terça-feira, 8 de maio de 2007

300


À frente de 10 mil espartanos, comandando 30 mil gregos livres, o general Dilios sentencia: "Hoje, livraremos o mundo do misticismo e da tirania."

Ainda que vencedores na mitológica batalha, os gregos não tiveram tanto êxito como pensado por seu comandante. Em pleno ano 2007, o mundo permanece imerso em preconceitos místicos e em tortuosas necessidades de cunho religioso. Crescem os segmentos fundamentalistas, tenta-se bloquear o desenvolvimento científico, declaram-se "guerras santas", religiões tradicionais aderem ao sobrenatural populista e mesmo a Índia, com sua cultura milenar, tem aparecido na imprensa com grande frequência dando mostras de intolerância religiosa e confusão entre Estado e religião.

Sobre a tirania, que dizer de George W. Bush, quase uma re-edição de Xerxes, com sua loucura por poder, sua obsessão expansionista (de poder) e seu gosto por sangue? Que dizer das mílicias africanas, que matam indiscriminadamente? Do tráfico de armas e de seres humanos? Da pilhagem governamental? Do crime organizado nas metrópoles?

Pobre Dilios, o mundo não mudou quase nada. Inclusive na política. Naquela época como agora, são as vantagens pessoais, o suborno, as perversões sexuais, os privilégios de classe que determinam as movimentações de quem detém o poder de decisão.

Deve ser por isso que todo dia vemos um novo banho de sangue. Mas é possível fazer diferente.


Elucubração amarga, mas sincera, a partir do filme "300", de Zack Snyder, baseada na famosa graphic novel de Frank Miller, que finalmente vi ontem.

Um comentário:

Unknown disse...

Realmente, a única mudança foi no modo de se apresentar, sendo, hoje em dia, mascarado, com uma roupagem fundada na hipocrisia. Ou seja, até que se prove o contrário -e você não vai conseguir provar. Desista!-, não há tirania, o que há é um pulso firme por parte do governante, tentando, assim, unificar o povo diluindo as diferenças na busca de um ideal comum (seja qual for, fica-se livre pra escolher. o da moda é a "democracia"). Não há racismo. O Brasil, a propósito, é o país da miscigenação, preconceito zero. E por aí vai...
Tudo persiste só que de uma forma mais camuflada, velada, o que é bem pior, haja vista que não se pode combater um inimigo invisível (pelo menos para a maioria das pessoas).