sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Avaliação do ensino superior: IGC

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP divulgou, ontem, uma informação vital para a saúde das instituições de ensino superior no país. Trata-se do índice geral de cursos (IGC), que procura mensurar a qualidade da educação oferecida através de parâmetros como corpo docente, instalações físicas projeto pedagógico e desempenho no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE). Segundo o próprio Ministério da Educação:


O Índice Geral de Cursos (IGC) é uma das medidas usadas pelo Inep para avaliar as instituições de educação superior, públicas e privadas. O IGC é um indicador expresso em conceitos, com pontuação variável de um a cinco pontos. Uma instituição que obtenha de três a cinco pontos atende de forma satisfatória; abaixo de dois a atuação é insatisfatória. O IGC de uma instituição é resultado da média ponderada do Conceito Preliminar de Curso (CPC), indicador de avaliação de cursos de graduação, e obedece a um ciclo de três anos, em combinação com o resultado do Enade, que mede o desempenho dos estudantes. 
O Conceito Preliminar de Curso (CPC) é um índice que avalia os cursos de graduação. Os instrumentos que subsidiam a produção de indicadores de qualidade dos cursos são o Enade, aplicado a cada ano por grupo de áreas do conhecimento, e as avaliações feitas por especialistas diretamente na instituição de ensino superior. Quando visitam uma instituição, os especialistas verificam: as condições de ensino, em especial aquelas relativas ao corpo docente, às instalações físicas e à organização didático-pedagógica.
Fonte: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17246

O resultado, como de hábito, vai deixar muita gente chateada, sem vontade de cantar uma linda canção. Como me interessa mais de perto a situação do Pará, tomo a liberdade de surrupiar do blog Álibi, do juiz do trabalho Carlos Zahlouth, dando-lhe os devidos créditos, os quadros abaixo:


Acima, vemos a relação das 11 instituições de ensino superior paraenses que, por terem obtido IGC 1 ou 2, foram consideradas abaixo da média ou, pode-se dizer, foram reprovadas pelo MEC. A consequência é que elas sofrerão uma intervenção do MEC, devendo elaborar um plano de trabalho de recuperação, com um prazo rigoroso de efetivação. Caso não cumpram as metas, podem perder a autorização de funcionamento.


O segundo quadro me deixou particularmente mais triste, porque mostra que as melhores instituições do Estado se encontram basicamente no mesmo patamar, com nota 3, ou seja, a mais baixa no nível classificado como satisfatório. Ou seja, sem diferença entre públicas e privadas, antigas e recentes, nenhuma delas alcançou o nível de excelência tão ansiado e tão necessário para o desenvolvimento da nossa região.
Deveras, como poderemos competir com outros brasileiros, que já não nos consideram como membros da mesma família, se não conseguimos rivalizar com eles num aspecto tão basilar quanto a educação? E por "competir" entenda, tão somente, a capacidade de produzir conhecimento, ciência e tecnologia, à altura das necessidades do povo brasileiro, digno inclusive de exportação, sem o que o país todo não se situará bem na comunidade internacional.
Honestamente, eu também não estou mais a fim de cantar lindas canções.

Acréscimo em 19.11.2011: Parece que há uma boa notícia a divulgar, mas ainda preciso confirmar números.

2 comentários:

Anônimo disse...

Yudice, no que tange à nossa área eu penso que também houve uma queda na qualidade.Na minha época, existiam três faculdades de Direito em Belém, a que eu cursava (UFPA), Unama e Cesupa. Hoje, são quantas? É uma em cada esquina. A qualidade do ensino juridico está comprometida pela quandidade de cursos sem qualificação. Outra coisa: hoje, existe no meio jurídico, infelizmente, a indÚstria do curso preparatório, que produziu uma cultura própria e questionável: livros "esquematizados", macetes, técnicas de todo tipo pra pessoa passar em um concurso ou na prova da OAB.Na minha época, isso até 2004, estudavamos direito constitucional por José Afonso da Silva, Michel Temer, Alexandre de Moraes, e hj? Exite o esquematizado do Pedro Lenza, tem a dupla Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo que escreve sobre tudo.E o pior que se algém quer passar na OAB ou em algum concurso terá que lançar mão desses esquematizados. Terá que dançar conforme a musica.Um abraço.Marcio Farias

Yúdice Andrade disse...

Ih, Márcio, eu sou da época em que só existiam UFPA e UNAMA, com oferta de vagas bem menor e vestibulares coincidindo as datas. Era passar ou passar! Hoje, a oferta é tanta que o MEC tem informado, com alguma frequência, a taxa de ociosidade das instituições de ensino superior, sobretudo das privadas.
Muito interessante a colocação que fazes sobre o apostilamento dos cursos. Já quis escrever sobre isso, mas evitei fazê-lo, a fim de não dar a impressão de criticar instituições concorrentes, o que não seria ético. Mas uma coisa é certa: de que adianta a instituição contratar um professor valiosíssimo se ele for obrigado a usar esse material pré-cozido e simplificador?