figura peculiar aí ao lado é Ana Lúcia Assad, defensora de Lindemberg Alves. Desde que começou, ontem, o julgamento do rapaz que manteve em cárcere privado e matou a ex-namorada, além de praticar duas tentativas de homicídio e sequestrar outras pessoas, na mesma sequência de eventos, ela tem dado mostras de antipatia que não ajudam em nada o desafio que tem pela frente, hercúleo em si mesmo.
Primeiro ela disse que Lindemberg era "bom e ingênuo", algo que certamente provocará repulsa em quem a escutar. Ao se referir a ele, trata-o como "menino", embora já fosse um homem na infausta semana que protagonizou (tinha 22 anos em outubro de 2008). Já durante os trabalhos do júri, arrolou a mãe e o irmão mais novo de Eloá como testemunhas, o que a imprensa divulgou como estratégia para retirá-los de plenário, impedindo reações emocionais que pudessem angariar simpatias, inclusive dos jurados. Hoje, contudo, quis dispensá-los e, ante a recusa do Ministério Público, partiu para o ato mais grave que um advogado pode realizar, no contexto: o abandono do plenário.
Aos poucos, a advogada vai desenhando para si mesma um perfil histérico e desagradável. Nada bom para o réu, que depende da empatia que o seu defensor possa conquistar junto ao conselho de sentença, ainda mais no universo teatral do júri. Minha opinião é que, se essas são as estratégias da defesa, as opções poderiam ser bem melhores.
O caso é dificílimo. Mesmo abstraindo o poderoso componente emocional, não há como alegar negativa de autoria, legítima defesa, coação, etc. A defensora, portanto, deveria esmerar-se em parecer simpática aos jurados, a fim de investir em suas teses mais prováveis (causas de exclusão ou redução da culpabilidade? crime precipitado pela ação da polícia e da mídia?). Como está, a situação não vai nada favorável ao réu que, por sinal, nunca contou a sua versão dos fatos. Será que o fará agora?
Acréscimo em 15.2.2012
No dia de ontem, em discussão sobre um ponto que nem era essencial, a advogada se disse em busca da "verdade" (clichê em julgamentos criminais) e criticou a juíza, que lhe disse ser intempestiva a manifestação. Mandou-a "voltar a estudar", uma senhora grosseria. Mesmo com a advertência da promotora de justiça, de que poderia processar a advogada por desacato, a juíza simplesmente mandou seguir a sessão.
Inteligente, a juíza Milena Dias. Presidindo um júri dificílimo, sabe que a advogada fará o que fazem muitos defensores de causas perdidas: tentará cavar uma nulidade a todo custo. Mas enquanto a advogada esbraveja e cria incidentes, a magistrada segue impávida, serena, sem dar margem a acusações de má condução do julgamento.
A balança segue altamente desequilibrada para a defesa.
5 comentários:
Porque há dúvida se foi ele mesmo quem matou a Eloá, não é? Pode ter sido a Nayara e ele ser preso injustamente, como pobre coitado que é, que fez o que fez por não ter tido boas condições de vida. Todos são inocentes até que provem o contrário, ao que sei.
Essas teses implicariam em chutar o balde de vez, das 16h19! Mas com certeza há advogados para isso.
Todos têm direito à defesa. Ok.
Mas essa advogada parece estar fora de si, né não?
O que ela está querendo? Ferrar mais ainda o cliente dela?
O dia em que eu resolver matar um FDP, tipo político corrupto, eis uma advogada que eu jamais iria querer em minha defesa.
Afffffffffffff...
Olá Yúdice,
A postura da imprensa em relação à defesa, parece exagerada, não? Mesmo que a linha adotada não pareça a mais acertada, não é o caso de suscitar tantas paixões no público, afinal é uma linha de trabalho, em princípio dentro das regras desse tipo de trabalho. Gostei de sua análise quanto à postura da magistrada.
A mais nova dela, Ana: dizer aos jurados que o réu não é um bandido, que cometeu apenas um erro, e pedir que o encarem como "um parente". Eu ficaria fulo se, sendo jurado, escutasse isso. Não tenho parentes bandidos. Se tivesse, deixaria de considerá-lo como tal.
Maria Cristina, a postura da imprensa em relação a questões criminais não é apenas exagerada: é sempre abusiva, errada, tendenciosa. É uma vergonha. Por isso, ainda que constrangido, sempre digo a meus alunos: se querem aprender algo, desconsiderem o que a imprensa diz.
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