Terninho vermelho: mera coincidência |
Os invejáveis índices de educação e de qualidade de vida da Alemanha, após duas guerras mundiais que lhe devastaram a economia e o território, não foram obtidos graças a uma busca desenfreada por desenvolvimento exclusivamente econômico, muito menos virando as costas para as necessidades imediatas dos seres humanos. Os educados alemães sabem que es ist muss beibringen zu fischen, sondern manchmal notwendig ist, um die Fische zu geben (traduzir isto é meu irônico desafio) e talvez por isso não lhes seja de praxe cultivar ódios de classe, como se vê em outras nações.
Família beneficiária do Kindergeld, no sítio oficial. Como no Brasil, a publicidade institucional também prefere arianos. |
Como talvez o seu alemão esteja arranhado, extraí do sítio acima algumas informações, para lhe dar um panorama do que esse benefício é. Trata-se de um valor pago às famílias como forma de assegurar as necessidades básicas das crianças. Mas por "crianças" entenda alemãezinhos de até 18 anos (podendo chegar a 27, se estiver fazendo curso superior ou profissionalizante, ou ainda em caso de insuficiência de renda). A partir de 1º.1.2016, o valor será de no mínimo 190 euros, podendo chegar a 221 euros se houver 4 ou mais filhos.
O classe média típico talvez se impressione de saber que, já em 2007, existiam na Alemanha cerca de 154 políticas públicas de auxílio à formação e à manutenção das famílias5, tais como o Elterngeld, pagamento de 67% da renda líquida do alemão que se licencie do emprego para cuidar do filho, em casa. E também tem a garantia do emprego, quando deseje retornar.
Outra medida, instituída em 2013, foi o Betreuungsgeld, subsídio de até 150 euros mensais pagos a famílias que tenham crianças até 3 anos. A finalidade é estimular que alguém da família fique em casa cuidando da criança (promovendo educação em tempo integral). Assim, não haverá necessidade de disputar uma vaga no concorrido sistema de berçários e pré-escolas6. Acerca deste benefício específico, vale a pena conferir a postagem de um blog que nos oferece uma aguda crise à mentalidade de classe média, lá e cá, que vale a pena ler: http://tudodebonn.blogspot.com.br/2012/11/betreuungsgeldkindergeld-quem-paga-por.html.
Tenho observado que o que separa o Estado brasileiro de outros que supostamente são admirados aqui é uma glorificação dos aspectos mais crueis do capitalismo. Nos países ditos de primeiro mundo, convictamente capitalistas, existem políticas sólidas de assistência social, de amparo aos mais pobres, que são recebidas pelas populações desses países como algo bom e útil. Aqui, muito ao contrário, há sempre a ridicularização e a acusação de má-fé, basicamente no sentido de que tais políticas criarão uma legião de vagabundos pendurados no Estado. Passados todos estes anos, foi mesmo isso que aconteceu?
Gostaria de saber o que pensam os críticos dessas políticas. Caso se manifestem, não se esqueçam do quanto são deslumbrados pela Europa.
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1 Cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Angela_Merkel
2 Cf. http://economia.terra.com.br/pib-mundial/
3 Procure se informar sobre o Instituto Fraunhofer, p. ex. Para começo de conversa: http://super.abril.com.br/ciencia/instituto-fraunhofer-ciencia-medida-440905.shtml. Se seu alemão estiver em dia: http://www.fraunhofer.de/en.html
4 Cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha
5 A informação comparece em http://www.dw.com/pt/como-o-estado-alem%C3%A3o-ap%C3%B3ia-as-fam%C3%ADlias/a-2370133
6 Cf. http://www.betreuungsgeld-aktuell.de/
Um comentário:
muito bom!
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