segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Quem gosta de lembrar?

Fim de ano é sempre uma época nostálgica. Nós nos danamos a pensar em fatos antigos, a lembrar pessoas que não estão mais entre nós, principalmente quando isso é definitivo. Recordar é viver, para citar um programa antigo, que acabou ensejando essa expressão que todo mundo conhece.
Evidentemente, o efeito provocado pelas reminiscências dependerá de serem elas boas ou não. Minha mãe chora absurdamente todos os anos, pela mãe, pelo pai e por uma tia que supriu as funções de mãe. Todos já falecidos. É certo como após o dia vem a noite e outro dia em seguida. Já esperamos pelas lágrimas e, por vezes, isso nos deixa aflitos.
Em sentido diametralmente oposto, há aqueles que conservam apenas lembranças luminosas de uma infância ou de uma adolescência bem aproveitada. De um tempo mais inocente e suave, em que as crianças brincavam na rua com seus brinquedos novos, inclusive durante a noite. Sim, houve um tempo em que crianças brincavam na rua sem que seus pais ficassem receosos quanto a isso.
A última frase já denuncia: sou mais da linha nostálgica. Penso muito em coisas findas e personagens idos. Em fatos consumados. Mas este ano meus olhos naturalmente se voltam para o futuro. Não penso no que já foi, mas no que faremos com aquela menininha que se encanta com uma árvore de natal iluminada. Tudo se encaminha para ela, agora. A sensação de não precisar de nada, se ela estiver satisfeita, já começou.
Um ano atrás. ela era apenas uma novidade com menos de uma semana (bem entendido: sabíamos dela há menos de uma semana). Hoje, suas gargalhadas ecoam pela casa. O melhor natal que já vivi está chegando.

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