Eu dei sorte: em 1992, quando ingressei no curso de Direito da UFPA, o trote era comandado pela própria universidade e consistia em plantar uma árvore da fauna amazônica no campus. O acadêmico deveria ficar responsável pelo espécime durante todo o curso. Salvo engano, plantei uma muda de mogno às proximidades do muro que dividia a instituição da Av. Perimetral, no campus profissional.
Infelizmente, a universidade fazia barulho com o ato de plantar a muda, mas não havia nenhum estímulo ao acompanhamento, de modo que os alunos, inclusive eu, acabavam deixando suas árvores para trás. Por alguns anos, acompanhei o crescimento das plantinhas, até chegar um momento em que não sabia mais identificar qual era a minha. Não me orgulho disso. Preferia ter honrado o compromisso até o final e acho que a universidade deveria ter criado uma espécie de cerimônia de transferência do vegetal, de um concluinte para um ingressante.
Enfim, eu não sofri nenhuma violência ao chegar ao ensino superior. Mas muita gente sofre. E os exemplos se multiplicam até hoje, de modo assustador. O Portal R7 publicou uma triste compilação de perversidades, talvez particularmente perversas porque, declaradamente, tudo era apenas brincadeira (veja aqui). Gostaria de saber o que Hannah Arendt diria disso. A mim, tudo isso causa repugnância.
Felizmente, que eu me lembre, aqui no Pará não temos episódios do tipo. Por aqui, muitas instituições tomaram a frente da recepção aos calouros e promoveram ações cidadãs, com atividades como arrecadação de gêneros alimentícios para distribuição a comunidades carentes, doação de sangue e prestação de alguns serviços. Este sim é o exemplo que deve ser estimulado e seguido.
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