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sábado, 27 de março de 2021

Hipóteses místicas

Eu não sou místico. A esta altura, já não sou sequer religioso. Acreditar em horóscopo, para mim, é o mesmo que acreditar em Terra plana. Simpatia só vale a pena quando envolve comer alguma coisa saborosa. Diante disso, não tenho a inclinação de pensar que os acontecimentos da vida são mensagens que Deus, ou os deuses, ou o universo, ou Gaia, ou sei lá que outro elemento transcendental está mandando. Obviamente, isto não se aplica à causalidade, que pode ser cientificamente demonstrada. As mudanças climáticas estão aí para nos mostrar as consequências das devastações que a espécie humana insiste em perpetrar,

Mesmo ante esta premissa, vendo há pouco um vídeo na internet, não reprimi umas especulações sobrenaturais. Afinal, no creo en las brujas, pero...

A primeira questão diz respeito a um dos efeitos da pandemia de coronavírus sobre o mundo do trabalho: caiu bastante a produção de semicondutores (chips) utilizados na indústria automobilística. Por conta disso, muitas fábricas, inclusive no Brasil, estão parando suas linhas de montagem por ausência desses insumos, hoje indispensáveis, eis que os veículos automotores estão cada vez mais dependentes desse tipo de tecnologia. Daí quando se pensa em esforços para, talvez, aumentar a produção e suprir a demanda reprimida, a fábrica Renesas Eletronics, no Japão, é completamente destruída por um incêndio.


A fábrica em questão responde por 30% do mercado global de chips de unidade de microcontrolador, um componente que monitora o desempenho do motor e interfere sobre funções elétricas e os sensores dos veículos. Ou seja, ele é simplesmente vital. De acordo com a Renesas, a expectativa positiva é que demore um mês para eles retomarem a produção (esses japoneses!). Mas um mês é tempo demais, no cenário que já estava ruim.

A segunda questão tem a ver os preços dos combustíveis no Brasil, em disparada desde o começo de 2021. À medida que a situação vai extrapolando o limite do insuportável, chega a notícia da redução do preço dos combustíveis, nas refinarias, em cerca de 11 centavos de real. Já não adianta comemorar porque, quando o preço aumenta na refinaria, aumenta no posto; mas quando cai na refinaria, não necessariamente cai no posto. Mas se você é otimista e pensou em comemorar sua economia de R$ 5,50 em um tanque de 50 litros, pode esquecer. Um imenso navio chamado Ever Given fez o favor de encalhar em pleno Canal de Suez, por onde passam 9,5 bilhões de dólares todos os dias. Sim, são esses os números.


Tendo bloqueado completamente o canal, pode provocar, segundo especialistas, graves consequências para a economia global se não for logo retirado. É isso mesmo: vai ajudar a ferrar ainda mais a economia em todo o planeta. E, como não poderia deixar de ser, impactar... o preço dos combustíveis aqui no Brasil.

E é assim que, pelo fato de os dois sinistros terem consequências diretas sobre o setor automobilístico, nesta manhã me ocorreu esse estranho e incomum pensamento místico: é como se o universo estivesse mandando um recado para todos nós. Lembrando que carros são um dos mais badalados itens de consumo, estão relacionados a uma indústria bilionária, comparecem nos sonhos de crianças e adultos, são símbolos de ostentação e impactam gravemente o meio ambiente e a mobilidade nas cidades, dentre outros fatores, é como se alguém dissesse: já que a pandemia "só" não bastou, vamos dar mais algumas dicas do tipo de vida que não consideramos sustentável.

É um pensamento maluco? Decerto. Acredito nisso? Não. Mas, como disse antes, não pude reprimir essa esquisita especulação, porque, afinal de contas, não acredito no acaso. Nem em bruxas. Pero.

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Fontes: 

https://autopapo.uol.com.br/curta/producao-de-carros-afetada-incendio/

https://tecnoblog.net/423602/fabrica-de-chips-pega-fogo-e-pode-afetar-producao-global-de-carros/

https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/03/26/meganavio-encalhado-no-canal-de-suez-entenda-as-consequencias-para-a-economia.ghtml

segunda-feira, 8 de março de 2021

Bora voar?

Ao tomar conhecimento, hoje, de que o governo federal autorizou o sexto aumento no preço dos combustíveis de 2021 (isto significa 67 dias), um acumulado superior a 50%, não consegui reprimir uma ironia amarga: guardadas as devidas proporções, vale mais a pena ter um avião do que um automóvel.

Procurei aqui pelo Google e encontrei umas matérias de 2018, informando que o querosene de aviação havia atingido o maior preço histórico no Brasil: em média R$ 3,30, com impostos. Parece que o preço, em fevereiro último, era de US$ 1,60, que importaria hoje em R$ 9,40, no câmbio de 1 dólar igual a 5,88 reais.

Some-se a isso que dá para conseguir uma ajudinha do BNDES para adquirir a aeronave e que não existe imposto sobre a propriedade desse tipo de bem de altíssimo valor, então quem tem bala na agulha para comprar um avião gasta menos com ele do que um mero mortal com o seu carrinho. Sim, eu sei que há muitas variáveis a ponderar. Esta postagem tem viés de crítica, não de estudo econômico. Economistas e puristas, deem um tempo. Só estou lamentando os absurdos da vida.

O maravilhoso Embraer Praetor 600. Quero.

É que sou apaixonado por aviação e, ainda por cima, para aguentar a vida no Brasil de hoje, só mesmo fazendo um esforço de mandar o pensamento para as alturas. Aterrissar é que tem sido exaustivo.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

De governos, esmolas e impressões populares

Existe um país que paga, todos os meses, um certo valor para famílias que possuam filhos crianças. Paga não apenas para cidadãos nascidos no país, como também para estrangeiros que ali fixaram residência. Trata-se de um país capitalista, organizado como Estado federal, governado há alguns anos por uma mulher linha dura, que não figuraria em nenhum catálogo de beleza (se isto importasse). Tal mulher enfrenta forte queda em sua popularidade no segundo mandato, devido ao desempenho econômico de seu país bem abaixo do esperado, o que levou seu partido a sofrer graves perdas nas eleições estaduais. Ela traz no seu passado ligações com organizações socialistas e com movimentos sociais que se opunham ao poder governamental opressivo que conheceu em sua juventude, embora hoje não possa ser, de modo algum, considerada de esquerda1.

Terninho vermelho: mera coincidência
Sim, eu me refiro à Alemanha. País de primeiríssimo mundo, quarta maior economia segundo o Banco Mundial (2014)2, nação industrializada, onde se situam algumas das universidades mais antigas e respeitadas do mundo, líder em diversos campos do desenvolvimento científico e tecnológico3, com um povo altamente instruído, preocupadíssimo com o meio ambiente e, tanto quanto é possível generalizar, honesto. Um país densamente povoado, com o quinto melhor índice de desenvolvimento humano (IDH) do mundo em 2013, que oferece a seus cidadãos elevados padrão de vida e nível de segurança social e que disponibiliza "o segundo maior orçamento anual de ajudas ao desenvolvimento no mundo"4. Um país que gosta de receber estudantes do mundo inteiro para usufruir da excelência de suas instituições educacionais.

Os invejáveis índices de educação e de qualidade de vida da Alemanha, após duas guerras mundiais que lhe devastaram a economia e o território, não foram obtidos graças a uma busca desenfreada por desenvolvimento exclusivamente econômico, muito menos virando as costas para as necessidades imediatas dos seres humanos. Os educados alemães sabem que es ist muss beibringen zu fischen, sondern manchmal notwendig ist, um die Fische zu geben (traduzir isto é meu irônico desafio) e talvez por isso não lhes seja de praxe cultivar ódios de classe, como se vê em outras nações.

Família beneficiária do Kindergeld, no sítio oficial. Como no Brasil,
a publicidade institucional também prefere arianos.
Voltamos, assim, ao que muitos brasileiros chamariam de "bolsa esmola", uma provável estratégia de Angela Merkel para se reeleger. Trata-se de uma política social chamada Kindergeld, literalmente "dinheiro da criança" (habitualmente traduzido como "abono da família"), cujo sítio oficial é este: http://www.kindergeld.org/

Como talvez o seu alemão esteja arranhado, extraí do sítio acima algumas informações, para lhe dar um panorama do que esse benefício é. Trata-se de um valor pago às famílias como forma de assegurar as necessidades básicas das crianças. Mas por "crianças" entenda alemãezinhos de até 18 anos (podendo chegar a 27, se estiver fazendo curso superior ou profissionalizante, ou ainda em caso de insuficiência de renda). A partir de 1º.1.2016, o valor será de no mínimo 190 euros, podendo chegar a 221 euros se houver 4 ou mais filhos.

O classe média típico talvez se impressione de saber que, já em 2007, existiam na Alemanha cerca de 154 políticas públicas de auxílio à formação e à manutenção das famílias5, tais como o Elterngeld, pagamento de 67% da renda líquida do alemão que se licencie do emprego para cuidar do filho, em casa. E também tem a garantia do emprego, quando deseje retornar.

Outra medida, instituída em 2013, foi o Betreuungsgeld, subsídio de até 150 euros mensais pagos a famílias que tenham crianças até 3 anos. A finalidade é estimular que alguém da família fique em casa cuidando da criança (promovendo educação em tempo integral). Assim, não haverá necessidade de disputar uma vaga no concorrido sistema de berçários e pré-escolas6. Acerca deste benefício específico, vale a pena conferir a postagem de um blog que nos oferece uma aguda crise à mentalidade de classe média, lá e cá, que vale a pena ler: http://tudodebonn.blogspot.com.br/2012/11/betreuungsgeldkindergeld-quem-paga-por.html.

Tenho observado que o que separa o Estado brasileiro de outros que supostamente são admirados aqui é uma glorificação dos aspectos mais crueis do capitalismo. Nos países ditos de primeiro mundo, convictamente capitalistas, existem políticas sólidas de assistência social, de amparo aos mais pobres, que são recebidas pelas populações desses países como algo bom e útil. Aqui, muito ao contrário, há sempre a ridicularização e a acusação de má-fé, basicamente no sentido de que tais políticas criarão uma legião de vagabundos pendurados no Estado. Passados todos estes anos, foi mesmo isso que aconteceu?

Gostaria de saber o que pensam os críticos dessas políticas. Caso se manifestem, não se esqueçam do quanto são deslumbrados pela Europa.

_______________________________
1 Cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Angela_Merkel
2 Cf. http://economia.terra.com.br/pib-mundial/
3 Procure se informar sobre o Instituto Fraunhofer, p. ex. Para começo de conversa: http://super.abril.com.br/ciencia/instituto-fraunhofer-ciencia-medida-440905.shtml. Se seu alemão estiver em dia: http://www.fraunhofer.de/en.html
4 Cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha
5 A informação comparece em http://www.dw.com/pt/como-o-estado-alem%C3%A3o-ap%C3%B3ia-as-fam%C3%ADlias/a-2370133 
6 Cf. http://www.betreuungsgeld-aktuell.de/

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Sinais exteriores

Belém continua com seus problemas crônicos, decorrentes em boa medida do mais crônico de todos: falta de governo. O diagnóstico é objetivo e pode ser constatado mediante um simples passeio pela cidade. As ruas continuam engarrafadas por toda parte; os pontos de ônibus, quando possuem abrigos, estão em mau estado de conservação; o transporte público é cada vez mais caro e ao mesmo tempo ineficiente; a iluminação pública deficitária nos colocou em uma cidade escura e soturna; os serviços públicos municipais são ruins, etc.

Isso nos leva a pensar em um panorama de empobrecimento geral. Contudo, aquele colunista de negócios publicou em sua coluna de ontem algumas informações curiosas. Noticiou, p. ex., que enquanto as concessionárias nacionais amargam uma queda acentuada nas vendas, aqui em Belém, em maio foi incrementada a venda de veículos importados de alto valor. A rebote, a venda de carros usados aumentou 3,5%.

Fenômeno semelhante acontece no mercado imobiliário: imóveis populares encalham, mas a procura pelos de luxo só aumenta, a tal ponto que o metro quadrado nos bairros de Umarizal e de Batista Campos já chegou a 10 mil reais!

A coluna destaca, como se fosse novidade, a venda de bicicletas de 50 mil reais em lojas especializadas da cidade e a expansão de comodidades nas marinas, para quem curte a vida a bordo de lanchas ou jet skis. Eu mesmo, que tento ser observador, posso afiançar o surgimento, nos últimos anos, de concessionárias de marcas mais sofisticadas, como Mercedes, BMW, Mini e Jeep.

Inevitável pensar que as condições socioeconômicas da região metropolitana de Belém estão mudando a olhos vistos, mas isso não é necessariamente algo bom. Afinal, segundo penso, a concentração de renda pode ser pior do que a pobreza. Certamente, ela tende a ser mais aviltante, porque torna mais evidente a diferença  usemos o termo distinção, por ter um sentido mais contundente  entre os brasileiros dos tipos A/B e os demais, classificados por letrinhas menos valorizadas.

Mas não é uma simples questão de aparência. Longe disso. À medida que o abismo se aprofunda, as consequências éticas e morais igualmente se problematizam. Quanto mais os A/B se encastelam em condomínios exclusivos e carros blindados, mais necessidade sentem de somente interagir com aqueles que considerem seus iguais. Os extranei não podem sentar-se à mesma mesa e somente podem frequentar os mesmos ambientes na condição de serviçais. Daí os shopping centers cada vez mais elitizados, que ainda não existem por aqui; só temos as salas VIP. E outros estabelecimentos cujos serviços vão-se tornando mais restritos simplesmente por causa dos custos. É como se todo tipo de comércio fosse virando uma espécie de clube social, onde você ingressa se preencher certos pré-requisitos. Até os campinhos onde antes se jogava pelada agora "evoluíram" para arenas de futebol society.

Não à toa, a intolerância tem sido a marca mais ostensiva nas interações sociais involuntárias, notadamente via internet. É a falta de empatia, de reconhecimento do valor alheio, ditando os modos de viver em um mundo crescentemente individualista e mau. Porque maldade é falta de empatia. E daí advém muito sofrimento.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Economize combustível

Veja como economizar até 20% de combustível em 20 dicas
Da Redação do Carsale, com informações do CESVI

1 Antes de sair de casa, planeje bem o itinerário. Evite as vias mais congestionadas, mesmo que isso aumente o percurso em alguns quilômetros. Planejando o seu caminho, você consegue organizar sua rotina e otimizar suas atividades.

2 Ao dirigir, acelere de modo gradativo, utilizando apenas a força necessária para permitir a locomoção. Não acelere entre as passagens de marchas, enquanto estiver acionando a embreagem.

3 Não estique as marchas. Trocá-las na rotação correta do motor reduz o consumo (leia o manual de seu veículo, pois é variável de modelo para modelo a identificação do melhor aproveitamento da marcha aplicada com relação à rotação naquele momento).

4 Ao avistar o sinal vermelho, tire o pé do acelerador. Com isso, você economiza combustível e prolonga a vida útil dos freios.

5 Evite ficar parado com o menor ligado por mais de dois minutos. Você gasta menos combustível se desligar o carro e ligá-lo novamente.

6 Arrancadas e freadas bruscas aumentam o consumo, acarretam o desgaste prematuro do veículo e podem causar acidentes.

7 Não dirija em alta velocidade. Testes realizados no centro de pesquisas da Petrobras, com diversos veículos, mostram que o consumo de combustível a 100 Km/h  pode ser até 20% maior do que a 80 Km/h. Dirigir em velocidade moderada é mais seguro e econômico.

8 Rodar com as janelas abertas não é recomendável, principalmente na estrada. Pois isso permite a entrada do ar e aumenta a resistência aerodinâmica, obrigando o carro a usar mais combustível.

9 Não acelere antes de desligar o motor. Além de queimar combustível sem necessidade, você dilui o óleo lubrificante com a parcela de combustível não queimada, aumentando assim o desgaste. Desperdício custa caro!

10 Mantenha o motor do carro sempre regulado. Você não queima dinheiro e não polui o meio ambiente.

11 Mantenha sempre os pneus calibrados, a direção alinhada e as rodas balanceadas. Estudos indicam que pneus mal calibrados podem elevar em até 10% o consumo de combustível.

12 Certifique-se sempre se o óleo lubrificante está no nível adequado. Consulte o manual do proprietário, trocando o óleo dentro do prazo prescrito pelo fabricante do veículo.

13 Verifique sempre os cabos, velas e demais componentes do sistema de ignição, mantendo-os em boas condições. Uma boa ignição melhora o desempenho do veículo e ajuda a poupar combustível.

14 Verifique periodicamente os freios. Às vezes, eles podem estar presos e, consequentemente, você estará desperdiçando combustível.

15 Não carregue peso desnecessário, nem sobrecarregue o carro. Isso força o motor e aumenta o consumo. Para cada 50 Kg de peso extra, o consumo pode aumentar 1%.

16 Os bagageiros adaptados causam turbulência e criam resistência ao deslocamento do veículo, aumentando o consumo. Remova-os, se não estiverem sendo usados.

17 Para economizar nas ladeiras, acelere antes do início da subida para não pisar forte no meio do caminho. Nas descidas, desça engrenado. Ao contrário do que se diz, é mais econômico que o ponto-morto, famosa "banguela" - que é proibida por lei.

18 Procure estacionar os veículos em lugares protegidos do sol, evitando perda de combustível por evaporação.

19 Não use o carro para ir a lugares muito próximos. Ande a pé ou vá de bicicleta. Essa atitude faz bem à saúde e economiza combustível.

20 Sempre que possível, dê preferência ao transporte coletivo. Se você precisar usar o carro, promova o transporte solidário, otimizando o uso de combustível.

Fonte: http://noticias.carsale.uol.com.br/ultimas/2014/09/05/veja-como-economizar-ate-20-de-combustivel-em-20-dicas/?wppa-album=491&wppa-cover=0&wppa-occur=1&wppa-photo=dica1.gif

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Santander eleitoral

É provável que o dia em que mais senti raiva de Lula na minha vida tenho sido aquele em que vi sua imagem, na TV, como sempre se ufanando da economia nacional, mas usando um argumento que me enojou: os bancos e os grandes empresários nunca lucraram tanto como em seu governo. Ah, tá.

Ao que parece, Dilma Rousseff não foi tão pródiga com o setor bancário. Afinal, dizem por aí que o mesmo está interessado em financiar a campanha de Aécio Never. Se é verdade, não sei, mas o Santander andou tomando uma atitude estapafúrdia, que ganhou as redes sociais: enviar a seus clientes uma suposta análise de mercado, relacionando o eventual crescimento da presidente nas intenções de voto à desaceleração da economia nacional.


Examinando melhor o caso, tomei conhecimento de que não se trata de uma publicidade enviada aos clientes de modo geral, e sim de uma espécie de orientação econômica prestada tão somente aos correntistas Select, ou seja, aqueles com renda mensal superior a 10 mil reais. O texto foi enviado nos extratos do mês de julho.

Divulgado o caso, o banco se apressou em se desculpar pelo que considera um mal entendido. Alegadamente, sua atitude não teve qualquer viés político-partidário, sendo apenas a expressão de analistas financeiros, que realmente pensam dessa forma. Publicar esse tipo de análise seria uma cortesia do banco aos seus clientes de nível acima da superfície. Um desmentido foi parar no site da empresa.

Não me darei ao desfrute de transformar isso numa luta do bem contra o mal. Para isso, já existe gente mais do que suficiente. Quando soube do caso, minha cabeça penalista logo se perguntou: isso pode ser considerado crime? Então fui ao Código Eleitoral (Lei n. 4.737, de 1965) fazer uma busca e o máximo que encontrei foi isto:

Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado:
Pena - detenção de dois meses a um ano, ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.
Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou televisão.

O tipo penal acima não se aplica ao caso, pela razão singela de que a conduta não foi praticada na propaganda eleitoral, uma atividade pública disciplinada em lei. Tratou-se de uma ação privada, de uma empresa em relação a um segmento restrito de seus clientes. Como argumentos de defesa, ainda se poderia alegar (a) que não se sabe se os fatos em apreço são inverídicos; (b) que a especulação é plausível, de acordo com as lições de especialistas; (c) que não houve dolo de influenciar no processo eleitoral e, em se tratando de crime exclusivamente doloso, a ausência de elemento subjetivo afasta qualquer possibilidade de incriminação.

A Lei n. 9.504, de 1997, apesar de disciplinar a propaganda eleitoral à exaustão, nada prevê que possa ser relacionado. Por conseguinte, os bancos podem continuar "instruindo" seus correntistas como queiram, inclusive com certa dose de terrorismo, prática por sinal nada inédita. E por incrível que pareça, há algo de benéfico nisso. A ausência de leis tolhendo esse tipo de manifestação é o que permite a nós, cidadãos comuns que escrevem na internet, produzir as nossas críticas contundentes, se quisermos, respondendo naturalmente por eventuais excessos.

Suspeito que esse episódio terminará por aqui mesmo. Uns tantos esbravejarão contra o Santander e, por extensão, contra o sistema bancário, ideologizando a questão e sugerindo conspirações. A turma anti-PT, que está para a política mais ou menos como os argentinos estão para o futebol, tentarão tirar a sua casquinha, também. Mas suspeito que ambos os lados farão papel de bobos.

A minha questão era de natureza penal e ela não leva a lugar nenhum. Então, para mim, fim de papo.

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2014/07/25/santander-avisa-a-clientes-que-economia-pode-piorar-se-dilma-subir-nas-pesquisas/

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Pirarucu

Isto sim é uma ótima notícia: projeto de criação de pirarucus em cativeiro, apoiado pelo SEBRAE, deve disponibilizar uma superssafra brevemente. Com isso, um dos mais saborosos peixes amazônicas deve chegar à mesa do paraense com mais facilidade.

Semana passada estive no Ver-o-Peso e comprei uma boa peça do bicho. Já comemos um pedaço. Só de pensar, a boca enche de água.

Maravilhoso que o nosso Estado possua uma imensa bacia hidrográfica, o que nos permite ter uma grande variedade de peixes maravilhosos. O lado ruim da coisa é que, mesmo assim, o peixe chega cada vez mais caro à mesa do consumidor. Absurdo.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Por que terá sido?

Do Portal G1:

"A Receita Federal recebeu 26.883.633 declarações do Imposto de Renda 2014, segundo balanço divulgado na madrugada desta quinta-feira (1º). O número fica abaixo das expectativas do fisco, que falava em 27 milhões de declarações. O prazo para entrega do documento terminou às 23h59 desta quarta-feira (30)."

Eu queria muito pensar que esses milhares de brasileiros deixaram de fazer a declaração de ajuste anual como um protesto contra os tantos desvarios do país, a corrupção onipresente, os desmandos da copa e coisa e tals. Uma atitude deliberada de enfrentamento, para mostrar ao poder que ele não pode tudo e que podemos e devemos nos insurgir, enfrentar o mau uso do nosso dinheiro e cobrar mudanças.

Mas assim como eu, furioso e constrangido, encaminhei a minha declaração (no dia 28: um recorde histórico!) e paguei o imposto que o Leão maldito ainda me extorquiu, mesmo após todo o recolhimento na fonte (isto, porém, só no dia 30, porque não facilito as coisas para essa cambada!), os brasileiros omissos provavelmente só se atrapalharam ou, se apertaram o botão vermelho, não foi por nenhum motivo nobre.

Enquanto isso, fiquemos com Dilma Rousseff, em pré-campanha, mas pretextando discursar por ocasião do Dia do Trabalho, anunciando a correção da tabela do imposto de renda em 4,5%, o que não serve de nada, porque esse índice é aplicado anualmente desde 2007 e se destina, tão somente, a corrigir os efeitos da inflação. E até para isso é ineficiente, porque os índices inflacionários são maiores do que esse importe. Ou seja, ela não está nos dando nada, muito menos promovendo uma real política de desoneração tributária sobre o trabalhador.

Mau humor continua instalado.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Cidadãos de isopor

Esses intelectualoides esquerdoides de merdoide vivem grasnando que São Paulo é reduto de uma aristocracia tardia, egoísta e cruel, quando na verdade essa gente bronzeada paulista está aí, mostrando o seu valor, na vanguarda do ativismo dos movimentos sociais. Sim, dos movimentos sociais porque, a julgar pelas manifestações da grande imprensa, basta que meia dúzia de cabocos se reúnam para reivindicar alguma coisa ou reclamar de alguma coisa e já temos um autêntico movimento social.

Refiro-me ao "isoporzinho", movimento no qual amigos se reúnem para beber na rua ou em outros espaços públicos. Trata-se de um protesto contra a ganância e a insensibilidade dos capitalistas safados de restaurantes e bares, que têm cobrado preços extorsivos pela bebida (e por tudo o mais, na verdade). Com essa atitude desumana, eles suprimem o acesso dos cidadãos ao direito fundamental ao álcool, ao lazer e à felicidade. É uma questão de dignidade humana. Tá lá, na constituição. De quebra, esses desbravadores dão uma lição de cidadania ao propor a ocupação saudável e fraterna de espaços públicos sub-utilizados, o que certamente contribuirá muito para a melhoria da qualidade de vida nas grandes cidades, hoje tão insalubres.

Tal como o "rolezinho no shopping", a parada também é convocada pela internet e ganha rapidamente um número imenso de adesões. Mas diferentemente daquele movimento periférico e tãããããããão 2013, o "isoporzinho" não será objeto de repressão policial, nem haverá liminares judiciais, nem a boa família brasileira se sentirá ameaçada de sair de casa, com suas crianças, e passear por espaços onde antes se sentiam seguras, porque essa gentalha não estava lá.

Talvez os empresários do setor se ofendam e queiram alguma reação, mas sempre haverá a todo-poderosa indústria cervejeira para se disponibilizar, pronta e desinteressadamente, a defender esse grito dos excluídos. Não duvido que semana vindoura esteja passando na TV, em cadeia nacional e horário nobre, uma campanha publicitária convidando: Isoporzinho! Vem pra rua você também! (E em letras miúdas e som menos audível, a advertência do Ministério da Saúde sobre os riscos do consumo de álcool).

É por essas e outras que eu morro de orgulho do meu país.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2014/02/1408443-encontro-para-beber-na-rua-o-isoporzinho-chega-a-sp-neste-sabado.shtml

O blog Arbítrio do Yúdice adverte:

A despeito do tom jocoso da postagem, é absolutamente correta e necessária a prática do boicote a todo produto ou serviço com preços irreais ou qualidade insuficiente. Somos humilhados continuamente por todos os lados, porque permitimos isso. Claro que é extremamente difícil você se privar de certos itens, que correspondem a necessidades essenciais, prestados pelo próprio poder público ou pela iniciativa privada mediante concessões ou procedimentos análogos. Mas é preciso começar a reclamar, cobrar soluções e resistir.

Um dos exemplos mais contundentes é o sempre lembrado preço dos carros neste país. Se os brasileiros parassem de comprar carros por algumas semanas — o que é perfeitamente possível, já que não se trata de item essencial, como regra —, seria a maior barata voa. Carro parado no pátio é prejuízo para o revendedor e, em cascata, para os fabricantes, porque o problema atingiria seus próprios pátios. No sufoco, as promoções iam aparecer. Para dar um exemplo apenas.

Então é isso: não pague caro.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Equipamentos de segurança automobilística

O airbag foi apresentado ao mundo durante o Salão do Automóvel de Frankfurt, Alemanha, no ano de 1987, sendo resultado do trabalho dos engenheiros da Mercedes-Benz. Hoje, é considerado item básico de segurança veicular e, por isso mesmo, de uso obrigatório no Primeiro Mundo faz tempo. Aliás, por aquelas bandas, carros equipados com bolsas de proteção apenas do motorista e do carona são coisa do passado. Os veículos vêm equipados com sete bolsas (ou até mais), inclusive as chamadas cortinas, que evitam danos decorrentes de colisões laterais. Um primor de segurança, convertida em absoluta rotina.

Por sua vez, os freios ABS (a sigla vem do alemão Antiblockier-Bremssystem, que significa sistema antibloqueio de freios; a versão em inglês surgiu depois) foram desenvolvidos para brecar aviões e remontam à década de 1950, mas sua viabilização comercial para automóveis data de 1978. Obviamente, também foram incorporados há muito tempo à rotina da indústria automobilística em países sérios.

Enquanto isso, no Brasil, somente hoje, dia 1º de janeiro de 2014, 26 e 35 anos após a criação desses importantes mecanismos de segurança, eles se tornam obrigatórios em todo e qualquer veículo produzido ou comercializado no país. Como o consumidor brasileiro até melhorou, mas não aprendeu a ser consciente, não houve dinâmica de mercado: foi a lei mesmo, para variar, que impôs essa obrigatoriedade à indústria, não sem luta e, inclusive, uma tentativa de virada de mesa de última hora. Vários veículos de imprensa chegaram a anunciar que o governo havia desistido da data e prorrogaria o prazo para adequação das empresas. A informação seria de Guido Mantega, ministro da Fazenda, mas a presidente Dilma Rousseff bateu o pé e a obrigação entrou em vigor.

Assim, a forceps, o Brasil se aproximará um pouco, e apenas um pouco, do padrão de qualidade e segurança do Primeiro Mundo. Mas não sem custos consideráveis. Estima-se que, na melhor das hipóteses, veículos de entrada encareçam mais de mil reais com a introdução dos novos itens. Somando-se ao fim do subsídio do imposto sobre produtos industrializados, já em vigor, os preços dos carros mais vendidos subirá consideravelmente. E olha que os preços praticados no Brasil já são irreais e abusivos. O que se paga aqui por um "popular" (classificação risível, ao nível do deboche) é de assombrar mesmo os mais audaciosos.

De quebra, alguns veículos vetustos, ainda comercializados no país por causa do jeitinho brasileiro de aceitar exploração, foram inviabilizados e saem de cena. Mas somente por causa da exigência; do contrário, continuariam por tempo indeterminado nas concessionárias. Refiro-me ao Fiat Mille e à Velha Senhora, a querida Volkswagen Kombi, que ganhou uma série limitada, a Last Edition, por inacreditáveis 85 mil reais e, mesmo assim, vendeu absurdamente, a ponto de ser fabricada uma nova e não planejada segunda leva (além de uma bela campanha publicitária de despedida). Por sinal, os compradores dessas peças de colecionador ficaram enlouquecidos com as notícias de prorrogação do prazo (supostamente, por mais dois anos). Isso faria o preço dos veículos despencar. Ações judiciais foram prometidas, baseadas no ludíbrio ao consumidor, mas no final não será necessário. Se bem que se aventou algum tratamento diferenciado para a Kombi, em face de não haver concorrente equiparável.

O Mille também ganhou uma série especial, a Grazie Mille, que mais não é do que uma enganação estética sobre um carro paupérrimo, tosco mesmo, que esta semana vi em uma concessionária sendo vendido por mais de 33 mil reais! Histérico. Mesmo que sejamos nostálgicos e gratos por toda a valentia e méritos do antigo Uno, quem comprar por esse valor merece uma consulta psiquiátrica.

Não adianta, brasileiro não valoriza segurança veicular. Gosta mesmo é de aparência. Somos um mercado que paga caro por design e firulas, mas não se importa com projetos antiquados, acabamento precário e riscos desnecessários. A mais nova moda, o câmbio automático, que aos poucos vai-se popularizando, tem a ver com conveniência, com o conforto de dirigir no inferno das grandes cidades. Mas pergunte o que a pessoa considera prioritário, câmbio ou airbag, e não tenha dúvida quanto à resposta.

Enfim, uma grande mudança está a caminho. Por obra do governo, não do consumidor, mas uma mudança. Já nas próximas semanas, vamos às consequências.

Sobre a criação do airbag: http://carsale.uol.com.br/editorial/noticia/9811-invencao-do-airbag-completa-25-anos

Sobre o sistema ABS: http://pt.wikipedia.org/wiki/Freio_ABS

Notícia oficial do Ministério da Fazenda: http://www.fazenda.gov.br/divulgacao/noticias/2013/dezembro/airbags-e-freios-abs-serao-itens-obrigatorios-em-veiculos-a-partir-de-2014

Sobre o Grazie Mille: http://carros.uol.com.br/noticias/redacao/2013/12/31/fiat-uno-original-depois-mille-encerra-ciclo-de-vida-opine-e-mande-foto.htm, sua história e o encerramento da fabricação: http://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2014/01/fiat-mostra-ultimo-mille-produzido-no-brasil.html

Sobre o imbróglio da Kombi Last Edition: http://g1.globo.com/carros/noticia/2013/12/donos-consideram-devolver-last-edition-se-kombi-seguir-em-linha.html

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A riqueza insensível

Os bilionários e a fome mundial: rios de dinheiro e oceano de tristeza
Postado em: 15 fev 2013 às 19:18

Os bilionários e a fome no mundo: poucas são as mãos levantadas em prol dos famintos do mundo. A preocupação dos “Imperadores do Mundo” é outra

Marcos Eduardo de Oliveira (economista, professor e especialista em Política Internacional pela Universidad de La Habana – Cuba), Adital

De acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg, o mexicano Carlos Slim, dono de negócios no ramo de telecomunicações em 18 países, com uma fortuna avaliada em US$ 78,4 bilhões, é o maior bilionário do planeta. Depois dele, vem o cofundador da Microsoft, o norte-americano Bill Gates, com fortuna de US$ 65,8 bilhões, seguido pelo espanhol Amancio Ortega, fundador do grupo têxtil Inditex, dono da marca Zara, com US$ 58,6 bilhões. A soma dessas três maiores fortunas atinge US$ 202,8 bilhões.

Pelo lado dos brasileiros, os quatro maiores bilionários são: Jorge Paulo Lemann, investidor controlador da Anheuser-Busch InBev, maior cervejaria do mundo, com fortuna avaliada em US$ 19,6 bilhões. Em segundo lugar vem o banqueiro Joseph Safra, com patrimônio de US$ 12 bilhões. O terceiro e quarto lugares, respectivamente, ficam com Dirce Camargo, herdeira do grupo Camargo Correa, com fortuna estimada em US$ 14,1 bilhões e, com o empresário Eike Batista, com fortuna avaliada em US$ 11,4 bilhões. A soma das fortunas desses quatro maiores bilionários brasileiros atinge a cifra de US$ 57,1 bilhões. Já a fortuna somada desses sete “imperadores do dinheiro” chega a US$ 259,9 bilhões.

De um lado, rios de dinheiro; do outro, um oceano de tristeza e miséria evidenciada pela fome e subnutrição que atinge, segundo dados da FAO (Fundo para a Agricultura e Alimentação), 1 bilhão de pessoas no mundo. Os que todos os dias tem estômagos vazios e bocas esfaimadas são 14% da população mundial, um entre seis habitantes.

Com US$ 44 bilhões (17% da fortuna dos 7 bilionários citados) resolveria o problema desse 1 bilhão de famintos espalhados pelo mundo. O drama da fome é tão intenso que dizima uma criança com menos de cinco anos de idade a cada minuto. Isso mesmo: uma criança menor de 5 anos morre a cada 60 segundos vítima da falta de alimentos em seus estômagos. Isso porque estamos num mundo em que a produção de grãos (arroz, feijão, soja, milho e trigo) seria suficiente para alimentar mais de 10 bilhões de pessoas.

Somente o Brasil, terceiro maior produtor de alimentos do mundo, atrás apenas dos EUA e da China, verá sua safra de grãos aumentar em mais de 20% na próxima década. No entanto, essa ignomínia chamada fome vai derrubando corpos inocentes ao chão também em nosso pedaço de terra. A situação aqui não é muito diferente da mundial. Em meio às controvérsias em torno do real número de famintos (50 milhões para a FGV, 34 milhões para o IBGE e 14 milhões de pessoas para o governo federal) a fome oculta (caracterizada pela falta de vitaminas e minerais que afeta o crescimento físico e cognitivo, bem como todo o sistema imunológico) atinge 40% das crianças brasileiras. No mapa mundial da subnutrição, estamos na 27ª posição, com 9% da população.

Em pleno século XXI, num mundo em que a tecnologia desenvolve técnicas apuradíssimas para clonar tudo o que bem entender, a fome mata atualmente mais pessoas do que a AIDS, a malária e a tuberculose juntas. Numa época em que o dinheiro corre solto pelos cassinos e praças financeiras em busca de lucro e especulação, a Syngenta, multinacional suíça da área agrícola, investe todos os anos a importância de US$ 1 bilhão em pesquisas agrícolas, mas fecha as mãos para a ajuda internacional aos famintos.

Nunca é demasiado lembrar que habitamos um mundo em que o custo diário para alimentar uma criança com todas as vitaminas e os nutrientes necessários custa apenas 25 centavos de dólar. Contudo, em decorrência da desnutrição crônica, cerca de 500 milhões de crianças correm risco de sequelas permanentes no organismo nos próximos 15 anos. De acordo com a ONG (Salvem as Crianças), a morte de 2 milhões de crianças por ano poderia ser prevenida se a desnutrição fosse combatida.

Mas, poucas são as mãos levantadas em prol dos famintos do mundo. A preocupação dos “Imperadores do Mundo” é outra. Refresquemos a memória em relação a isso: em apenas uma semana os líderes das maiores potências do planeta “fizeram” surgir 2,2 trilhões de dólares (US$ 700 bilhões nos Estados Unidos e mais US$ 1,5 trilhão na Europa) para salvar instituições bancárias no auge da crise econômica que se abateu (e ainda vem se abatendo) sobre as mais importantes economias mundiais desde 2008.

Se a preocupação fosse salvar vidas de desnutridos, incluindo a vida de 900 mil crianças no mundo (30% delas residentes em Burundi, Congo, Eritréia, Comores, Suazilândia e Costa do Marfim), esses mesmos “imperadores” tirariam dos bolsos a importância de US$ 25 milhões por ano, que é o custo estimado para salvaguardar com nutrientes esse contingente de crianças até 2015.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Réplica e tréplica sobre a incoerência

Acerca da postagem anterior, que ironizava a eleição de Fernando Henrique Cardoso à Academia Brasileira de Letras, um comentarista me escreveu este reproche:
Essa frase foi invenção. Ele já negou que tenha falado isso. Dá uma pesquisada. Muito provavelmente foi criada pelo PT pra embaraçar ele, simplesmente porque não se ganha eleição elogiando o adversário.
E sejamos justos: o Lula passou o tempo todo falando mal do FHC e, quando assumiu ao governo, manteve a mesma política econômica que ele estabeleceu, o que, na verdade, demonstra que as críticas eram só bravata eleitoral. Se o Lula, do jeito malandro dele, reconheceu o acerto do Plano Real, não tem o menor sentido o próprio FHC renegá-lo.
Calma aí, Yudice. A tua repulsa pelo PSDB acaba nublando o teu julgamento e acaba afetando a tua credibilidade.
Minha resposta:
Das 23h45, grato pelas ponderações, mas:
1. Nunca achei que FFHH tenha dito essa frase. Ele é um homem muito culto e jamais diria uma sandice dessas. No entanto, ele não disse, mas fez. Conheci sociólogos que se referiam a ele como "a vergonha da classe". Pode ser que esse mito tenha sido criado por sociólogos ou acadêmicos, não necessariamente pelo PT. Nesse caso, a prevenção é da sua parte.
2. Verdade que Lula manteve a política econômica do antecessor e essa foi uma das razões de eu me decepcionar com ele e logo me tornar um crítico de seu governo. Procure, no blog, postagens chamadas "Breve histórico de uma exaustão", em duas partes. Foram escritas logo no começo do governo Lula e mostram a minha frustração.
3. Se é para sermos justos, vale destacar que o Plano Real não é uma criação de FFHH, como os desinformados insistem em dizer, para louvá-lo. O cara era o ministro da Fazenda na época e acabou levando o crédito. Mas havia um time de economistas por trás da concepção do plano, à frente Pérsio Arida. Eles, sim, é que deveriam levar o mérito, mas seus nomes não são sequer conhecidos por quem não é do ramo. Além disso, do ponto de vista hierárquico, se alguém devesse ser elogiado por tal plano, deveria ser o presidente da República, não o ministro.
4. No mais, o plano Real teve seus méritos, mas não era tão inquestionável assim. Veja como a política neoliberal de FFHH, mantida por Lula, condenou o país a um crescimento econômico pequeno e, ainda por cima, sem desenvolvimento real. Lembre, também, que FFHH não conseguiu evitar o retorno da inflação. Nos dois últimos anos de seu mandato, a economia estava piorando lenta, porém inequivocamente. A estabilidade só veio depois, já com Lula. Contudo, para sermos justos, aprendi no mestrado que Lula é um cara de sorte: a estabilidade veio não por méritos de sua gestão, mas porque a conjuntura interna e internacional foram favoráveis, até a crise de 2008.
5. Tenho repulsa pelo PSDB, sim, porque não governa para seres humanos. São elitistas e arrogantes, pessoas diferenciadas que não toleram dividir lugar no avião com a empregada doméstica. Governam sob projetos grandiosos, para encher os olhos, mas não se ocupam de atender as necessidades basilares da população. Foi por se preocupar com este aspecto que o governo Lula, com seus muitos e horrorosos defeitos, aniquilou as chances de retorno dos tucanos ao poder. E ainda que "aniquilar" seja um termo forte, ele também se aplica para as eleições de 2014. Espere para ver.
6. Lembremos, também, do Consenso de Washington, o odioso protocolo econômico neoliberal, criado na década de 1980 e subscrito por FFHH em 2000. Assinado de caso pensado. Para sermos justos, também devemos lembrá-lo por isso.
7. Meu julgamento é menos obnubilado do que parece, meu caro. Tanto que reconheço os erros e os vícios das esquerdas. Não faço a linha maniqueísta direita má vs. esquerda boa. Tenho consciência de que a esquerda pode ser, e frequentemente é, péssima. O problema é que a direita sempre é péssima. Ainda não tive o prazer de ver um exemplo em sentido contrário. Se houver algum, por favor me conte.
Agora cabe a você, leitor, julgar.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Uma esmolinha útil

Está tramitando no Senado, sendo aprovado nas comissões técnicas, projeto de lei destinado a isentar o 13º salário do imposto de renda (PLS 266/2012). No estado em que se encontra, o projeto segue para a Comissão de Assuntos Econômicos, onde será apreciado de forma terminativa, ou seja, uma vez aprovado lá, não será necessária a submissão ao plenário, podendo seguir de imediato à Câmara dos Deputados.

Se virar lei, a medida não vai enriquecer ninguém, mas ao menos trará um bafejo de justiça tributária num país que extorque seus filhos sem pena, todo santo dia.

terça-feira, 12 de março de 2013

Farelha

É muita sacanagem com o paraense! A farinha de mandioca  também conhecida como farinha d'água porque a mandioca fica sob imersão por um tempo, antes do beneficiamento   esse item obrigatório da mesa do paraense, atingiu o preço mais alto da história!

Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), divulgado ontem, o preço da farinha não para de subir há 10 meses consecutivos, alcançando uma média de R$ 6,83 o quilo, quase o dobro do reajuste sobre o valor da cesta básica, no mesmo período. Enquanto a inflação de 2012 ficou na casa dos 6,77%, o preço da farinha aumentou em 130%!

Eu realmente gostaria que alguém me explicasse esse fenômeno. Será que estão minguando as lavouras de mandioca por aí? Os produtores estarão, talvez, migrando para outras culturas mais rentáveis? Ou o problema não tem a ver com a produção, mas o mercado? Afinal, não me consta que tenha havido alguma razão climática a interferir de modo tão agressivo sobre o preço do principal acompanhamento alimentar do paraense.

O mais triste é pensar que o paraense pobre, aquele que batalha pela sobrevivência, usa a farinha para dar sustança, além de ver nela um elemento da própria cultura local. Ficar apartado dela é perder um alívio para a fome e uma referência pessoal importante. E eu nem falo por mim, porque realmente não gosto de farinha. Encaro no máximo uma farofinha, de vez em quando. E uma farofinha de ovo, amanteigada, é um desbunde!

Mas a questão não sou eu, e sim o abuso que, como sempre, prejudica sobretudo os mais vulneráveis, numa região em que o povo se mata por uma baguda ou por um bom pirão, para comer fazendo capitãozinho...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sobre o tempo e a usurpação

É, meus amigos, por mais que me dê vontade, não está sobrando tempo para visitar o blog. Somada às obrigações que já possuía, minha novel condição de estudante tem comprometido todos os momentos dos meus dias, inclusive feriados e finais de semana. Tem comprometido, também, meus olhos já não tão eficientes quanto antes e os músculos do meu corpo.
Fico devendo maior atenção aos amigos, assim que surgir uma oportunidade.
Nesse meio tempo, para que o blog não fique às moscas, destaco uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, proferida em ação civil pública proposta pelo Ministério Público, que proibiu o Banco Santander de cobrar tarifas sobre contas destinadas exclusivamente ao depósito de salários. A decisão é de interesse geral, considerando a grande quantidade de correntistas que, hoje, mantêm contas-salário justamente porque sobre elas não deveria incidir qualquer taxa. Isto é comum em relação a pessoas obrigadas a manter contas em determinada instituição e não pretendem se desvincular de outro banco, de sua preferência.
Antigamente, os representantes de Satanás na Terra (os bancos) se beneficiavam da ciranda financeira. Com a estabilização da economia, a fonte secou, mas capitalista não costuma sofrer prejuízos: muda apenas a estratégia para lucrar. Então a fatura foi literalmente apresentada para o cliente. Começaram a proliferar as taxas disso e daquilo, que todos conhecemos bem, absurdas, às vezes dúplices, mas sempre abusivas. Mesmo assim, até então as contas-salário estavam isentas. Mas sabe como é: dinheiro todo mundo quer, principalmente o nosso.
Espero que a decisão prevaleça no final.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Imposto Para Imbecis

Amigo meu aproveitou que, no feriado estadual de ontem, todas as concessionárias estavam abertas e tentou resolver sua pretensão de trocar de carro, aproveitando a redução do IPI (aqui, no sentido original, imposto sobre produtos industrializados).
A primeira visitada foi da bandeira Honda. O simpaticíssimo vendedor tentou empurrar um Civic, dizendo que a versão de entrada custava 71 mil reais. Meu amigo estranhou e mencionou uma publicidade da semana anterior, oferecendo o mesmo carro por 64 mil. Aí começou a fase do "veja bem", a das letrinhas miúdas. Segundo o vendedor, eles estão vendendo muito e, por isso, existe lista de espera. E como o carro será entregue depois de agosto, então já estão vendendo com o preço novo!
Meu amigo, também advogado, do alto de seu quase metro e noventa de altura, irritou-se e perguntou se o vendedor o considerava imbecil. Afinal, desde que o veículo seja faturado até 31 de agosto, não faz a menor diferença quando o mesmo será entregue ao comprador. Logo, estão enganando o consumidor.
Furioso, meu amigo foi embora e fez a segunda tentativa, numa concessionária Peugeot. Nela, o preço correspondia ao anunciado na TV. Mas também havia letras miúdas. Por aquele preço, o carro era 2011/2012; quem quisesse 2012/2012, o preço, claro, seria maior. Sem falar que já tem gente por aí vendendo carros 2012/2013. Em suma, indiretamente, também estavam enganando o consumidor.
Percebendo que o desfecho do dia não seria nada bom, meu amigo preferiu voltar para casa e postergar uma decisão. Mas já foi avisado que não tem para onde correr. Em todo lugar há um pulo do gato para ferrar conosco.
E isto para o povo de um país onde, sem letras miúdas, os carros já são vendidos a preços absurdos.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Coisas do capitalismo

Com alguma surpresa, tomo conhecimento de que a Prefeitura de São Paulo cassou a licença de funcionamento de um shopping center e, ainda por cima um localizado em Higienópolis, aquele bairro de pessoas diferenciadas. O motivo da medida extrema foi a carência de vagas de estacionamento. Louvo a medida moralizadora e aguardo o desfecho do caso. Mas ele me provoca outros pensamentos.
Estive no Shopping Boulevard, aqui em Belém. Noite comum do mês de julho, quando a cidade começa a esvaziar. Mesmo assim, a dificuldade de acesso foi percebida, porque já estão a pleno valor as obras da chamada "expansão 2012" do empreendimento. A tal expansão sempre me despertou desconfiança, porque suprimiria um andar inteiro de estacionamento. Ou seja, quanto mais lojas e elementos atrativos de público, menos espaço para o mesmo público estacionar. Ouvi dizer, mas não posso confirmar, que na opinião dos empreendedores o estacionamento era sub-utilizado.
Obras em andamento, percebi que o incômodo é muito maior do que pensei. Para começar, não apenas o nível G2, mas também o G6 foram interditados. São dois níveis de estacionamento perdidos e o de cima nem sei o motivo da interdição. A horrorosa rampa de entrada (aquela que não dá para acreditar que foi liberada pelas autoridades) ficou muito maior agora, pois os motoristas precisam subir mais um andar. O risco de filas aumentou consideravelmente e, com elas, o de acidentes.
Mas não é tudo. O banheiro masculino e o fraldário do piso P4 também foram interditados, o que é particularmente inconveniente, por serem os equipamentos destinados a servir a praça de alimentação.
Por último, com a redução dos guichês de pagamento do estacionamento, há filas também para isso. Em suma, enquanto os capitalistas cuidam de aumentar o faturamento, o conforto e mesmo a segurança se perdem. O consumidor, como sempre, é só mais um detalhe e um detalhe que só interessa enquanto paga. Vale lembrar que alguns desses transtornos serão removidos (o banheiro, p. ex.), mas outros se tornarão definitivos, como a rampa de entrada. E a coisa pode piorar se inventarem uma nova expansão. Sem falar que por aqui não existe prefeito, então não se pode contar com medidas sérias, no interesse dos seres humanos.

domingo, 13 de maio de 2012

Caixa de abusos

Tudo bem, já entendemos que a Caixa Econômica Federal, hoje apenas "Caixa" para fins de fixação da marca, está realmente disposta a conquistar mercado e, inclusive, captar clientes dos concorrentes.

Começou com uma agressiva política de redução de juros, que contou com a beleza de Camila Pitanga, para chamar mais atenção. Bastou um dia e outros bancos, públicos e privados, foram na corda, deixando bem claro que podem cobrar menos e não o fazem porque são, pura e simplesmente, os maiores descendentes de rameiras que existem no universo.

Não precisava, entretanto, chegar ao abuso de deliberar pela abertura de 500 agências pelo país afora, em pleno sábado (ontem, dia 12), só para oferecer crédito. Em primeiro lugar, questiono a demanda: será que há mesmo tantas pessoas desesperadas por conseguir crédito junto à Caixa, que precisassem desse dia adicional? Em segundo, questiono o abuso de escorchar ainda mais uma categoria profissional já tão sofrida como a dos bancários.

Coagidos pelo excesso de trabalho, pelas atividades impopulares, pelo elevado grau de responsabilidade, pelo péssimo atendimento ofertado aos clientes e (dá-lhe, capitalismo!) pela necessidade de cumprir metas, os bancários ainda se viram constrangidos a trabalhar num sábado, o tal dia em que até Deus descansou. E isso para quê? Só consigo pensar numa coisa: fechar contratos desviando clientes dos bancos concorrentes. Uma prática desleal com os pares e calhorda com os funcionários.

Em São Paulo, o sindicato conseguiu uma liminar para manter fechadas as 48 agências atingidas. O vai e vem judicial, contudo, gerou dúvidas e ainda maiores insatisfações. Tudo isso poderia ser evitado não fosse a ganância.

Os consumidores queremos uma melhor política creditícia, senhores bancos. Mas chega de penalizar o trabalhador. Se o banco não respeita nem os seus "colaboradores", que dirá nós, que somos apenas o gado utilizado para produzir grana!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Perguntar não ofende

Aquela conhecida grife estrangeira, que eu supunha sofisticada e cara (mas que não é, segundo um comentarista anônimo que me corrigiu), sentará praça em Belém, numa loja de 1.800 m2 no shopping mais sofisticado da cidade. Não custa perguntar: será que alguém já está procurando imóveis com porões, a fim de manter em confinamento e situação de trabalho análogo à escravidão as pobres costureiras que produzem as peças?
Se alguém quiser me acusar de estar sendo impertinente ou injusto, antes leia aqui e aqui. Como sempre, não foi minha culpa. Foi coisa do terceirizado clandestino...

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O novo Brasil

Quando eu digo que o mundo está mudando e agora o brasileiro já tem dinheiro, só lhe falta o gramour, tem gente que duvida. Mas dê uma olhada nisto aqui e pense.