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sábado, 13 de março de 2021

Segundo lockdown

Há pouco mais de duas horas, saí de casa para comprar pão. Um trajeto pequeno, de cerca de 200 metros. Mesmo assim, precisei me aborrecer com a obstrução de uma calçada pelos frequentadores de um point descolado que inaugurou recentemente. Coisas de Belém: as calçadas são extensão do comércio de um fulano qualquer e todo mundo acha isso perfeitamente natural e desejável. Quem reclama é que está errado. 

Eu poderia passar, mas de modo algum me sujeitaria a chegar tão perto daquele aglomerado de pilantras sem máscara, que não podem abrir mão da cerveja com pagodinho por nada nesse mundo. Em consequência, caminhei pela pista, mesmo, exposto ao trânsito de veículos. Esta é a sina do belenense.

Pela incapacidade do brasileiro, e aqui falando do belenense, em mostrar algum senso de responsabilidade em meio a uma pandemia, estamos do jeito que estamos: acima de duas mil mortes diárias, colapso nos sistemas de saúde em diversos Estados, mais e mais sofrimento. Chegamos, assim, ao resultado óbvio de tanta incúria: o governador do Estado anunciou um novo lockdown em Belém e Região Metropolitana, a partir da meia-noite de amanhã. Postergaram tudo que puderam, mas finalmente aconteceu o inevitável, impelido pela ocupação de 100% dos leitos de UTI.

Ainda não consegui encontrar a informação de quanto tempo a medida perdurará. O lockdown de maio demorou duas semanas. Ainda me recordo bem do desconforto de trafegar por uma cidade militarizada, e ser parado, claro. Eu havia ido fazer compras no supermercado. Fui liberado pelo justo motivo da saída, mas a abordagem em si é extremamente desagradável para mim. Uma cidade sitiada me causa aflição.

Fazer o quê? Vivo em uma sociedade e pago pelas minhas ações tanto quanto pelas dos outros. E com o material humano que temos, é possível que essa restrição de liberdade não seja a última. Nem a penúltima. Nem...

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Aborrecimento recorrente

A cerca de 50 metros de minha casa, dobrando a esquina, há um poste. Aboletado nele, um transformador cujo esporte parece ser dar defeito. Este ano, já perdi a conta das vezes que o nojento pegou fogo ― a última, pouco mais de dois dias atrás, na noite de segunda-feira. Ontem à noite não houve fogo, mas novamente uma fase caiu, deixando um quarteirão às escuras. Minha casa foi atingida apenas parcialmente. Por ocasião do conserto, no entanto, é claro que o fornecimento de energia precisa ser suspenso. Graças a isso, em meio a um calor danado, tivemos uma madrugada difícil. E as famílias que desde o começo ficaram totalmente no escuro passaram sufoco maior.

Na segunda-feira, devo ter sido o primeiro a telefonar pedindo o conserto. Foram quase duas horas para o pessoal da manutenção chegar. O reparo em si não demora muito, mas deve ser feito com muita incompetência, ou com material de má qualidade, ou ambas as coisas, para aguentar só dois dias.

Nós, brasileiros, somos aviltados cotidianamente. Nosso abastecimento de energia é ruim, assim como o de água, telefonia móvel e celular, internet, TV a cabo, etc., o que não nos livra de pagar caro pelos serviços, inclusive mais caro do que em qualquer outro país do mundo. Isso se soma à malha viária ruim, policiamento ruim, fiscalização de trânsito ruim, serviços públicos em geral deficitários e por aí vai. E aceitamos isso. Porque, se não aceitássemos, alguma coisa concreta já teria acontecido para mudar o cenário.

No caso que inspirou esta postagem, temos um problema adicional, que se chama Rede CELPA, a concessionária de energia que enlouquece os paraenses com seus péssimos serviços, cobranças abusivas e um esporte bizarro: acusar as pessoas de desvio de energia. Muitas acusações são verídicas, claro, mas algumas situações beiram a desfaçatez. Sei disso porque a empresa é hoje, com folga, a mais demandada no judiciário paraense. Juízes reclamam que alguns órgãos jurisdicionais estão virando quase serviços de atendimento ao consumidor da CELPA, de tanto que se ocupam dela. Já ouvi que há juizados especiais, em Belém, em que 70% do acervo processual envolve a dita cuja.

Era hora de o poder público tomar medidas concretas contra a empresa, mas é claro que nada acontece. No mínimo, porque o grupo político que formalmente administra o Estado é o mesmo, inclusive com vários dos mesmos atores, que em 1998 vendeu a CELPA à iniciativa privada a preço vil. Reza a lenda ― e eu obviamente acredito ― que para fazer caixa de campanha.

O fato é que o povo nunca passou bem após a privatização, a despeito da cortina de fumaça lançada com o argumento de expansão da rede, investimentos em infraestrutura, etc. Lógico que houve investimentos! Mesmo no Brasil, seria impossível não haver. Mas eles serviram para aumentar o número de clientes ou, efetivamente, em nome da satisfação desse público?

De tudo isso resulta bastante desesperança em relação ao transformador que avisto aqui do meu quarto. Ele deve continuar iluminando as noites com fogo, ao mesmo tempo em que escurecendo os lares e expondo-os ao risco de prejuízos secundários, como danos a aparelhos eletro-eletrônicos, que a CELPA sempre dá um jeito de dizer que não precisa indenizar por falta de comprovação de causalidade.

Abaixo, o link para publicação do Sindicato dos Urbanitários do Pará, com dados concretos, inclusive este: a Rede CELPA está na 62ª colocação no ranking das concessionárias de energia, quanto à satisfação do consumidor. Entre 63! Por aqui, brincamos que o Pará é tão ruim que não consegue nem ficar em último! É sempre penúltimo, naquilo em que precisamos que estivesse entre os primeiros.

http://www.urbanitarios-pa.org.br/index.php/noticias/1499-19-anos-de-privatizacao-da-celpa

domingo, 30 de julho de 2017

O irresponsável mais do mesmo

Para cumprir a missão incessante de criticar o "governo" tucano do Pará ― que, de fato, merece todas as críticas; a questão é que, no contexto, tais críticas têm óbvias finalidades eleitoreiras ―, a coluna Repórter Diário deste domingo começa assim:

"A presença de tropas federais no Rio de Janeiro há três dias mudou a cara da cidade e é saudada por todos os moradores como esperança para a crescente onda de violência."

Segue a crítica ao cantor e dublê de governador (cassado) do Pará, que não pede ajuda federal para não passar recibo de incompetência em relação à segurança pública. Vou-me concentrar só nesse trecho da nota.

Até um leigo como eu pode afirmar que tudo nela transpira antijornalismo. Vejamos: (1) a linguagem do texto é panfletária, sem a esperada isenção jornalística; (2) a afirmação de que a simples presença de tropas federais mudou tudo em apenas três dias é feita para sugerir que essa medida é a oitava maravilha do mundo e que, se aplicada em Belém, iríamos do inferno ao paraíso quase que instantaneamente, o que é falso; (3) é no mínimo estranho falar em "crescente onda de violência" em uma capital que, há décadas, tem sido apontada como extremamente violenta.

Mas eu gostaria de ressaltar, acima de tudo, isto: a irresponsabilidade da nota está em promover uma política militarizada de segurança pública, em um nível superior ao já existente, a cargo da Polícia Militar estadual. A presença de tropas federais e tanques nas ruas é uma situação extraordinária e nada desejável, que mergulha os munícipes em um cenário bélico bastante desagradável. Além disso, segurança pública de rotina e atividade militar são realidades díspares. A militarização da vida comum tem custado caro aos cidadãos, por todo o país. Mas, na nota seguinte, o filho do dono do jornal e futuro recandidato ao governo, atual ministro do governo golpista, é citado como "cidadão responsável e ciente da situação insustentável" porque formalizou um pedido de intervenção militar no Estado.

Por fim, temos o quarto e, a meu ver, mais grave pecado da nota, que é mentir descaradamente. O jornalista pode apontar que fonte foi consultada para afirmar, de modo tão peremptório, quais são os sentimentos dos cariocas em relação às tropas federais? Já existe alguma consulta nesse sentido? Se não há, como pode o colunista afirmar que tais sentimentos existem?

Piora: quem são esses "todos os moradores" tão cheios de esperança? Os moradores dos bairros nobres, das regiões turísticas, das praias, que são os verdadeiros destinatários da "proteção" do Estado? Alguém se deu ao trabalho de perguntar aos moradores das periferias, e sobretudo das favelas, usualmente acostumados às abordagens policiais agressivas (esculachos), à suspeição e à humilhação, se a esperança chegou também a seus lares?

O blindado do Exército passou toda a manhã de ontem no Largo do Machado.
Há apoio popular? Sim. Mas também há reclamações. Esqueça a unanimidade.
Foto: Domingos Peixoto/ Agência O Globo
Duvido muito, porque essas populações não têm voz. São elas as grandes atingidas pela militarização da vida. São os suspeitos preconcebidos, por força da cor da pele, das roupas, do pouco dinheiro, da nenhuma influência, da região de moradia, etc. A opinião deles não conta para os elaboradores de políticas públicas que, no fundo, são tão turísticas quanto as praias cariocas ― políticas destinadas a assegurar que os cidadãos de bem possam transitar por seus calçadões, estacionar seus carros, frequentar seus points sem risco de encarar a bandidagem que vem do outro lado.

Esta é uma questão grave, mas não interessa para a coluna dominical do Diário do Pará. Aqui basta a crítica, mesmo que ela venda falácias e ilusões para o eleitor desavisado.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Finalmente, algo sendo feito

Um ano e quatorze dias depois da chacina que vitimou dez pessoas em cinco diferentes bairros de Belém, sendo a primeira um cabo da Polícia Militar e as demais, civis que se supõe terem sido mortos por membros daquela corporação, como retaliação, finalmente foi praticado um ato formal que pode levar ao esclarecimento do caso. Trata-se da instauração do conselho de justificação, instrumento legal de caráter persecutório, por meio do qual se analisa a capacidade de um oficial em permanecer no serviço ativo. Como consequência, o oficial pode ser excluído da força, se responsabilizado por violações graves aos seus deveres funcionais ou ao pundonor militar.

No curso do conselho de justificação, como nos demais procedimentos persecutórios, serão colhidas provas para se decidir se os acusados ("justificantes") são culpados das acusações. Em caso afirmativo, e se os conselheiros decidirem pela indignidade, o governador do Estado deve deliberar e, se acolher a decisão do CJ, pode aplicar prisão por até 30 dias, transferir os oficiais para a reserva remunerada ou, se cabível a declaração de indignidade para o oficialato, remeter os autos para o Tribunal de Justiça do Estado, a quem cabe esse julgamento de ratificação.

Há muitas questões que precisam ser explicadas, seja para se confirmar as suspeitas contra todos os mortos, seja para se limpar seus nomes, pois a ninguém interessa um denuncismo generalizado, capaz de provocar insegurança social. Precisamos saber, por exemplo, se o cabo Antônio Figueiredo realmente possuía envolvimento com o crime organizado, um possível grupo de extermínio e/ou milícia, porque esse tipo de câncer é o que existe de pior dentro de uma corporação policial. Ele precisa ser combatido sem trégua, porque o mínimo que se espera de uma força pública destinada a proteger os cidadãos é que ela não se converta em uma empresa de extorsão e assassinato, dentre outras perversidades.

E precisamos, também, de atitudes enérgicas para combater o vale tudo das ruas, que elimina qualquer legalidade e transforma o mundo real em uma espécie de jogo de video game, daqueles ultraviolentos, em que a meta do jogador é matar o maior número possível de inimigos. Há motivos os mais diversos para isso, sejam os de ordem legal (não existe pena de morte no Brasil), sejam os éticos, que deveriam estar o tempo todo na mente das pessoas, como critério preponderante para as suas decisões.

Por fim, estão de parabéns os integrantes da sociedade civil, familiares e amigos dos mortos, e organizações de defesa dos direitos humanos, que têm envidado imensos esforços para romper a habitual inércia do poder público e os vícios corporativos que mantêm em silêncio mesmo os mais atrozes abusos. Sem a força da sociedade civil, com certeza não teríamos saído da estaca zero. Afinal, a quem interessa?

A respeito: http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2015/11/pms-acusados-de-omissao-em-chacina-podem-ser-expulsos.html

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Quase estilo Occupy

Penso que greve deve ser de ocupação. Esse negócio de declarar greve e a galera ficar em casa, simplesmente curtindo o descanso, é leviano. Se estamos em greve, devemos batalhar pelas reivindicações formuladas, marcando presença, protestando, pressionando as negociações. Greve é para quem quer trabalhar com dignidade; não é para encostados.

No caso particular dos professores do Estado do Pará, uma ocupação é complicada, porque a categoria é grande e trabalha em diversas unidades (mesmo considerando o âmbito de uma única cidade). Fica complicado, imagino, manter um comando de greve em cada local. E quando se trata de ocupar um prédio governamental, como aconteceu aqui, os ânimos tendem a se acirrar. Quando grevistas arrombaram o portão do Centro Integrado de Governo, dias atrás, isso gerou uma repercussão ruim, principalmente entre aqueles que não sentem empatia com lutas trabalhistas. Que são muitos, quiçá a maioria.

Os professores em greve decidiram ocupar a Feira Pan-Amazônica do Livro, desde o início. Em que pese essa feira ser um evento infinitamente mais comercial do que cultural, já que - em relação ao público - se resume a reunir vários distribuidores em um mesmo espaço, para vender livros a preços elevadíssimos, a presença dos professores, nela, é mais do que justificável. Apesar das contradições tipicamente tucanas, livros rimam com educação e cultura, por isso os professores agiram acertadamente ao se instalarem lá.

Soube agora que os professores estão fazendo uma legítima greve de ocupação: estão utilizando o espaço da feira para dar aulas (preparatórias para o ENEM), fazer jogos educativos, oficinas, teatro e contação de estórias. Ótimas pedidas, sobretudo para crianças. De repente, até encontrei um motivo para visitar a feira. Há anos desisti dela, já que, para um consumidor comum, simplesmente não vale a pena. Até podemos encontrar alguns títulos interessantes e usualmente indisponíveis na cidade, mormente nas editoras universitárias. Mas isso exige um esforço de garimpagem, que não paga o desconforto de caminhar no aperto de um espaço abafado quando podemos garimpar e comprar pela internet, receber o livro em casa e, com sorte, pagar menos.

A greve já ultrapassou 70 dias e os prejuízos ao alunado são imensos. Com isso, o movimento tende a perder os apoios externos que possua. A esta altura, ruim para a categoria, bom para um governo caracterizado pela indolência crônica, que insiste em não negociar e que, ao menos, vai repor os descontos sobre os dias parados. Ou disse que o faria.

Enquanto isso, o governador-cantor-pescador, que raramente dá as caras, apareceu na feira apenas para fazer o que tucanos (não as aves) fazem: firula. Vestiu trajes típicos do país homenageado, Japão, e juntamente com seus penduricalhos da prefeitura de Belém e da Assembleia Legislativa, avacalhou um ritual xintoísta, que deveria trazer bênçãos, como conta a jornalista Franssinete Florenzano (link abaixo).

Não é à toa que o Pará não consegue bênção alguma. Está dominado por tucanos, que só dão marretadas. E ainda por cima na forma e na hora erradas.

Fontes:

  • http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-332612-professores-fazem-enterro-simbolico-no-hangar.html
  • http://uruatapera.blogspot.com.br/2015/06/kagami-wari-tupiniquim.html

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Muito boa

UFPA recebe conceito “muito bom” do MEC


A Universidade Federal do Pará (UFPA) recebeu a visita de avaliação externa do Ministério da Educação (MEC) e, pela primeira vez na história da instituição, recebeu o conceito 4, correspondente a muito bom, numa escala de indicadores em que a pontuação máxima é 5.
A avaliação é feita pelo MEC com o auxílio da Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional (Proplan), por intermédio da Diretoria de Avaliação Institucional e frente operacional da Comissão Própria de Avaliação (CPA-UFPA). O foco dessa avaliação tem caráter estritamente institucional e não é pontual como a de cursos, ou seja, todas as dimensões, ensino, pesquisa e extensão são focalizadas, pois são apresentados documentos e relatórios de todos os projetos da Instituição de Ensino Superior (IES).
A avaliação in loco foi feita entre os dias 25 e 29 de novembro. Três avaliadores designados pelo MEC foram acompanhados pela diretora de avaliação institucional e presidente da CPA, profa. Scarleth O’Hara, que os conduziu em visita aos Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), e Tecnologia (ITEC). Os avaliadores também realizaram entrevistas com gestores e técnico-administrativos de diversos setores da Universidade e ainda realizaram reuniões com dirigentes, docentes e alunos para constatar o que a Instituição tem oferecido nas diversas categorias.
Segundo a professora Scarleth O’hara, a avaliação tem como referência as diretrizes do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e apoia-se em cinco eixos específicos para gerar os indicadores observados, quais sejam: Planejamento e Avaliação Institucional; Desenvolvimento Institucional; Políticas Acadêmicas; Políticas de Gestão e Infraestrutura Física. Em todos os eixos, a UFPA recebeu notas muito boas, o que gerou o conceito final positivo.
 (DOL com informações da UFPA)
Fonte: http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-311989-ufpa-recebe-conceito-%E2%80%9Cmuito-bom%E2%80%9D-do-mec.html

É grande a minha alegria ao ler esta notícia, não apenas porque sou cria daquela instituição e com ela mantenho uma relação fortemente emocional, mas sobretudo porque o aprimoramento de nossas instituições de ensino é um dos caminhos mais importantes e eficientes para o desenvolvimento de nossa região.

Nós realmente precisamos de educação de qualidade e do desenvolvimento da ciência e da tecnologia. E a UFPA é a instituição de ensino superior mais importante da Região Norte, por isso é fundamental, para todos nós, nortistas, que ela cresça e ganhe cada vez mais respeitabilidade.

Parabéns à UFPA.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Bacharelado em Relações Internacionais

Vejam só que notícia auspiciosa:

Uepa anuncia a criação do Curso de Relações Internacionais

Nova graduação irá formar bacharéis para atuação em diversos setores e instituições e se apresenta como uma das propostas para o atendimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Milênio. Projeto Político-Pedagógico foi apresentado durante Assembleia do Comitê da Organização das Nações Unidas.

Relações Internacionais em Comércio Exterior será o mais novo curso de graduação da Universidade do Estado do Pará (Uepa). O anúncio foi feito pelo reitor, Juarez Quaresma, nesta segunda-feira (3), durante a Assembleia Geral do Comitê Permanente da América Latina para a Prevenção do Crime (Coplad), vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU). Serão ofertadas 40 vagas e a previsão é que o início das aulas seja em 2016.

O Curso se apresenta como uma das estratégias do Comitê para combater a criminalidade mundial que movimenta, por ano, 32 milhões de dólares com o tráfico de drogas, armas, pessoas e pedras preciosas. Desse montante, 5% perpassam pela Amazônia. Daí, a necessidade de estudar e prevenir a criminalidade. “Esta integração da Amazônia, Estado do Pará e ONU é fantástica e vai se suceder por meio de dois polos importantes: um Núcleo da ONU e o curso de Relações Internacionais, que vai possibilitar que os estudantes desenvolvam pesquisas no sentido de ajudar a ONU a combater a criminalidade. A melhor estratégia é formar e preparar jovens com estudo e ciência”, avalia o coordenador geral do comitê, professor Edmundo Oliveira.

Este será o primeiro curso a ser implantado em uma universidade pública do norte do Brasil e o primeiro do país na área. A graduação será presencial e ofertada, inicialmente, em Belém, vinculada ao Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Uepa. Contudo, a expansão será possível por meio da Política de Interiorização da Universidade aliada à demanda social. Ainda será avaliado se o ingresso se dará por meio do Programa de Ingresso Seriado (Prise) ou Processo Seletivo (Prosel) ou ainda uma seleção especial.

“O Estado do Pará, devido a sua dimensão territorial, tem grandes desafios, sobretudo na inserção na comunidade internacional. O profissional que pretendemos formar, por meio de um convênio com o Comitê, que também será um espaço de prática, será capaz de atender às demandas da região e contribuir com as necessidades de um mundo cada vez mais globalizado, além de inserir a Uepa e o estado nas discussões sobre a criminalidade no contexto mundial. O Curso vai tramitar nas instâncias da Universidade, com previsão de aprovação no final do ano na reunião do Conselho Universitário”, explicou o reitor, Juarez Quaresma, durante apresentação do Projeto Político-Pedagógico ao Comitê.

Constituído, inicialmente, para formar diplomatas, o Curso de Relações Internacionais, atualmente, se volta para a qualificação de empresários, técnicos e líderes políticos para atuação em diversos setores. Na Uepa, a graduação assinala um marco na cadeia de inovação ao aliar a percepção pedagógica e diferenciada do universitário para empreender, negociar e tomar decisões em instituições públicas e privadas.

Texto: Ize Sena
Foto: Renata Carneiro
Fonte: http://www.uepa.br/portal/ascom/ler_detalhe.php?id_noticia=1863274

Um passo importante para o nosso Estado, não apenas para a educação, mas para uma sociedade que tem convivido com o drama que é o tráfico de pessoas e de órgãos.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Mestres para o Pará

Cursei a minha graduação em Direito, na Universidade Federal do Pará, entre os anos de 1992 e 1997. Na época em que entrei na graduação, o número de vagas para o mestrado era maior do que o de candidatos! Lá pelo meio do meu curso, entretanto, a situação mudou. De um ano para o outro, a procura aumentou drasticamente. Salvo engano, eram mais de 80 interessados em 12 ou 15 vagas. É preciso refletir um pouco sobre as causas de uma situação dessas.

Neste país, títulos sempre foram muito importantes, desde que fossem nobiliárquicos. A novela "Império", atualmente em exibição, trouxe de volta a figura do "comendador" como alguém extremamente importante na sociedade. Recordo-me de que, em tempos idos, aqui em Belém era um acontecimento a escolha do novo comodoro do Iate Clube. Outros títulos importantes são ligados a carreiras públicas, tais como desembargador ou deputado. Se bem que aí não temos, exatamente, títulos, e sim cargos. Mas fica a ideia. O que pretendo dizer é que os verdadeiros títulos não eram valorizados.

Começa pelo fato de que qualquer um que se forme em um curso superior vira ipso facto um "doutor". Doutor de coisa nenhuma, mas o Brasil separa seu povo em dois estamentos principais: os elitizados, que adoram ter seus egos massageados até mesmo em relação a atributos que não possuem, como um doutorado; e a ralé, que muito frequentemente assume uma postura servil e se comporta de modo submisso frente aos "ilustrados". Não à toa, qualquer fulano com uma chave de carro pendurada no cós das calças vira doutor para o flanelinha.

Mas voltemos ao cerne. Existe um problema de origem na matriz educacional brasileira. Aqui, o talento e o mérito de um indivíduo eram medidos por seu sucesso profissional. Ele precisava ser o advogado bem sucedido, o médico respeitado, o engenheiro rico (para ficar na tríade profissional clichê da minha juventude). E com essa bagagem pragmática, ele ia para as universidades, supostamente para compartilhar a sua expertise com os estudantes. Nas universidades (aliás, em toda a estrutura escolar), o professor era o sábio, que concedia um pouco de seus dons à massa mais ou menos ignara que fosse capaz de alcançar a sua erudição. Isso abria margem para a figura do "pano preto", professor que omitia informações ou até ensinava errado, para não gerar concorrentes a sua altura. Ouvi muito sobre gente assim.

Desse modo, mesmo os grandes professores, aqueles que honravam a docência, raramente eram titulados e, nas lides cotidianas, dificilmente ou nunca se dedicavam à produção acadêmica. Sua contribuição à cultura se limitava às aulas magistrais que ministravam, ao ensino do tipo catedrático, que produziria profissionais, alguns até muito bons, mas não necessariamente essa seria a via mais adequada para produzir boas cabeças para o desenvolvimento científico da região.

O tempo passou e os parâmetros mudaram drasticamente. Mesmo para o famigerado mercado, títulos de pós-graduação em sentido estrito estão fazendo grande diferença para fins de remuneração. Nas carreiras públicas, eles ajudam para fins de progressão, se você já é servidor; e pesam na prova de títulos, se você está pleiteando uma vaga. Obviamente, em qualquer processo seletivo, a existência do título será notada e terá alguma influência.

Em suma, no tempo de meus pais, o sonho das famílias era ter um filho "dotô", ou seja, bacharel. Hoje em dia, diploma de graduação é como carteira de motorista: mera autorização para conduzir o veículo, mas autorização, por si só, não leva ninguém a lugar algum. E se pensarmos em carreira acadêmica, o mestrado é que vale como habilitação. Hoje, como regra, o ingresso nas universidades públicas já exige doutorado. Infelizmente para nós paraenses, contudo, existe um abismo de qualificação. Pensar na minha área, o Direito, é até covardia, porque se trata de uma área em que ainda se investe um pouco. Se pensarmos em outros campos, o constrangimento é muito maior.

Neste ano, a UFPA disponibilizou 24 vagas para mestrado em Direito, que estão sendo disputadas por 232 candidatos (considerando as inscrições deferidas). Que diferença para os tempos de minha juventude, não? O CESUPA oferece 20 vagas anuais e a UNAMA, número semelhante. Ainda é pouco, considerando o quanto a nossa região precisa de mentes qualificadas para cuidar de si mesma, para se desenvolver nessa área tão delicada quanto a educação.

Torço por esses cursos. Torço por nossa região. Afinal, não é com política que vamos sair do marasmo em que nos encontramos. Precisamos de raciocínio crítico. E não apenas no mundo do Direito, mas em todos os campos. E isso mostra como ainda nem começamos a fazer o dever de casa.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Forcinha para o parça

Não temos condições de saber, por enquanto, quem será eleito governador do Pará no próximo mês, mas passei a acreditar que o atual titular do cargo estava capengando nas pesquisas quando a cidade, de repente, começou a se encher de obras com a maior cara de maquiagem pré-eleitoral. Refiro-me a asfaltamento de ruas, que começaram por bairros nobres, portanto menos necessitados delas, mas hoje já podem ser vistas em vias secundárias de bairros mais afastados. Outra dica são as famosas "revitalizações", por exemplo de iluminação pública.

Às vésperas de eleições municipais, essas placas (e as obras supostamente decorrentes) proliferam como capim. Mas, confesso, não me lembro de já ter visto fenômeno semelhante nas semanas anteriores a eleições estaduais. Sintoma. A região nordeste do Estado, que é a mais densamente povoada, tem seu eleitorado bastante dividido entre os dois candidatos mais fortes e o interior teria boas razões para hostilizar o atual governador, por causa de seu comportamento quando da questão sobre a divisão territorial. Então vale a pena amaciar o povo destas bandas.

Aliás, a tucanada resolveu bater na questão da divisão territorial. Segundo ela, votar na concorrência é conduzir o Estado à fragmentação, como se fosse uma questão certa. Manipulação tosca e burra. Tanto porque pode acirrar nos eleitores do interior a lembrança da derrota no plebiscito de 2011, quanto porque essa não é uma competência do governador do Estado. Mas, enfim, políticos, marqueteiros e asseclas safados se aproveitam da baixa instrução do eleitorado para vender as mentiras mais estapafúrdias possíveis. O negócio é obter dividendos eleitorais, custe o que custar. Ninguém se importa de passar recibo. Além do mais, poucos notarão os desatinos.

Seja como for, é hora de aproveitar as obrinhas de ocasião. Nada como uma eleição para sermos tratados quase como se fôssemos cidadãos.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Prontuário em vez de currículo: para o governo do Estado

Em mais um grande serviço à nação, a organização Transparência Brasil publicou, em seu sítio, uma seção que mostra a trajetória dos candidatos, dando destaque às acusações de irregularidades que pairam sobre eles. Acesse www.excelencias.org.br. Na home page há um campo para Quer quer virar Excelência (http://www.excelencias.org.br/quemquer/). Escolha o Estado, depois o cargo e desfrute.

Fui lá dar uma olhada e lhes ofereço uma síntese. Copiei diretamente as informações do sítio, observando a dobradinha governador e respectivo vice.

Quem se deu mal, mesmo, foi o candidato Helder Zahlouth Barbalho (PMDB), que responde ao Processo n. 0009421-71.2009.4.01.3900, na Justiça Federal, agora sem prerrogativa de foro. "É réu por improbidade administrativa, acusado de irregularidades na aplicação de recursos do Ministério da Saúde transferidos à cidade de Ananindeua de 2004 a 2007. O dinheiro teria sido usado para compra de equipamentos e medicamentos de empresas inexistentes e para cobrir despesas não relacionadas à saúde. Além disso, há indícios de fraudes em licitação para compra de ambulâncias."

Nos autos do Processo n. 0032990-62.2013.4.01.3900, também da Justiça Federal, responde a ação civil de improbidade administrativa.

Mas é o vice, Joaquim de Lira Maia (DEM) quem brilha longe. Já ouvi dizer que é o parlamentar com o maior número de rolos perante a Dona Justa. Veja a "listinha":

Ações Penais movidas pelo Ministério Público Federal por crimes de responsabilidade previstos na Lei de Licitações, todos perante o STF: (números) 484/2008, 517/2009, 518/2009 e 524/2007.

Inquéritos perante o STF: 3036/2010, 2991/2010, 2762/2008 e 2742/2008 (apuram crimes de responsabilidade e contra a Administração Pública); 3049/2010, 3057/2010, 3058/2010 (apuram crimes contra organização do trabalho); e 3301/2011 (apura crime eleitoral de captação ilícita de votos ou corrupção eleitoral).

Ações civis públicas por improbidade administrativa (dano ao erário), movidas pelo Município de Santarém, pela União e pelo Ministério Público. São duas na Justiça Federal, Subseção Judiciária de Santarém: 0001836-74.2000.4.01.3902 e 0001305-17.2002.4.01.3902; e duas perante a Justiça estadual, na comarca de Santarém: 0009317-41.2008.814.0051 e 0009382-83.2007.814.0051.

Para arrematar, pareceres contrários do Tribunal de Contas dos Municípios à aprovação das contas da prefeitura de Santarém, quando o candidato a vice era o gestor: 200103811, 200203229 e 200304542.

O candidato à reeleição, Simão Robson Oliveira Jatene (PSDB), não apresenta registros (!!!). Seu vice, entretanto, José da Cruz Marinho (PSC), responde no STF ao Inquérito n. 3666/2013, que apura peculato e concussão. "O parlamentar é investigado por cobrança de percentual sobre remuneração de servidores comissionados em troca da manutenção dos cargos ocupados."

Os candidatos Marco Antônio Nascimento Ramos e Luís Alberto Menezes da Silva, ambos do PCB; Elton de Barros Braga e Jorge Carlos Gonçalves Vasconcelos, ambos do PRTB; José Carlos Lima da Costa e Raimundo Menezes Salame, ambos do PV; Marco Antônio Carrera Ferreira (PSOL) e Benedita Duarte do Amaral (PSTU) não são réus, indiciados ou investigados em nenhum procedimento.

Informe-se e vote com consciência.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Senzala do Murutucu

Reproduzo na íntegra a matéria do Diário do Pará pelo grande interesse que tenho no assunto e na pesquisa do Prof. Diogo Costa. O Murutucu (que eu saiba, esta é a grafia correta) é pauta este blog.

Senzala do Murucutu pode ter sido encontrada

Quinta-Feira, 31/07/2014, 06:17:02 - Atualizado em 31/07/2014, 06:18:21


Senzala do Murucutu pode ter sido encontrada (Foto: Alzyr Quaresma)
Pesquisadores podem ter localizado a senzala do histórico engenho do Murucutu (Foto: Alzyr Quaresma)
















Ao acordar todos os dias você nem se percebe que está escrevendo a história. O que hoje é algo comum do cotidiano pode se tornar peça rara para entender o modo de vida de um povo. As descobertas realizadas nas ruínas do engenho do Murucutu, em Belém, mostram que itens como um cachimbo, uma moeda, pedaços de objetos de metais e vidro e que parecem simplórios aos olhos leigos são tesouros que, muito mais do que o valor econômico que carregam, são fragmentos de uma história que alguém não contou e que clama por uma preservação responsável do passado.
Após quatro semanas de escavações durante o mês de julho, a equipe de Diogo Costa, arqueólogo e professor da pós-graduação em Antropologia da UFPA, conseguiu mapear o local onde seria a possível senzala do engenho, também de uma lixeira que haveria no local e itens variados que agora serão estudados em laboratório. “Todo o material encontrado como louças, vidros, peças em metal a gente usa para investigar o cotidiano das pessoas que moravam aqui. Com eles talvez possamos entender melhor questões sobre as práticas de alimentação da época, através da análise do talher, ou os vidros podem nos ajudar a identificar práticas de higiene. Os objetos de metal podem ser o caminho para verificar os tipos de usos medicinais que eram feitos. No caso da louça podemos ver se era de valor alto ou baixo, e qual era o status econômico das pessoas que moravam aqui. Este cotidiano não fica registrado em documentos históricos, porque faziam parte de um cotidiano. Hoje mesmo, se você olhar o lixo de uma pessoa pode descobrir o que ela fez o dia todo. É esse princípio que a gente usa na arqueologia”, esclarece o pesquisador.
O projeto dele partiu de um objetivo - encontrar o que seria a senzala do engenho - e felizmente há muitas evidências de que o local realmente tenha sido localizado. De brinde, os pesquisadores encontraram a lixeira e outros itens. Com uma foto de 1860 nas mãos e estudos que indicavam o que seria esse espaço, ele partiu para a escavação.
“Houve então a confirmação de que existia um prédio em uma área próxima de onde fica a capela. A princípio não sabemos qual era a função dele dentro do engenho, mas depois do laboratório é que vamos confirmar se era realmente a senzala ou não. A ideia agora é analisar este material e tentar descobrir se pertencia só aos escravos indígenas, ou aos africanos, ou a ambos, além de responder seeles moravam juntos, o que eles faziam no dia a dia”, detalha o arqueólogo.
“O material encontrado ainda vai ser analisado em laboratório e isso pode trazer resultados que nem imaginamos, mas ainda vai demorar no mínimo mais seis meses de estudos. O que podemos adiantar agora, com o encerramento desta etapa de campo, que corresponde a apenas 10% do trabalho que fazemos na arqueologia, é a atenção que estamos conseguindo a respeito deste sítio.
Queremos provocar as pessoas a manter esse espaço para ser usado como estudo, porque o uso do espaço ajuda na preservação. Manter simplesmente uma coisa preservada, mas fechada e longe das pessoas, não faz com que ela se torne parte da vida delas”, explica o professor que levou para as escavações de sua pesquisas os acadêmicos envolvidos no projeto, outros pesquisadores e os graduandos e pós-graduandos de Antropologia da UFPA em Arqueologia Histórica, transformando a iniciativa em um sítio-escola para treinamento dos alunos no método que trabalha as descobertas em sítios pós-coloniais, após a chegada dos europeus.
O projeto continua e a proposta é que se perdure por mais dois anos e com mais escavações. “Vamos usar esse espaço como estação científica para muitos alunos não só da arqueologia, mas de outras áreas. A arquitetura pode trabalhar com as ruínas, o pessoal da geologia com o material que está sendo extraído daqui, os biólogos poderiam trabalhar com o manejo da área, já que esse lugar foi usado a partir de 1930 como campo de estudo da Embrapa, então isso é uma história ambiental do cultivo de alimentos também”, planeja Diogo.

Pesquisa terá mapa preciso da área

Em parceria com a equipe de pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, o projeto de pesquisa arqueológica nas ruínas do Murucutu ganhou equipamentos que ajudaram na realização do levantamento topográfico da área e mapeamento das estruturas que ainda estão erguidas. “Com isso vamos ter um mapa bem preciso dessas evidências. Tudo que foi descoberto nas escavações já vai estar relacionado com esse mapeamento, o que é um avanço fantástico na documentação do sítio do engenho do Murucutu”, comemora Fernando Marques, pesquisador em arqueologia do Museu Emílio Goeldi, e que há 31 anos tem contatos com pesquisas naquelas ruínas.
“Experimentamos equipamentos da geofísica para não utilizar escavação, um GPR, que é uma espécie de radar que passa e identifica as anomalias na terra. Percebemos uma área que apresentou bastante anomalia e que indicou a necessidade de escavação neste setor.
Outro equipamento chamado magnetrômeto também indicou as anomalias na área. Além disso, a fotografia que foi feita por Felipe Fidanza, que se estabeleceu em Belém no século 19, documenta o aspecto do engenho neste período e mostra a casa grande (que fica atrás da capela e que depois foi demolida em um acidente em 1995), a própria capela e um prédio que supostamente seria a senzala, praticamente neste local, compatível com as anomalias registradas. A fotografia é uma fonte fiel, pois, na época, não era manipulada e por isso é muito fidedigna. Ainda bem que Fidanza fez várias fotos de Belém desta época e felizmente esteve no engenho”, acrescenta o arqueólogo.
“As fotos mostram coisas interessantes, como o traço da casa grande, bem característico de um dos seus proprietários, o arquiteto italiano Antônio Landi. Ele comprou este lugar em 1776 e morreu aqui em 1791. Por isso aqui também tem este aspecto arquitetônico a ser destacado e que contribui mais ainda para a valorização deste lugar. Existe até uma hipótese de que o corpo dele possa estar aqui, mas também há notícias de que ele estaria enterrado na igreja de Sant’Ana, que era a igreja de sua predileção, mas isso são coisas ainda a serem investigadas e que a história pode responder e subsidiar para a pesquisa da arqueologia poder comprovar futuramente”, projeta o arqueólogo.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Pirarucu

Isto sim é uma ótima notícia: projeto de criação de pirarucus em cativeiro, apoiado pelo SEBRAE, deve disponibilizar uma superssafra brevemente. Com isso, um dos mais saborosos peixes amazônicas deve chegar à mesa do paraense com mais facilidade.

Semana passada estive no Ver-o-Peso e comprei uma boa peça do bicho. Já comemos um pedaço. Só de pensar, a boca enche de água.

Maravilhoso que o nosso Estado possua uma imensa bacia hidrográfica, o que nos permite ter uma grande variedade de peixes maravilhosos. O lado ruim da coisa é que, mesmo assim, o peixe chega cada vez mais caro à mesa do consumidor. Absurdo.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Macho

Se há uma unanimidade no Estado do Pará, ela se chama DETRAN.

Responsável por um serviço de que, no final das contas, depende todo o resto (sem regularização, não circularia nenhum veículo automotor), temos necessidade absoluta desse órgão que é uma fábrica de dinheiro, uma torneira sempre aberta. Mas a unanimidade está na indecência dos serviços prestados: o DETRAN é fisicamente inadequado e desconfortável; seus servidores (falo genericamente, tá, nervosinhos?) estão no ápice da escala de inoperância e menosprezo ao cidadão; cobra caro por todo e qualquer serviço; cria propositalmente dificuldades absurdas para procedimentos simples (porque é criando dificuldades que se vendem as facilidades) e também aparece no topo da lista de nomes lembrados quando se pensa em corrupção.

Eu aprenderia a ter enorme respeito por um governador que entrasse com os dois pés no DETRAN. Chegasse lá e revolucionasse, acabando com todos os esquemas hoje existentes e estabelecendo metas rigorosas de profissionalização, recorrendo à tecnologia e à publicidade para desmontar as chicanas que grassam por lá.

Infelizmente, é difícil até acreditar que seja possível acabar com a bandalheira no DETRAN. Se possível for, inexistente é o político que tenha interesse em anular um esquema tão lucrativo, em vez de aderir. Se houver tal pessoa, ela enfrentaria dificuldades que me fariam temer por sua vida. O que me leva à conclusão, nada original, mas importante talvez exatamente por sua obviedade: aquele órgão só vai começar a mudar quando nós, cidadãos, começarmos a fazer questão absoluta disso. E é aí que a porca torce o rabo. Afinal, dar a propina é sempre mais fácil, não?

Bom, fica a dica para os candidatos.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Eleições 2014: candidatos às majoritárias

Em arte publicada no Portal do Diário do Pará, eis a relação dos indivíduos que concorrerão às eleições majoritárias em nosso Estado, no próximo mês de outubro:


A lista contém nomes que podem ser divididos basicamente em dois grupos: o dos pequenos candidatos, que se apresentam como alternativas aos partidões e à máquina administrativa, mas que na verdade não têm nenhuma chance de vitória, lamentavelmente; e os representantes dos partidões, que a despeito de um sem número de motivos para serem deportados do planeta, serão justamente os que chegarão à frente.

Alguns desses nomes me fazem tremer de indignação e vergonha. É por isso que, este ano, votarei nas alternativas nanicas sem chance de vitória. E no segundo turno, votarei nulo, com a consciência limpa e a certeza de que não será desta vez que teremos alguma chance de começar a viver com dignidade. Sequer estamos no rumo para que isso comece a acontecer.

Escavações no Murutucu

Em 2009, eu bem que tentei, mas não consegui acesso às ruínas do Murutucu. Como destaquei nesta postagem, conseguir informações já é difícil. O caso destaca a incompetência de nosso poder público para preservar não apenas espaços físicos, mas a própria memória de nosso povo.

Agora, tomo conhecimento do Projeto Sítio-Escola Engenho do Murutucu: uma Arqueologia dos Subalternos, vinculado à área de Arqueologia da Universidade Federal do Pará. O objetivo é encontrar materiais utilizados na época em que o engenho funcionava, por meios dos quais se pretende descobrir as condições de vida e de trabalho no mesmo. Para mim, uma tarefa instigante, já que adoro História e tenho todo o interesse na nossa própria.

Espero que o trabalho seja realizado e que, por meio dele, possamos  conhecer mais do nosso passado. Espero que muitos itens sejam encontrados e que eles fiquem disponíveis ao público. E espero, sobretudo, que isso crie as condições necessárias para que as ruínas do Murutucu se tornem uma realidade em nossas vidas.

domingo, 4 de maio de 2014

Todos queremos ser ouvidos

Imagino que muitos não acreditem quando digo que não é pessoal, mas aquele colunista de negócios, que volta e meia cito por aqui, aprontou de novo. Juro que não é pessoal, mesmo. Nem conheço o cara, exceto pela coluna em apreço. Mas é que não consigo admitir tamanha desfaçatez, disfarçada de interesse público. Mas é preciso ser muito tapado para não perceber o evidente chamego com o empresariado, que no entendimento do jornalista deveriam ter todos os direitos e poderes, sem ter suas ações limitadas por nada.

É por isso que as notas do aludido jornalista, permeados pela vetusta, superada e monstruosa perspectiva de desenvolvimento como mero desenvolvimento econômico, desvelam inequívoco desprezo pela proteção do meio ambiente, por cautelas administrativas (p. ex. licenciamento) e pelos interesses de quem não seja dono do capital.

No capítulo de hoje, o camarada me sai com mais esta demonstração de desrespeito a quem está fora do time que paga publicidade:

Protestos contra derrocagem do pedral
Estava demorando. No dia 1º, representantes de colônias de pescadores realizaram protestos, em Itupiranga, contra "o governo federal e empresas privadas, como a Vale e outras que serão beneficiadas pela Hidrovia Araguaia-Tocantins, a partir da abertura do canal do Pedral do Lourenço". Querem ser ouvidos.

Conclusão óbvia acerca da nota: o colunista menospreza a intenção dos pescadores de ser ouvidos acerca das obras. Não lhe interessa que os protestantes sejam pessoas que vivem na região e dependem do rio para promover o seu sustento. Não são empresários, não dispõem de recursos para investir em outro negócio caso o primeiro malogre. São gente simples, que vive do próprio trabalho. Caso as obras de destruição do pedral ou o início de navegação mais intensa no rio modifiquem o ritmo de vida dos peixes, p. ex. levando-os para outros locais, de que viverão essas pessoas? Como sustentarão suas famílias?

É mesmo possível que, em 2014, uma pessoa de boa fé ignore a necessidade de se escutar, para todo grande empreendimento, as populações diretamente atingidas? Para que revelem suas necessidades e receios, a fim de se evitar ou, ao menos, minimizar danos? Minha resposta é não. Como também é negativa para se admitir a ignorância acerca do fato de que ouvir as populações atingidas é uma exigência jurídica, não um favor. O jornalista poderia ao menos se informar um pouco.

Desde a mais tenra infância, todo ser humano deseja se exprimir e ser ouvido. Trata-se de manifestação inerente à condição humana, cuja aceitação indica respeito e cumpre o ideal de dignidade, que é um princípio constitucional. Negar isso é vergonhoso.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Autopista praiana

Foto de Rodolfo Oliveira (Ag. Pará)
Não é de hoje que se discute sobre a situação das praias de Salinas, dominadas pela burguesia aristocrática e egocêntrica de Belém, que lhes impõe a condição de maior beach parking do mundo (como diria o Frederico Guerreiro), além de terreiro onde se confrontam incontáveis aparelhagens automotivas, disputando quem toca a música mais escrota no maior volume.

As desculpas estão na ponta da língua: a praia é distante; não há lugar para todos estacionarem; carros que ficam na estrada são arrombados, etc. Mas a verdade é uma só: o malandro quer chegar com seu carrão, parar na areia, instalar sua infraestrutura bem ao lado (para poder curtir o sonzão) e não ter trabalho caso queira desfilar ao longo da praia com o seu possante.

Foto de Carlos Sodré (Ag. Pará)
Naturalmente, o espaço precisa ser compartilhado com as motocicletas e com os quadriciclos, brinquedos caros que são particularmente interessantes, pois os feladiputas colocam pessoas não habilitadas, inclusive crianças, para pilotá-los.

Foi essa mistura de egocentrismo, arrogância e desrespeito que me fez passar vários anos sem pisar em Salinas, por livre escolha. Apliquei a regra segundo a qual os incomodados que se retirem. E o incomodado era eu. Só voltei lá em janeiro do ano passado, mas fiquei em um hotel um pouco afastado e só visitei a praia uma única vez. Devido ao período em que estávamos, reinava a tranquilidade no local.

Mas eis que um gravíssimo acidente ocorrido durante o feriado prolongado de Páscoa, no qual uma jovem de 24 anos teve uma das pernas parcialmente amputada, trouxe à tona a velha discussão. Para minha grande surpresa, enquete realizada pelo site do jornal Diário do Pará trouxe um resultado inesperado: nada menos do que 72,2% dos internautas votantes se manifestaram contrários à circulação de veículos na praia. 19,80% propuseram circulação em áreas restritas e somente 8% querem manter a esculhambação como sempre foi.

Partindo-se do pressuposto de que quem vota pela internet costuma ter maior nível de renda, causou-me surpresa real esse inusitado senso cívico dos leitores do portal. Eu só me pergunto se eles, quando vão a Salinas, estacionam os carros na areia. E se vão esperar uma proibição para mudar atitude ou se, independentemente de qualquer coisa, vão evitar o abuso, por convicção. Quanto a isso, duvido. Por aqui, ninguém gosta de ser pioneiro em boas ações.

Qualquer desculpa que seja dada para permitir o acesso de veículos à praia é sem-vergonhice. A prova disso pode ser vista no modo como se gere o espaço em outras praias, seja no encantador Município de Bragança, seja na sofisticadíssima Jurerê Internacional, um dos metros quadrados mais caros do país.

O que se espera de uma praia é que ela seja um cenário como esse da última imagem: um espaço frequentado tão somente por pessoas e os animais que habitam esse ecossistema (não os seus animais domésticos, débil mental!). Um lugar limpo, onde famílias podem se sentar despreocupadamente, crianças podem brincar e todos podem se divertir, comer, tomar banho e esquecer os problemas da vida por algumas horas. E não se aborrecer, viver dramas pessoais ou, até mesmo, sair morto de lá.

Eu me pergunto por que bom senso é uma condição tão difícil de assumir.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Concerto para infantes

Você provavelmente não sabe que a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz realiza concertos mensais. Não recrimino ninguém por essa ignorância porque, afinal, eu também não sabia. E olha que moro nesta cidade, adoro música erudita e, de quebra, meu cunhado, Agostinho Fonseca Jr., é maestro assistente da dita orquestra (à frente, na segunda imagem).

Na noite de ontem, os 58 músicos subiram ao palco novamente, sob a regência do maestro Miguel Campos Neto, contando ainda com a presença da musicista convidada Silvia Ricardino, na harpa, e com as pianistas Ana Maria Adade e Adriana Azulay, como solistas.

O programa da noite era dedicado às crianças ou, de modo mais amplo, a qualquer pessoa que desejasse conhecer melhor (ou começar a conhecer) uma orquestra. O objetivo era fazer o público conhecer cada instrumento musical e suas potencialidades.

Foram executadas três peças. A primeira, "Carnaval dos animais", do francês Camille Saint-Saens (1835-1921), representa uma visita ao zoológico, no qual os temas musicais são dedicados a diferentes animais e os sons produzidos remetem aos que são emitidos por esses animais ou evocam o seu comportamento.

A segunda peça foi "Guia de orquestra para jovens, op. 34", do inglês Benjamin Britten (1913-1976), que se destina a apresentar cada um dos grupos que compõem uma orquestra — cordas, madeiras, metais e percussão — e, dentro deles, cada instrumento. Assim, ouvimos a sonoridade de cada um e depois desfrutamos de todos eles fazendo mágica reunidos.

Por fim, ouvimos "Pedro e o lobo", do russo Serguei Prokofiev (1891-1953), que utiliza a orquestra para contar a estória da criança que monta uma armadilha e prende o lobo que vinha assustando os moradores de seu vilarejo. Na peça, cada personagem é representado por um instrumento ou conjunto deles.

O espetáculo foi extremamente instrutivo, ficando a crítica tão somente para o fato de que, se havia a intenção de receber crianças, manter o horário de 20h e, ainda por cima, começar com 35 minutos de atraso não foram situações condizentes. Minha Júlia, p. ex., estava ávida para ver "Pedro e o lobo", mas quando a execução começou, às 21h45, ela já se rendera ao sono, algo por sinal necessário, considerando que hoje é dia de escola. Seu primo, Davi, bem que se esforçou, mas também adormeceu.

Fica, no entanto, grande elogio pela concepção e realização do espetáculo. Dá orgulho termos esta tradição de apreciar música erudita, uma orquestra tão competente e a oportunidade de apreciar um evento tão belo totalmente de graça. Vamos divulgar isso.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Lost que o diga...

Tanta propaganda, investimento, material distribuído, coletiva, festa com bolo e... a sensacional, fabulosa, inacreditável e impressionante série "Breaking Bad", que tanto sucesso fez nos EUA, anda fazendo água no Brasil. Não é de se admirar. Não é de hoje que seriados considerados "o máximo" pela crítica, cultuados como religião e elogiados como o suprassumo da vida inteligente dão com os burros n'água quando exibidos no Brasil...

Fonte: http://f5.folha.uol.com.br/colunistas/ricardofeltrin/2014/01/1405309-ator-highlander-e-salvo-pela-globo-com-cacamba-acolchoada-em-amor-a-vida.shtml

O colunista não disse, mas parece que ele quer sugerir alguma conclusão a partir dos dados acima. Uma crítica ao nível cultural do telespectador brasileiro, decerto?

Não entrarei, como nunca entro, nessa pressuposição tola de que quem assiste TV é idiota; ou de que quem assiste à Rede Globo é idiota; ou de que quem vê novela (incluam-se os seriados, porque também são teledramaturgia) é idiota. A mesma televisão que me deixou burro, muito burro demais também já produziu feitos memoráveis, de grande qualidade em todos os sentidos, de valor artístico mesmo.

E quando se aposta em roteiros mais inteligentes e tramas mais profundas, o público responde positivamente, também. Talvez o caso mais recente seja o do seriado Sessão de terapia, da GNT, que não é leve, nem engraçado, nem cheio de ação, nem padece de qualquer das reprimendas habituais dos intelectuais de orelha de livro. E é um sucesso de público e crítica, a caminho de sua terceira temporada.

De maneira semelhante, fala-se que a música paraense está chafurdada na lama, empenhada na busca dos lucros fáceis de produtos popularescos e imbecilizantes, etc. Mas quando acontecem os grandes espetáculos de música erudita, o teatro lota. Sempre. Ou seja, há público para tudo, no teatro, na música, na TV, no cinema. Resta saber em que se quer investir. Compreendendo-se isso, pode-se dar um tempo nesse insuportável complexo de vira-lata, segundo o qual precisamos ser toscos e limitados simplesmente porque somos brasileiros.

Dessa conclusão, eu fora.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Aqui também

A suspeita de que ossadas de presos políticos tenham sido deixadas – e posteriormente encontradas - no terreno do Forte do Castelo ganhou mais um forte indício. Um ex-cabo do Exército procurou o membro do Comitê Paraense da Verdade Paulo Fonteles Filho para relatar a informação de que entre cinco a sete ossadas foram de fato encontradas no local no ano de 1992, durante uma pequena escavação para um banheiro. Avisado, o oficial superior mandou que tudo fosse novamente coberto e que ninguém mais falasse sobre o achado.
Nesta segunda-feira, pela manhã, a reportagem do DIÁRIO acompanhou Fonteles e o informante ao local onde as ossadas teriam sido encontradas. Segundo o militar, o ponto exato é bem ao lado do prédio onde hoje funciona a Casa das Onze Janelas. O ex-cabo disse ainda estar disposto a prestar depoimento ao Ministério Público Federal sobre o caso.
“Estavam fazendo uma escavação para um banheiro quando o terreno cedeu. Dentro do buraco havia de cinco a sete ossadas, todas com uma perfuração no crânio”, relatou o militar. A ordem que veio depois foi a de tapar o buraco e silenciar sobre o assunto.
“É mais uma peça que se encaixa no quebra-cabeça a respeito da presença de guerrilheiros presos e mortos no Forte do Castelo”, afirmou Fonteles Filho. Nesta terça-feira, Fonteles presta depoimento no Senado Federal a respeito do caso. A solicitação foi feita pelo senador João Capiberibe (PCdoB-AP).
Ossadas 
Não é a primeira vez que informações sobre ossadas de presos políticos no Forte do Castelo vêm à tona. Em 2001, durante as obras do Complexo Feliz Lusitânia, também surgiram denúncias de ossadas achadas durante as escavações. À época, as ossadas teriam sido retiradas do local e desde então a Secretaria Estadual de Cultura sempre evitou maiores esclarecimentos sobre o assunto.
(Diário do Pará)
Fonte: http://www.diarioonline.com.br/noticia-266731-ossadas-de-presos-estariam-no-forte-do-castelo.html?0.5679884687997401

Com o detalhe da informação sobre perfuração no crânio: execução sumária. Mesmo no mais raso positivismo, isso foi uma brutal violação ao direito.