Ontem mesmo eu conversava com minha esposa sobre a diferença abissal na educação dos jovens brasileiros e os de outros países, notadamente os Estados Unidos. Lá, eles são empurrados para a autonomia. Um sujeito de mais de 20 enfiado na casa dos pais, dando despesa, já se transforma num estorvo. Aqui, as próprias famílias se empenham em manter seus filhos o máximo de tempo possível debaixo das asas.
Os dois modelos têm aspectos positivos e negativos. Algo que me incomoda profundamente no jeito brasileiro é que, ao colocá-los no colo e lhes fornecer tudo o que possam, os pais acabam por criar filhos dependentes, de iniciativa comprometida, com menor habilidade para resolver os próprios problemas.
A par desta elucubração, deparei-me com uma notícia do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual filhos maiores de idade, ou seja, a partir dos 18 anos completos, só devem receber pensão alimentícia se comprovarem a real necessidade. Tal comprovação não exige maiores formalidades e é presumida em se tratando de jovem que estuda (observe que o voto da ministra relatora chancela o modelo de cordão umbilical apertado que mencionei acima). Donde resulta uma conclusão interessante: se o moleque passou dos 18 e não está estudando, terá que provar a necessidade de ser subvencionado, sob pena de perder os alimentos.
Interessante, não? Fiquei com a impressão de que vou acabar mencionando isso em sala de aula...
2 comentários:
Caro Yudice,
Sou inteiramente a favor disso que foi comentado. Latinos que somos temos enraizada na cultura a questão da família interdependente....do calor dos encontro e dos festejos de domingo. Mas uma coisa é uma família unida. Outra coisa é uma família com um componente parasitário.
Quando completei 18 anos, antes que qualquer coisa pudesse acontecer, como por exemplo alguém falar que só poderia mandar em algo quando ganhasse meu dinheiro (dificílimo de acontecer, pois fui criado por 13 anos sozinho com mãe e vó, mas nunca se sabe...) eu já estava procurando trabalho. Hoje em dia, moro só e evito trazer minha mãe em casa pra ela ajudar a arrumar, embora esta me peça sempre. Ela já fez demais por mim. Por conta disso, aprendi tardiamente a fazer coisas que nunca precisei, mas já me viro bem. Todos tem que conhecer como é bom ganhar seu dinheiro pra não precisar ficar na costa de ninguém. A família inteira vai "lucrar" com isso.
Perdão pela demora em responder, Marcelo.
Considerei lúcida a tua manifestação, mas é certo que ela te coloca numa condição muito diferente da média dos jovens, que cultiva por longos anos a dependência familiar, seja por necessidade, seja por conveniência.
Por necessidade, eu procurei atividades remuneradas quando estava na faculdade. E tive a sorte de começar a trabalhar assim que me formei. Hoje, a minha família é que é o adolescente pendurado em mim! Pode isso, Arnaldo?
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