domingo, 14 de dezembro de 2008

Ponte Outeiro-Mosqueiro

Uma ponte ligando as ilhas de Caratateua e Mosqueiro? Supostamente, a Prefeitura de Belém já autorizou o começo dos estudos para elaboração de um projeto nesse sentido.

Partindo da premissa de que a tal ponte não acarretasse danos ambientais, ela traria benefícios sociais. Seria mais uma via de acesso a nossa principal referência em praia (pessoalmente, gosto muito mais do que de Salinas, até por conta da água doce), retirando a pressão do tráfego sobre a BR-316 e sobre a própria Estrada do Mosqueiro, nos períodos de férias escolares.

O maior benefício, contudo, talvez seja para o meio do caminho: Outeiro. Hoje discriminado pela pseudo-elite belenense como um ambiente relegado aos pobres, Outeiro não tem reconhecidas as suas belezas naturais, para aflição de boa gente como o amigo Mariano Klautau, sociólogo que fincou suas raízes na ilha e produziu trabalhos sobre ela, além de ter elaborado o projeto da Escola Bosque, que infelizmente foi desvirtuado na gestão de Edmilson Rodrigues.

Naturalmente, uma ponte só não basta. Seriam necessários investimentos em infraestrutura, a fim de que as belezas naturais se tornassem interessantes para o grande público, criando uma opção a mais de lazer e ajudando a fomentar a economia daquele distrito.

Contudo, trata-se de um empreendimento portentoso e, aqui na terrinha, como bem sabemos, tudo é difícil. Ainda mais numa administração que encerra o seu orçamento ainda em outubro.

Estou pagando para ver. Pagando impostos, lembre-se.

12 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Yúdice,
Pelo que vi no google earth, uma ponte ligando Caratateua a Mosqueiro - para ter a menor extensão possível - fatalmente afetaria as áreas ainda intocadas de ambas as ilhas. No entanto, supondo que tal ocupação aconteceria de qualquer forma mais cedo ou mais tarde, melhor que seja conduzida de forma ordenada, oportunidade que se apresentaria durante a execução dessa obra.
Nas minhas contas instintivas, os benefícios que você citou superam os eventuais impactos ambientais, inevitáveis em qualquer hipótese.

Yúdice Andrade disse...

Tentei colocar uma imagem do Google Earth na postagem, mas tive um problema operacional na hora e não me lembrei depois.
Já imaginava que seria assim como dizes. Pessoalmente, sou sempre a favor da "hipótese zero", se os custos ambientais forem elevados demais, mesmo que os ganhos sociais também possam ser significativos. Para mim, os grandes empreendimentos devem ser feitos quando gerem altos ganhos sociais mediante baixos custos ambientais. Não dá para ambas as escalas serem altas.
Seja como for, como estamos falando de Belém do Pará, o mais provável é que daqui a dez anos não se tenha rascunhado sequer um croqui da tal ponte.

Anônimo disse...

Morava no Mosqueiro mas tive que abandonar a ilha e ir viver no bairro do marco devido a que trabalhava em Belém, e o tempo que levava de onibus era 1 hora e meia de moto 1 hora, os gastos de carro eram muito elevados, e a maioria dos moradores do Mosqueiro se vem obrigados a fazer o mesmo, transformando a ilha nos dias normais em uma cidade fantasma. Certamente a ponte Outeiro Mosqueiro, reduziria pela metade essa distancia,reativando o comércio e o turismo; gerando assim emprendo e renda para populaçao que é obrigada a migrar para o centro de Belém.
Desfrutar das paradiziacas praias de águas doce com ondas, e de todas as belezas naturais oferecida por essas maravilhosas ilhas, com esse fácil acesso, seria um sonho. E conhecendo os políticos do Pará,eu acho que isso nunca vai passar de um sonho mesmo.

Yúdice Andrade disse...

Das 23h40, a sua experiência pessoal serve para mostrar uma realidade que nós, moradores da capitá em sentido estrito (porque Mosqueiro é distrito de Belém), desconhecemos. E precisamos saber.
Precisamos saber que Mosqueiro funciona como parque de veraneio dos belenenses, que usufruem de suas praias e pressionam o consumo de água e o abastecimento dos mercados, dificultando a vida dos moradores. Estes, porém, não dispõem de boas escolas e, decerto, têm limitadas possibilidades de emprego, a menos que o procurem fora.
O desafio é dotar a ilha da infraestrutura de serviços públicos de que necessita, não como medida excepcional durante as férias (pois aí o foco, mais uma vez, não está nos moradores) e criar fontes de renda, o que poderia vir do ecoturismo, se alguém se lembrasse de explorar racionalmente as matas e igarapés da ilha.
Desgraçadamente, como você afirma, enquanto nossos políticos forem os que são, tudo isso reside na esfera dos sonhos.

Anônimo disse...

eu nunca imaginei que ainda existe uma mata nativa tão bonita no caminho do projeto. Na minha opnião isso é um imenso crime ambiental, porque não investir no ecoturismo que traz um bom rendimento. Nós temos um potencial muito grande para explorar esta atividade, no entanto é ignorado. Quem conhecer as trilhas dos rios na Comunidade do Fama e Tucumaeira como eu conheço e sei que tem muita gente que vive da pesca artesanal, saberá do que estou falando. É mais interessante administrar a verba de um projeto e mascarar a prestação de contas do que investir na pescar artesanal, em escolas, no cultivo familiar, saúde, e em toda necessidade básica das comunidade que sentem o quanto irá alterar sua rotina de vida.Mudar as vezes é bom, desde que seja para melhor, neste caso, imagino que este investimento poderia ser de outra forma bem melhor aplicado.

wilson braga disse...

Infelizmente , no Brasil, toda obra de infra-estrutura em transporte terrestre urbano que visa interligar um centro principal a um outro menor é a degradação infame do segundo. No caso do distrito de Mosqueiro, fica evidente o massacre anunciado com sua ligação a Belém via Outeiro. Não só a ilha não dispõe de malha viaria mínima necessária para receber um batalhão de veículos inimaginável até então, como todas as mazelas pavorosas, como violência, pela qual a capital paraense está sendo destruida, serão imediatamente transferidas para a "ainda" bucólica ilha. Basta um só neurônio na cabeça para perceber a tragédia! Quem dera poder encurtar a distância até Mosqueiro e isto só trazer benefícios, quem dera!!

Yúdice Andrade disse...

Anônimo de 25 de março, perdão por não ter respondido oportunamente o seu comentário. Você tem toda a razão. Mosqueiro tem um potencial fantástico para o turismo ecológico, simplesmente inexplorado. Certa vez, vi um material da própria prefeitura mencionando passeios de barco com direito a trilhas, visitas a comunidades ribeirinhas, casas de farinha, banho de igarapé. Contudo, o próprio material avisava que o serviço ainda não fora implantado. E por que não???

Caro Wilson, o processo de degradação pela violência (fora os danos ambientais, claro), já começou faz tempo. Suas ponderações são mais do que justas.
Se o público deste blog fosse responsável pela decisão, a ponte simplesmente não sairia.

pastor Carlos Soriano- Ass. de Deus. disse...

Quem mora em Mosqueiro está relegado a ser caseiro, vendedor de drogas ou se prostituir para viver, ou ter muita força de vontade ou ser um héroi para fugir desta sina, Pois poucos tem condições de pagar um apartamento em Belém para colocar seus filhos para estudar ou aprender uma profissão , uma vez que aqui não temos um núcleo de uma universidade, uma escola profisionalizante, e a distância via BR é longa e a passagem de ônibus cara. A Ponte será a solução para tudo isto, precisamos dela urgente,para que nossos filhos possam sonhar com um futuro. Quem mora em Belém tem tudo na mão, e nós ? temos que viajar 70 a 100 km para chegar a nossa capital e com engarrafamento da BR passamos três horas dentro de um ônibus, é mole ? A ponte é no momento a melhor solução, mas parece que esqueceram de nós.

Yúdice Andrade disse...

Prezado Carlos Soriano, não podendo falar pelos outros, mas apenas por mim, reaalto que não sou contrário à ideia da ponte. Penso ter esclarecido minha opinião, no sentido de que ela poderia trazer muitos benefícios para as comunidades de Outeiro e Mosqueiro, mas que considero fundamental a preocupação ambiental e, em nome da preservação do meio ambiente, preferiria o não fazer. Mas, como bem argumentou o Belenâmbulo, uma ocupação controlada é melhor do que a invasão, que pode acabar acontecendo.
Não acho que a questão deva ser entendida nessa perspectiva de que as zelite de Belém querem mais é o que o povo de Mosqueiro se exploda. Até acho que, dominada pelo desejo de comodidades, preferissem a construção da ponte, sem se importar com consequências.
Embora poucas as opiniões aqui apresentadas, já se percebe como o assunto está longe do consenso. Por isso, apesar da obviedade do comentário, penso que um governo honesto - que é tudo o que não temos - deveria promover audiências públicas, a fim de ouvir todos os interessados e decidir, com conhecimento de causa (inclusive científico, técnico e social, para além do político), se tal empreendimento traz mais ganhos ou mais perdas.
Mas isto é algo para se pensar num outro momento, quando a desgraça que atende pelo nome de Duciomar Costa já tiver sido eliminada do posto que desgraçadamente ocupa. Veja que a postagem é de 2008 e, passados quatro anos, sequer se escuta tratar do assunto. Em vez de ponte, o BRT foi a alternativa para obra pública milionária, que todo prefeito adora. Que o diga Paulo Salim Maluf.

Mauro disse...

Essa ponte já deveria ter sido construída a muito tempo o povo de Mosqueiro fica isolado por conta da distância, só quem vive la sabe a dificuldade que passa por conta do abandono, com o encurtamento da distância o poder público ficará mais presente, mosqueiro vai virar um bairro de belem, vai aquecer o comércio, as coisas vão ficar mais baratas, vai aquecer Icoaraci e outeiro e todos vão ganhar principalmente as pessoas mais carentes, quanto a preservação ambiental temos que primeiro pensar nas pessoas pra depois pensar nessas questão, prefiro ver uma área desmatada do que ver uma pessoa morrendo por conta da dificuldade do acesso.

Unknown disse...

O projeto já deveria está pronto e executado e todos ganhariam com isso Belém seria conhecida com suas belas praias de águas doces.

Yúdice Andrade disse...

Uma pena, nunca cheguei a responder o comentário de 12.1.2018. A meu ver, não dá para fazer uma projeção de benefícios tão otimista quanto essa sem estudos de impacto - e até aqui não me refiro apenas aos ambientais. Não podemos supor que, apenas por criar uma via mais rápida de acesso à ilha, o comércio será aquecido e os preços irão cair. Não é apenas acesso que interfere na dinâmica do comércio. A realidade nos dá sucessivas mostras de que precisamos conter a empolgação e a idealização e pensar com calma nas propostas. Até porque essa ponte custaria uma fábula, quantia essa que poderia ser empregada em outros objetivos, inclusive em Mosqueiro. Acho que resolver o problema de água e esgoto da ilha deveria vir antes da ponte. Só acho.

Caro comentarista deste dia 25, voltamos ao começo da conversa: veja que 12 anos se passaram e a ponte sobre que falamos nem é mais tema de conversas. Mesmo que ao final se concluísse que o projeto não seria viável, o fato de simplesmente não falarmos dele revela a total falta de projeto de futuro para a nossa região. Nem políticos, nem o capital, ninguém realmente deseja que as coisas mudem. Essa ausência de perspectiva custa muito caro às pessoas que vivem ano após ano sem indicativos de melhora.