Foto: Nelson Antoine, obtida no Portal G1 |
Está em jogo, nessa situação, uma antiga e intensa luta por espaços nas grandes cidades, embate que, como é previsível, tem sido vencido por quem dispõe de maior poder econômico. As cidades têm sido pensadas, cada vez mais, em favor da circulação de automóveis particulares. Não se privilegia o transporte público e se menosprezam pedestres e ciclistas.
Aliás, a má educação e a síndrome de realeza que assolam o brasileiro provocam uma absurda discriminação com base em sinais exteriores de riqueza. Você já era mal visto se entrasse numa loja com roupas simples; agora você também precisa possuir um carro. Em caso contrário, do dono da loja ao mais humilde vendedor faltará condescendência com o pobrinho.
Essa parente do Ozzy Osbourne é provável moradora do bairro e mostra a sua desculpa esfarrapada para defender a própria conveniência (Foto: Lucas Lima/UOL) |
Mas embora eu queira ser a favor da ciclofaixa e louve a iniciativa da prefeitura paulistana, não se pode negar que a simplória linha vermelha foi implantada de qualquer jeito. Note que é muito estreita, suficiente para apenas uma bicicleta de cada vez. O estacionamento continua permitido, não mais junto ao meio-fio e sim junto à ciclofaixa. Com isso, os carros param numa posição estranha, literalmente no meio da rua. Segundo moradores, em uma reportagem que vi ontem, motoristas desavisados param atrás, pensando que o carro da frente está apenas parado e não estacionado. Ficam estressados e começam a buzinar, acabando com a antiga tranquilidade do bairro.
Foto: Lucas Lima/UOL |
Seja como for, o episódio está rendendo uma leva de discussões sobre a cidade que os paulistanos querem. E com isso vem à tona o egocentrismo característico dos mais abastados, que pode ser percebido nesse cartaz ao lado. Para o morador, uma política urbana deve ser elaborada com base em simples conveniências, inclusive as meramente hipotéticas e transitórias, como reformar a casa. Então não podemos intervir na rua por causa da caçamba de entulho? Ê povinho sub-desenvolvido!
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