Belém não tem prefeito há vários anos. Para mim, isto é um fato, não importa o que diga a absurda propaganda dos senhores deste engenho, encastelados no governo do Estado e ramificados nas demais instituições públicas. Masoquistas que somos, ou talvez loucos por abandono e mesmo morte, nós reelegemos as nulidades, circunstância que a qualquer observador induziria a conclusão de que merecemos a nossa sorte.
No entanto, eu vivo aqui e quero uma vida melhor para mim, minha família, meus amigos e para cada pessoa que aqui tem as suas raízes ou simplesmente está de passagem. E olhando em volta, podemos perceber medidas relativamente simples, que poderiam ser implementadas de imediato, com gastos módicos, a desviar do habitual argumento de inexistência de verba.
Assim, para não ficar na crítica vazia e nos discursos figadais, seguem algumas sugestões de medidas concretas a serem implementadas por um gestor de boa vontade (se tivéssemos ao menos um gestor, nem sonharei com a boa vontade!):
1 Melhorar a iluminação pública
Belém é uma cidade soturna. Trafegar à noite, inclusive nos bairros privilegiados, provoca uma sensação aflitiva. Não sei você, mas a escuridão me deprime. Além disso, aumenta a sensação de insegurança em relação a ataques criminosos. Durante a gestão do pernicioso Duciomar Costa, não tínhamos sequer iluminação natalina. Agora temos, mas restrita, é claro, a logradouros como Avenida Nazaré e Visconde de Souza Franco, além da Praça Batista Campos, que não é uma iniciativa do poder público.
No entanto, o contribuinte paga pela iluminação pública. Só não a recebe, exceto nas notícias publicadas na página da Secretaria Municipal de Urbanismo (http://www.belem.pa.gov.br/app/c2ms/v/?id=13), mas aí são tucanos fazendo propaganda, então já sabemos.
É urgente expandir e melhorar a iluminação da cidade, inclusive adotando padrões mais modernos, p. ex. substituindo as lâmpadas de vapor de sódio por LED (cf. http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=3&Cod=1222).
2 Combater a aridez da cidade
Cidade das mangueiras? Só se for nos bairros ditos nobres e olhe lá. Quanto mais o tempo passa, nossa cidade vai perdendo todo o verde e se tornando cada vez mais cinzenta e inóspita. O poder público parece tão acostumado ao processo de favelização que não se importa mais em nos legar blocos de concreto em vez de passeios ou canteiros centrais com um mínimo de urbanização.
Um exemplo bem característico é a Av. Júlio Cézar. Reinaugurada com pompa quando o governador Almir Gabriel se ufanava de ser o verdadeiro prefeito de Belém, enquanto prejudicava deliberadamente a gestão de Edmilson Rodrigues, tinha uma bela iluminação e um bem cuidado canteiro central. Os restos disso ainda podem ser vistos no trecho entre Almirante Barroso e Pedro Álvares Cabral (durante o dia, porque à noite é um breu só). No entanto, no trecho entre os dois elevados, a desolação é lastimável. O prolongamento da Avenida Independência é outro exemplo de projeto que já saiu da prancheta feio, sem cor, morto.
Fazer projetos com paisagismo e arborização é uma medida urgente. Alguém é capaz de dizer onde existe uma flor nesta cidade, que não seja em propriedades privadas?
Código de Posturas de Belém, este desconhecido:
Art. 24 – Para proteger a paisagem, os monumentos e os locais dotados de particular beleza e fins turísticos, bem como obras e prédios de valor histórico ou artístico de interesse social, incumbe à Prefeitura, através de regulamentação adotar medidas amplas, visando a:
I – preservar os recantos naturais de beleza paisagística e finalidade turística mantendo sempre que possível, a vegetação que caracteriza a flora natural da região;
II – proteger as áreas verdes existentes no Município, com objetivos urbanísticos, preservando, tanto quanto possível, a vegetação nativa e incentivando o reflorestamento;
III – preservar os conjuntos arquitetônicos, áreas e logradouros públicos da cidade que, pelo estilo ou caráter histórico, sejam tombados, bem assim quaisquer outros que julgar conveniente ao embelezamento e estética da cidade ou, ainda, relacionadas com sua tradição histórica ou folclórica;
IV – fiscalizar o cumprimento de normas relativas à proteção de beleza paisagística da cidade.
3 Recolher automóveis abandonados
Por onde você ande na cidade, inclusive nos bairros centrais, não é difícil encontrar automóveis abandonados, alguns já na condição de sucata. Os problemas daí decorrentes são vários, desde à mobilidade (existência de um obstáculo permanente à passagem de pessoas) até a saúde pública (focos de proliferação de mosquitos). Mas este é um problema que admite solução imediata com custo mínimo: remoção do carro ou sucata, notificação do proprietário (se conhecido) e cobrança dos encargos cabíveis.
Com um pouco mais de boa vontade, podemos acabar com os ferros-velhos e oficinas instalados em plena via pública. Poderíamos começar pela Av. Pedro Miranda, entre Doutor Freitas e Alferes Costa.
4 Corrigir o sentido das vias marginais ao canal da 3 de Maio
Ainda no tempo em que Hélio Gueiros era prefeito, quando aconteciam as obras da macrodrenagem da Bacia do Una, uma medida foi implementada para melhorar o acesso à Universidade da Amazônia: foram invertidas as mãos das marginais do canal da 3 de Maio. E como aqui ninguém se importa com nada, a besteira permanece do mesmo jeito até hoje. Na confluência com a Av. Antônio Barreto, trecho de grande tráfego, a confusão se estabelece entre quem quer seguir adiante e quem quer dobrar.
A meu ver, e admitindo minha condição de leigo em engenharia de trânsito, uma solução razoável para aquele trecho tão complicado seria corrigir o sentido das vias marginais e instalar, na Antônio Barreto, antes do canal, uma faixa elevada para travessia de pedestres (figura ao lado, meramente ilustrativa). Com isso, acabaríamos com o deslocamento em X que os condutores precisam fazer atualmente, para seguir pela 3 de Maio, reduzindo a velocidade para viabilizar o cruzamento da via sem a necessidade de semáforo (outra desgraça que inferniza a vida do belenense).
Claro que, pensando um pouco, logo lembraríamos diversas outras sugestões simples para melhorar a qualidade de vida em Belém, do ponto de vista de quem enfrenta esses problemas. Para não perder a ideia, deixo aqui estas quatro e convido você a pensar em outras questões pontuais.
Agindo de maneira proativa, quem sabe consigamos que, no dia em que tivermos um prefeito, possamos implementar algumas boas ideias.
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domingo, 8 de janeiro de 2017
domingo, 10 de janeiro de 2016
Chegando aos 400 anos
Nós vivemos em uma cidade. Também vivemos em um país (e na divisão territorial mais arbitrária, o Estado, que não existe nos Estados unitários). Mas a verdade é que vivemos em uma cidade, então as questões que nos atingem mais direta e cotidianamente são as locais. É o buraco na rua, o trânsito, o barulho, o abastecimento de alimentos, os alagamentos, o capim, a iluminação pública, etc. Mas vivemos obcecados pelo âmbito federal e, no geral do tempo, focamos na União, no Congresso Nacional e em uma série de questões que são importantíssimas, mas que não deveriam afastar a atenção sobre as questões locais.
Eu sou um municipalista. Preocupo-me demais com as questões citadinas e até me aflijo mais nas eleições municipais do que nas estaduais e federais. Porque sinto que um mau prefeito vai me prejudicar justamente naquelas questões cotidianas.
Depois de amanhã, nossa cidade de Belém completará 400 anos. Data redonda, importante; impossível ficar indiferente. Pelo que tenho visto em conversas e, claro, nas redes sociais, existe um sentimento disseminado de que não há muito a comemorar.
Abstraindo preferências partidárias e ideológicas, penso que qualquer pessoa poderia concordar com esta afirmação: as condições de vida em Belém estão muito aquém não apenas do desejável, mas também do que seria possível, em uma observação bastante realista. Fazendo um pouco mais de esforço, creio que a concordância se estenderia também a esta afirmação: Belém poderia estar em uma situação bem melhor se houvesse interesse de seus gestores, pois estamos com graves problemas de governo há muito tempo.
Para tentar escapar à doença de bipolaridade que domina a internet atualmente, tentarei ser o mais objetivo possível. Quero elencar alguns problemas urbanos que, por sua aparente simplicidade, poderiam ser resolvidos por qualquer prefeito, com alguma rapidez e sem gastos significativos, bastando portanto que ele quisesse fazer alguma coisa. Problemas escolhidos mediante o simplório critério de ir à rua e ver como as coisas estão.
Belém chega aos 400 anos, no século XXI, em um cenário de imensos avanços tecnológicos (no mundo), sem ter conseguido resolver, ou ao menos enfrentar de forma relevante, problemas singelos, tais como iluminação pública. Vivemos em uma cidade escura, soturna, o que proporciona um sentimento de aflição, além de aumentar o risco de violência. Não é o habitual abandono da periferia: os bairros centrais são escuros. Por quê?
Vivemos em uma cidade sem acabamento, digamos assim. Algo como uma obra que para no reboco, sem que as paredes sejam pintadas. Veja-se o caso da Av. Júlio César, uma importante via que, por conduzir ao aeroporto internacional, é uma das mais importantes portas da cidade. Na década de 1990, ela passou por uma grande intervenção: ganhou canteiro central com paisagismo, nova iluminação, pontos de ônibus com abrigos estilizados. Ficou vistosa. Nos últimos anos, no trecho entre a Av. Pedro Álvares Cabral e o aeroporto, foi alargada (para melhorar a circulação de veículos). Como está hoje? Podiam ter reconstruído o canteiro central; podiam ter feito uma iluminação melhor. Em vez disso, deixaram lá aqueles blocos de concreto que são usados em obras, mas não deveriam ser definitivos. Passo por aquele trecho e fico deprimido. É feio. Por quê?
Vivemos em uma cidade que discute, há décadas, a racionalização do itinerário das linhas de ônibus como forma de melhorar a fluidez de tráfego, mas isso jamais foi feito. Melhorar o trânsito é um problema muito complexo, então escolhi este item porque ele poderia ser feito mesmo sem obras de infraestrutura e sem custos além dos já existentes. Mas nada acontece. Por quê?
A lista poderia ser ampliada sem dificuldades. E se incluísses medidas que demandariam apenas uma realocação de recursos, certamente logo chegaríamos a um conjunto de propostas concretas e simples para melhorar, de verdade e sem demora, a vida dos belenenses.
Fiquem à vontade para apontar outras medidas, simples e baratas, que poderiam melhorar as condições de vida em Belém. Medidas cuja implementação dependeria tão somente da boa vontade de um prefeito minimamente comprometido com seus deveres.
Eu sou um municipalista. Preocupo-me demais com as questões citadinas e até me aflijo mais nas eleições municipais do que nas estaduais e federais. Porque sinto que um mau prefeito vai me prejudicar justamente naquelas questões cotidianas.
Depois de amanhã, nossa cidade de Belém completará 400 anos. Data redonda, importante; impossível ficar indiferente. Pelo que tenho visto em conversas e, claro, nas redes sociais, existe um sentimento disseminado de que não há muito a comemorar.
Abstraindo preferências partidárias e ideológicas, penso que qualquer pessoa poderia concordar com esta afirmação: as condições de vida em Belém estão muito aquém não apenas do desejável, mas também do que seria possível, em uma observação bastante realista. Fazendo um pouco mais de esforço, creio que a concordância se estenderia também a esta afirmação: Belém poderia estar em uma situação bem melhor se houvesse interesse de seus gestores, pois estamos com graves problemas de governo há muito tempo.
Para tentar escapar à doença de bipolaridade que domina a internet atualmente, tentarei ser o mais objetivo possível. Quero elencar alguns problemas urbanos que, por sua aparente simplicidade, poderiam ser resolvidos por qualquer prefeito, com alguma rapidez e sem gastos significativos, bastando portanto que ele quisesse fazer alguma coisa. Problemas escolhidos mediante o simplório critério de ir à rua e ver como as coisas estão.
Belém chega aos 400 anos, no século XXI, em um cenário de imensos avanços tecnológicos (no mundo), sem ter conseguido resolver, ou ao menos enfrentar de forma relevante, problemas singelos, tais como iluminação pública. Vivemos em uma cidade escura, soturna, o que proporciona um sentimento de aflição, além de aumentar o risco de violência. Não é o habitual abandono da periferia: os bairros centrais são escuros. Por quê?
Vivemos em uma cidade sem acabamento, digamos assim. Algo como uma obra que para no reboco, sem que as paredes sejam pintadas. Veja-se o caso da Av. Júlio César, uma importante via que, por conduzir ao aeroporto internacional, é uma das mais importantes portas da cidade. Na década de 1990, ela passou por uma grande intervenção: ganhou canteiro central com paisagismo, nova iluminação, pontos de ônibus com abrigos estilizados. Ficou vistosa. Nos últimos anos, no trecho entre a Av. Pedro Álvares Cabral e o aeroporto, foi alargada (para melhorar a circulação de veículos). Como está hoje? Podiam ter reconstruído o canteiro central; podiam ter feito uma iluminação melhor. Em vez disso, deixaram lá aqueles blocos de concreto que são usados em obras, mas não deveriam ser definitivos. Passo por aquele trecho e fico deprimido. É feio. Por quê?
Vivemos em uma cidade que discute, há décadas, a racionalização do itinerário das linhas de ônibus como forma de melhorar a fluidez de tráfego, mas isso jamais foi feito. Melhorar o trânsito é um problema muito complexo, então escolhi este item porque ele poderia ser feito mesmo sem obras de infraestrutura e sem custos além dos já existentes. Mas nada acontece. Por quê?
A lista poderia ser ampliada sem dificuldades. E se incluísses medidas que demandariam apenas uma realocação de recursos, certamente logo chegaríamos a um conjunto de propostas concretas e simples para melhorar, de verdade e sem demora, a vida dos belenenses.
Fiquem à vontade para apontar outras medidas, simples e baratas, que poderiam melhorar as condições de vida em Belém. Medidas cuja implementação dependeria tão somente da boa vontade de um prefeito minimamente comprometido com seus deveres.
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
Cenas de Belém
Na manhã de hoje, enquanto aguardava uma chance de me movimentar no engarrafamento nosso de todo dia, olhei para o lado e vi um casal prestes a degustar o café da manhã. Não sei se era um casal no sentido de relacionamento afetivo; refiro-me, apenas, ao fato de serem um homem e uma mulher (o sentido original e hoje superado da palavra). Pelo que entendi, ele estava preparando um pão para ela, colocando algum tipo de recheio, segundo me pareceu.
Isso seria sumamente desinteressante não fosse pelo detalhe de que os dois estavam em um ponto de ônibus da Av. Júlio César, ao que tudo indica transformado em moradia que, de transitória, deve se tornar permanente enquanto o país for do jeito que é.
Faz tempo que vejo um cidadão instalado no aludido abrigo no horário da noite. O que ainda não percebera é que, de tanto não ter para onde ir, ficou por ali mesmo e arranjou companhia. Talvez a companhia já existisse e eu não soubesse. No local, havia umas sacolas e volumes semelhantes, provavelmente tudo que possuem em suas vidas. Servem para cobrir seus corpos e também de mobília, tanto que estavam sentados em dois desses volumes.
Avistei o pão e o homem usando uma colher para colocar alguma coisa em seu interior. Confesso que estou curioso até agora para saber o que era. Também queria saber como ele conseguiu o pão, como chegou por ali e tantas outras coisas que, no final, ninguém pergunta, já que tais pessoas em geral são invisíveis.
O abrigo é pouco utilizado para o seu fim originário: proteger usuários do transporte coletivo do sol e da chuva. Costumo vê-lo ocupado mais por motociclistas, protegendo-se quando chove. Aí é preciso dividir o espaço com o morador. Ou moradores. Aparentemente, nada chama a atenção de ninguém; tudo é absolutamente normal. E as pessoas da rua vivem assim, dia após dia, sem perspectiva de mudança. Isso me estristece profundamente.
Sei que, agora, sempre vou reparar no ambiente "doméstico". Quem sabe um dia eu pare para tomar um café. Eu levo o café, claro.
Isso seria sumamente desinteressante não fosse pelo detalhe de que os dois estavam em um ponto de ônibus da Av. Júlio César, ao que tudo indica transformado em moradia que, de transitória, deve se tornar permanente enquanto o país for do jeito que é.
Faz tempo que vejo um cidadão instalado no aludido abrigo no horário da noite. O que ainda não percebera é que, de tanto não ter para onde ir, ficou por ali mesmo e arranjou companhia. Talvez a companhia já existisse e eu não soubesse. No local, havia umas sacolas e volumes semelhantes, provavelmente tudo que possuem em suas vidas. Servem para cobrir seus corpos e também de mobília, tanto que estavam sentados em dois desses volumes.
Avistei o pão e o homem usando uma colher para colocar alguma coisa em seu interior. Confesso que estou curioso até agora para saber o que era. Também queria saber como ele conseguiu o pão, como chegou por ali e tantas outras coisas que, no final, ninguém pergunta, já que tais pessoas em geral são invisíveis.
O abrigo é pouco utilizado para o seu fim originário: proteger usuários do transporte coletivo do sol e da chuva. Costumo vê-lo ocupado mais por motociclistas, protegendo-se quando chove. Aí é preciso dividir o espaço com o morador. Ou moradores. Aparentemente, nada chama a atenção de ninguém; tudo é absolutamente normal. E as pessoas da rua vivem assim, dia após dia, sem perspectiva de mudança. Isso me estristece profundamente.
Sei que, agora, sempre vou reparar no ambiente "doméstico". Quem sabe um dia eu pare para tomar um café. Eu levo o café, claro.
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Reflexões sobre obras particulares na cidade
Acordar às 5h10 da madrugada para levar a mãe à hemodiálise e, de lá, conduzi-la imediatamente à radioterapia me fez abdicar de qualquer bom humor e o faria mesmo que hoje não fosse feriado. Decidi, assim, praticar um de meus esportes favoritos. Lá vai.
Conheço o Hospital Porto Dias de outros carnavais. A despeito dos investimentos para construir um prédio enorme, dotado de luxuosas suítes para clientes VIP, maiores do que muitos apartamentos por aí, aspectos muito mais elementares, fundamentais mesmo, não parecem ter mudado ao longo dos anos.
Quando entrei no estacionamento do prédio mais novo, perguntei-me imediatamente: "O Corpo de Bombeiros liberou isto aqui?" ― pergunta que, em se tratando de Belém do Pará, está longe de ser retórica. Construído claramente em aproveitamento de espaços disponíveis, é irregular, com rampas íngremes e, no trecho que usei, estreito e repleto de colunas próximas. Um exercício de paciência para quem, se precisou ir a um hospital, não está exatamente num momento muito bacana.
Chamou-me a atenção, particularmente, o fato de, em toda a extensão do corredor onde entrei, haver uns buracos no chão, conectados a uma tubulação que, confesso, não sei para que serve. Talvez para escoar água, evitando alagamentos. Ocorre que esses buracos, tendo a bitola de tubos de esgoto, constituem ameaça para qualquer pessoa que caminhe por ali, especialmente por não haver nenhuma sinalização e a própria iluminação do lugar ser um pouco fraca. Ninguém anda por estacionamentos procurando buracos, então mesmo uma pessoa cuidadosa poderia ser traída pela desatenção.
Embora leigo, tenho certeza de que existe uma NR em algum lugar obrigando que esses buracos sejam tampados, e com tampas presas, impedindo que pessoas tropecem neles, sofrendo quedas ou torções. Eles são especialmente perigosos para crianças, cujos pezinhos podem cair neles, produzindo até fraturas.
Desnecessário destacar que o estacionamento é pago, não é?
Depois de estacionar, fizemos o que era certo: procuramos uma saída pelo elevador, embora estivéssemos ao lado da rampa destinada aos veículos. Nada de correr riscos, claro. Um hospital daquele porte nos oferece dois elevadores, um dos quais estava desligado. Após esperar uma estação inteira até o bicho descer do 17º andar, a porta se abriu e aí nos deparamos com o velho padrão de qualidade Porto Dias: dentro, havia um simpático funcionário transportando um imenso carrinho com roupas usadas.
Naquela casa sempre foi assim: visitantes, funcionários, doentes, operados, cestos de roupa suja e carrinhos com bandejas de alimentação dividem o mesmo elevador! Depois ocorrem surtos de infecção hospitalar e ninguém sabe por quê. Mas veja bem: a recepcionista impediu um rapaz de subir porque ele estava... de bermuda. É isso, mesmo: o hospital que coloca gente com o sistema imunológico prejudicado, roupas sujas e comida no mesmo cubículo proíbe o acesso de homens usando bermudas. Afinal, homens de bermudas são um atentado à moral e aos bons costumes, além de constituírem grave ameaça à saúde pública. Sobretudo numa cidade com o clima nórdico de Belém.
Mas faço questão de ressaltar que o setor de radioterapia do Hospital Porto Dias, recentemente inaugurado, funciona muito bem e tem um corpo funcional extremamente gentil e prestativo, uma necessidade absoluta considerando o estado emocional de quem passa por ali para fins de atendimento, pessoal ou em familiares. Médicos, grupo de enfermagem e atendentes estão de parabéns pela atenção que dispensam ao público e pela sinceridade dos sorrisos com que nos recebem.
Conheço o Hospital Porto Dias de outros carnavais. A despeito dos investimentos para construir um prédio enorme, dotado de luxuosas suítes para clientes VIP, maiores do que muitos apartamentos por aí, aspectos muito mais elementares, fundamentais mesmo, não parecem ter mudado ao longo dos anos.
Quando entrei no estacionamento do prédio mais novo, perguntei-me imediatamente: "O Corpo de Bombeiros liberou isto aqui?" ― pergunta que, em se tratando de Belém do Pará, está longe de ser retórica. Construído claramente em aproveitamento de espaços disponíveis, é irregular, com rampas íngremes e, no trecho que usei, estreito e repleto de colunas próximas. Um exercício de paciência para quem, se precisou ir a um hospital, não está exatamente num momento muito bacana.
Chamou-me a atenção, particularmente, o fato de, em toda a extensão do corredor onde entrei, haver uns buracos no chão, conectados a uma tubulação que, confesso, não sei para que serve. Talvez para escoar água, evitando alagamentos. Ocorre que esses buracos, tendo a bitola de tubos de esgoto, constituem ameaça para qualquer pessoa que caminhe por ali, especialmente por não haver nenhuma sinalização e a própria iluminação do lugar ser um pouco fraca. Ninguém anda por estacionamentos procurando buracos, então mesmo uma pessoa cuidadosa poderia ser traída pela desatenção.
Embora leigo, tenho certeza de que existe uma NR em algum lugar obrigando que esses buracos sejam tampados, e com tampas presas, impedindo que pessoas tropecem neles, sofrendo quedas ou torções. Eles são especialmente perigosos para crianças, cujos pezinhos podem cair neles, produzindo até fraturas.
Desnecessário destacar que o estacionamento é pago, não é?
Depois de estacionar, fizemos o que era certo: procuramos uma saída pelo elevador, embora estivéssemos ao lado da rampa destinada aos veículos. Nada de correr riscos, claro. Um hospital daquele porte nos oferece dois elevadores, um dos quais estava desligado. Após esperar uma estação inteira até o bicho descer do 17º andar, a porta se abriu e aí nos deparamos com o velho padrão de qualidade Porto Dias: dentro, havia um simpático funcionário transportando um imenso carrinho com roupas usadas.
Naquela casa sempre foi assim: visitantes, funcionários, doentes, operados, cestos de roupa suja e carrinhos com bandejas de alimentação dividem o mesmo elevador! Depois ocorrem surtos de infecção hospitalar e ninguém sabe por quê. Mas veja bem: a recepcionista impediu um rapaz de subir porque ele estava... de bermuda. É isso, mesmo: o hospital que coloca gente com o sistema imunológico prejudicado, roupas sujas e comida no mesmo cubículo proíbe o acesso de homens usando bermudas. Afinal, homens de bermudas são um atentado à moral e aos bons costumes, além de constituírem grave ameaça à saúde pública. Sobretudo numa cidade com o clima nórdico de Belém.
Mas faço questão de ressaltar que o setor de radioterapia do Hospital Porto Dias, recentemente inaugurado, funciona muito bem e tem um corpo funcional extremamente gentil e prestativo, uma necessidade absoluta considerando o estado emocional de quem passa por ali para fins de atendimento, pessoal ou em familiares. Médicos, grupo de enfermagem e atendentes estão de parabéns pela atenção que dispensam ao público e pela sinceridade dos sorrisos com que nos recebem.
terça-feira, 1 de abril de 2014
Coloque as barbas de molho para que não seja sua casa ou seu carro
Previsão de maré alta para hoje: 3,5 metros ao meio dia. Só isso já proporciona alguns pontos de alagamento, notadamente no centro comercial.
Mas como se não bastasse, há previsão de chuva. E como qualquer um nesta cidade sabe, a combinação de chuva com maré alta em Belém pode ser resumida em uma palavra: caos.
Por diversos bairros, casas inundadas, o lixo indevidamente descartado se espalhando, trânsito parado e carros indo para o fundo. Se chover mesmo e você puder evitar ir à rua, evite. Após mais de uma década sem prefeito por estas bandas, pontos que antes não alagavam agora vão para o fundo também. Todo cuidado é pouco.
E não é mentira minha.
Mas como se não bastasse, há previsão de chuva. E como qualquer um nesta cidade sabe, a combinação de chuva com maré alta em Belém pode ser resumida em uma palavra: caos.
Por diversos bairros, casas inundadas, o lixo indevidamente descartado se espalhando, trânsito parado e carros indo para o fundo. Se chover mesmo e você puder evitar ir à rua, evite. Após mais de uma década sem prefeito por estas bandas, pontos que antes não alagavam agora vão para o fundo também. Todo cuidado é pouco.
E não é mentira minha.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Todos à mercê de alguma coisa
Na manhã de hoje, servidores da Santa Casa de Misericórdia interditaram o trânsito da Rua Bernal do Couto e servidores da área de educação bloquearam parcialmente a Av. Augusto Montenegro. O motivo é o mesmo: protesto contra o corte de gratificações financeiras, procedido pelo governo do Estado. Enquanto sobem os preços, cai a remuneração de quem trabalha. Em pleno ano eleitoral, não falte quem cogite da necessidade de formar os famosos caixas de campanha.
E o que pensam os belenenses sobre essas manifestações? Basicamente uma coisa: que manifestantes não podem interditar vias públicas; que isso fere o direito de ir e vir; que a população como um todo é penalizada pelas reivindicações de grupos, etc.
É a nossa crônica inclinação à falta de empatia. O problema é seu, não meu, então não o divida comigo. Mesmo que eu também seja um trabalhador que não gostaria nem um pouco que meu salário fosse reduzido. A coisa só se torna escandalosa se acontecer comigo ou com os meus, especificamente. Triste, isso.
Mas para fazer um esforço de ter esperança no povo de minha cidade, consintamos que essas críticas não decorrem de maldade ou de indiferença, e sim de um trauma, eis que Belém é hoje uma cidade lenta, facilmente paralisável. E todos os dias, milhares de pessoas ficam retidas em ônibus, táxis e automóveis particulares; ou mofam em pontos de ônibus onde o transporte demora a chegar. E mesmo os pedestres respiram o monóxido de carbono concentrado do trânsito parado e se estressam com as buzinadas inúteis. E um sem número de pessoas morre ou fica incapacitada devido a acidentes.
O cenário é tão pesaroso que, como em qualquer trauma, à menor lembrança do gatilho, a reação é de desespero. Se assim for, trata-se de outro sintoma de nossos tempos. E quem cuida de nós?
E o que pensam os belenenses sobre essas manifestações? Basicamente uma coisa: que manifestantes não podem interditar vias públicas; que isso fere o direito de ir e vir; que a população como um todo é penalizada pelas reivindicações de grupos, etc.
É a nossa crônica inclinação à falta de empatia. O problema é seu, não meu, então não o divida comigo. Mesmo que eu também seja um trabalhador que não gostaria nem um pouco que meu salário fosse reduzido. A coisa só se torna escandalosa se acontecer comigo ou com os meus, especificamente. Triste, isso.
Mas para fazer um esforço de ter esperança no povo de minha cidade, consintamos que essas críticas não decorrem de maldade ou de indiferença, e sim de um trauma, eis que Belém é hoje uma cidade lenta, facilmente paralisável. E todos os dias, milhares de pessoas ficam retidas em ônibus, táxis e automóveis particulares; ou mofam em pontos de ônibus onde o transporte demora a chegar. E mesmo os pedestres respiram o monóxido de carbono concentrado do trânsito parado e se estressam com as buzinadas inúteis. E um sem número de pessoas morre ou fica incapacitada devido a acidentes.
O cenário é tão pesaroso que, como em qualquer trauma, à menor lembrança do gatilho, a reação é de desespero. Se assim for, trata-se de outro sintoma de nossos tempos. E quem cuida de nós?
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Situação de Belém
O dia de ontem impressionou muitos belenenses. Afinal, estamos acostumados a ver os supermercados funcionando diuturnamente, mas eis que de repente eles começaram a fechar as portas. Obviamente, não por iniciativa dos capitalistas. Cansados em todos os sentidos, os trabalhadores resolveram agir. Começou pelo Grupo Líder, passou para o Yamada e, hoje, só os funcionários daquela primeira empresa já retornaram ao trabalho, porque fecharam um acordo. Todos os demais supermercados fecharam, os últimos na manhã desta quinta-feira.
Ontem, o cenário era de filme pré-apocalíptico. Um número enorme de consumidores acorreu aos supermercados abertos, abarrotando seus carrinhos de mercadorias. A irmã de uma amiga avistou até briga pelo último pacote de um certo produto. Gente estocando e brigando por comida... Será o prenúncio do apocalipse zumbi?
A mesma testemunha, que ficou uma hora sofrendo na fila para conseguir pagar suas compras, relatou ter ido depois a dois postos de combustíveis, em vão. Sim, Belém está mais uma vez amargando desabastecimento de gasolina. Hoje, a imprensa anuncia que 10% dos postos estão desguarnecidos.
De permeio, tem chovido forte diariamente, numa época em que as chuvas normalmente já pararam. As chuvas têm alagado a cidade (mas o prefeito já declarou que não é mágico, justamente por causa desse motivo: ele não pode impedir a chuva de chover!), provocando ainda maior caos no trânsito. Tem faltado água e energia (mas isso não é exatamente novidade). Se somarmos aos frequentes protestos nas ruas, e descontextualizarmos tudo, teremos um cenário deveras preocupante.
E se pensarmos em outras mazelas que a cidade possui, tais como serviços de saúde muito deficitários, podemos ficar realmente apavorados...
Ontem, o cenário era de filme pré-apocalíptico. Um número enorme de consumidores acorreu aos supermercados abertos, abarrotando seus carrinhos de mercadorias. A irmã de uma amiga avistou até briga pelo último pacote de um certo produto. Gente estocando e brigando por comida... Será o prenúncio do apocalipse zumbi?
A mesma testemunha, que ficou uma hora sofrendo na fila para conseguir pagar suas compras, relatou ter ido depois a dois postos de combustíveis, em vão. Sim, Belém está mais uma vez amargando desabastecimento de gasolina. Hoje, a imprensa anuncia que 10% dos postos estão desguarnecidos.
De permeio, tem chovido forte diariamente, numa época em que as chuvas normalmente já pararam. As chuvas têm alagado a cidade (mas o prefeito já declarou que não é mágico, justamente por causa desse motivo: ele não pode impedir a chuva de chover!), provocando ainda maior caos no trânsito. Tem faltado água e energia (mas isso não é exatamente novidade). Se somarmos aos frequentes protestos nas ruas, e descontextualizarmos tudo, teremos um cenário deveras preocupante.
E se pensarmos em outras mazelas que a cidade possui, tais como serviços de saúde muito deficitários, podemos ficar realmente apavorados...
domingo, 30 de junho de 2013
Uma questão de oportunidade
Evidentemente, é necessária e salutar a medida que o Mangal das Garças tomará nos próximos dias, de fazer a manutenção no Lago da Ponta (não sabia que tinha esse nome). Para tanto, todos os animais que vivem naquele ambiente — peixes, tartarugas e aves — foram transferidos para um lago menor. O principal será esvaziado, para limpeza minuciosa. Trata-se da primeira operação do gênero naquele parque zoobotânico.
Muito legal. Mas precisavam realmente fazer isso no período de férias escolares? Se não deu para fazer mais cedo, não seria, talvez, mais interessante postergar a limpeza para agosto? É que justamente quando as crianças dispõem de mais tempo e os pais precisam achar um modo de entretê-las, o Mangal estará com suas atrações prejudicadas — e isso por um tempo estimado em 20 dias.
Some-se a isso a interminável reforma do Parque Zoobotânico Museu Emílio Goeldi, um dos mais frequentados espaços de lazer propícios a crianças, em obras há anos. Não é exagero: são anos. Júlia está prestes a completar 5 anos e, desde que ela nasceu, estivemos no Museu algumas vezes, mas sempre enfrentando o fechamento de espaços e consequente retirada de animais. Nada de cobras e peixes, p. ex. As exposições também se foram. É frustrante.
Lembrando que o adorável Parque do Utinga é basicamente um espaço de contemplação, porque lá não há o que fazer (refiro-me a programas com crianças; lá é um ótimo espaço para se exercitar), restam o Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, o pequeno Horto Municipal e o pedalinho do Ver-o-Rio, além de algumas praças (mas a da República, p. ex., fica impraticável aos domingos). Ah, sim, a orla, que aos finais de semana vira um formigueiro humano (tanto que, a despeito de minhas tentativas, até hoje não consegui encostar por lá). Desse jeito, fica difícil garantir lazer com segurança para nossas crianças. Eu nem me arvoro a criticar quem vive enfiado dentro dos enervantes shopping centers. O que podem fazer essas pessoas?
Com informações do Portal ORM.
Muito legal. Mas precisavam realmente fazer isso no período de férias escolares? Se não deu para fazer mais cedo, não seria, talvez, mais interessante postergar a limpeza para agosto? É que justamente quando as crianças dispõem de mais tempo e os pais precisam achar um modo de entretê-las, o Mangal estará com suas atrações prejudicadas — e isso por um tempo estimado em 20 dias.
Some-se a isso a interminável reforma do Parque Zoobotânico Museu Emílio Goeldi, um dos mais frequentados espaços de lazer propícios a crianças, em obras há anos. Não é exagero: são anos. Júlia está prestes a completar 5 anos e, desde que ela nasceu, estivemos no Museu algumas vezes, mas sempre enfrentando o fechamento de espaços e consequente retirada de animais. Nada de cobras e peixes, p. ex. As exposições também se foram. É frustrante.
Lembrando que o adorável Parque do Utinga é basicamente um espaço de contemplação, porque lá não há o que fazer (refiro-me a programas com crianças; lá é um ótimo espaço para se exercitar), restam o Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, o pequeno Horto Municipal e o pedalinho do Ver-o-Rio, além de algumas praças (mas a da República, p. ex., fica impraticável aos domingos). Ah, sim, a orla, que aos finais de semana vira um formigueiro humano (tanto que, a despeito de minhas tentativas, até hoje não consegui encostar por lá). Desse jeito, fica difícil garantir lazer com segurança para nossas crianças. Eu nem me arvoro a criticar quem vive enfiado dentro dos enervantes shopping centers. O que podem fazer essas pessoas?
Com informações do Portal ORM.
sábado, 15 de junho de 2013
Anote aí
De acordo com a Prefeitura de Belém e com a empresa Andrade Gutierrez, o prazo final para a entrega da primeira fase do BRT, totalmente pronta, é dezembro de 2013. Como não foi informado dia, pensemos em 31.12.2013.
31.12.2013. Está anotado. Dia 1º de janeiro voltaremos a falar sobre isso. Ou antes?
31.12.2013. Está anotado. Dia 1º de janeiro voltaremos a falar sobre isso. Ou antes?
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Será?
Com um atraso de pelo menos um mês em relação ao anunciado, supostamente as obras do BRT devem ser retomadas ainda hoje. Isto porque, nesta manhã, o prefeito de Belém, aquele que não é mágico, finalmente assinou a ordem de serviço. E o fez, claro, no canteiro de obras do Entroncamento, na presença da blague, de operários e da imprensa. Sobretudo da imprensa.
Segundo consta, a primeira meta é concluir os elevados do Entroncamento. Mesmo que as pistas exclusivas do BRT não sejam abertas ao tráfego, a liberação dos elevados daria um grande alento para quem precisa passar por aquela área da cidade que, justamente por causa dessas obras, promoveu uma série de interdições, na medida em que a rotatória foi obstruída.
Deus ajude. Mas só acredito vendo.
Segundo consta, a primeira meta é concluir os elevados do Entroncamento. Mesmo que as pistas exclusivas do BRT não sejam abertas ao tráfego, a liberação dos elevados daria um grande alento para quem precisa passar por aquela área da cidade que, justamente por causa dessas obras, promoveu uma série de interdições, na medida em que a rotatória foi obstruída.
Deus ajude. Mas só acredito vendo.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Agora a coisa vai!
Agora só falta o BRT!
Observação: A notícia e a imagem estão disponíveis no site da Prefeitura de Belém.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Lutando por um parque?
Mais um round na atuação da mídia em torno de um empreendimento incerto e controverso. Aquela coluna de negócios, ontem, além de anunciar pela enésima vez a inauguração de certos estabelecimentos, saiu-se com esta:
A luta para transferir para outro local a pista do Aeroclube, hoje no coração da cidade, é antiga, oficialmente desde 1989, na Câmara, por iniciativa do então vereador Nelson Chaves. Só que agora a campanha volta à tona ganhando a cada dia adesões importantes. Local ideal para um grande parque da cidade.
Então vamos às ponderações:
Admito minha ignorância em relação a essa "luta" ou "campanha" para desalojar o Aeroporto Brigadeiro Protásio de Oliveira (e não apenas Aeroclube, como redigido). O que tenho dito, aqui no blog, é de minha percepção quanto a setores da imprensa estarem plantando ideias na cabeça das pessoas em geral, para favorecer a indústria da construção civil. Que esse movimento tenha começado há muito tempo, na Câmara Municipal, não faz a menor diferença: quantos vereadores você já conheceu cuja única razão de seus mandatos era se dar bem, intermediando interesses privados? Não digo que era o caso de Nelson Chaves, do qual nada sei. Meu argumento é que ingerência de vereador, por si só, não confere dignidade a causa alguma.
Se a tal campanha angaria "a cada dia adesões importantes", por que nenhuma dessa adesões foi nominalmente citada, a fim de sabermos do peso e da hombridade de seus adeptos?
Mas o que realmente me impressionou foi a afirmação de que o objetivo de remover o aeroporto é instalar, no local, um parque! Um grande parque! De repente, não mais que de repente, a campanha é para proteger o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida das pessoas! Você acha que eu acredito? Um parque totalmente acessível ao público, em vez de ser mero paisagismo de empreendimentos privados, uma torre aqui, outra ali, piscinas e saunas cercadas de muito verde? Duvido.
Até porque, se o objetivo fosse mesmo esse, a mídia de negócios não estaria minimamente interessada.
Antecedentes:
A luta para transferir para outro local a pista do Aeroclube, hoje no coração da cidade, é antiga, oficialmente desde 1989, na Câmara, por iniciativa do então vereador Nelson Chaves. Só que agora a campanha volta à tona ganhando a cada dia adesões importantes. Local ideal para um grande parque da cidade.
Então vamos às ponderações:
Admito minha ignorância em relação a essa "luta" ou "campanha" para desalojar o Aeroporto Brigadeiro Protásio de Oliveira (e não apenas Aeroclube, como redigido). O que tenho dito, aqui no blog, é de minha percepção quanto a setores da imprensa estarem plantando ideias na cabeça das pessoas em geral, para favorecer a indústria da construção civil. Que esse movimento tenha começado há muito tempo, na Câmara Municipal, não faz a menor diferença: quantos vereadores você já conheceu cuja única razão de seus mandatos era se dar bem, intermediando interesses privados? Não digo que era o caso de Nelson Chaves, do qual nada sei. Meu argumento é que ingerência de vereador, por si só, não confere dignidade a causa alguma.
Se a tal campanha angaria "a cada dia adesões importantes", por que nenhuma dessa adesões foi nominalmente citada, a fim de sabermos do peso e da hombridade de seus adeptos?
Mas o que realmente me impressionou foi a afirmação de que o objetivo de remover o aeroporto é instalar, no local, um parque! Um grande parque! De repente, não mais que de repente, a campanha é para proteger o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida das pessoas! Você acha que eu acredito? Um parque totalmente acessível ao público, em vez de ser mero paisagismo de empreendimentos privados, uma torre aqui, outra ali, piscinas e saunas cercadas de muito verde? Duvido.
Até porque, se o objetivo fosse mesmo esse, a mídia de negócios não estaria minimamente interessada.
Antecedentes:
- http://yudicerandol.blogspot.com/2013/04/uma-nota-inocente-sobre-um-perigo.html
- http://yudicerandol.blogspot.com/2013/05/uma-materia-inocente-sobre-um-perigo-ja.html
- http://yudicerandol.blogspot.com/2013/05/nao-privatizacao-da-sacramenta.html
terça-feira, 14 de maio de 2013
Não à privatização da Sacramenta
Um comentarista anônimo captou o meu pensamento e deixou este comentário em relação à segunda postagem sobre o entorno do Aeroporto Brigadeiro Protásio de Oliveira:
Morei por 35 anos ao lado do Aeroclube do Pará, portanto, posso afiançar aos leitores do blog que ninguém tem medo de um avião ou paraquedista cair na sua casa. Nosso medo é a privatização daquela área! Eu afirmo, tem um ano que vi três diretores no hangar da antiga Kovacs e eles não estavam ali para pegar avião. Eu vou logo avisando, eu vou representar ao MPF se aquela área cair na mão da iniciativa privada e sem consulta a população. O bairro da Sacramenta tem uma relação de afeto com aquela área. Eu cheguei a correr com medo da P.A só porque estávamos brincando bola no terreno deste aeroporto. Ali, as bandas das escolas Plácido Aristóteles e Graziela Amaral costumavam ensaiar para os desfiles escolares. Não à privatização. Vocês não passaram!
Morei por 35 anos ao lado do Aeroclube do Pará, portanto, posso afiançar aos leitores do blog que ninguém tem medo de um avião ou paraquedista cair na sua casa. Nosso medo é a privatização daquela área! Eu afirmo, tem um ano que vi três diretores no hangar da antiga Kovacs e eles não estavam ali para pegar avião. Eu vou logo avisando, eu vou representar ao MPF se aquela área cair na mão da iniciativa privada e sem consulta a população. O bairro da Sacramenta tem uma relação de afeto com aquela área. Eu cheguei a correr com medo da P.A só porque estávamos brincando bola no terreno deste aeroporto. Ali, as bandas das escolas Plácido Aristóteles e Graziela Amaral costumavam ensaiar para os desfiles escolares. Não à privatização. Vocês não passaram!
Ratificou o que penso.
domingo, 28 de abril de 2013
Uma nota "inocente" sobre um perigo incerto
Em 1936, uma grande área fora do espaço urbano de Belém foi adquirida pelo então Ministério da Guerra e nela foi instalado o Campo de Souza, sede do 7º Regimento de Aviação. No ano seguinte, foi criado o Aeroclube do Pará, com a missão de formar pilotos civis, utilizando a área como aeródromo. Em agosto de 1976, o mesmo foi alçado à condição de aeroporto, aberto ao tráfego civil. Foi batizado de Aeroporto "Júlio Cézar", em alusão a Júlio Cézar Ribeiro de Souza (1843-1887), paraense de Acará, pioneiro dos estudos sobre dirigibilidade aérea. Em abril de 2010, o aeroporto passou a denominar-se "Aeroporto de Belém - Brigadeiro Protásio de Oliveira" e o nome de Júlio Cézar foi transferido para o Aeroporto Internacional de Val-de-Cans.
Em 77 anos de existência, ou pelo menos 37 anos como aeroporto civil, raros foram os acidentes ocorridos naquele campo. Eu mesmo me recordo de ter visto um pequeno avião caído de ponta-cabeça na pista da Av. Pedro Álvares Cabral, quando eu era adolescente. E na última sexta-feira houve a queda, com drásticas consequências para quem estava na aeronave, mas sem vítimas externas, p. ex. em solo. Sem dúvida houve diversos outros, mas de proporções pequenas o bastante para não nos recordarmos, nem ter havido nenhum resgate das notícias pela imprensa.
Mesmo assim, aquela conhecidas coluna de negócios publicou hoje a seguinte nota: "Voo. Risco permanente com o aeroporto Júlio César no coração da cidade."
Existe mesmo o aludido perigo? Sim, claro. A navegação aérea é uma atividade inerentemente perigosa. Não há como evitar, por isso se defende que os aeroportos sejam construídos longe das cidades. No caso do Brasil, o problema é sério, porque o crescimento desmesurado das cidades fez com que os aeroportos, originalmente distantes, acabassem englobados pelo fenômeno da conurbação urbana. Trata-se de um problema irreversível, porque com todas as deficiências de infraestrutura já existentes, não se justifica gastar bilhões e bilhões em transferências de sede, além de que isso seria um paliativo tolo: a cidade cresceria para os lados do novo aeroporto.
Eu me preocupo com o assunto, porque se um avião em pouso ou decolagem em Val-de-Cans despencasse, haveria alguma chance de cair em cima da minha casa ou da de minha mãe (lá seria até mais provável). Mas nem por isso vivemos com pânico de desastres aéreos. Eu, pelo menos, tenho prazer em ver os aviões passando. Então qual seria, afinal, o motivo do grande medo do colunista de negócios, expresso na nota acima?
Longe de mim ser leviano, mas é que desde 2009, quando a área daquele aeroporto foi reduzida para construção da Av. Brigadeiro Protásio, e também pela inauguração do Hangar Centro de Convenções da Amazônia (ou seja lá que nome ele tenha), toda aquela imensa gleba se tornou a menina dos olhos da especulação imobiliária. Foi quando se começou a debater sobre a possibilidade de mandar o aeroporto menor para outro lugar (cogitou-se acerca de Marituba e Mosqueiro) e construir, no local, um bairro novo, planejado. Prédios residenciais e comerciais surgiriam, no segundo caso formando o Complexo Hoteleiro do Hangar. Como na época ainda se contava que Belém seria sub-sede da Copa do Mundo, dizia-se que precisaríamos de hoteis, restaurantes e outros equipamentos, capazes de atender às inúmeras novas demandas.
Como a proposta sempre deve aparecer travestida de útil para o cidadão comum, falou-se que logradouros como a Marquês de Herval e a Pedro Miranda seriam prolongadas até a Júlio César, desafogando o trânsito, argumento que costuma chamar a atenção por estas bandas. O fato é que, se a ideia vingasse, a indústria da construção civil lucraria a rodo. Seria o mais importante empreendimento imobiliário da cidade. Mas o tempo passou, o assunto esfriou e tudo ficou como dantes. Até que um acidente aconteceu e, de repente, tirar o aeroporto de onde se encontra voltou a ser uma alternativa. Ou ao menos assim pensam os capitalistas e seus ardorosos defensores.
Em tempo, por maiores que fossem as manifestações nesse sentido, o Aeroporto de Congonhas continua exatamente no mesmo lugar e nem sequer houve a redução de seus usos ou do volume de tráfego, cogitadas por ocasião do trágico acidente com o voo 3054 da TAM, em julho de 2007, com 199 mortes. A tragédia foi particularmente emblemática porque a aeronave chegou a pousar, mas não parou. Se o aeroporto ficasse em outro lugar e possuísse uma pista mais longa, vidas teriam sido salvas, senão todas, ao menos as das vítimas em solo.
Nada mudou lá. Aqui mudaria por quê? Para vermos mais espigões emporcalhando a paisagem de Belém?
_________________________
Informações históricas: http://www.infraero.gov.br/index.php/br/aeroportos/para/aeroporto-de-belem-brigadeiro-protasio-de-oliveira.html
Sobre os nomes dos aeroportos de Belém: http://yudicerandol.blogspot.com.br/2010/05/nomes-dos-aeroportos-de-belem.html
Sobre a possível mudança do aeroporto e suas implicações: http://yudicerandol.blogspot.com.br/2008/11/o-aeroclube-de-belm.html (vale ler os links)
Em 77 anos de existência, ou pelo menos 37 anos como aeroporto civil, raros foram os acidentes ocorridos naquele campo. Eu mesmo me recordo de ter visto um pequeno avião caído de ponta-cabeça na pista da Av. Pedro Álvares Cabral, quando eu era adolescente. E na última sexta-feira houve a queda, com drásticas consequências para quem estava na aeronave, mas sem vítimas externas, p. ex. em solo. Sem dúvida houve diversos outros, mas de proporções pequenas o bastante para não nos recordarmos, nem ter havido nenhum resgate das notícias pela imprensa.
Mesmo assim, aquela conhecidas coluna de negócios publicou hoje a seguinte nota: "Voo. Risco permanente com o aeroporto Júlio César no coração da cidade."
Existe mesmo o aludido perigo? Sim, claro. A navegação aérea é uma atividade inerentemente perigosa. Não há como evitar, por isso se defende que os aeroportos sejam construídos longe das cidades. No caso do Brasil, o problema é sério, porque o crescimento desmesurado das cidades fez com que os aeroportos, originalmente distantes, acabassem englobados pelo fenômeno da conurbação urbana. Trata-se de um problema irreversível, porque com todas as deficiências de infraestrutura já existentes, não se justifica gastar bilhões e bilhões em transferências de sede, além de que isso seria um paliativo tolo: a cidade cresceria para os lados do novo aeroporto.
Eu me preocupo com o assunto, porque se um avião em pouso ou decolagem em Val-de-Cans despencasse, haveria alguma chance de cair em cima da minha casa ou da de minha mãe (lá seria até mais provável). Mas nem por isso vivemos com pânico de desastres aéreos. Eu, pelo menos, tenho prazer em ver os aviões passando. Então qual seria, afinal, o motivo do grande medo do colunista de negócios, expresso na nota acima?
Longe de mim ser leviano, mas é que desde 2009, quando a área daquele aeroporto foi reduzida para construção da Av. Brigadeiro Protásio, e também pela inauguração do Hangar Centro de Convenções da Amazônia (ou seja lá que nome ele tenha), toda aquela imensa gleba se tornou a menina dos olhos da especulação imobiliária. Foi quando se começou a debater sobre a possibilidade de mandar o aeroporto menor para outro lugar (cogitou-se acerca de Marituba e Mosqueiro) e construir, no local, um bairro novo, planejado. Prédios residenciais e comerciais surgiriam, no segundo caso formando o Complexo Hoteleiro do Hangar. Como na época ainda se contava que Belém seria sub-sede da Copa do Mundo, dizia-se que precisaríamos de hoteis, restaurantes e outros equipamentos, capazes de atender às inúmeras novas demandas.
Como a proposta sempre deve aparecer travestida de útil para o cidadão comum, falou-se que logradouros como a Marquês de Herval e a Pedro Miranda seriam prolongadas até a Júlio César, desafogando o trânsito, argumento que costuma chamar a atenção por estas bandas. O fato é que, se a ideia vingasse, a indústria da construção civil lucraria a rodo. Seria o mais importante empreendimento imobiliário da cidade. Mas o tempo passou, o assunto esfriou e tudo ficou como dantes. Até que um acidente aconteceu e, de repente, tirar o aeroporto de onde se encontra voltou a ser uma alternativa. Ou ao menos assim pensam os capitalistas e seus ardorosos defensores.
Em tempo, por maiores que fossem as manifestações nesse sentido, o Aeroporto de Congonhas continua exatamente no mesmo lugar e nem sequer houve a redução de seus usos ou do volume de tráfego, cogitadas por ocasião do trágico acidente com o voo 3054 da TAM, em julho de 2007, com 199 mortes. A tragédia foi particularmente emblemática porque a aeronave chegou a pousar, mas não parou. Se o aeroporto ficasse em outro lugar e possuísse uma pista mais longa, vidas teriam sido salvas, senão todas, ao menos as das vítimas em solo.
Nada mudou lá. Aqui mudaria por quê? Para vermos mais espigões emporcalhando a paisagem de Belém?
_________________________
Informações históricas: http://www.infraero.gov.br/index.php/br/aeroportos/para/aeroporto-de-belem-brigadeiro-protasio-de-oliveira.html
Sobre os nomes dos aeroportos de Belém: http://yudicerandol.blogspot.com.br/2010/05/nomes-dos-aeroportos-de-belem.html
Sobre a possível mudança do aeroporto e suas implicações: http://yudicerandol.blogspot.com.br/2008/11/o-aeroclube-de-belm.html (vale ler os links)
domingo, 21 de abril de 2013
Será?
Eu mesmo não sei dizer o motivo do meu interesse pelo futuro Shopping Bosque Grão-Pará, que promete ser o maior e mais sofisticado do Norte. Já escrevi sobre ele antes. Talvez seja por causa do nunca totalmente esclarecido imbróglio em torno da devastação do Parque Ambiental de Belém, para abertura de uma nova avenida (útil à cidade, sem dúvida, mas...), que acabou abrindo as portas para um novo bairro, obviamente de alto padrão, o Cidade Cristal, que está em vias de ser lançado comercialmente e que terá, no shopping, a cereja do bolo.
O fato é que a cobertura verde, cada vez mais escassa na área, será em breve substituída por edifícios, ruas, asfalto e vagas de garagem. Não é exatamente uma troca inteligente, mas uma meia dúzia ganhará dinheiro com isso. Nós não.
O Bosque Grão-Pará é um empreendimento que sofreu diversos contratempos. O primeiro foi a crise econômica, que derrubou o mal explicado boom de shoppings que seriam construídos. Ao todo, Belém e Ananindeua ficariam com nove. Aí veio a crise e tudo parou e somente agora se volta a falar do assunto. Aquela coluna de negócios noticia, hoje, que esta semana devem ser emitidas as últimas licenças ambientais para início das obras do Metrópole Ananindeua. Quanto ao Bosque Grão-Pará, foi prometida a inauguração para abril de 2014.
A coluna jura, pela fé da mucura, que haverá 268 operações, sendo 12 âncoras e 25 de alimentação, além de 2.300 vagas de estacionamento. Somem-se as seis salas de cinema, confirmando-se os rumores de que serão explorados pela UCI, hoje com apenas 17 estabelecimentos no Brasil. Ótimo, porque aumenta a concorrência.
A coluna também jura que a griffe espanhola Zara, aquela do trabalho escravo, e a famosa churrascaria Porcão já teriam confirmado. Mas ela havia dito o mesmo em relação ao Boulevard. Chegou a afirmar que o Porcão seria construído no topo do shopping, com vista para a Baía do Guajará, mas nada disso aconteceu, mesmo com a expansão. Logo, nem tudo que ali se diz pode ser dado como escrito. E é justamente por isso que faço esta postagem: daqui a um ano, veremos o que terá se revelado como verdadeiro e o que não.
Enquanto isso, o site do shopping segue praticamente sem atualização, exceto por uma notícia sobre uma feira de franquias lá realizada no último dia 18. A despeito disso, as obras começam a acelerar. Dia desses passei por lá e vi apenas as colunas de sustentação do nível térreo. Poucos dias depois, uma parte do andar superior já estava adiantada, marcando a porta de entrada do prédio. Enfim, a coisa está acontecendo. Resta saber com que velocidade e veracidade.
O fato é que a cobertura verde, cada vez mais escassa na área, será em breve substituída por edifícios, ruas, asfalto e vagas de garagem. Não é exatamente uma troca inteligente, mas uma meia dúzia ganhará dinheiro com isso. Nós não.
O Bosque Grão-Pará é um empreendimento que sofreu diversos contratempos. O primeiro foi a crise econômica, que derrubou o mal explicado boom de shoppings que seriam construídos. Ao todo, Belém e Ananindeua ficariam com nove. Aí veio a crise e tudo parou e somente agora se volta a falar do assunto. Aquela coluna de negócios noticia, hoje, que esta semana devem ser emitidas as últimas licenças ambientais para início das obras do Metrópole Ananindeua. Quanto ao Bosque Grão-Pará, foi prometida a inauguração para abril de 2014.
A coluna jura, pela fé da mucura, que haverá 268 operações, sendo 12 âncoras e 25 de alimentação, além de 2.300 vagas de estacionamento. Somem-se as seis salas de cinema, confirmando-se os rumores de que serão explorados pela UCI, hoje com apenas 17 estabelecimentos no Brasil. Ótimo, porque aumenta a concorrência.
A coluna também jura que a griffe espanhola Zara, aquela do trabalho escravo, e a famosa churrascaria Porcão já teriam confirmado. Mas ela havia dito o mesmo em relação ao Boulevard. Chegou a afirmar que o Porcão seria construído no topo do shopping, com vista para a Baía do Guajará, mas nada disso aconteceu, mesmo com a expansão. Logo, nem tudo que ali se diz pode ser dado como escrito. E é justamente por isso que faço esta postagem: daqui a um ano, veremos o que terá se revelado como verdadeiro e o que não.
Enquanto isso, o site do shopping segue praticamente sem atualização, exceto por uma notícia sobre uma feira de franquias lá realizada no último dia 18. A despeito disso, as obras começam a acelerar. Dia desses passei por lá e vi apenas as colunas de sustentação do nível térreo. Poucos dias depois, uma parte do andar superior já estava adiantada, marcando a porta de entrada do prédio. Enfim, a coisa está acontecendo. Resta saber com que velocidade e veracidade.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
De novo, a Zona Azul
Mais uma vez, anuncia-se a implantação da Zona Azul em Belém. Por mais que a medida desperte ódios, já disse aqui no blog que restrições ao tráfego e ao estacionamento em zonas saturadas é uma característica de qualquer grande cidade pelo mundo afora. Conforme-se com isso. A questão é fazer a tal zona funcionar.
Como não dá para colocar um link, ou eu não sei como fazê-lo, transcrevo matéria do Portal ORM, publicada hoje:
O novo projeto de estacionamentos rotativos pagos, chamados de 'Zona Azul', está dentro dos padrões de modernidade e segurança e vai disciplinar o uso do espaço público. A garantia é do diretor de Trânsito da Autarquia de Mobilidade Urbana de Belém (Amub), João Renato Aguiar - autor do projeto.
Para Aguiar, o novo projeto se distancia dos problemas identificados no plano elaborado, e quase implantado, à época de Duciomar Costa. Este, defende ele, não é um processo de privatização dos espaços públicos, mas uma chance de disciplinar a população sobre a utilização dos espaços. O projeto, inclusive, elimina de vez a necessidade dos flanelhinhas. 'Os flanelhinhas, sim, privatizam o espaço público. Assim como quem deixa o carro parado o dia inteiro no mesmo lugar', comentou.
Essencialmente, as diferenças entre o projeto anterior e o atual estão na comercialização dos tíquetes de estacionamento, gerenciamento das vagas e na fiscalização - em conformidade com o pedido pela Câmara Municipal de Belém (CMB) durante a gestão anterior.
O novo projeto-base, que ainda em fase de conclusão e revisão, permite a aquisição da vaga de estacionamento de diversas maneiras: celular, site e pontos de venda. A ideia é criar ao menos 243 terminais de venda, semelhantes a máquinas de cartão de crédito ou de recarga de celular. Não haverá contato direto entre condutor e os fiscais para aquisição dos tíquetes. A função dos fiscais será fiscalizar se as vagas estão sendo preenchidas apenas por quem pagou. Estes fiscais terão equipamentos como celulares ou tablets para consultar o sistema de informações e até terão comunicação com os futuros equipamentos dos agentes normais de trânsito da Amub, facilitando a interação em caso de guinchamentos ou infrações cometidas. Os preços, divisão da arrecadação e aplicação dos recursos obtidos pelo órgão ainda não estão definidos. A 'Zona Azul' de Paraupebas reverte parte do tributo a órgãos e setores sociais.
Outras exigências da Amub para a empresa que se interessar em participar da licitação, que ainda será anunciada, é que tenham 40 terminais fixos de monitoramento. Esses terminais deverão estar ligados a câmeras de vigilância. A empresa também deverá fornecer treinamento para todos os fiscais. 'Tudo será feito com campanhas educativas para informação e conscientização', completou Aguiar.
Diferenças entre os modelos e especificidades
GESTÃO ATUAL
Pesquisa de viabilidade técnica, justificativa técnica e lucratividade
Garantia de gratuidades para idosos e pessoas com deficiência
Sistema informatizado de pagamento pelas vagas
Elimina a negociação e a corrupção entre condutor e fiscal, eliminando também o flanelinha
Terá monitoramento por câmeras e fiscais motorizados, dando mais segurança ao proprietário do veículo
Sistema informatizado que garante o controle do usuário e do operador
Campanhas educativas e informativas
Começará onde já existe cultura da 'Zona Azul', como a Braz de Aguiar, progredindo
Já aprovado pela CMB e analisado positivamente pelo MPE-PA
GESTÃO ANTERIOR
Não possuía pesquisa de viabilidade e nem justificativa técnica
Usava talonários de papel
Não teve campanhas educativas
Começou no centro da cidade
Não tinha como monitorar as vagas e nem a atuação dos fiscais
Implantação: segundo semestre deste ano. Segunda etapa prevista para 2014.
Preço: em estudo
Forma de aquisição dos tíquetes: internet, celulares, bancas de revistas, vendedores autorizados
Tempo de permanência: duas horas, renováveis, com tolerâncias de 15 minutos antes e depois do ocupação da vaga
Número de vagas: 10 mil na primeira etapa
Horários de isenção: 19h às 8h
Onde será implantada (1ª etapa)
Avenida Braz de Aguiar e transversais
Avenida Generalíssimo Deodoro
Avenida Conselheiro Furtado
Avenida Serzedelo Corrêa
Transversais da avenida Governador José Malcher
Ampliação (2ª etapa)
Avenida Senador Lemos
Avenida Almirante Tamandaré
Rua São Pedro
Rua São Francisco
Rua dos 48
Travessa Padre Eutíquio
Todo o centro histórico e comercial
Fragilidade do projeto derrubou 1ª tentativa
Aguiar aponta a fragilidade do sistema como o principal motivo para a rejeição da primeira 'Zona Azul'. O projeto, que era gerenciado pela Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (Sinart) - empresa administradora do Terminal Rodoviário de Belém - facilitava a ação dos flanelhinhas, que não repassavam os tíquetes vendidos. Também não havia como monitorar quem estava ou não pagando. Isso gerou prejuízos.
'Entre 2009 e 2010, elaborei o novo projeto, que tinha parquímetros. Mas o conceito foi alterado e incluíram talonários de novo. Obviamente deu errado porque isso já caiu em desuso e não é seguro. Gastaram dinheiro com a implantação de sinalização que seria usada de forma experimental, para treinamento. E tudo sem uma campanha. Começaram também onde não havia cultura de pagamento por estacionamento, que foi o centro de Belém. Houve revolta. Este projeto está todo pensado e embasado em dados e pesquisa. Já tivemos uma conversa com o promotor Benedito Wilson Sá, do MPE-PA, e ele entendeu o projeto, diferente do que aconteceu com o anterior', concluiu o diretor de Trânsito da Amub.
Aparentemente, o novo projeto é bem superior ao antigo. Mas também não justifica a audaciosa manchete ("Fim dos flanelinhas no Centro Comercial") ou o sub-título ("Nova 'zona azul' melhora sistema e aposenta guardadores da tarefa").
Redigindo dessa forma, passa-se a impressão que o desaparecimento sumário dos flanelinhas é coisa certa e inevitável, favas contadas, quando na verdade o responsável pelo projeto diz que o novo sistema os tornaria desnecessários. Que tornaria, tornaria, mas daí a eles aceitarem numa boa deixar o osso, vai uma longa distância. O mais provável é que resistam e exijam do poder público alguma forma de serem englobados pelo novo sistema ou então uma "compensação". Porque aqui em Belém sempre tem disso. Basta lembrar que camelô belenense não sai da rua sem ser indenizado ou sem ganhar um novo espaço com toda a infraestrutura (mesmo agora o cara não tenha nenhum).
Mas já que a nova proposta é boa, vamos apostar. Boa sorte.
Como não dá para colocar um link, ou eu não sei como fazê-lo, transcrevo matéria do Portal ORM, publicada hoje:
O novo projeto de estacionamentos rotativos pagos, chamados de 'Zona Azul', está dentro dos padrões de modernidade e segurança e vai disciplinar o uso do espaço público. A garantia é do diretor de Trânsito da Autarquia de Mobilidade Urbana de Belém (Amub), João Renato Aguiar - autor do projeto.
Para Aguiar, o novo projeto se distancia dos problemas identificados no plano elaborado, e quase implantado, à época de Duciomar Costa. Este, defende ele, não é um processo de privatização dos espaços públicos, mas uma chance de disciplinar a população sobre a utilização dos espaços. O projeto, inclusive, elimina de vez a necessidade dos flanelhinhas. 'Os flanelhinhas, sim, privatizam o espaço público. Assim como quem deixa o carro parado o dia inteiro no mesmo lugar', comentou.
GESTÃO ANTERIOR
Implantação: segundo semestre deste ano. Segunda etapa prevista para 2014.
Onde será implantada (1ª etapa)
Ampliação (2ª etapa)
Fragilidade do projeto derrubou 1ª tentativa
Aparentemente, o novo projeto é bem superior ao antigo. Mas também não justifica a audaciosa manchete ("Fim dos flanelinhas no Centro Comercial") ou o sub-título ("Nova 'zona azul' melhora sistema e aposenta guardadores da tarefa").
Redigindo dessa forma, passa-se a impressão que o desaparecimento sumário dos flanelinhas é coisa certa e inevitável, favas contadas, quando na verdade o responsável pelo projeto diz que o novo sistema os tornaria desnecessários. Que tornaria, tornaria, mas daí a eles aceitarem numa boa deixar o osso, vai uma longa distância. O mais provável é que resistam e exijam do poder público alguma forma de serem englobados pelo novo sistema ou então uma "compensação". Porque aqui em Belém sempre tem disso. Basta lembrar que camelô belenense não sai da rua sem ser indenizado ou sem ganhar um novo espaço com toda a infraestrutura (mesmo agora o cara não tenha nenhum).
Mas já que a nova proposta é boa, vamos apostar. Boa sorte.
segunda-feira, 25 de março de 2013
Novos acessos para Belém
Se há uma coisa com que todos estamos de acordo - todos mesmo, até quem não conhece Belém - é que a capital de um Estado não pode ser acessível por uma única via rodoviária, ainda mais quando apresente notórios e gravíssimos problemas de circulação. Quem conhece a cidade tem repetido isso à exaustão há muitos anos. O fato é que, segundo tem sido noticiado, parece que finalmente o problema será enfrentado.
O governo do Estado e sua filial - a prefeitura de Belém da atual gestão - têm alardeado duas obras que, se realizadas, realmente farão toda a diferença na vida de quem precisa entrar e sair desta cidade, mormente quem vive ou trabalha na região metropolitana. Uma delas é o prolongamento da Av. Independência (que oficialmente não possui mais este nome), para cujas obras a ordem de serviço foi assinada pelo governador em exercício no último sábado. Serão mais 9,5 Km em duas pistas com duas faixas de rolagem cada, além de duas pontes sobre o Rio Maguari e de dois elevados, para acesso à rodovia BR-316. A previsão de entrega do novo logradouro é de 15 meses, ou seja, em junho de 2014.
A outra obra é o prolongamento da Av. João Paulo II, cujos procedimentos licitatórios já foram iniciados. A expectativa do governo é de que as obras em si comecem ainda em maio. Serão mais 4,7 Km em duas pistas de três faixas de rolagem cada, além de ciclovia e calçadas, concebida para servir de proteção ao Parque Ambiental do Utinga, que hoje sofre a pressão de moradias irregulares em seu entorno imediato. Completa a obra uma série de melhoramentos nas ruas transversais.
As duas novas vias se somarão ao corredor destinado ao BRT, ao longo da BR-316. Tudo junto, deve oferecer o retorno da dignidade de se viver nesta parte do Estado, que é o que todos ansiamos ardorosamente. Mas vamos conter a ansiedade, porque por aqui ninguém sabe se grandes obras realmente sairão do papel. E mesmo que saiam, isso é coisa para 2016, lá pelo final. Então cada um que pegue o seu banquinho e cultive a paciência.
O governo do Estado e sua filial - a prefeitura de Belém da atual gestão - têm alardeado duas obras que, se realizadas, realmente farão toda a diferença na vida de quem precisa entrar e sair desta cidade, mormente quem vive ou trabalha na região metropolitana. Uma delas é o prolongamento da Av. Independência (que oficialmente não possui mais este nome), para cujas obras a ordem de serviço foi assinada pelo governador em exercício no último sábado. Serão mais 9,5 Km em duas pistas com duas faixas de rolagem cada, além de duas pontes sobre o Rio Maguari e de dois elevados, para acesso à rodovia BR-316. A previsão de entrega do novo logradouro é de 15 meses, ou seja, em junho de 2014.
A outra obra é o prolongamento da Av. João Paulo II, cujos procedimentos licitatórios já foram iniciados. A expectativa do governo é de que as obras em si comecem ainda em maio. Serão mais 4,7 Km em duas pistas de três faixas de rolagem cada, além de ciclovia e calçadas, concebida para servir de proteção ao Parque Ambiental do Utinga, que hoje sofre a pressão de moradias irregulares em seu entorno imediato. Completa a obra uma série de melhoramentos nas ruas transversais.
As duas novas vias se somarão ao corredor destinado ao BRT, ao longo da BR-316. Tudo junto, deve oferecer o retorno da dignidade de se viver nesta parte do Estado, que é o que todos ansiamos ardorosamente. Mas vamos conter a ansiedade, porque por aqui ninguém sabe se grandes obras realmente sairão do papel. E mesmo que saiam, isso é coisa para 2016, lá pelo final. Então cada um que pegue o seu banquinho e cultive a paciência.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Cacos de um passado recente
O que é bom deve ser elogiado. Diante desta premissa, elogio a — surpreendente, vindo de onde vem — iniciativa de promover uma audiência pública para discutir a situação da obra do BRT, marcada para hoje. Uma audiência verdadeiramente pública, porque qualquer pessoa pode ter acesso ao Hangar e, espero, ter direito a voz, sem o que já não seria um evento tão público assim.
O prefeito de Belém, Zenaldo Não Sou Mágico Coutinho, esclareceu em entrevista os problemas legais e financeiros que paralisaram a obra e nos deixam sem uma previsão concreta de ver o novo sistema de transporte urbano funcionando. De suas palavras, extraio um ponto importante:
O prefeito de Belém, Zenaldo Não Sou Mágico Coutinho, esclareceu em entrevista os problemas legais e financeiros que paralisaram a obra e nos deixam sem uma previsão concreta de ver o novo sistema de transporte urbano funcionando. De suas palavras, extraio um ponto importante:
A prefeitura (sic) anterior não recebeu nenhum recurso, não garantiu financiamento, não foi assinado o financiamento. Temos que neste momento, regularizar a questão do financiamento federal e isso nós estamos discutindo com a Caixa Econômica e com o Ministério das Cidades. Então, primeiro tem que resolver os recursos, que não existem. A prefeitura ano passado pagou com recursos do município R$ 44 milhões, mas deixou uma dívida sendo cobrada pela empresa de R$ 56 milhões. Nós temos que primeiro verificar se tem R$ 6 milhões de obras executas ali na Almirante Barroso, temos também que verificar como se sai deste imbróglio judicial movido pelo Ministério Público. Nós temos que verificar a solução da pendência financeira, a garantia do financiamento federal e da solução judicial.
Toda pessoa minimamente honesta e informada sempre soube que não havia recursos para a obra, embora ao tempo da campanha eleitoral o indigitado e nefasto ex-prefeito bradasse aos quatro ventos que os recursos estavam garantidos e disponíveis. Mais uma clara demonstração do quanto vale a sua palavra. O cenário pintado pelo atual gestor e diametralmente oposto e me faz pensar no art. 359-C do Código Penal, que tipifica como crime contra as finanças públicas a conduta de "ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa". A pena é de 1 a 4 anos de reclusão.
O BRT, sozinho, inscreveu no currículo de Duciomar Costa mais uma grande quantidade de questionamentos de improbidade administrativa, o que explica a ação judicial aludida na entrevista. São fatos concretos, reais, não discursos de oposição. E parte da cidade está literalmente parada em consequência dessa sucessão de desmandos.
Quem tinha bom senso sabia que seria assim desde que se confirmou a desastrosa vitória de Costa, no pleito de 2004. Não foi falta de aviso. Foi falta de sanidade mental e de outras virtudes, inclusive do partido que agora colhe os cacos da devastação municipal, embora tenha contribuído poderosamente para as duas eleições do culpado.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Uma velha questão, ainda não esclarecida
Você pode dar uma olhada nesta reportagem aqui, listando os bairros mais caros do país, e voltar a se fazer aquela velha pergunta sobre o que explica o preço dos imóveis em Belém do Pará. Você verá, p. ex., que o preço do metro quadrado fora da zona central de nossa cidade consegue ser tão ou mais caro do que em alguns bairros citados na matéria.
Qual é a lógica, mesmo?
Qual é a lógica, mesmo?
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Paliativo antipático e de duvidosa eficiência
Em dezembro, trafegando pela BR-316 até Marituba, pude perceber equipamentos de controle de velocidade em fase de instalação. Ainda inoperantes, sua simples presença, aliada às placas indicando os limites de velocidade, provocava reações nos motoristas, que na dúvida procuravam se enquadrar ao limite, tornando o tráfego lento em diversos trechos. Na primeira semana deste ano, numa viagem um pouco maior, com alguma surpresa constatei que os equipamentos vão longe, estando instalados até em Santa Isabel do Pará. Veja aqui uma reportagem a respeito.
Na ocasião, agradeci a Deus pelo fato de só muito raramente trafegar pela estrada em questão, mas pensei em amigos e alunos que residem ou trabalham em Castanhal, p. ex., e amargarão um trajeto com mais engarrafamentos.
Sim, eu compreendo perfeitamente as razões de segurança. Motoristas brasileiros, e paraenses em particular, são naturalmente inclinados à sociopatia e fazem questão de expor a si mesmos e a todos em redor a grandes perigos. Vi coisas absurdas nesta minha viagem de janeiro, particularmente dois sujeitos, ambos dirigindo Fiat Mille, portanto veículos de baixíssima potência e desguarnecidos de proteção como air bags, ultrapassando filas de veículos, caminhões no meio, numa pista não duplicada, numa situação em que eu nem começaria a ultrapassagem mesmo que estivesse a bordo de um foguete.
Para piorar, a BR-316, nesse trecho a que me referi, está sendo rapidamente tomada por empreendimentos imobiliários. Quanto mais perto da capital, maior também a quantidade de estabelecimentos comerciais. A antiga paisagem verde de ambos os lados está com os dias contados. A conurbação entre diversos Municípios chegou para valer também por aqui.
Diante disso, tolice supor que a velocidade máxima das rodovias federais (110 Km/h) possa ser mantida. Mas eu, do alto de minha ignorância em matéria de engenharia de trânsito, questiono com sinceridade se radares e sensores são, realmente, a melhor alternativa, ao menos do trecho que abrange Ananindeua e Marituba, pela alta densidade tanto de tráfego quanto de pedestres. Os engarrafamentos que nos enlouquecem diariamente em Belém já são uma rotina também na estrada.
Vale lembrar que a preocupação aqui não é com os carros particulares: num engarrafamento, quem mais sofre são os passageiros de ônibus, espremidos ainda antes de começar um dia de trabalho e espremidos de novo após o expediente. Sofrem os trabalhadores em veículos de serviço, os rodoviários, os caminhoneiros, sofrem os pacientes em ambulâncias que precisam chegar a um hospital na capital. Sofrem os habitantes em geral, porque engarrafamentos aumentam o nível de poluição do ar. Todos saem perdendo, inclusive em matéria de segurança, porque não há real garantia de que os acidentes serão evitados.
Em 2010, tive a oportunidade de viajar de carro, de Florianópolis a Gramado, ida e volta. Boa parte do trajeto foi feito na BR-101, uma das mais importantes rodovias federais do país, responsável pelo escoamento de um sem número de mercadorias essenciais à economia brasileira. Intensamente utilizada, é cenário de um sem número de acidentes fatais. Há quase uma década, vem sendo duplicada a passos de cágado, graças ao fator Brasil.
Para fins de suposta lisura (gargalhando), decidiu-se que a rodovia seria loteada e as licitações seriam feitas de acordo com esses lotes. Assim, quando passei por lá, o que vi era meio caótico: a rodovia toda em obras, mas em diferentes níveis de execução, alguns bem incipientes, outros adiantados. A todo momento precisávamos sair para acessos laterais e fazíamos zigue-zague. Nos trechos não reparados, o asfalto comprometido obrigava-nos a pisar no freio.
Mas o projeto da rodovia prevê que, em todos os trechos urbanos, haja elevados: quem segue pela BR sobe, enquanto os habitantes das cidades interioranas trafegam por vias secundárias abaixo e há retornos para todos os lados. Há também espaços especialmente reservados para pedestres. Pode-se atravessar a pé de um lado a outro da rodovia com a mesma tranquilidade de quem anda pela calçada. Uma solução obviamente mais cara, muito mais cara, porém muito mais definitiva e sensata.
Sejamos francos: se o DNIT realmente quisesse melhorar as estatísticas funéreas da BR-316, deveria pensar em alternativas como esta em alguns trechos da região metropolitana, o primeiro deles logo após o Shopping Castanheira, fator atrativo de trânsito e que sobrecarrega a rodovia com veículos à procura de um retorno porque, ainda por cima, uma grande quantidade deles foi simplesmente fechada. Deve haver uma razão para isso, suponho, mas o fato é que, se um retorno é fechado, você obriga os condutores a permanecerem na estrada e... aumenta o tráfego! Não me parece inteligente.
Quem for mais instruído do que eu no assunto, por favor me ilumine. Mas eu realmente acredito que os benefícios dos radares são baixos. Existem, mas não são tão louváveis assim. Motoristas vão começar a frear bruscamente, ocultar placas, sair para o acostamento e, em cada ação dessas, um acidente pode acontecer. Radares não mudarão o fato de que os pedestres continuarão atravessando onde bem entenderem. Acidentes fatais podem acontecer mesmo que o automóvel esteja em velocidade baixa. Logo, precisamos de uma solução melhor.
Na ocasião, agradeci a Deus pelo fato de só muito raramente trafegar pela estrada em questão, mas pensei em amigos e alunos que residem ou trabalham em Castanhal, p. ex., e amargarão um trajeto com mais engarrafamentos.
Sim, eu compreendo perfeitamente as razões de segurança. Motoristas brasileiros, e paraenses em particular, são naturalmente inclinados à sociopatia e fazem questão de expor a si mesmos e a todos em redor a grandes perigos. Vi coisas absurdas nesta minha viagem de janeiro, particularmente dois sujeitos, ambos dirigindo Fiat Mille, portanto veículos de baixíssima potência e desguarnecidos de proteção como air bags, ultrapassando filas de veículos, caminhões no meio, numa pista não duplicada, numa situação em que eu nem começaria a ultrapassagem mesmo que estivesse a bordo de um foguete.
Para piorar, a BR-316, nesse trecho a que me referi, está sendo rapidamente tomada por empreendimentos imobiliários. Quanto mais perto da capital, maior também a quantidade de estabelecimentos comerciais. A antiga paisagem verde de ambos os lados está com os dias contados. A conurbação entre diversos Municípios chegou para valer também por aqui.
Diante disso, tolice supor que a velocidade máxima das rodovias federais (110 Km/h) possa ser mantida. Mas eu, do alto de minha ignorância em matéria de engenharia de trânsito, questiono com sinceridade se radares e sensores são, realmente, a melhor alternativa, ao menos do trecho que abrange Ananindeua e Marituba, pela alta densidade tanto de tráfego quanto de pedestres. Os engarrafamentos que nos enlouquecem diariamente em Belém já são uma rotina também na estrada.
Vale lembrar que a preocupação aqui não é com os carros particulares: num engarrafamento, quem mais sofre são os passageiros de ônibus, espremidos ainda antes de começar um dia de trabalho e espremidos de novo após o expediente. Sofrem os trabalhadores em veículos de serviço, os rodoviários, os caminhoneiros, sofrem os pacientes em ambulâncias que precisam chegar a um hospital na capital. Sofrem os habitantes em geral, porque engarrafamentos aumentam o nível de poluição do ar. Todos saem perdendo, inclusive em matéria de segurança, porque não há real garantia de que os acidentes serão evitados.
Em 2010, tive a oportunidade de viajar de carro, de Florianópolis a Gramado, ida e volta. Boa parte do trajeto foi feito na BR-101, uma das mais importantes rodovias federais do país, responsável pelo escoamento de um sem número de mercadorias essenciais à economia brasileira. Intensamente utilizada, é cenário de um sem número de acidentes fatais. Há quase uma década, vem sendo duplicada a passos de cágado, graças ao fator Brasil.
Para fins de suposta lisura (gargalhando), decidiu-se que a rodovia seria loteada e as licitações seriam feitas de acordo com esses lotes. Assim, quando passei por lá, o que vi era meio caótico: a rodovia toda em obras, mas em diferentes níveis de execução, alguns bem incipientes, outros adiantados. A todo momento precisávamos sair para acessos laterais e fazíamos zigue-zague. Nos trechos não reparados, o asfalto comprometido obrigava-nos a pisar no freio.
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Um exemplo de obras de arte (no sentido da engenharia) destinado à segurança de todos, ainda em Santa Catarina. |
Sejamos francos: se o DNIT realmente quisesse melhorar as estatísticas funéreas da BR-316, deveria pensar em alternativas como esta em alguns trechos da região metropolitana, o primeiro deles logo após o Shopping Castanheira, fator atrativo de trânsito e que sobrecarrega a rodovia com veículos à procura de um retorno porque, ainda por cima, uma grande quantidade deles foi simplesmente fechada. Deve haver uma razão para isso, suponho, mas o fato é que, se um retorno é fechado, você obriga os condutores a permanecerem na estrada e... aumenta o tráfego! Não me parece inteligente.
Quem for mais instruído do que eu no assunto, por favor me ilumine. Mas eu realmente acredito que os benefícios dos radares são baixos. Existem, mas não são tão louváveis assim. Motoristas vão começar a frear bruscamente, ocultar placas, sair para o acostamento e, em cada ação dessas, um acidente pode acontecer. Radares não mudarão o fato de que os pedestres continuarão atravessando onde bem entenderem. Acidentes fatais podem acontecer mesmo que o automóvel esteja em velocidade baixa. Logo, precisamos de uma solução melhor.
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