segunda-feira, 21 de maio de 2007

Trabalho infantil e escola

A necessidade atropela a vontade. Na Ilha do Combu, pertencente ao território insular de Belém, a safra de açaí afeta a frequencia escolar, pois as crianças começam a faltar às aulas para ajudar suas famílias na colheita do fruto. Não se trata de exploração pura e simples do trabalho infantil. Trata-se de uma contingência social reforçada pela própria tradição, já que desde sempre todos os membros da família se empenharam na tarefa de que depende sua subsistência. Vale lembrar que, nos meios rurais, trabalhar desde criança é uma grande virtude, um sinal de probidade e valor social. Até hoje, no interior, quando se quer elogiar alguém, diz-se que é trabalhador, termo que se confunde com honesto.
A Secretaria Municipal de Educação realiza hoje uma ação educativa, em parceria com a sua congênere estadual e com o Ministério Público, tentando manter as crianças na escola. Espero que as famílias se conscientizem e a medida dê certo. Afinal, essas crianças não têm a mais a minha amiga (lembram-se da Professora Alana, recentemente falecida?) para se meter no mato e ir atrás delas, assegurando a continuidade da educação dessa garotada. Que a atual equipe seja bem sucedida.

2 comentários:

Frederico Guerreiro disse...

Nosso povo do interior, que guarda nossas tradições, é a nossa maior riqueza. Eu queria ter nascido lá, simplesmente para poder chegar à conclusão de que este mundo daqui tem menos vida. Simplesmente para querer ficar por lá mesmo, sem saber a diferença entre um sujeito e um predicado. Simplesmente para ser sujeito sem ser prejudicado.

Yúdice Andrade disse...

Fred, teu texto enveredou pela prosa poética. Parabéns. Belas palavras, valorizando a simplicidade da vida.