O dia de ontem impressionou muitos belenenses. Afinal, estamos acostumados a ver os supermercados funcionando diuturnamente, mas eis que de repente eles começaram a fechar as portas. Obviamente, não por iniciativa dos capitalistas. Cansados em todos os sentidos, os trabalhadores resolveram agir. Começou pelo Grupo Líder, passou para o Yamada e, hoje, só os funcionários daquela primeira empresa já retornaram ao trabalho, porque fecharam um acordo. Todos os demais supermercados fecharam, os últimos na manhã desta quinta-feira.
Ontem, o cenário era de filme pré-apocalíptico. Um número enorme de consumidores acorreu aos supermercados abertos, abarrotando seus carrinhos de mercadorias. A irmã de uma amiga avistou até briga pelo último pacote de um certo produto. Gente estocando e brigando por comida... Será o prenúncio do apocalipse zumbi?
A mesma testemunha, que ficou uma hora sofrendo na fila para conseguir pagar suas compras, relatou ter ido depois a dois postos de combustíveis, em vão. Sim, Belém está mais uma vez amargando desabastecimento de gasolina. Hoje, a imprensa anuncia que 10% dos postos estão desguarnecidos.
De permeio, tem chovido forte diariamente, numa época em que as chuvas normalmente já pararam. As chuvas têm alagado a cidade (mas o prefeito já declarou que não é mágico, justamente por causa desse motivo: ele não pode impedir a chuva de chover!), provocando ainda maior caos no trânsito. Tem faltado água e energia (mas isso não é exatamente novidade). Se somarmos aos frequentes protestos nas ruas, e descontextualizarmos tudo, teremos um cenário deveras preocupante.
E se pensarmos em outras mazelas que a cidade possui, tais como serviços de saúde muito deficitários, podemos ficar realmente apavorados...
3 comentários:
Amigo, eu já estou me preparando para fazer o movimento inverso do êxodo rural de décadas passadas: vou fazer a minha involução urbana e fazer o caminho de volta para o interior (caminho inverso de meus antepassados), para envelhecer com saúde e levar uma vida mais saudável. Viver nas grandes cidades (especialmente em Belém) está ficando estressante demais, já vivemos como robôs, acabamos bitolados em nossos costumes de citadinos. Somos mais prisioneiros do que cidadãos livres. Andei visitando algumas cidades do interior e vi que pode haver muito mais qualidade de vida, com o mesmo conforto que na cidade grande. Comida mais natural, menos violência, menos trânsito... enfim, falta apenas fechar um negócio, bom negócio. Aí me aposento e vou filosofar embaixo de uma mangueira na beira de um igarapé. Se acontecer, te convido.
Abraço
Fred
Yúdice, confesso que me impressionei com a greve dos funcionários de supermercados. Estava tão acostumada a ouvir dizer que na iniciativa privada não se faz greve, senãó é Rá-ré-ri-rÓ-RUA, que me espantei e fiquei feliz. Claro, senti falta dos supermercados abertos, mas torci por eles.
Grev mais do que justa, de forma que não vi muita gente reclamando, afora os "reaças". No mais, todos sabiamos o quanto eles eram explorados, mas fingimos que não vemos
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